domingo, maio 29, 2016

Terça-feira

A gente costumava se encontrar nas quartas, que era o meinho da semana, o ponto perfeito pra acumular uma saudade e depois ir embora esperando pelo fim de semana que logo chegava. Promoção no cinema, jantar e alguma desculpa pra justificar o encontro, quando na verdade a gente só queria se ver, sem desculpa alguma.

Faz um tempo que as quartas viraram terça-feira. Um dia cheio de motivos. É tanto do motivo que chega explode de energia! Agora o encontro vem acompanhado de frevo. De suor. De ponta de pé e calcanhar. De risadas e estafas físicas. De risos e aprendizados e diversão. Um calor que domina a sala de aula seguido da brisa fresca de Copacabana que deixa a prosa no meio da rua mais agradável. A gente devia marcar uma cerva no fim da aula! Sim!  Aqui tá massa mas a gente tem pressa. Quem vai pra onde? Daqui eu vejo e vivo o caminho até o metrô alegre por entusiastas a passistas, todos cansados. A capinha do Super Homem sempre escondida doida pra voar.

Tem Masterchef, tem fome, tem roupa grudando no couro de tanto suor. Tem aquele banho esperto e garoto que deixa o cheiro de sabonete nas tuas mãos. E eu cheiro. Você na cozinha pegando água. Vem logo que vai começar! Tem o sofá onde me dissolvo, toda torta. Tem teu colo e duas mãos pra um cafuné exausto, vagaroso, espaçado. Movo minha cabeça bem rapidinho na tentativa de chamar tua atenção e conseguir algum carinho mais avançado daquele braço cansado de sombrinha que eu mesma causei. Não tenho muito sucesso. Olho ao redor e vejo tua perna. Levanto a blusa e cheiro teu buchinho. Fome. Domino`s! Catuperoni e La Bianca. Ruivo atento e quase mudo. Agora Renata, faladeira igual a gente. Um pouco de coca-cola que ficou na geladeira, um beijo e outro. Sorvete. Os celulares apitando freneticamente no mesmo grupo. 

Teu colo de novo.

segunda-feira, maio 23, 2016

Cinzas

O fogo
Queimou a palha
E sobrou um bocado
De nada

terça-feira, maio 03, 2016

Inspiração

Meu mapeando de maio, além de uns sacolejos mais palpáveis que os dos últimos meses, dá também uma alfinetada em uma mente que se acha brilhante tantas vezes, cobrando criatividade. Quede sua criatividade, querido áries? Mais ou menos por ai. Ele, o mapeando, tá redondamente correto. Quede minha criatividade? Onde a enfiei? Virei uma máquina de produzir o que me pedem, sem quase questionar e entregar no prazo solicitado em troca de dinheiro? Sim. É o que me parece. Respondo triste mas não surpresa. Há tempos que venho vivendo assim, quadrada como um cubo nada mágico.

No andar de cima de meu armário tem um papel pardo enorme que comprei há quase 1 ano. A ideia era escrever nele tudo que pretendo fazer, projetos, ideias legais mesmo que soltas, uma palavra de incentivo, possibilidades dentro de minhas competências. Comprei também um pilot preto pra ajudar nesse brainstorm de mim mesma. Em julho completa um ano que ele tá ali, em branco, se eu nada fizer pra mudar isso. Estou quase largando esse texto aqui pra continuar ele lá, já era alguma coisa... mas sinto frio, sinto sede, sinto sono. "Amanhã sem falta eu faço isso". Amanhã sem falta dou continuidade no livro que é base pra o ensaio que quero fazer. Amanhã. Amanhã é sempre a esperança por um ontem muito falido. Amanhã quem sabe.

Volto a questionar: por onde anda minha criatividade, ponto alto da característica de minha pessoa? Nem esse blog estou conseguindo manter. Paixão. É por isso que sou movida, só que da pior maneira. Se estou apaixonada, não costumo escrever grande coisa. Se não estou apaixonada, não consigo nem escrever. É preciso estar apaixonada e com um rombo no peito, fodida, catando os cacos pra brotar e ser belo. Deveria, então, buscar por isso? O fim daquele livro depende do fim de minha alegria? Seria isso uma crise criativa?