Eu não gostava dessa citação. Achava resignada, me dava nos nervos. Como isso podia ser afirmação pra algo que não deu certo sem mesmo a gente ter tido culpa pelo mal feito? Assim, bem normal: "a vida não é justa", com as sobrancelhas esticadas pra cima e um ar médio irônico.
Depois, por tantas e tantas e tantas vezes, essa afirmação ecoou na minha cabeça, sobre mim ou sobre o outro, e só não a transformei em palavra pois não queria cair na minha própria pegadinha da aceitação. Mas não me poupava o pensamento: "a vida não é justa", é verdade, concordava.
Mais tarde ainda, fui obrigada a maturar mais um pouco e aprendi que aceitar muitas vezes além de não ser algo menor, é necessário. E tantas vezes a única coisa sensata a se fazer. Ficou tão óbvio que eu não entendo como não percebi isso antes.
A vida não tá sendo justa com meu tio. Ele não merecia esse sofrimento tão enorme que carrega e parece nunca ter fim. O fim, agora, se mostra mais perto que nunca. E a dor, em outrora maltratadora, chega rala. Se apresenta fraca e pequena se comparada ao tamanho da força e sabedoria que ele teve durante esse tempo todo.
A vida não é justa. Agora, em voz alta.
Nenhum comentário:
Postar um comentário