quinta-feira, fevereiro 02, 2012

tempo, tempo, mano velho



Respeitar o tempo, dos outros e meu, sempre foi pensamento de ordem e de lei. É batido, é antigo e é verdade: o tempo cura tudo. Abre os caminhos, ilumina uma vista cansada, aponta setas. O tempo transforma, adapta, rapta. E, apesar de tantas vezes querer acelerar algum processo, sei que no fundo, Deus ou o que quer que o valha, não caminha no mesmo ritmo da ansiedade humana e nem da minha. 


Por vezes já quis ter acordado e já ter passado um mês: fosse por uma tristeza que estaria mais apagada, fosse por um acontecimento feliz, futuro. Mas, nesse dia de hoje, a minha vontade egoista era de que o tempo pudesse passar bem devagar lá do outro lado, em Recife, mais especificamente apenas para uma pessoa. Uma pessoinha de nada que é tão grande pra mim: minha Sofia. A saudade que sinto por ela é proporcional ao tanto que ela cresce com o passar dos dias. É um absurdo, um desfalque bem dentro do meu peito. Quando escuto sua voz, cada dia mais completa, mais inteira e inteirada. Cada dia mais praticante e consciente da vida. E quanto mais, menos. Quanto mais o tempo passa do lado de lá, menos acompanho essa velocidade toda. 


Sentimento de impotência que é administrado através de fotografias, vídeos, voz e imaginação. Muita imaginação. Me pego deitada no sofá imaginando ela fazendo brabeza na sala (umas de suas especialidades). Depois imagino ela comendo sem parar e pedindo mais. A vejo correndo pelo quintal enquanto eu chamo pra dar um abraço (que na verdade é um aperto) e ela fica agoniada ou mandando parar: "paaaaaaaaara caca, paaaaaaara". Ou, para a minha sorte e a do meu pensamento, ela gosta. E fica rindo. E volta a correr e a brincar com o aviãozinho, pedindo pra entrar na piscina.  Ou então começa a varrer a área.


E conforme as fotografias chegam na minha caixa de e-mail, mais me assusto com o tamanho de seu cabelo e das pernas tão compridas. Me pego feliz em vê-la tão parecida comigo, cada traço, cada detalhe. E gosto quando meu pai se confunde e a chama de carlinha, mesmo que Jó reclame com ele por conta disso. É família. E família é associação e soma de amor. Amor antigo, amor repentino, amor genuino. Amor. Amor é uma palavra que deveria ter mais letras, pra tentar demonstrar a dimensão. Constitucionalissimamente bem que poderia ser amor. Mas se quer saber? Não teria palavra certa, ela, sequer, precisava existir. 


Porque é aqui dentro que tudo fala, que tudo cala e que tudo explora. É aqui dentro que a vejo pra lá e pra cá, na esperança vadia de tocar naquele bracinho moreninho novamente, o quanto antes e com menos espaço de tempo.  E com a alegria de saber que apesar de visualizar as notícias e mudanças através de outros meios que não ao vivo, temos um elo que a geografia não estudou o suficiente pra conseguir separar. E que já não importa em que pedacinho de terra a gente more, seremos irmãs, sempre.


Com muito amor e muito abracinho apertado, para a minha Sofia.


papai babão e Sofia, hoje, no seu primeiro dia de aula
                 





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