quarta-feira, dezembro 18, 2013

Das sabedorias que não possuo

Pra minha pequena, saudade é contável. 

No auge dos seus 4 anos, ela não compreende que saudade é uma só e a gente que vai sentindo parceladamente ou de uma vez, no modo contínuo. 

Quando estou em Recife e passo uma noite fora, no outro dia ela diz "eu tou com a tua saudade". Quando estou longe, ela diz "tou com uma saudade tua". No fim das contas, quem não faz a conta certa e consegue compreender a saudade somos nós, adultos. A saudade tem, sim, identidade própria e pecualiaridades. Uma pra cada instante. Pra cada fase. Pra cada tempo e quilômetro percorridos para o sentido oposto, mesmo que destinada à mesma pessoa. 

A pequena tem a minha saudade quando tá um dia distante mas sabe que vai me ver no outro dia. E tem uma saudade de mim cada vez que fala comigo no telefone, lá longe, ou manda recado. E nos demais tempos, nos espaços entre essas saudades, ela corre, brinca, chora, estuda, pinta, aprende. Como se perdesse as contas das saudades que sentiu. E sem se dar conta das que ainda vai sentir.

Eu também corro, brinco, choro, estudo, pinto e aprendo, em outras proporções, mas ainda não compreendi como faz pra saudade existir em um dado instante. 

E não quando quer, assim, sem cerimônia.

2 comentários:

Unknown disse...

adoro teus textos pra Sofia!

Anette Alencar disse...

minha matutinha :)