quinta-feira, janeiro 10, 2013

As inquietas


Mesmo você morando nesse Recreio que é mais longe que São Paulo e que dificulta o encontro pra falarmos de um livro que já lemos faz meses, mesmo que você faça uma sucessão de fuleragens em série feito tiroteio, e mesmo que você leia um convite de ontem como se fosse pra hoje (e não comparece nem no de ontem e nem no de hoje) por causa disso e aquilo e aquilo outro, não se preocupe: não vou te jubilar do meu coração, assim mesmo, bem brega, exatamente como somos defronte a uma máquina de karaokê instalada no boteco mais sujo da região. Brega e felizes.

Acabei de ler teu e-mail e fui invadida por uma saudade gostosa da tua alegria lilás, teu cabelo claro esvoaçando na rua e tua voz espevitada que emenda um assunto no outro - ou que explica um mesmo assunto por horas, horas ricas em detalhes teus.

 Acho que tá fazendo um ano que me pedisse em amizade e eu achei isso uma das coisas mais corajosas e lindas do mundo. Em poucas horas lá estávamos nós duas colocando o assunto de uma vida inteira em dia antes que a sessão de cinema começasse. Mas na verdade, foi dentro daquela sala tão pequena que nos  reconhecemos uma na outra: a cumplicidade do silêncio e as lágrimas enxugadas na hora de levantar. Depois desse dia foi como em início de namoro: uma alegria e surpresa a cada encontro. E sem o mínimo de esforço para tal, eu ganhei uma amiga, ou, como dizia um poeta maior: 'amigos a gente não faz, amigos a gente reconhece.' E eu te reconheci naquele instante de abraço ou ainda quando falasse que nossos cabelos eram iguais, só que o meu era mais bonito. Quanta tolice, pra falar uma coisa dessas só mesmo sendo do lado de cá do meu coração.

Um beijo. O abraço eu só dou ao vivo!

2 comentários:

a galega do post disse...

mulher, sou fraca e abestalhada, tô aqui chorando lendo isso. mas não, nem é só por eu ter o coração mole, é que foi lindo mesmo e as coisas belas me comovem. a gente tem que marcar um encontro eu, tu e teu irmão! acho que por eu ter sentido que vocês dois são tipo gêmeos (mais uma semelhança da gente fora o cabelo: também sou tipo gêmea do meu), sabia que podia arriscar esse pedido de amizade porque sentia que seria acolhida. sou dessas que acreditam que coração bom, na maioria das vezes, vem de berço mesmo - e dessa vez minha intuição não falhou, claro. o massa é que a gente construiu nossa coisa própria, mesmo com minhas fuleragens e mesmo com uma frequência pouca (mas até maior), que nem era/é com doug, foi um negócio dos santos que bateram mesmo e que parece que nos conhecemos há séculos. tô muito feliz por isso. ainda temos muito o que agitar por aqui pelas terras cariocas. aliás, tu também precisa fazer a ponte aérea às vezes, as praias daqui são massa! hahaha obrigada por esse texto. guardei ele contigo no meu coração. queria poder escrever mais, mas nem sou tão boa nisso que nem tu. beijo, beijo!

Carla Alencar disse...

galega linda! :))))

Agora quem ficou boba com as palavras fui eu! Próximo encontro a gente faz um brinde em homenagem ao meu irmão que, mesmo que indiretamente, teve sua responsabilidade dentro dessa história construida com nossas mãozinhas! E é bem verdade, acho que essa ponte-aérea-de-busão tem que rolar mesmo! Enquanto o sol não vem, te espero pelas bandas de cá, cheinha de amor. <3