quinta-feira, novembro 24, 2011

A saudade é um bichinho que rói




Saudade é um bichinho que rói

A unha do pé, o pé
E eu nem ligo

Que rói as pernas, a bacia, o sexo, o ventre
E eu nem ligo

Um bichinho medonho que rói 
O cotovelo, a cabeleira, as unhas
E eu nem ligo

Rói tudo isso, o meu juízo, o prejuízo
E eu nem ligo

Rói o umbigo

Rói os meus lábios, minha voz, o meu silêncio
E eu nem ligo

Rói meus livros, rói.
Rói fotografias, cartas, cheiros, dói
Mas eu nem ligo

E eu nem ligo
Quando rói a palavra, a canção e a mão,
Não

Mas quando rói o coração...








Foto: Victor Jucá
Projeção feita no Janela Internacional de Cinema do Recife 2011
Rua da Aurora, Recife, PE

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