Aconteceu tanta coisa ao mesmo tempo nessa última semana que nem consegui me despedir como gostaria e sofrer um último tchau decente na Tijuquinha que tão bem me acolheu no último ano. Ao contrário disso, sai batida de lá cheia de sono pela manhã, em minha última manhã na Valparaiso. Tive 10 segundos enquanto percorria aquela rua tão agradável pra agradecer e dizer tchau, quase que no automático. E só agora, após essa semana frenética e infinita, que sento no meu sofá e faço uma retrospectiva - e não mais naquele big sofá incrivel e preto que me abraçava toda santa noite de domingo!
Quanto drama da minha parte, eu sei. Jaja estarei novamente esparramada no big sofá preto, em outro endereço, mais perto de mim. E enquanto isso não acontece, disfarço o charme que acho ser a entradinha da vila e a empolgação com a área externa pra eventinhos e reuniões de amigos. Disfarço também a facilidade que será chegar lá de bike ou até mesmo a pé, se der na telha. Disfarço essas coisas porque agora eu to sentindo pela Tijuquinha tão querida. To sentindo por não poder mais perambular pela casa de calcinha e só. Ou sem nada. E deitar no sofá nuinha. E não ter mais o Jorge feliz da vida ao me ver, sabe-se lá por qual motivo, nas tantas e tantas manhãs apressadas atravessando aquela portaria, com aquele banco e aquela parede de azulejos tão bonita. E não ter mais Brad e nem Pitt esparramados no chão e sendo acolhidos por todos que por ali passam. E nem mais o Vera Lanches nas madrugadas sem fim. (Sobre isso, não consido disfarçar a alegria em trocar esse podrão, mesmo sendo o melhor podrão do Rio, pela melhor padaria da madrugada e que fica a 3 minutos a pé da nova casinha!). O Botto não será mais um caminho feito caminhando. E o sushi da feira não acompanhará os domingos de ressaca com a mesma facilidade.
O Largo da segunda-feira com certeza vai deixar muitas saudades acompanhadas de muitas e muitas histórias - boas e ruins, como em qualquer lugar. Mas não sei se pela dor devastadora em minha coluna ou se pela correria dos últimos dias ou se pela esperança de um futuro ainda mais gostoso, não consigo sofrer de verdade essa "perda". Dou uma remoída, tenho umas recaídas, mas não sofro e nem consigo, pelo contrário, semeio e vejo coisas boas chegando junto com a mudança. E, já que mudança é sempre uma boa desculpa pra comemorar, me coloco a postos e já imagino o vinil novo do Clube da Esquina rodando no quintal, enquanto o sonho de ter roupas quaradas se realiza e a cervejinha artesanal, caseira e gelada, enche os copos dos amigos pra um brinde ao novo lar!