terça-feira, julho 23, 2013

The one II

                                                                                                                                  A Igor

Não lembro com precisão quando decidi isso, mas eu só casaria com alguém que tocasse um instrumento de sopro. De preferência sax, mas qualquer outro já estava dando para o gasto. A verdade é que, apesar de já ter namorado e tido uns affairs com músicos, nenhum deles soprava seus instrumentos e em sendo assim estavam previamente descartados no meu subconsciente. Então comecei a namorar sério, quando digo sério me refiro àquele namoro onde as pessoas medem os dedinhos em outros anéis pra saber o tamanho certinho da aliança, e esse namorado podia ser tudo, inclusive um excelente escritor, mas não tinha nada de músico, a memória sequer permitia que decorasse mais que três frases de uma canção até então desconhecida sem que gastasse uma energia mental e esforço estrondosos. Foi bingo quando aprendeu o refrão de 'cintura fina' e passou uma semana inteira cantando pra mim como quem carregava um troféu na voz. Até que certo dia cheguei em casa e lá estava ele sentado no sofá, propondo com o olhar que tinha uma surpresa e dizendo 'senta aqui junto', enquanto sacava de uma caixinha vermelha uma gaita comprada escondida de mim há algumas semanas. Me faltou o ar e, antes que eu falasse que ele não precisava aprender gaita só porque eu acho bonito, ele me silenciou quando começou a soprar, ansioso, nervoso, contente e cheio de preciosas pausas pra pensar na próxima nota 'Felicidade foi-se embora e a saudade no meu peito ainda mora...'

Nesse instante desbancou todos os músicos quase famosos com quem já me enrosquei e constatei que o The One não precisaria tocar sax ou gaita ou trompete ou flauta, doce ou não. Precisaria me emocionar.

2 comentários:

Rá disse...

igor é muito massa!

Anette Alencar disse...

é sim, muito! :)