terça-feira, dezembro 13, 2011

Mão na mão pra te lembrar







Minhas melhores poesias não foram escritas , não houve tempo:
Pensamento desembestado distante das mãos
São aquelas que balbuciei em voz baixa e repentinamente
Como em um texto decorado que nunca havia lido antes
Versos que declamei para o meu sorriso
E para o sol raso às cinco da manhã na rua de casa
Rua envolta por flores de cactus e folhagens com minha voz
Uma satisfação assustadora, medonha e bonita
Não caberia papel e lápis nesse instante
Gafanhotos embriagados escapulindo da minha boca árida
Palavras que formulei, expliquei e até encenei para uma platéia vibrante
Que se resumia nas mil pulsações do meu peito e na vontade ansiosa por chorar
Um choro sem vergonha, um choro bem meu

A parte que eu mais gosto, é de no final do meu showzinho
Poder me olhar
(Eu consigo me olhar sem espelho)
E pensar no quanto a poesia tem espaço em mim
No quanto ela me cabe
Às vezes é tanto e mesmo sem querer
Que preciso crescer mais uns dez centímetros
Pra ficar compatível e não virar represa, senão ela explode
(consigo até sentir , de antemão,o roxo cavando meus olhos)

Uma represa prestes a explodir n'uma maré frouxa de lágrimas...

Mão é carne viva de saudade
Tem um coração pulsando bem no centro
Sem saber se vai

Se fica
Repara uma queda
Amarra a fita
Alisa os cachos

Sustenta

E além do mais
É riscada em M
Por linhas de desejo
Sem tolice ou ensejo
A comadre vai descobrir

Mão é o coração do homem
Quem acaricia e dá adeus


Repare nas mãos, elas nunca sabem onde pousar
Ampare as mãos, um dia você há de precisar
Apare as mãos para não se entregar
Prepare as mãos quando quiser amar



* Essa é para você, porque eu sei (sim, eu sei) que acima de tantos paradoxos ou da tua sede em sempre ver minha beleza externa três vezes mais radiante por dentro, é ai, ai nesse centro de tudo, no chão de terra e chuva que a gente se encontra e bebe do mesmo copo, com a mesma sede, que nem tu e o menino das tintas. E o amor sempre floresce com o adubo do teu sorriso, dos meus olhinhos curiosos, no meu coro cabeludo cada vez mais fértil, no teu abraço que mais parece um muro coberto por eras, no meu pé fora do chão e da semente em nossa mão. Mão na mão. Te amo.

3 comentários:

clareana arôxa disse...

Eu preciso que você viva. Solta, cambaleante entre um passo e outro, iluminada. Preciso saber, mesmo que de longe e em silêncio, do teu sorriso espalhado que fecha ainda mais os teus olhinhos pequenos. Preciso ver-te cheia de rosa, no encontro perfeito de um samba compartilhando, quando chove, quando a lua brilha.
Eu fico aqui como uma represa prestes a explodir n'uma maré frouxa de lágrimas...

namorado disse...

Que lindo isso tudo!

Aumenta ainda mais minha vontade de continuar desvendando, mais e mais, os vários belos caminhos que existem em vc.

Como num labirinto sem solução.
Num labirinto sem saída,
Pq eu não quero achar a saída.
Pq eu quero me perder
Pra te encontrar aí dentro,
bela e pura.

Pra abraçar forte,
Deixar o corpo cair.
Cair no gramado

Sentir o perfume da noite,
O cheiro da terra
De mãos dadas:
Olhar pro céu.
Respirar fundo
Lembrar de nosso futuro
De mãos dadas

Encostando meu coração no teu
Bem coladinho
Pra um entrar dentro do outro
De mãos dadas:
Pra nunca mais soltar

carlinha disse...

ô, meu namorado! Você demora a responder, mas, em compensação, quando responde é com essa lindeza toda! E respondendo todos os posts passados, seu lindo.

Adoro seus comentários, amo você e o nosso amor.