domingo, dezembro 21, 2014
Raio gourmetizador
O problema da onda gourmet não é o gourmet em si. O problema é quem se aproveita disso e continua fazendo exatamente o mesmo sanduiche que fazia antes, só que agora cobrando o triplo pelo uso de palavras como caramelizar, reduzir e flambar.
terça-feira, dezembro 09, 2014
No mesmo taxi
Eu queria ser a Leila Diniz pra ser amiga de todas as pessoas com as quais me relacionei amorosamente. E queria ainda que eles fossem amigos entre sí. Todo mundo, uma grande roda, um churrascão, piscininha e alegria, brindes e mais brindes à vida e aos encontros. Mas a verdade é que a gente sabe que não é assim, que não tem como ser tudo tão puramente leve e bem resolvido entre os ciclos, sobretudo quando se trata de fim. Isso de transformar o fim de uma coisa em início de outra não é tarefa fácil, ainda mais quando não depende só de uma parte, nesse caso, só de mim. Posso dizer que, apesar de não ser a Leila Diniz, meu saldo tá mais pra positivo que pra negativo, se a gente for avaliar que os fins costumam ser cheios de cortes, de porradas. No fim das contas, posso encher a boca pra dizer que um dos meus ex é hoje um dos grandes amigos que carrego no peito. Ok, podem dizer que já que ele hoje em dia é gay é fácil demais mas eu discordo, pois foi um dos finais de relacionamento mais alardados que já fiz parte. Cheio de dramas, de demoras pra se curar, de cartas gigantescas, de posts enormes e cheios de dor em fotolog, de noites sem dormir, de aulas de matemática matadas mesmo estando dentro da sala de aula, no meu mundo particular da dor de cotovelo que aquela djabo de olhos coloridos me deixou. Sem contar com o peso no ego de ter sido a única vez até hoje que acabaram comigo e não o contrário. Os outros, entre esse namoro e o último, nada além de cordialidade. Ou notícias através de postagens em facebook. Sem perda, sem ganho. Não brindamos juntos, mas não há o que se falar de mal.
Hoje em dia namoro alguém que é bastante querido pelo ex que é meu amigo e vice versa. Isso pra mim é uma vitoriazinha. Não dá pra fazer um churrascão mas já vale um espetinho. E meu atual namorado gostaria de ser próximo do meu último ex por uma questão de identificação. Morou na serra, gosta de cerveja, gostava de umas bandas estranhas quando jovenzinho, é do bem, tem coração bom e além de tudo tem alguns amigos em comum, o que atrapalha algumas vezes a logística nos encontros. Ou desencontros de caso pensado - pela outra parte, que não é a minha. Eu queria a todo custo ser amiga dele. Forcei isso durante um bom tempo e depois desisti. Vi que não adiantava isso de chamar pra aniversário, eventos, o que for, mesmo com nossos amigos em comum lá, se ele não se sentia confortável em estar no mesmo ambiente. O tempo passou e esse desconforto, que já não me cabe em mente a necessidade de existir, me parece ter se transformado em uma mania, um hábito. Insisti mais um pouco alegando tudo isso e, apesar dele parecer entender o que falo, não obtive sucesso, ao menos na prática. Mas tem algo bastante curioso que me dei conta nesta semana e que desconstruiu toda essa minha necessidade de ser amiga novamente: eu não deixei de ser. Nunca. Talvez nem por um segundo.
O que me doía era a não presença física. Era ouvir histórias com amigos meus e com ele e que eu queria estar fazendo parte, como foi por um ano e meio ininterruptos. Era uma espécie de ciúme de gente que tinha uma importância bem reduzida à que eu tinha naquela vida continuar fazendo parte e eu não. Não poder rir junto com todo mundo da bermuda quadriculada que eu escolhi achando tá fazendo um bem para o visual e, na verdade, virar um uniforme e motivo de piada. Eu tinha saudade de ser socialmente amiga e não me dava conta de que, a coisa mais importante, continuou intacta mesmo nos momentos de caos. Eu não sei qual o bar preferido dele atualmente ou qual banda está ouvindo com mais frequencia. Não sei se ainda come semanalmente no Lamas e no Luige. Ou se comprou mais e mais e mais miniaturas de android. Se as capas das almofadas são as que escolhi na Lavradio: uma vermelha e uma listrada. E se o relógio de cubo mágico que deixei na separação de bens continua funcionando. Não sei de nada disso e isso, hoje, absolutamente não tem a menor importância. Me dei conta de que, o que de fato mede a importancia da pessoa em nossa vida, que é a confiança, afeto e respeito que temos por ela, nunca falhou ou mudou. Não sentamos mais na mesma mesa de bar, mas quando o negócio aperta, sabemos bem onde encontrar um ombro amigo. E disso não posso reclamar, sempre chegou até mim todas as informações importantes em relação a ele e todas elas vindas diretamente de sua boca ou teclado. Sem que eu precisasse perguntar. Apenas porque ele quis compartilhar. Das lamúrias, dos problemas, das doenças às conquistas. Na época em que namorávamos, ele me alertava vez por outra que a gente tava no mesmo taxi. Quando eu dava a louca, brigava ou quando parecia que disputávamos algo e que aquilo não fazia sentido algum, pois queriamos a mesma coisa, queriamos estar bem. "Estamos no mesmo taxi, não esquece". E é isso. No fim das contas, todas as pessoas que nos importam - perto ou longe - estão no mesmo taxi que o nosso. Essa frase nunca fez tanto sentido. E isso me deu um alívio enorme.
Um viva aos relacionamentos, aos laços, aos encontros e aos aprendizados. E viva também ao tempo que é sempre curandeiro e, do mesmo modo que carrega, também devolve a paz.
Hoje em dia namoro alguém que é bastante querido pelo ex que é meu amigo e vice versa. Isso pra mim é uma vitoriazinha. Não dá pra fazer um churrascão mas já vale um espetinho. E meu atual namorado gostaria de ser próximo do meu último ex por uma questão de identificação. Morou na serra, gosta de cerveja, gostava de umas bandas estranhas quando jovenzinho, é do bem, tem coração bom e além de tudo tem alguns amigos em comum, o que atrapalha algumas vezes a logística nos encontros. Ou desencontros de caso pensado - pela outra parte, que não é a minha. Eu queria a todo custo ser amiga dele. Forcei isso durante um bom tempo e depois desisti. Vi que não adiantava isso de chamar pra aniversário, eventos, o que for, mesmo com nossos amigos em comum lá, se ele não se sentia confortável em estar no mesmo ambiente. O tempo passou e esse desconforto, que já não me cabe em mente a necessidade de existir, me parece ter se transformado em uma mania, um hábito. Insisti mais um pouco alegando tudo isso e, apesar dele parecer entender o que falo, não obtive sucesso, ao menos na prática. Mas tem algo bastante curioso que me dei conta nesta semana e que desconstruiu toda essa minha necessidade de ser amiga novamente: eu não deixei de ser. Nunca. Talvez nem por um segundo.
O que me doía era a não presença física. Era ouvir histórias com amigos meus e com ele e que eu queria estar fazendo parte, como foi por um ano e meio ininterruptos. Era uma espécie de ciúme de gente que tinha uma importância bem reduzida à que eu tinha naquela vida continuar fazendo parte e eu não. Não poder rir junto com todo mundo da bermuda quadriculada que eu escolhi achando tá fazendo um bem para o visual e, na verdade, virar um uniforme e motivo de piada. Eu tinha saudade de ser socialmente amiga e não me dava conta de que, a coisa mais importante, continuou intacta mesmo nos momentos de caos. Eu não sei qual o bar preferido dele atualmente ou qual banda está ouvindo com mais frequencia. Não sei se ainda come semanalmente no Lamas e no Luige. Ou se comprou mais e mais e mais miniaturas de android. Se as capas das almofadas são as que escolhi na Lavradio: uma vermelha e uma listrada. E se o relógio de cubo mágico que deixei na separação de bens continua funcionando. Não sei de nada disso e isso, hoje, absolutamente não tem a menor importância. Me dei conta de que, o que de fato mede a importancia da pessoa em nossa vida, que é a confiança, afeto e respeito que temos por ela, nunca falhou ou mudou. Não sentamos mais na mesma mesa de bar, mas quando o negócio aperta, sabemos bem onde encontrar um ombro amigo. E disso não posso reclamar, sempre chegou até mim todas as informações importantes em relação a ele e todas elas vindas diretamente de sua boca ou teclado. Sem que eu precisasse perguntar. Apenas porque ele quis compartilhar. Das lamúrias, dos problemas, das doenças às conquistas. Na época em que namorávamos, ele me alertava vez por outra que a gente tava no mesmo taxi. Quando eu dava a louca, brigava ou quando parecia que disputávamos algo e que aquilo não fazia sentido algum, pois queriamos a mesma coisa, queriamos estar bem. "Estamos no mesmo taxi, não esquece". E é isso. No fim das contas, todas as pessoas que nos importam - perto ou longe - estão no mesmo taxi que o nosso. Essa frase nunca fez tanto sentido. E isso me deu um alívio enorme.
Um viva aos relacionamentos, aos laços, aos encontros e aos aprendizados. E viva também ao tempo que é sempre curandeiro e, do mesmo modo que carrega, também devolve a paz.
Oxum, dona do ouro
Pode parecer coisa pouca, mas tive um dia redondinho de conclusão de percurso e missão comprida, cumprida, "sem saber o motivo". Um dia cheio de ressaca e tão mega produtivo, com pequenas sementes plantadas pra colher, logo logo, um monte de coisa importante. Lembro que no fim do dia, ainda trabalhando, acabada de cansada mas cheia de boas intenções, pensei sorridente depois de um ocorrido: "meu santo é muito forte mesmo". E ele é. E não era por acaso, não. Hoje foi dia de Oxum. Que é minha mãe e orixá guardiã no candomblé. É quem me guia, junto com Ogum e outros comparsas, mesmo sem eu ver. Também não foi a tôa os mais de 300 giros que dei de madrugada, rodando sequencialmente nos afoxés e ijexás sem titubear, passos marcados e fortes, talvez os mais perfeitos que eu já tenha feito na vida, sem perder o eixo, mesmo com tantas cervejas na cabeça. E tudo faz sentido. Sempre faz. A gente que às vezes custa a perceber.
terça-feira, dezembro 02, 2014
Iansã e Xangô
Quando uma lembrança forte nos pega de assalto é impossível escapar ileso: era noite de natal (25) do ano passado e estávamos em uma estradinha de barro, em Vitória, a caminho da Bahia. Caía uma chuva torrencial, a estrada tava completamente alagada, enlamaçada e escura. Era impossível seguir viagem, na mesma proporção que também era impossível voltar atrás, se proteger em algum lugar seguro; não havia como voltar e nem pra onde voltar no cu de mundo em que estávamos.
A única informação que tinhamos era de que pra frente seria ainda pior e que podia cair alguma ribanceira, como aparecia na TV, e que teriamos que subir uma ladeirinha, que seria impossivel com aquele carro de pequeno porte, etc. Estávamos muito aflitos, Lala segurava meu pé rezando qualquer coisa, enquanto eu usava minhas mãos pra tentar fotografar os raios pela janela e Gustavo disfarçava o medo no volante.
Foi quando Lina, pra distrair nossas mentes inquietas, puxou o assunto 2014 ou dois mil e catarse. Cheia de sabedoria falava que seria um ano conturbado, um ano de acerto de contas, provações, conflitos mas também de muito amor. E que era cedo pra dar mais detalhes, acho que os astros ainda não tinham passado a régua para o que tava por vir. Respiramos fundo, atravessamos a lama, a chuva, os raios, a ladeirinha e ainda chegamos na Bahia, tão felizes. Atravessei também 2014. E as previsões não poderiam ter sido mais acertadas: um ano conturbado, cheio de conflitos, de provações, mas também de muito muito muito amor.
E que venha 2015, pra gente atravessar sem medo de remar na maré forte e também suave que tá por vir.
A única informação que tinhamos era de que pra frente seria ainda pior e que podia cair alguma ribanceira, como aparecia na TV, e que teriamos que subir uma ladeirinha, que seria impossivel com aquele carro de pequeno porte, etc. Estávamos muito aflitos, Lala segurava meu pé rezando qualquer coisa, enquanto eu usava minhas mãos pra tentar fotografar os raios pela janela e Gustavo disfarçava o medo no volante.
Foi quando Lina, pra distrair nossas mentes inquietas, puxou o assunto 2014 ou dois mil e catarse. Cheia de sabedoria falava que seria um ano conturbado, um ano de acerto de contas, provações, conflitos mas também de muito amor. E que era cedo pra dar mais detalhes, acho que os astros ainda não tinham passado a régua para o que tava por vir. Respiramos fundo, atravessamos a lama, a chuva, os raios, a ladeirinha e ainda chegamos na Bahia, tão felizes. Atravessei também 2014. E as previsões não poderiam ter sido mais acertadas: um ano conturbado, cheio de conflitos, de provações, mas também de muito muito muito amor.
E que venha 2015, pra gente atravessar sem medo de remar na maré forte e também suave que tá por vir.
quinta-feira, novembro 27, 2014
Fissura no Cristo II ou sobre ciúme
-oi carlinhaaa, to com a tua saudaaaade, te amo!
- oi, meu amor, também to com saudaade, muita.
- tu tás com MEU pai ai no Rio, é?
- uhum
- e ELE foi no Cristo?
- não, ele só vai no Cristo quando você tá aqui, tá?
- hmmmm. (silêncio). tenho que desligar, tchau.
minutos depois
- carlinha?
- oi, Jó
- sofia tá chorando de dar pena, dizendo que vocês foram no Cristo sem ela.
- mas a gente não foi e eu disse que ninguém foi.
- e tu acha que ela é besta, é? ficou chateada mesmo assim.
maluco como a gente sente ciúme mesmo sem conhecer a palavra.
Fissura no Cristo I
Ambientação da história:
Eu e meu irmão mais velho conversando dentro de um carro, em Fortaleza, na presença da minha irmã mais nova.
Situação: diálogo entre nós dois sobre algo sem salvação, enquanto ela, silenciosamente, prestava atenção em tudinho.
- Ah, menino, mas isso ai nem cristo salva mais.
Ela interrompe:
- Ô carlinha, num falem do cristo não que ele nem tá aqui, o cristo mora no Rio de Janeiro.
Eu e meu irmão mais velho conversando dentro de um carro, em Fortaleza, na presença da minha irmã mais nova.
Situação: diálogo entre nós dois sobre algo sem salvação, enquanto ela, silenciosamente, prestava atenção em tudinho.
- Ah, menino, mas isso ai nem cristo salva mais.
Ela interrompe:
- Ô carlinha, num falem do cristo não que ele nem tá aqui, o cristo mora no Rio de Janeiro.
terça-feira, novembro 18, 2014
Além do céu, além da terra
A Pedro Escobar
Hoje me aconteceu uma coisa curiosa e vou deixar registrada aqui pra que eu lembre sempre e sempre que há muito mais coisas entre o azulzão do céu e a terra do que a gente tem condições de ver. E o sonho certamente é uma dessas coisas.
Um tempo atrás sonhei que um amigo de meu irmão, muito pouco próximo à mim, só de vista, abria uma produtora, ficava muito bem de vida e só trabalhava de óculos escuros (das loucuras que os sonhos proporcionam). Era tipo o super boss do audiovisual e do bolso gordinho por detrás daqueles óculos escuros. Nas duas vezes em que nos encontramos ao vivo, junto ao meu irmão, essa história - única que nos lincava - foi motivo de graça e até piada.
Hoje, ele postou cheio de orgulho sobre a inauguração de sua produtora e, quando veio me contar pois recordou do sonho, viu que a única e última conversa que tivemos inbox foi há exatamente um ano e em horário parecido: eu contando do sonho que tive com ele, da produtora, dos óculos escuros, do bolso gordo. Emudecemos. Como assim?
Sim, há mais coisas por ai do que a gente supõe. E é de óculos escuros que ele vai comemorar esse sonho - meu e dele - realizado.
segunda-feira, novembro 17, 2014
segunda-feira, novembro 10, 2014
Feliz velho novo ano
O cenário da rua já é prólogo certo para o ano que tá por vir: estrelinhas de isopor, árvores de plástico, neve de algodão e números seguidos de % nas vitrines dizendo que já passou da hora de comprar o presente do amigo secreto em Recife e oculto aqui no Rio.
Me peguei olhando uma dessas vitrines em Ipanema, hoje. Como assim JÁ é natal? Até então, pra mim, no máximo era pós eleição ou halloween. No bairro em que vivo o natal ainda não deu as caras e, dentro de mim, até então menos ainda. Fiquei uns bons instantes avaliando, defronte aquela vitrine, como eu ainda tava correndo atrás de 2014 enquanto todo mundo só quer saber do ano que vai chegar, nas vitrines, no cenário da rua e provavel que internamente. Meus amigos estarão todos viajando, em Recife, por ai. Eu não. Eu nem sei. E nem tenho como me preocupar com isso agora. Enquanto todo mundo tá aprontando as malas pra ir para a região dos lagos no recesso do trabalho, pois não aguenta mais o chefe e almeja uma folguinha dele por esses tempos, eu acabei de conhecer minha futura chefe. Minha mala é meu armário organizado aqui no Rio de Janeiro e minha passagem diária é pra perto e no RioCard mesmo. Mas confesso que depois que vi aquelas vitrines, me forcei ao espírito de fim de ano, uma melancolia, esperança ou até mesmo ilusão de que tudo vai mudar, de que tudo vai ser melhor. E vi que estava mais dentro da realidade impossivel, como nunca estive antes. E agradeci por isso, mesmo que tardiamente, pois foi o que esperei do ano, o ano inteiro.
Fiquei confusa se meu ano (re)começou agora, levando comigo tudo de bom que 2014 me trouxe ou se o meu próximo ano chegou antes do de todo mundo. Talvez seja melhor pensar na segunda opção e sortear logo esse amigo oculto afinal, é pra frente que se anda.
Me peguei olhando uma dessas vitrines em Ipanema, hoje. Como assim JÁ é natal? Até então, pra mim, no máximo era pós eleição ou halloween. No bairro em que vivo o natal ainda não deu as caras e, dentro de mim, até então menos ainda. Fiquei uns bons instantes avaliando, defronte aquela vitrine, como eu ainda tava correndo atrás de 2014 enquanto todo mundo só quer saber do ano que vai chegar, nas vitrines, no cenário da rua e provavel que internamente. Meus amigos estarão todos viajando, em Recife, por ai. Eu não. Eu nem sei. E nem tenho como me preocupar com isso agora. Enquanto todo mundo tá aprontando as malas pra ir para a região dos lagos no recesso do trabalho, pois não aguenta mais o chefe e almeja uma folguinha dele por esses tempos, eu acabei de conhecer minha futura chefe. Minha mala é meu armário organizado aqui no Rio de Janeiro e minha passagem diária é pra perto e no RioCard mesmo. Mas confesso que depois que vi aquelas vitrines, me forcei ao espírito de fim de ano, uma melancolia, esperança ou até mesmo ilusão de que tudo vai mudar, de que tudo vai ser melhor. E vi que estava mais dentro da realidade impossivel, como nunca estive antes. E agradeci por isso, mesmo que tardiamente, pois foi o que esperei do ano, o ano inteiro.
Fiquei confusa se meu ano (re)começou agora, levando comigo tudo de bom que 2014 me trouxe ou se o meu próximo ano chegou antes do de todo mundo. Talvez seja melhor pensar na segunda opção e sortear logo esse amigo oculto afinal, é pra frente que se anda.
sábado, novembro 08, 2014
para a maria que não rolou
ela não sentia mais nada. ela sentia uma dor tão profunda que adormecia tudo. por dentro e por fora. o corpo agora era só um corpo. o ar entrava pouco pelos pulmões. ela acabara de desacreditar no ser humano e no coração. não conseguiu a revolta ou mesmo um grito. eram tantas coisas que internalizar foi o melhor remédio. ao menos por enquanto. um amontoado de roupas jogado no chão e uma coletânea de palavras fortes e definitivas. sim, de-fi-ni-ti-vas. se não eram agora são. uma mochila. duas sacolas. eram os seus pertences. e a vergonha no peito. não por ela, mas por aquele moço silencioso que, sentadinho naquela cadeira defronte a porta, lamentava no olhar com a cena que vira. um castelo desmoronado diante de seus olhos. ou a humilhação e constrangimento públicos que tanto tentou disfarçar. ele já viu e viveu muita coisa nessa vida mas algumas, pelo olhar que fez, preferia não acreditar, porque ainda apostava mesmo que timidamente no amor dos homens. e a única coisa que maria carregava na mente, além daquela cena que talvez demore muito tempo pra dissolver do coração e dos olhos, era o desejo de que aquele moço sentado defronte a porta não tenha entendido nada e, dentro de sua ignorância genuina, continue a crer naquilo que maria mais gostava de mostrar a ele através de sorrisos, palavras e lanchinhos da madrugada: no amor dos homens.
sexta-feira, novembro 07, 2014
quinta-feira, novembro 06, 2014
segunda-feira, novembro 03, 2014
Exercício
Na minha opinião, uma das coisas mais difícies de ser combatida e ao mesmo tempo mais comum entre o humano e sua relação com o mundo e com o próximo é o julgamento. Dai agora dei pra tentar me controlar nisso em qualquer situação: seja com a coleguinha mal vestida que não conheço e passou na minha frente na festa, seja com gente próxima e suas ações. Vou te dizer que é difícil, mas um exercício válido se pensar nas energias negativas que deixamos de expor e economizamos de gastar, para sí e para o outro.
Espero um dia chegar no nível de, além de parar de verbalizar, não ter mais nem em pensamento o julgamento. Será que é possível deixar de ser exercício?
Espero um dia chegar no nível de, além de parar de verbalizar, não ter mais nem em pensamento o julgamento. Será que é possível deixar de ser exercício?
terça-feira, outubro 28, 2014
Sobre romantismo
Da cozinha enxerguei ele esticado na minha cama. O corredor pareceu tão imenso separando nós dois... Larguei o copo d'água na pia, peguei carreira no corredor que nos separava e dei um salto mortal na cama, em cima dele. O osso da minha canela bateu com toda força na madeira da cama, subindo um galo de imediato enquanto ríamos de amor e eu chorava de dor. Riso e choro.
O romantismo às vezes tem um preço alto para quem é destrambelhado.
quinta-feira, outubro 23, 2014
Das felicidades máximas:
quando o "murro em ponta de faca" se transforma em "quando o amor vence".
<3
<3
Sobre o próximo domingo
Quando criança, na condição de borboleta, eu ficava posicionada entre o cordão encarnado e o azul do Pastoril vendo aquela disputa lírica, entre gritos, pandeiros e cantorias. No fim, todos se abraçavam e quem vencia mesmo era a Diana e a alegria.
Domingo é dia de pastoril de gente grande entre encarnados e azuis. E dessa vez não vai sobrar borboleta pra contar história. Salve-se quem puder. Fim.
Domingo é dia de pastoril de gente grande entre encarnados e azuis. E dessa vez não vai sobrar borboleta pra contar história. Salve-se quem puder. Fim.
Das clássicas conversas clássicas
Quem nunca ouviu ou falou algo na diretriz de "você é massa, mas não é você, o problema sou eu", decerto nunca viveu uma aventura desastro-amorosa e, com isso, na minha humilde opinião coronária: tá errado. Tá errado porque é justamente esse diálogo pobre e previsível que nos faz ir em frente e, tempos depois, olhar pra trás e pensar, entre risadas demoníacas, como éramos frouxas, bestas e vulneráveis. Nos preparávamos e sofríamos para o pé na bunda já consciente, onde já se viu uma coisa dessas?
Na hora a gente não sabe se prefere morrer ou matar o(a) infeliz e, na dúvida, a gente se afoga num copo gigante de cerveja que, mesmo gelada, desce rasgando nossas vísceras ferventes, borbulhantes, na busca por dissolver aqueles nós deixados.
Esses nós, minha amiga, costumam demorar pra desatar. Haja tempo e copo de cerveja, de cachaça, de whisky que seja pra colocar cada coração de volta em sua devida caixa. Até lá, muitas lágrimas ainda vão rolar. E sabe-se cristo porque não vais parar de pensar no maldito ser, pelo contrário, pensaras ainda mais, como uma praga. A dor vai se alastrar e só te restará colocar Fagner gemendo deslizes em uma vitrolinha véa. É quando chegamos no inferno de nós mesmos.Escrevemos as mensagens e e-mails mais bizonhos que, espero eu, acabem teus créditos para que não envies. Ou não. De que vale esse diálogo chinfrim sem um dedo na cara apontando em troca pra dar climax ao enredo?
Mas o que a gente não enxerga nesse olho de furacão é que, no fundo, estamos mais próximos da luz do que pensamos. É cafona, mas no fundo do poço tem um trampolim sinistro que nos leva para o alto e avante. E o pior é que a gente sabe, mesmo prometendo morrer no calor da emoção. Não somos tolinhos, já vivemos isso. E vamos acabar vivendo novamente em alguma esquina suculenta e daninha que a gente for dobrar por ai.
Respire e brinque da brincadeira do contente: não fossem esses diálogos do cão, hoje não estaríamos bem. Em uma melhor. De boa na lagoa sentada na mesa do bar, com nosso drinque na mão e um sorriso cínico na cara. Com outro(a) bonitão(ona) do lado ou sozinha, esperando o verão chegar, em paz. Enquanto ele(a), tolinho(a), passa "sem querer", olha, espera o olhar de volta na esperança cegueta de ainda fazer festa e inferno ali e não leva nada em troca, nem mesmo um dedo do meio furioso. Nada, nadica. A troça andou, colega. Só te resta seguir em frente para o diabo que te carregue. E ele há de ser bonzinho.
quarta-feira, outubro 22, 2014
quinta-feira, outubro 16, 2014
Tijuca
Antes de morar no Rio, tirando a Zona Sul de Manoel Carlos, a Tijuca era um dos poucos lugares que eu tinha conhecimento verbalizado. Tudo bem, confesso que por muito tempo pensei que Tijuca e Barra da Tijuca fossem a mesma coisa, até me questionar como a minha mãe, que não teve uma infância lá muito rica, tenha morado na Barra da Tijuca. Só ai ficou tudo esclarecido. Até hoje acho graça dessa confusão que, depois, descobri ser tão comum entre os não cariocas, como também é o dilema entre Aterro e Praia do Flamengo.
Mamãe, apesar de ter nascido no Rio Comprido, foi criada na Gonzaga Bastos e, desse modo, se considera tijucana. Aquela casa, aquela rua, as brincadeiras, as desilusões, o relógio atrasado pra ficar mais tempo na festa, o lustre que meu tio ameaçava tacar uma bola quando as tias não davam alívio às brincadeiras do pobre garoto virado. Os namoricos, o portão e todas aquelas histórias que adoro ouvir e que ela adora contar.
Cheguei no Rio e, além da Zona Sul do Manoel Carlos, tinha a Tijuca em mente mesmo não indo por aquelas bandas logo no início, pois não havia muito o que ser feito por ali.
Até que o circulo começou a fechar e a virar uma mini rodinha, uma ciranda ao mesmo tempo pequena e tão grande de mãos dadas nesse bairro hoje, mais que verbalmente, pessoalmente tão querido por mim.
Amigas de trabalho, amigos da vida, primo, todos moradores desse lugar que saiu do imaginário e fotografia pra virar tato, cheiro. É distante. Foi o que pensei na primeira vez que recordo voltar de metrô da casa de Bruno. É, é distante mas é viável e o metrô deixa pertinho de tudo sem muita demora. Ali, a Tijuca criou corpo e tomei dimensão do quão grande ela parecia ser. Tantas ruas, ruas largas, gente por todos os lados, construções, comércios, um mundo que dava um medinho de desbravar e ainda distante da minha realidade.
Até que conheci Gustavo e, muito antes do carinho virar amor, na época em que uma amizade novinha tava existindo sem preocupações e cheia de afinidades, conheci uma Tijuca descolada, longe daquela imagem antiga que permanecia, ainda, na minha cabeça.
Hoje, o bairro é outro em mim. Além da casa dos colegas recém feitos - hoje amigos - além do estilo descolado de novos jovens-classe-média moradores, o bairro se tornou o coração do Rio de Janeiro. E o Largo da Segunda-Feira, onde meu coração descansa sossegado, também. Tudo faz sentido. As ruas, os ônibus, os trajetos, os mercados, as ruas charmosas que descubro. O hortifruti mais incrível, os bares mais legais, a padaria dos sonhos pertinho de casa, o melhor podrão, os melhores porteiros, as noites mais bonitas.
Hoje, eu, recifense que só ela, sou também um pouco tijucana. Ando arrastando meu chinelo enquando caminho até o banco, ao mercado, ao metrô mais próximo. Dou o endereço ao taxista, que sai naturalmente e na ponta da lingua, mesmo com uns pileques a mais na cabeça. Sei onde comprar um bom queijo, artigos para festas, rodinhas para geladeira ou uma quentinha baratex.
É bem verdade que ainda me pego perdida por lá, mas se for parar pra pensar, ainda me pego perdida por Recife que é a terra onde vivi por quase toda a minha vida. A tijuca continua sendo grande, mas até os tijucanos acham isso. Antagonicamente, hoje, a Tijuca é pertinho pra mim e, o mais importante, não me amedronta mais, deixou de ser palavra pra virar gente grande e madura e, além do que, possui todo o meu amor.
quarta-feira, outubro 01, 2014
Modelo de prova ou Brincadeira do contente
-Olha, por que você não vira modelo de prova? Super acho que rolaria pra você.
- Por que até hoje eu nem sabia que isso existia. rs
E fui o caminho inteiro do Largo do Machado até em casa, animada que só, com minha possível chance de renda fixa e ainda, quem sabe, umas roupinhas descoladas de brinde.
Chego em casa, pego a tabela oficial das medidas das modelos de prova que é dividida entre modelo P e modelo M, pego a fita métrica pra ver em qual me enquadro e praticamente tenho meu pescoço enforcado por ela me informando que já era, baby. E já era nos dois lados da tabela. Eu toda errada: busto maior que o necessário para modelo de prova tamanho M e cintura mais fina que o necessário para o P.
Passado o instante de frustração por não poder concorrer a essas vagas que de$cobri que bombam, vou dormir sabendo que eu não sou o que o povo da moda espera e também que estou pouco me fudendo pra isso mediante a brincadeira do contente mais contente de todas: ver a alegria de Gustavo com minhas medidas despadronizadas para o mundo da moda e, ao mesmo tempo, a favor das mãos e olhos dele. Ai tá valendo, né? Que mané modelo que nada : )
- Por que até hoje eu nem sabia que isso existia. rs
E fui o caminho inteiro do Largo do Machado até em casa, animada que só, com minha possível chance de renda fixa e ainda, quem sabe, umas roupinhas descoladas de brinde.
Chego em casa, pego a tabela oficial das medidas das modelos de prova que é dividida entre modelo P e modelo M, pego a fita métrica pra ver em qual me enquadro e praticamente tenho meu pescoço enforcado por ela me informando que já era, baby. E já era nos dois lados da tabela. Eu toda errada: busto maior que o necessário para modelo de prova tamanho M e cintura mais fina que o necessário para o P.
Passado o instante de frustração por não poder concorrer a essas vagas que de$cobri que bombam, vou dormir sabendo que eu não sou o que o povo da moda espera e também que estou pouco me fudendo pra isso mediante a brincadeira do contente mais contente de todas: ver a alegria de Gustavo com minhas medidas despadronizadas para o mundo da moda e, ao mesmo tempo, a favor das mãos e olhos dele. Ai tá valendo, né? Que mané modelo que nada : )
sexta-feira, setembro 26, 2014
Ei...
- Como assim você deixou de conhecer um país a mais pra ir duas vezes no mesmo?
- Deixei de conhecer Portugal, mas conheci um mundo inteiro em uma única pessoa.
Esse diálogo, que aconteceu tem mais de um ano e meio, me deixou encucada com a ideia do outro de que só se cresce por dentro juntando carimbos em um passaporte. Um dia em cada país é melhor que uma semana no mesmo. Eu vejo diferente. Viajar é, sim, uma maneira forte de autoconhecimento, não a tôa voltei outra de um tour tão pequeno por outras terras. Mas entendo que viajar pra outros países e ter a chance de troca com as pessoas sem ser "nas carreiras" é ainda mais explosivo e consistente.
Eu já sabia disso. Mas na última semana eu aprendi ainda mais. Uma vontade de certeza ainda maior que endoidaria a cabeça de quem não me entendeu em outrora: estive em contato direto com dois mundos inteiros sem que eu precisasse mudar de endereço.
Eu tava aqui no Rio de Janeiro, lugar em que moro tem alguns anos e que já recebi vários amigos, que já conheci tanta gente, que já perdi pessoas também. E foi justamente aqui, sem precisar de passaporte, identidade ou mesmo uma mochila nas costas pra fazer o caô, que tive a certeza segura mais do que nunca de que tem muito mais mundo em gente do que em locais.
Eu tava aqui no Rio de Janeiro, lugar em que moro tem alguns anos e que já recebi vários amigos, que já conheci tanta gente, que já perdi pessoas também. E foi justamente aqui, sem precisar de passaporte, identidade ou mesmo uma mochila nas costas pra fazer o caô, que tive a certeza segura mais do que nunca de que tem muito mais mundo em gente do que em locais.
Nathália e Eriquinha foram as provas vivíssimas de que o mundo pode ser algo maior exatamente onde estamos, naquele mesmo trajeto para casa, no caminho que já estamos acostumados, nas manias que já estamos apegados, nas nossas frases repetidas e nas ações também. Desconstruir é possível. Repensar também.
Que alegria ter sido preciso a vinda de vocês de férias até o Rio, pra que a gente aprendesse coisas que talvez nem viajando chegassem à mim, a nós (falo nós pois sei que Calani sente a mesma coisa). E que bom que vocês vieram, pra que gente selasse, nesse quarteto fantástico, um amor tão novinho e tão gostoso!
Quero mais cheirinho de alegria, poxa!
terça-feira, setembro 16, 2014
Controle
Eu sou uma pessoa controladora. Ponto final.
Não me orgulho, mas saber que sou me ajuda a me controlar pra não controlar.
Se vejo que uma coisa vai dar errado com o outro, vou lá e aviso que ele esqueceu de fazer algum procedimento para alcançar o sucesso final. Não sou Deus, me refiro a coisas que são mesmo óbvias que passam sem notar na vista acostumada do outro. Mas eu sei que o outro também precisa quebrar a cara pra aprender. E o outro precisa crescer só. E o outro precisa que a casa toque fogo por que esqueceu a torradeira ligada por várias horas. Mas se a casa não pegou fogo, sei que não preciso ligar todos os dias pra lembrar de tirar a torradeira da tomada, do contrário eu que vou torrar com os neurônios da vítima, seja ela quem for.
Por outro lado, quando largo de mão e a casa pega fogo, me ligam pedindo arrego, pedindo meu controle, pedindo desculpas, pedindo por favor, este arrego que não posso dar porque é errado. Mas já salvei o carnaval de dois amigos próximos que não checaram as datas de seus voos e, por um controle extra meu de precaução, ví que um comprou pra um mês antes, e isso me rendeu de aposta duas caipivodkas do Coelho e o outro, pra um mês depois. E me rendeu a presença da pessoa no carnaval, aliás, dos dois. Também já salvei uma viagem para o exterior por não confiar na cabeça avoada do meu ex amorado. Fui "checar" pagando de chata controladora, voltei como a salvadora da pátria. Isso aconteceu duas vezes em viagem com o mesmo namorado. Detectei as duas. Prova maior do que essa, de que controlar não ensina, não há. Mas acontece que se eu deixasse passar, também sairia prejudicada.
Acontece que não quero ser salvadora da pátria e nem a chata controladora. Então escolhi ficar na minha. Me roendo algumas vezes em algumas situações, é verdade, mas pra outras, apenas abri mão porque controlar também cansa. Não sou mais a organizadora de viagens e a que passa o release sobre o fim de semana. Abri mão e isso me tirou uns bons quilos de responsabilidade sobre algo que deveria ser apenas lazer: que maravilha que é começar a sexta com os convites chegando por sms, ligações ou facebook no lugar de, na quarta-feira, já estar enviando os convites do que terá pela frente. E que bom ver esses convites e, tantas vezes, apenas recusar porque quero mesmo ficar em casa, de calcinha, vendo filme, tomando cerveja boa e comendo uma comidinha tão gostosa que ele faz. E que bom chegar atrasada, no lugar de ficar esperando ansiosa. Que bom isso tudo acontecer sem que eu me controle para isso. Ao menos no que diz respeito a lazer, to nota dez.
Mas ainda sinto vontade de ligar pra lembrar da torradeira.
sexta-feira, setembro 12, 2014
To be
De manhã sou bailarina
Pela tarde, borracheira
À noite viro figurinista
Espero que não me falte tempo para apenas: ser.
Pela tarde, borracheira
À noite viro figurinista
Espero que não me falte tempo para apenas: ser.
Dos combinados
É difícil demais dizer quem é minha melhor amiga.
Por sorte, não tenho mais 14 anos onde essa resposta só podia ser no feminino e necessitava estar na ponta da língua com uma única função: a de aumentar o ego de uma e colocar o da outra amiga concorrente no chão.
Na vida adulta é outro esquema. Carregamos com a gente quem sobreviveu à essa época de disputas, picuinhas e escolhas decisivas com tão pouco tempo de experiência e também de vida. É também possível que os amigos mais profundos venham depois, já na fase adulta, afinal, ainda estamos vivendo. E, no meu caso, que nem cheguei na metade dessa vida, posso sim ao longo dos próximos anos e também do tempo presente ter novos amigos do peito, como já tenho. Pessoas especialíssimas que choro só de pensar. Conto nos dedos de uma mão os atuais. E depois guardo a mão com cuidado, pra que ninguém veja e fique impressionado com o tamanho do carinho e intimidade de ambos os lados, em um espaço tão curto de anos.
Mas é lá verdade que os amigos antigos que sobreviveram e atravessaram vivos e ainda com muito amor àquela fase da adolescência escrota, em que ninguém sabe de nada da vida e nem dos quereres, são e serão sempre os principais. Os que levam uma coroa intransferivel na cabeça. Os que nossos pais conhecem e gostam e têm histórias juntos com eles. Os mais luminosos e que sempre que falarmos neles, uma estrelinha vai brilhar mais forte. No céu e nos olhos.
Samantha é uma dessas pessoas.
Somos amigas há 10 anos e não quero ser redundante em falar sobre nossa relação, pois já dediquei um texto à ela só pra isso. Apesar dessa loura merecer todos os textos enormes e incríveis do mundo, ela me surpreende. Ela bota abaixo todo o meu blá blá blá. Ela me reponde um e-mail gigante, um mês depois, onde conto até a cor da calcinha que to usando, com um: "Finalmente respondendo!! Você vai tá ai em março? Quero visitar, me avisa pra eu comprar passagem!!! Te amo! xoxo". E essa pequena frase que não responde nem uma pergunta que fiz ou comenta qualquer coisa que eu tenha falado, vinda lá do outro lado do oceano, bate no meu coração e acalanta o bichinho mais forte do que 300 eu te amos, sinceros.
Sim, nosso combinado, como que eu podia esquecer? Prazo máximo pra ficarmos distantes fisicamente é de 2 anos. E, a cada vez, uma vai ao país da outra, ou ao país em que a outra esteja. Ano passado fui eu. Ano que vem é ela. E o combinado se mantém vivo. E comemora um ciclo de 10 anos. Um ciclo cada vez mais forte e bonito. É incrível ver o outro crescer e deixar que o outro te veja também. No reencontro, chorar no ombro toda a saudade. E rir e chorar e rir e chorar todo o amor louco que permeia a relação. Basta o olhar e pronto, tudo foi dito.
Nunca vou cansar de agradecer os irmãos que a vida me deu. E nunca vou cansar de fazer por onde tê-los ao meu lado.
Vem timbora logo!!!
quinta-feira, setembro 11, 2014
terça-feira, setembro 09, 2014
Consolo
Nas noites separados: te sobra o melhor travesseiro, cruzo a cama com meu corpo,
esse é nosso consolo
e isso
é tão pouco.
esse é nosso consolo
e isso
é tão pouco.
Tem muito azul em torno dele
Fico pensando se te acho mais lindo de óculos ou sem óculos e não consigo decidir, indecisa que sou.
E então fico contente ao me dar conta de que não preciso escolher uma opção, se eu posso ter as duas. E abro um sorriso daqueles que você beija o dente. E me diz que beijou o dente. E eu abro ainda mais largo esse sorriso pra você repetir o beijo nos dentes, dessa vez, sorrindo junto. Eu te amo. Eu te amo tanto que considero um presente te ter de óculos e sem óculos. E de te ter nu dançando na sala. Desse jeito maravilhoso que você criou, sem vergonha, sem roupas, em todos os sentidos possíveis. E eu fico rindo e agradecendo e rindo e pedindo bis. E você se empolga e eu me empolgo e a gente dança juntos, nus, peitos e bilolas balançando até que um dos dois pare, cansado, e fale cheio de satisfação e orgulho que somos muito bobos.
E então fico contente ao me dar conta de que não preciso escolher uma opção, se eu posso ter as duas. E abro um sorriso daqueles que você beija o dente. E me diz que beijou o dente. E eu abro ainda mais largo esse sorriso pra você repetir o beijo nos dentes, dessa vez, sorrindo junto. Eu te amo. Eu te amo tanto que considero um presente te ter de óculos e sem óculos. E de te ter nu dançando na sala. Desse jeito maravilhoso que você criou, sem vergonha, sem roupas, em todos os sentidos possíveis. E eu fico rindo e agradecendo e rindo e pedindo bis. E você se empolga e eu me empolgo e a gente dança juntos, nus, peitos e bilolas balançando até que um dos dois pare, cansado, e fale cheio de satisfação e orgulho que somos muito bobos.
sexta-feira, setembro 05, 2014
O pior medo é o medinho
Minha vida é meio doida. Não quero com isso dizer que a dos outros não seja, tenho certeza absoluta que sim, afinal, que seria da vida sem essas loucuras todas, né?
Mas quando digo que minha vida é doida, não me refiro à minha história geral de vida, que é, na verdade, bem bonita. Me refiro à rotina do dia-a-dia mesmo. Começa pelo fato de que não tenho um emprego fixo e, com isso, obviamente, não tenho também uma renda certinha todo final de mês. Isso já me assustou mais do que vem me assustado agora, acredito ter aprendido a conviver melhor com isso. E ver o lado bom dessa vida autônoma. Ao menos por enquanto, que não passei perrengue, não me vi lisa e não deixei de fazer nada por causa de dinheiro.(nada do normal, ok?). E não, não ganho mesada. A cerveja do fim de semana e meus pequenos luxos saem diretamente do meu bolso que saem de algum trabalho. Acontece que, mesmo com esse dinheiro no bolso, tem vezes que o trabalho vem, rende um bom cascalho bons momentos e depois ele vai-se embora, sem pena. E ai eu fico a ver navios. Uns navios aparentemente massa: com tempo, algum dinheiro e sem previsão da próxima aventura. Quando esse tempo é curtinho, é uma beleza! Vou à praia sem culpa, tomo uma cerveja na quinta-feira, viajo no fim de semana. Mas quando o dinheiro, por sorte (mentira, por organização) continua no bolso, mas o trabalho parece tá longe de chegar, dói. (Sempre parece tá longe, afinal, freela chega sem dar muito aviso, meio do nada, meio de um dia para o outro, então, até que chegue, parece tá sempre bem longe). E essa sensação de entre-safra que às vezes demora a passar, dá um vazio infinito. Uma vontade de chorar. De mudar de país, de mundo, de profissão, de renegar os talentos e ir vender brownie. Ou brigadeiro pra ganhar 26 mil reais no mês como li numa matéria dessas que só fazem piorar a cabeça confusa de uma pessoa confusa.
Foco. É o que sempre me dizem quando tô atirando para todos os lados e peço pinico. É o que me digo diariamente ao acordar e gotejar o floral na lingua. Eu e o Brandy, meu novo melhor amigo. E o que seria de mim sem essas gotas de vida diárias que o floral traz? Não sei como vivi 26 anos de vida sem ele, não sei, mesmo.
E ai que pouco tempo atrás tava tudo parado. Tudo no marasmo profissional. Virei, por duas semanas, organizadora de festas: aniversário da minha mãe, aniversário do meu namorado, open house. E eu? Eu tava em tudo isso e com muito amor. Mas, apesar de sempre me delegarem as atividades mais práticas de produção por parecer óbvio que eu sou desenrolada nisso e de fato eu ser, não me basta. Não tenho um botão que alguém aperta pra ligar e aperta novamente pra desligar. Eu tenho meu próprio tempo mesmo sendo a louca do gatilho, tudo pra ontem, pra já. Mas é uma loucura organizada. Só quem pode determinar esse meu tempo, sou eu mesma.
E eis que, nessa semana, tudo aconteceu ao mesmo tempo. Sim, eu já sabia que quase tudo ia acontecer ao mesmo tempo essa semana, mesmo semana passada estando tudo tranquilo. E nada pude fazer pra me ajudar nessa loucura toda, apenas esperar. Um editorial para uma seleção, dois cursos começando no mesmo dia.Um de manhã e um à noite. Dança e audiovisual. E, nesse meio tempo, dedicação total ao meu projeto. E, agora, uns minutinhos pra postar isso antes que eu pire. Por que é difícil sair da aula de dança na Tijuca pensando no texto que preciso escrever do projeto, em casa, e, enquanto escrevo o texto, pensar que ainda não pesquisei sobre o trabalho daquela japonesa fodona que ganhou o oscar como a figurinista mais pica das galáxias. E, enquanto dou o google nela, me lembro que ainda não escolhi a foto do projeto e que preciso decorar duas frases para o exercício teatral da próxima aula no Centro Coreográfico. Agora, por exemplo, estou atrasada. Deveria tá saindo pra ir pra Laranjeiras ficar impressionada com a professora que é sinistra e já me ensiou meia vida em dois dias.
São 17h. Consegui finalizar (quase) tudo. Respiro fundo. Mais 4 gotinhas de brandy pra me salvar. Hora de partir pra aula, mas, antes, vamos fazer a mochila pra pegar estrada amanhã cedo, afinal, ninguém é de ferro, né?
Sem medo. E sem medinho.
quarta-feira, agosto 27, 2014
Reabilitação
Não fumo. Não uso drogas, salvo uma bebidinha aqui e outra ali que, a cada dia, vem reduzindo de quantidade abruptamente. Não se assuste se me vir dançando até o chão em uma festa com uma garrafinha de água nas mãos. Será água, mesmo, sem a ardência da cana. Também não se acanhe se, em uma reunião em casa na qual parei de beber mais cedo que os demais, você me pegue piscando os olhos sentada no sofá, doidinha pra dormir.
De um modo geral tenho uma vida regrada, raramente saio à noite em dia de semana, mesmo não tendo um emprego fixo, como de tudo, adoro uma saladona, não tenho problema com nem um tipo de tempero, só não gosto de jiló e lingua. E, sim, às vezes exagero no doce e tomo pouca água. Mas tem uma coisa que pode ser pior que tudo isso ai se usado de maneira excessiva: o desperdício de tempo. E isso eu andei praticando muito bem em frente à tela azul do facebook. Quanto mais tempo eu perco, mais continuo perdendo o tempo e quando vi o tempo passou. E passou sem volta e com um dedo apontando na minha cara dizendo: "já era". E quanto mais esse dedo aponta na minha cara, maior a angustia. Pra que? Me pergunto. Por que tantas horas gastas do dia em frente às milhares de informações que serão impossíveis de degustar? No máximo engolir e ter uma indigestão no fim do dia, com tanta coisa ao mesmo tempo, a maioria superficial ou desnecessária. É praticamente uma fofoca que se faz sozinho. Ou pior: entre você e uma tela sem vida e ao mesmo tempo carregando milhares delas, muitas que sequer fazem parte de seu contexto, convívio ou do seu coração. Eu poderia apenas deletar essa rede social, como já fiz em outra época e confesso ter sido uma das melhores coisas virtuais que já fiz na vida: deixar de ser virtual, ao menos por essa rede. Mas nesse mundo de freelancer onde a gente precisa tá sempre correndo atrás da vida, pra que ela não escape ou te esqueça, é impossível, infelizmente. Mas, como pra tudo nessa vida a gente pode contar com o auxílio eficaz do equilíbrio e do bom senso, a partir de hoje fiz um acordo comigo mesma: uma horinha de facebook de dia. E mais uma horinha à noite. Fim de papo. Nada de entradinhas aleatórias durante o correr do dia, que, se somadas, jesus me defenda de saber quanto tempo que gastamos. Fora e-mail, blog e o uso natural do computador para trabalho e pesquisas. Duas horinhas por dia pra ser "jogado fora" tá de bom tamanho e se for parar pra pensar, já é too much. Com o tempo, pretendo passar de 2 horas pra 1h. Mas uma coisa por vez. Já foi mais que provado que querer dar um salto maior que as pernocas é o caminho certeiro para o fracasso. Vamos com calma.
E, "só por hoje", até agora, estou no caminho correto para a cura. 1h, nada mais. Os livros inacabados de minha prateleira, meus materiais de estudo de arte moderna, meu cursinho de espanhol, a ementa pra se adiantar no curso de figurinista, minhas madeiras, tintas, pincéis, aquela listinha de afazeres inacabada e também a minha sanidade agradecem. E muito!
De um modo geral tenho uma vida regrada, raramente saio à noite em dia de semana, mesmo não tendo um emprego fixo, como de tudo, adoro uma saladona, não tenho problema com nem um tipo de tempero, só não gosto de jiló e lingua. E, sim, às vezes exagero no doce e tomo pouca água. Mas tem uma coisa que pode ser pior que tudo isso ai se usado de maneira excessiva: o desperdício de tempo. E isso eu andei praticando muito bem em frente à tela azul do facebook. Quanto mais tempo eu perco, mais continuo perdendo o tempo e quando vi o tempo passou. E passou sem volta e com um dedo apontando na minha cara dizendo: "já era". E quanto mais esse dedo aponta na minha cara, maior a angustia. Pra que? Me pergunto. Por que tantas horas gastas do dia em frente às milhares de informações que serão impossíveis de degustar? No máximo engolir e ter uma indigestão no fim do dia, com tanta coisa ao mesmo tempo, a maioria superficial ou desnecessária. É praticamente uma fofoca que se faz sozinho. Ou pior: entre você e uma tela sem vida e ao mesmo tempo carregando milhares delas, muitas que sequer fazem parte de seu contexto, convívio ou do seu coração. Eu poderia apenas deletar essa rede social, como já fiz em outra época e confesso ter sido uma das melhores coisas virtuais que já fiz na vida: deixar de ser virtual, ao menos por essa rede. Mas nesse mundo de freelancer onde a gente precisa tá sempre correndo atrás da vida, pra que ela não escape ou te esqueça, é impossível, infelizmente. Mas, como pra tudo nessa vida a gente pode contar com o auxílio eficaz do equilíbrio e do bom senso, a partir de hoje fiz um acordo comigo mesma: uma horinha de facebook de dia. E mais uma horinha à noite. Fim de papo. Nada de entradinhas aleatórias durante o correr do dia, que, se somadas, jesus me defenda de saber quanto tempo que gastamos. Fora e-mail, blog e o uso natural do computador para trabalho e pesquisas. Duas horinhas por dia pra ser "jogado fora" tá de bom tamanho e se for parar pra pensar, já é too much. Com o tempo, pretendo passar de 2 horas pra 1h. Mas uma coisa por vez. Já foi mais que provado que querer dar um salto maior que as pernocas é o caminho certeiro para o fracasso. Vamos com calma.
E, "só por hoje", até agora, estou no caminho correto para a cura. 1h, nada mais. Os livros inacabados de minha prateleira, meus materiais de estudo de arte moderna, meu cursinho de espanhol, a ementa pra se adiantar no curso de figurinista, minhas madeiras, tintas, pincéis, aquela listinha de afazeres inacabada e também a minha sanidade agradecem. E muito!
terça-feira, agosto 26, 2014
A dor de agosto
A vida é um sopro e agosto é um longo e triste vendaval. Me pergunto de onde se encontra a serenidade e sanidade dentro de tanta dor, em tanta gente? Que setembro chegue logo e nos prepare pra uma primavera bem tranquila.
sexta-feira, agosto 22, 2014
O dia 22 de agosto, há 30 anos
Tem gente que a gente aprende a amar, por motivos quase que obrigatórios e tem gente que a gente ama fácilmente mesmo se não fosse alguém tão próximo como um familiar. Mais ainda: amaria mesmo sem ter todo esse mesmo amor retribuido. Hoje, é o dia de duas pessoas que são exatamente desse jeitinho: amáveis além da conta. Cheios de fãs e de gente do bem por perto, pra que a prática desse negócio tão bonito chamado afeto se propague. Me sinto lisonjeada e "besta" de olhar para o lado e ver que essas duas pessoas, além de terem todo o meu amor, me amam incondicionalmente, também. Ai fica tudo mais luminoso, preenchido. Hoje é, para mim, o dia mais bonito do ano. O dia das duas pessoas que estão no alto do topo do meu coração e admiração: meu irmão e minha mãe. Meu irmão de sangue, de mesmo pai e de mesma mãe, mesmos olhos e calmas diferentes. E a nossa mãe que nos escolheu e nos acolheu. E que acolheu, também, um bocado de gente mundo afora com esses braços que sempre trazem os merecedores e sortudos ao seu coração.
Hoje é um dia de festejar, de agradecer e de estar junto, nem que seja em pensamento.
Hoje é realmente um dia muito especial.
Parabéns, meus amores!
quarta-feira, agosto 20, 2014
As falsas ciganas hippies e as ciganas hippies falsas
E depois de uma longa ponte aérea online sobre novas tendências, estilos e dicas de como ir linda e arrasante pra um casamento, já que não sei bem como lidar com isso e diga-se de passagem será o terceiro casamento da minha vida, chegou-se a conclusão, depois de muitos links, tutoriais e nomes estranhos, de que a moda é gastar muito em roupas e acessórios que pareçam ser coisa simplória, da terra, mas que no fundo todo mundo sabe que custa uma furtuna. Só que não tenho furtuna e muito menos acessórios que pareçam simplórios, da terra, sem ser. Tenho acessórios simplórios e da terra, sendo. Mas, pelo que entendi, para casamentos e festas mais finas, a tendência é que apenas pareça.
- Braguinha, então quer dizer que essas meninas agora querem fazer de conta que são o que eu sou naturalmente. E eu tenho que fazer de conta que quero ser o que elas são, querendo ser? Curioso.
- EXATAMENTO isso. Ótima análise.
?
- Braguinha, então quer dizer que essas meninas agora querem fazer de conta que são o que eu sou naturalmente. E eu tenho que fazer de conta que quero ser o que elas são, querendo ser? Curioso.
- EXATAMENTO isso. Ótima análise.
?
terça-feira, agosto 05, 2014
segunda-feira, agosto 04, 2014
Una pistola en cada mano
Ontem assisti a um filme que me fez pensar ainda mais sobre a depressão que é o facebook de um modo geral. Salvo as coisas interessantes, acabamos por engolir muitos e muitos kilos, megas e gigas de 'alegrias' e 'sucessos' do próximo. Penso que esse excesso de informação e alto altral, altras transas, lindas canções - que suponho não ser 100% confiável - possa não ser positivo na minha trilha por uma vida melhor e também mais leve. É como se todos que frequentam aquela página azul já estivessem superado seus fracassos, suas dores, suas angustias e só restasse eu, aqui, cheia de dúvidas.
Concordo que ninguém vá prefirir se expor negativamente, jogando nas nossas caras seus problemas e cansaços. E também que as pessoas talvez não fossem gostar de ler tantas coisas tristes e apertos nos peitos sem poderem agir, do outro lado da tela. Compartilhar as alegrias acaba sendo, sim, mais fácil. Para os dois lados. E não é exatamente isso que me incomoda, mesmo porque faço parte desse grupo da página azul. O que me arrepia um pelinho é o exagero. É como se ninguém tivesse o direito de ser humano, de sofrer. Ali, uma vitrine de fotografias, músicas e artigos, a lei é a mesma de Chico: obrigados a serem felizes.
Voltando ao filme, que tem como tradução "O que os homens falam" , ao assistir, me identifiquei mais do que quando vejo as postagens dos meus amigos de fb. E olhe que no filme são atores, não amigos. É o Darin, que pra mim é sempre um herói, e nesse filme se mostra tão frágil, vulnerável. Como eu sou, como sei que são meus companheiros no face quando dão o logout. E a cada cena do filme, eu podia rir ou me emocionar com o desenrolar das tramas. O rapaz que é super capaz mas tá sempre duro, o corno, os casais com problemas que ninguém costuma saber, o bem sucedido cheio de consequências e tudo aquilo que somos e vivemos. Que as pessoas ao nosso redor vivem e são, sempre nessa condição privilegiada, incerta e também confusa que temos e que eu não me canso de falar aqui no blog: a de sermos humanos.
sexta-feira, agosto 01, 2014
Calma, calminha
A maior frustração de uma pessoa inquieta feito eu, é não ter a virtude da calma. E o maior engano é bater o pé que é calma sim só porque gostaria que fosse.
Vivi assim por muitos anos, mesmo sabendo que, no fundo, a calma é uma amiga na qual me dedico e respeito bastante, mas que só vem até mim vez por outra. Não mora comigo. Infelizmente. E digo infelizmente porque vejo nas pessoas serenas por natureza uma possibilidade maior de felicidade. Um caminho menos conturbado. Uma seta apontando certinha pra onde devem ir, sem decalque. E quase sem erro.
Hoje, aceitei que não sou calma. Custou, mas aconteceu. Só não imaginei que essa aceitação pudesse mudar tanta coisa dentro de mim. Ainda não tenho certeza absoluta que tá sendo para o bem, pois todo processo de transição até que as coisas se assentem dentro do coração costuma ser doloroso, então ainda sofro com isso, choro miudinho, encontrar o eixo não é mesmo para os fracos. Mas parece que é para o bem, sim. Viver se enganando é que não dá.
Só que tem uma coisa que não tô entendendo muito bem: depois que isso de aceitar os fueguitos que carrego dentro e fora de mim aconteceu, a calma passou a me visitar com mais frequência, vem até quando não chamo. "Sou de áries, Calma... se acalme que né assim não!"
Ai ela vai, ela vem, me dá um refresco, depois vai, me dá uma folga e vem e vai. Deixa ela. Jaja me encontro. Ou não.
quinta-feira, julho 31, 2014
Sobre uma brasileira e um espanhol
- E vocês brigam em que língua?
- Catalão eu não entendo, então não dá. Espanhol eu sei, mas Ferran sabe muito mais e acabaria comigo. Português ele fala, mas não que nem eu, não seria justo... então, por isso, a gente não briga. hehe.
- hehe.
- Catalão eu não entendo, então não dá. Espanhol eu sei, mas Ferran sabe muito mais e acabaria comigo. Português ele fala, mas não que nem eu, não seria justo... então, por isso, a gente não briga. hehe.
- hehe.
terça-feira, julho 29, 2014
Solução
- Oi, teria TEK bond do pequeno?
- Aqui, moça. Mas me tira uma dúvida, por que isso é bem mais caro que a super bonder?
- É que uma gotinha disso cola até coração partido!
- Aiê, vou comprar logo 3 tubos desse, então.
- Aqui, moça. Mas me tira uma dúvida, por que isso é bem mais caro que a super bonder?
- É que uma gotinha disso cola até coração partido!
- Aiê, vou comprar logo 3 tubos desse, então.
"Que bicho donzelo da porra!"
É estranho ouvir isso sobre alguém que se deseja o bem, mesmo que distante, mesmo "apesar de". E o pior, sem poder ir de contra à opinião, pular naquele abismo e gritar como uma escoteira: "né assim não, é você quem tá viajando!". Uns poréns aqui, outros ali. Uns pingos nos i's. Umas tentativas de "salvar" o que se afoga sozinho, mas, no fim, ter de concordar em silêncio "É. É meio triste, mas ele é meio assim mesmo". Meio.
Saber chegar de mansinho em terreno novo é tão sadio, completei meu pensamento.
-
Pernas e braços de polvo tentando desesperadamente abraçar as pessoas, todas. Quanto mais, melhor. Melhores amigos por conveniência a todo tempo, incessantemente. Brincadeiras mais sem graça que as do tio Carlinhos. Uma falta de noção natural e despercebida, pela tentativa de sutileza. Se alastrar. É isso, esse verbo: alastrar, desejo insaciável. E acabar se queimando no próprio fogo. Ou no purgatório imperdoável da fofoca, o acerto de contas no "juízo final".
Sorriso estampado na cara pra uma fotografia. Lágrimas e coração perturbados no breu da cama fria.
Eu queria poder mergulhar e puxá-lo de volta. Mas não cabe a mim. Queria que fizessem isso por ele, de verdade, até compreender que não dá pra salvar quem sequer sabe ou aceita que precisa de uma bóia.
Alguém bacana que tá sempre por ai, mas nunca inteiro, dentro de si.
Hypothetical date
Se cada lágrima que caísse fosse uma palavra, faria aqui um poema.
*divagação etílica sobre Caê e o momento em que o encontrasse pela primeira vez na vida, travada, sem conseguir dizer um ai. Sim, eu tenho raiva de mim e da minha reação por algo que nunca nem vivi. E que venho me preparado há anos.
Cada doido com sua doidice.
segunda-feira, julho 28, 2014
"A vida não é justa"
Era o que seu Nelson dizia a Igor que, vez por outra, me lembrava também.
Eu não gostava dessa citação. Achava resignada, me dava nos nervos. Como isso podia ser afirmação pra algo que não deu certo sem mesmo a gente ter tido culpa pelo mal feito? Assim, bem normal: "a vida não é justa", com as sobrancelhas esticadas pra cima e um ar médio irônico.
Eu não gostava dessa citação. Achava resignada, me dava nos nervos. Como isso podia ser afirmação pra algo que não deu certo sem mesmo a gente ter tido culpa pelo mal feito? Assim, bem normal: "a vida não é justa", com as sobrancelhas esticadas pra cima e um ar médio irônico.
Depois, por tantas e tantas e tantas vezes, essa afirmação ecoou na minha cabeça, sobre mim ou sobre o outro, e só não a transformei em palavra pois não queria cair na minha própria pegadinha da aceitação. Mas não me poupava o pensamento: "a vida não é justa", é verdade, concordava.
Mais tarde ainda, fui obrigada a maturar mais um pouco e aprendi que aceitar muitas vezes além de não ser algo menor, é necessário. E tantas vezes a única coisa sensata a se fazer. Ficou tão óbvio que eu não entendo como não percebi isso antes.
A vida não tá sendo justa com meu tio. Ele não merecia esse sofrimento tão enorme que carrega e parece nunca ter fim. O fim, agora, se mostra mais perto que nunca. E a dor, em outrora maltratadora, chega rala. Se apresenta fraca e pequena se comparada ao tamanho da força e sabedoria que ele teve durante esse tempo todo.
A vida não é justa. Agora, em voz alta.
sexta-feira, julho 25, 2014
Pra ser água
a Danilo Galvão e Nathalia Queiroz
Pra ser água é preciso, antes, voltar a ser ideia.
Pra ser água é preciso, antes, voltar a ser ideia.
Voltar a ser palavra pra só depois ser toque e tato novamente. É preciso desfazer-se. Fragmentar-se. Retornar ao broto, ao útero: (re)aprender a ser feto. Mutar do agora, peles, músculos e ossos, pra ser inteiro em outro espaço: de tempo e físico. Sentir cada pedacinho e vagarosamente iniciar o processo: dedos dos pés pra dentro dos pés. Pés entram nas pernas. Pernas se encolhem no centro da barriga. A barriga, agora grávida de dedos, pés e pernas, acomoda-se nos seios. Os seios, fartos de tantos membros, entranham a região do pescoço e promovem um nó bem no meio da garganta. Viramos, então, cabeça e garganta. Até que não suportamos a pressão e explodimos em fragmentos. Entenda: explodir, nesse caso, foi uma escolha. Desfizemo-nos. E finalmente retornamos ao broto, voltamos a ser feto e dentro do útero encontramos um canto quentinho e alentador de novo - Estamos prontos pra recomeçar.
É dificil ser água. Chegar à essa condição. É doloroso. E é necessário.
Danilo tirou Nathalia de dentro do coração dela. E me devolveu ao meu com essa única imagem .
Natália virou água.
Galeano y los fueguitos
'Un hombre del pueblo de Neguá, en la costa de Colombia, pudo subir al alto cielo. A la vuelta, contó. Dijo que había contemplado, desde allá arriba, la vida humana. Y dijo que somos un mar de fueguitos. El mundo es eso -reveló- Un montón de gente, un mar de fueguitos. Cada persona brilla con luz propia entre todas las demás. No hay dos fuegos iguales. Hay fuegos grandes y fuegos chicos y fuegos de todos los colores. Hay gente de fuego sereno, que ni se entera del viento, y gente de fuego loco, que llena el aire de chispas. Algunos fuegos, fuegos bobos, no alumbran ni queman; pero otros arden la vida con tantas ganas que no se puede mirarlos sin parpadear, y quien se acerca, se enciende.'
terça-feira, julho 22, 2014
Presente
Eu sabia que aquele era um momento importante. Desses momentos que, se não vividos até a última gota, serão remoídos pra sempre na caixinha solitária das lamentações. A maturidade ensina a perceber esses momentos durante o próprio momento. Uma benção conquistada.
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Enquanto a tarde caía em tons rosados naquele pedaço de praia de Ipanema, eu não sabia se observava meu pai brincando com as crianças, ainda com força pra isso, ou se participava ativamente das brincadeiras de arremesso de disco e castelos de areia. Pra mim, as duas coisas eram muito importantes e era muito difícil decidir o que viver em cada minuto que ia passando de vida. Apenas vivi como senti que deveria.
Não sei se distribui bem meu tempo entre assistir e participar nesses 15 dias em que passamos juntos. Mas tenho certeza que aquele céu rosa pintado por cima da cabeça de papai, dos meus irmãos e da minha é uma imagem bonita e serena que vou carregar comigo por todos os próximos anos.
O céu azul do Rio de Janeiro
Nesse inverno de solzinho incessante e brando, o céu inteiramente azul se mostra o maior atrativo da cidade do Rio. Claro que digo por mim, que, mesmo amante do verão, fico sempre com saudades desse tom de azul que só o outono e o inverno são capazes de fazer. Com perfeição. Um azul que não estoura, não ofusca e não derrete, vazando. Azul, puro, esculachando com todas as demais possibilidades celestes.
E é nesse período em que a canguinha estendida no chão de areia fria se torna minha companheira mais requisitada. Não quero me bronzear, apenas deitar, alí, e existir com um livrinho ou fatia qualquer de sono insistente nesse periodo. Não há o intuito de pegar uma cor, mas a vontade segura de quarar. Como fazem com as roupas. Quarar ao sol.
Até então, nunca havia pensado na diferença entre pegar sol no verão e no inverno. Hoje, é tão clara. Uma diferença abissal entre elas. No verão, transmitimos luz. No inverno, ao contrário, nos deixamos iluminar. Em paz.
Dos diálogos incríveis
C- As pessoas são cheias de camadas.
Seria incrível saber onde podemos pisar sem magoar, né?
A - Ah, seria. Se seria.
C- E seria ótimo ter um alarme na gente. Faltando pouco pra magoar, ele apita bem alto pra pessoa em questão.
A - Mas tem gente q ouve o alarme e quer pôr no soneca.
Seria incrível saber onde podemos pisar sem magoar, né?
A - Ah, seria. Se seria.
C- E seria ótimo ter um alarme na gente. Faltando pouco pra magoar, ele apita bem alto pra pessoa em questão.
A - Mas tem gente q ouve o alarme e quer pôr no soneca.
segunda-feira, julho 21, 2014
Nossa casa
Acredito que nossa casa, bem como os nossos amores, onde for, seja nosso retiro espiritual.
Não importa se enorme, com vários cômodos ou se apenas um quartinho alugado. É o nosso porto seguro. É pra onde voltamos no fim daquele dia cansativo. É onde nos recolhemos pra chorar na água morna do chuveiro quando "deu merda". É onde recebemos as pessoas que mais confiamos e queremos perto. Na nossa casa, como no nosso coração, há espaço pra muito afeto, mas apenas para os de comunhão. Aprendi que, como o coração, não se abre a porta toda hora, pra todo mundo, não é uma fratura exposta que peleje por atenção e quantidade.
Não tem espaço pra energia pesada exterior. Não cabem os olhos gordos. É o nosso canto e tem que ser respeitado como respeitamos a nós mesmos.
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Tem quase um ano que estou de "casa nova" e ela custou a se transformar num lar, no nosso canto, com a nossa cara. Eram paredes e espaços esperando por nós, que nunca chegávamos de corpo e alma. Hoje, quem entra aqui, seja pela sala ou cozinha, consegue sentir o aconchego e a identidade. Quem me conhece um pouco e também conhece mamãe, identifica sem sacrifício que esse é o nosso lar. É a gente em detalhes, em retalhos, em cores e formas. Em cada cômodo tem um pedaço de nós, idealizado e feito por nós. Olha-se uma cadeira e é possível lembrar como ela foi feita, desde a escolha da cor da tinta até a confecção, os reparos. Olho a parede de azulejos e lembro da tarde inteira batendo cabeça na Frei Caneca pra fazer o mosaico mais bonito. Meu quarto, minha mesinha de cabeceira, eu alí. Em tinta, vidro e madeira de rua. O espelho de janela, a mesa de carretel, as subidas e descidas pela rua com materiais garimpados e, depois, repaginafos ao nosso gosto, com nosso toque. A cara de pau pra conseguir esses materiais. "Um eterno ateliê", como dizem os que aqui chegam e acompanham a trajetória da casa que nunca termina, mas que tem sempre espaço entre uma lata de tinta e outra de cerveja pra receber os amigos.
Eu não vejo a hora de terminar. E também não vejo a hora de terminar pra saber o que eu já sei: que ela não termina. Que é ad infinitum, eterna mutação. Igual a gente.
Não importa se enorme, com vários cômodos ou se apenas um quartinho alugado. É o nosso porto seguro. É pra onde voltamos no fim daquele dia cansativo. É onde nos recolhemos pra chorar na água morna do chuveiro quando "deu merda". É onde recebemos as pessoas que mais confiamos e queremos perto. Na nossa casa, como no nosso coração, há espaço pra muito afeto, mas apenas para os de comunhão. Aprendi que, como o coração, não se abre a porta toda hora, pra todo mundo, não é uma fratura exposta que peleje por atenção e quantidade.
Não tem espaço pra energia pesada exterior. Não cabem os olhos gordos. É o nosso canto e tem que ser respeitado como respeitamos a nós mesmos.
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Tem quase um ano que estou de "casa nova" e ela custou a se transformar num lar, no nosso canto, com a nossa cara. Eram paredes e espaços esperando por nós, que nunca chegávamos de corpo e alma. Hoje, quem entra aqui, seja pela sala ou cozinha, consegue sentir o aconchego e a identidade. Quem me conhece um pouco e também conhece mamãe, identifica sem sacrifício que esse é o nosso lar. É a gente em detalhes, em retalhos, em cores e formas. Em cada cômodo tem um pedaço de nós, idealizado e feito por nós. Olha-se uma cadeira e é possível lembrar como ela foi feita, desde a escolha da cor da tinta até a confecção, os reparos. Olho a parede de azulejos e lembro da tarde inteira batendo cabeça na Frei Caneca pra fazer o mosaico mais bonito. Meu quarto, minha mesinha de cabeceira, eu alí. Em tinta, vidro e madeira de rua. O espelho de janela, a mesa de carretel, as subidas e descidas pela rua com materiais garimpados e, depois, repaginafos ao nosso gosto, com nosso toque. A cara de pau pra conseguir esses materiais. "Um eterno ateliê", como dizem os que aqui chegam e acompanham a trajetória da casa que nunca termina, mas que tem sempre espaço entre uma lata de tinta e outra de cerveja pra receber os amigos.
Eu não vejo a hora de terminar. E também não vejo a hora de terminar pra saber o que eu já sei: que ela não termina. Que é ad infinitum, eterna mutação. Igual a gente.
momentos 'finais' |
quinta-feira, julho 17, 2014
O perfume suave da memória
Resgatar memórias é um sopro de vento pra trás e ao mesmo tempo pra frente que deixa a gente mole, molinho. Uma confusão com os sentimentos atuais e os de outro tempo. Quando se trata de memória gostosa, com cheirinho e aconchego de infância, a viagem se torna ainda mais longa. E emocionada. Tenho certeza que seja assim com todo mundo que carregua um coração no peito.
Ontem, pude ver nas lágrimas de Gustavo, essa emoção resgatada. Em tato, descrença no que tava vendo, em cheiro, choro e sorrisos. O mais maluco foi chorar junto por algo que não vivi, mas o fato do resgate da lembrança ter sido feito por mim, foi como se eu tivesse, naquele instante, mergulhada naquele pedaço de história que sequer me pertence. Uma fenda no tempo: Gustavo atracado em seu Snoopy que existe há 30 anos. Hoje, sem a blusa de botão branquinha e a bermuda caqui, ambas perdidas no tempo pelas traquinagens daquele garotinho dentuço. Hoje, um Snoopy nu de roupas, mas vestido de muito, muito amor.
À Cristina, meu muito obrigada pelo carinho, ajuda e confiança.
"amarradão' habitando o novo lar |
terça-feira, julho 15, 2014
terça-feira, julho 08, 2014
segunda-feira, julho 07, 2014
Surpresa:
terça-feira, julho 01, 2014
Perspectivas
Já me falaram brincando, por mais de uma vez, que eu me contento com pouco. Pra alguns, contentar-se com pouco pode tá diretamente ligado à falta de ambição ou conformismo com aquilo, sem necessidade de semear mais. Pra outros, é alegrar-se com pequenas porções de coisas que dão certo na rotina cansada dos dias.
Pequenas porções que, somadas umas às outras, transformam nosso dia-a-dia num calendário mais leve de se cumprir. Há a possibilidade do dever ser prazer e só de existir essa possibilidade, mesmo que nem sempre venha a ser concretizada, tudo se torna mais fácil.
Pequenas porções que, somadas umas às outras, transformam nosso dia-a-dia num calendário mais leve de se cumprir. Há a possibilidade do dever ser prazer e só de existir essa possibilidade, mesmo que nem sempre venha a ser concretizada, tudo se torna mais fácil.
Hoje, no Mundial, os tomates, pela primeira vez em quase um ano, estavam em maioria bonitos, sem machucados ou mofos. Tavam lisinhos, nem tão verdes e nem maduros demais. Coloquei 5 na minha sacola sem esforço e fiquei o resto da feira sorrindo de canto de boca e até mesmo naquela fila que parecia não acabar.
Ganhei o dia.
Agora, seguem as pequenas e também alegres esperanças cotidianas daquele pedaço de mundo que, se levado a sério, arrasa com o humor do cidadão: que o tomate Deborah ou Carmem dê um cadinho de espaço para o italiano e que o limão galego divida sua prateleira com o siciliano, sem traumas.
segunda-feira, junho 30, 2014
Future Me
Exatamente um ano atrás eu escrevi uma carta pra mim, para o futuro, para um ano depois. Essa carta chegou hoje no meu e-mail. É o terceiro ano que faço isso e a cada ano é mais fantástico de ler. Minha conclusão é de que essa conversinha de que um ano passa ligeiro já não cabe mais em mim, ao menos na quantidade de coisas que acontecem e mudam, em mim. E no outro. Agora é hora de escrever a próxima!
http://www.futureme.org/
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