Quando uma lembrança forte nos pega de assalto é impossível escapar ileso: era noite de natal (25) do ano passado e estávamos em uma estradinha de barro, em Vitória, a caminho da Bahia. Caía uma chuva torrencial, a estrada tava completamente alagada, enlamaçada e escura. Era impossível seguir viagem, na mesma proporção que também era impossível voltar atrás, se proteger em algum lugar seguro; não havia como voltar e nem pra onde voltar no cu de mundo em que estávamos.
A única informação que tinhamos era de que pra frente seria ainda pior e que podia cair alguma ribanceira, como aparecia na TV, e que teriamos que subir uma ladeirinha, que seria impossivel com aquele carro de pequeno porte, etc. Estávamos muito aflitos, Lala segurava meu pé rezando qualquer coisa, enquanto eu usava minhas mãos pra tentar fotografar os raios pela janela e Gustavo disfarçava o medo no volante.
Foi quando Lina, pra distrair nossas mentes inquietas, puxou o assunto 2014 ou dois mil e catarse. Cheia de sabedoria falava que seria um ano conturbado, um ano de acerto de contas, provações, conflitos mas também de muito amor. E que era cedo pra dar mais detalhes, acho que os astros ainda não tinham passado a régua para o que tava por vir. Respiramos fundo, atravessamos a lama, a chuva, os raios, a ladeirinha e ainda chegamos na Bahia, tão felizes. Atravessei também 2014. E as previsões não poderiam ter sido mais acertadas: um ano conturbado, cheio de conflitos, de provações, mas também de muito muito muito amor.
E que venha 2015, pra gente atravessar sem medo de remar na maré forte e também suave que tá por vir.
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