*relatos sobre o sábado de carnaval dividido em fragmentos.
A tatuagem corre pra lá e pra cá. Começa de manhã cedo, palhas enrolando minha cabeça e a pouca noção de tudo que tava por vir. Bom dia! Bom dia! Um riso frouxo sonolento me avaliava e sorria de alegria ao perceber que era sábado de carnaval. Até já! Até! Tas linda!
Um ônibus para o melhor dia do ano. Um ônibus para as ladeiras. Chegamos, nem acredito! Ainda tímida e em frente ao Mosteiro de São Bento, os barris de lama eram pura benção! Queria mergulhar ali como quem mergulha no carnaval. Aperto, aperta, aperto! Prefeitura. Aperto, mais aperto! Bora respirar! Bora comprar um axé!
Um axé na mão e mil ladeiras na cabeça. Mac. Bowie. Que boniteza, que enormidade! Você ali. Você e a câmera de plástico, eu com o celular. Tchau, até já. A gente se encontra. Os bloquinhos são os mesmos. Sim, a gente se encontra, relaxe. Sim. Tchau, tchau!
Sobe o MAC, desce o MAC. Encontro Paca que pergunta por Dumbo. Uma crise de riso me invade informando que bateu.
"Tu tens noção que tem MUITA coisa pra acontecer hoje?" me perguntava Nath cheia de sabedoria. "Sim. A gente tá aqui agora, 11h. Mais tarde a gente corta a cena e pensa em tudo o que aconteceu", eu respondia entre um gole e outro do Axé.
Mangueira. Quanta gente querida. Que alegria desesperada! Purpurina, uma chuva delas. Um saco de um quilo rosa voando pelas mãos de Thales e pelas nossas mentes. Quanta gente querida! Que beleza que é esse bloco. Sim, mas tá parado. Tá morgado. Tá blasé. Ainda custa a sair. Que beleza de bloco! Sim, mas preciso andar, você também? Sim!
Aperto, aperta. Caipi de Siriguela. Um riso, uma gargalhada, uma crise - mais uma. Um total descontrole, um derramamento. Uma barriga doendo de tanto sorrir. Bora voltar, o bloco já deve tá saindo! Bora ficar aqui em cima dessa calçada alta pra esperar o bloco descer. Bora! Eita, olha Lucas ali! Eita, ele tá vindo aqui! Braços abertos. Braços abertos de volta. Um abraço no ar. Um giro de 360 graus. Meus pés flutuando - literalmente - um beijo giratório. Sou devolvida para o mesmo local, mesma calçada e segue o carnaval.
"Que beijo bonito da porra!!!", é o que todos falam sem parar enquanto ainda me sinto flutuando. "Isso sim é um belo beijo de carnaval!", alguém completa.
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