terça-feira, junho 11, 2013

Em aberto

Pensei que os objetos poderiam, de repente, ter vida própria. Imagina você acordar atrasado por que seu celular/despertador foi dar uma volta nas ramblas ao invés de tocar aquela sinfonia calma próximo às sete da manhã? Na hora H com a gatinha a sua camisinha estar no quarto do compañero? Os tomates e temperos na varanda. O guarda-chuva na farmácia da rua de baixo. A sunga no armário de Marina ou Sandra. As chaves da corrente da bike na biblioteca da faculdade, entre psicanalistas e economistas. Mas, claro, haveria de ter uma ordem. Os objetos poderiam ficar sumidos por até uma hora e só teriam serventia para o próprio dono, de modo que não adianta um engraçadinho cruzar com sua calça listrada de estimação pela Plaza del Sol e querer dar o ganho - não. E também que essa nova onda de vida própria aos objetos não estaria valendo para artigos públicos, como semáforos e lixeiras. Nos questionamos se esse novo mundo teria algum beneficio pra nós, seres humanos, e chegamos a conclusão de que seria o verdadeiro caos e que as pessoas teriam que trabalhar em cima da tolerância e da paciência. O que não decidimos, pois já estavámos chegando em casa - famintos e  molhados de uma chuva de dia inteiro - foi se seria possível uma relação de brodagem e negociação com os objetos. 'Bro, não sai de casa entre tal e tal hora não que vou precisar de tu, visse?' É, isso ficou em aberto.

Um comentário:

Bruno disse...

Carlinha, entre as pessoas loucas (no bom sentido) e incríveis que conheço, tu tas no topo. E olhe que conheço uma boa quantia de loucos incríveis. Ah, agora sempre que minhas coisas sumirem eu vou lembrar desse texto! hehehehe