segunda-feira, julho 28, 2014

"A vida não é justa"

 Era o que seu Nelson dizia a Igor que,  vez por outra, me lembrava também. 

Eu não gostava dessa citação. Achava resignada, me dava nos nervos. Como isso podia ser afirmação pra algo que não deu certo sem mesmo a gente ter tido culpa pelo mal feito? Assim, bem normal: "a vida não é justa", com as sobrancelhas esticadas pra cima e um ar médio irônico.

Depois, por tantas e tantas e tantas vezes, essa afirmação ecoou na minha cabeça, sobre mim ou sobre o outro, e só não a transformei em palavra pois não queria cair na minha própria pegadinha da aceitação. Mas não me poupava o pensamento: "a vida não é justa", é verdade, concordava.

Mais tarde ainda, fui obrigada a maturar mais um pouco e aprendi que aceitar muitas vezes além de não ser algo menor, é necessário. E tantas vezes a única coisa sensata a se fazer. Ficou tão óbvio que eu não entendo como não percebi isso antes.  

A vida não tá sendo justa com meu tio. Ele não merecia esse sofrimento tão enorme que carrega e parece nunca ter fim. O fim, agora, se mostra mais perto que nunca. E a dor, em outrora maltratadora, chega rala. Se apresenta fraca e pequena se comparada ao tamanho da força e sabedoria que ele teve durante esse tempo todo.

A vida não é justa. Agora, em voz alta.

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