*relatos sobre o sábado de carnaval dividido em fragmentos.
Ladeira da Misericórdia. Te puxo para o degrau: preciso falar com você agora! Gente, olha o arrastão! A gente precisa ir embora daqui agora! Podem ir, a gente vai conversar. Gente, tá vindo um arrastão. Foda-se, a gente vai conversar, podem ir indo, galera. Te puxo para o canto do degrau. Aqui ninguém vai roubar a gente, podemos conversar em paz.
Encostados, ficamos ali, arrastão passando, o mundo se acabando e nós dois abraçados. Monólogo, lágrimas: uma tuia. Minhas e tuas. Seremos, então, só amigos. Não somos paquerinhas. Somos mais que essa porra toda. Não vamos agir assim, vamos ser como sempre fomos, parceiros e sem frescura, mesmo que em outro formato. Menos do que a gente era não tem condições. Somos muito mais que tudo isso. Sim, sim. Concorda? Concordo, mas não é fácil. Não é, ninguém disse que seria. Então estamos combinados, eu não te beijo mais. Chega.
Um riso descontrolado: caramba, a gente teve uma DR no meio de um arrastão! Pqp, só podia ser a gente. Só podia. Vamo nessa? Vamo! Cacete, tá vazio aqui. Segura minha mão, bora descer essa ladeira correndo, assim ninguém nos rouba. Sim. Mãos dadas, firmes. 1, 2, 3 e já! Carreira. Riso. Carreira. Não tropeça pelo amor de deus. E agora? Bora pra Siba? Oxe, bora! Será que ainda tá rolando? Bora sacar. Siba, uma roda enorme, a galera animadíssima. Ele gostando sem conhecer, eu me esbaldando e entrando na roda de pogo, pra variar. Ele também.
O show acaba e começa uma roda de côco com a xêpa carnavalesca. Eu no meio da roda dançando com minha saia imaginária. Que lindo isso! Tu dançando comigo. Que lindo isso! Eita, Beth! Bora entrar na roda? Bora! Que massa, tu aqui! A moça do ganzá foi embora, e agora? Agora eu pego o ganzá e seguimos o baile. E o côco não para. Alguém puxa uma música, depois outra, depois silencia e eu lanço Lia. Todo mundo na roda que agora virou de ciranda. Que lindo isso! Teus olhinhos assistiam a tudo brilhando sem parar. Fim da roda. E agora? Cerveja de garrafa naquele bar. Não pode mais entrar, gente. Ah, por favor, só uminha! Não pode. Puxa, nem comprar no balcão e sair com os copos cheios? Não, só vendemos sentado na mesa. Então deixa a gente entrar, é só uminha. Não. Po, libera ai só pra gente comprar uma, então. Ok. Uma cerveja, por favor! Litrão que dura mais? Sim! Eita, olha uma mesa ali. Ainda tem gente sentado. Senta ai. Sentamos. Eu, você, um litrão e dois sorrisos gigantes estampando aquela mesa. Tu me olha, eu te olho: caralho, eu te amo! Eu também, porra!!!
Barcelona, pis Joanic, eu, você. Sempre é assim. É inesgotável a conversa. E o sentimento. E as lágrimas. Teus olhinhos agora estourando de tão vermelhos. "É que é jogo sujo nossa história, po. É foda, nenhuma dá pra comparar. É difícil pra caralho pra mim, porra", você dizia entre lágrimas e um olhar distante, em 3 anos atrás. E eu do lado, entre um gole e outro, não tendo como não concordar. É foda mesmo.
Barcelona, pis Joanic, eu, você. Sempre é assim. É inesgotável a conversa. E o sentimento. E as lágrimas. Teus olhinhos agora estourando de tão vermelhos. "É que é jogo sujo nossa história, po. É foda, nenhuma dá pra comparar. É difícil pra caralho pra mim, porra", você dizia entre lágrimas e um olhar distante, em 3 anos atrás. E eu do lado, entre um gole e outro, não tendo como não concordar. É foda mesmo.
É foda, po!
Um litrão, uma retrospectiva, o amor ali mais visível que osso em fratura exposta.
Coração exposto.
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