domingo, agosto 11, 2013

Memórias inconsoláveis

12 de abril de 1988 e de todos os anos

Não tive escolha. Se pudesse escolher eu teria ido. Você teria ficado. Mas eu era um negocinho tão miúdo e negocinhos miúdos não escolhem, fiquei. Você, com tantos outros 24 anos pela frente, se foi. E me deixou cheia de vazios. Me deixou invisível. Passei a ser o retrato e a significação de um erro, enorme. Pra sua família, que nunca ví. Que nunca me viu. Pra meu pai, que não me enxergou por muitos anos. Hoje tenho um ano a mais que você. Tão estranho. Você, que deveria ter 49 anos e me ensinar tanta coisa dessa vida, continua com 24. E eu aqui, mais velha que a minha mãe e finalmente tomando as rédeas da vida sem culpas e sem tua projeção. Livre de referências. De como serei daqui pra frente. Daqui pra frente eu serei. Apenas serei. E isso é suficiente.

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