Francisco vai nascer. Ele já tem
um bocado de apelido carinhoso: Chico, Chicote, Chicória, Chicão e até
Afonsinho (que a mãe não nos escute pra puxar a orelha). Pra mim ele é
Francisco e pronto! Um nome bonito feito esse não carece de outro.
Ainda não conheço seu rosto e não tem
como saber se os olhos serão enormes e famintos como os da mãe. A cor verde é
o que menos importa nesses olhões de mundo, feixe de luz no escuro. Mira e tiro
certeiro. Um dardo lançado bem no centro vermelho. Não dá pra saber e, ainda
assim, não tenho dúvidas de que sim, serão. Aquelas coisas que a gente sabe sem
ver.
Francisco não é o primeiro filho
de amigas próximas mas é como se fosse. Talvez porque agora parece tudo mais
real e palpável que na época de faculdade onde alguém tinha menino e parecia
irresponsabilidade. Ora, mas há pouco
tempo alguns amigos tiveram filhos, programadinhos, casais casados, tudo
conforme a sociedade espera. Ainda assim é como se Francisco fosse o primeiro. Por que? Talvez por ser filho de Amanda. Amanda
que até pouco tempo tinha como preocupação os cabelos vermelhos, o cigarro
encaixado entre os dedos de uma mão e um copo de cerveja ou o que quer que
fosse de mais alcoólico na outra. Um texto coerente, outro nem tanto, um
genial, um emprego bom, a aula de balé, a São Salvador, as confusões.
Francisco não vem de um casal
casado. Francisco não veio esperado e agora a gente só faz isso da vida:
esperar por ele. Francisco não preparou ninguém, muito menos Amanda e agora
nunca a vi tão preparada pra tudo o que vier em todo o tempo que a conheço. Francisco
ainda não tem rosto - pra gente - mas já o enxergamos de sunga na praia dos Carneiros em
um verão desses correndo pra lá e pra cá pedindo picolé. Ele ainda não
completou 1 ano e a gente já dança um frevinho miúdo com ele no Acho é
Pouquinho aos 3. Francisco me faz olhar a janela do ônibus e ter um cadinho de
esperança no mundo mesmo estando tudo errado.
Ele não é o primeiro filho de
amigos próximos mas é o filho de Amanda, uma mulher que vi amadurecer, que tenho vontade de estar perto,
que escuto com os ouvidos bem abertos e admiro de doer. Falo dela e meus olhos brilham, tenho certeza. Falo deles e meu peito infla.Do susto em uma mesa de bar na Tijuca veio a surpresa: hoje não consigo imaginar uma dupla mais forte e esperada do que essa.
Um comentário:
lágrimas!
Postar um comentário