quarta-feira, janeiro 30, 2013
uncountable
o amor é feito de uma fibra bem firme que é feita de zilhões de outras fibrinhas que a gente não pode ver e muito menos contar. Por isso que a gente diz, quando ama muito, que ama demais da conta.
minúsculo
hoje tá tudo tão vazio. tão silêncio. tão frio - mesmo com o sol tímido
da janela da sala - hoje eu tô outra, mesmo sendo aquela velha
carlinha de sempre. hoje ficou tudo muito mais duro, maduro e seco. hoje
você não quer falar comigo nunca mais, como se eu merecesse isso. e como se eu merecesse isso eu choro, tentando discernir o que fui do que
sou, pra buscar o pior de mim, o motivo pra essas frases tão curtas,
diretas e sem cheiro, gosto ou cor. menos do que cinza. mas me vejo
igual, tão igual que chega me assusto. e tento então separar a culpa da
desculpa. tento entender a mais tanta coisa de menos. todas essas coisas
a menos que você faz questão de mostrar que é o que restou pra mim. e eu vejo assim: restos imensos.
sábado, janeiro 26, 2013
no coração
Textinho pra mim com cheirinho de saudade boa.
Por Clara Arôxa
Bailarina,
Eu poderia descrever direitinho a alegria que é te ver em um dia enluarado: você, a doida das lantejoulas, transbordando em sorriso e eu, a doida dos Quatro Cantos, abrindo todos os abraços do infinito para reunirmos todas as delícias de ser. Sabe, eu poderia, inclusive, tornar público teu frevar, a delicadeza das tuas passadas fortes, de sombrinha reta e ritmo nas veias. É tão bonito, bailarina. É tão bonito ser platéia quando colocas tua alma para girar, girar, girar até que ela cresça dez centímetros pra aguentar o tanto de poesia que foi construída durante a dança. Eu até falaria daquele dia que tu me emprestasse o par de asas quando as minhas estavam naquele estado em que nem sobe e nem desce – foi lindo, coisa de quem ama. Aí também eu falaria no dia em que retirei as asas e pus em cima da tua sapatilha, com o recado: moça bonita, apare as mãos para não se entregar. Acho que deveria te falar, refalar, rerefalar o quanto te quero bem, mas talvez o discurso soasse um pouco repetitivo e coisa de coração a gente diz em abraço, em mão na mão. As palavras, as tais das palavras, que nos mostram ninhos, seriam apenas roupagem de uma essência que nua, por si só, já brilha. Isso, bailarina, deixa eu te falar do teu brilho, dos teus cachos, da beleza que é tão, ah, já repeti isso, em voz alta até. E os segredos dos teus cachos não cabem em simples linhas minhas, muito menos em rodopios teus, vão se enrolando com a vida e vida, a gente sabe, é coisa que brota. Eu queria te falar da sede, da chuva, dos carnavais, dos risos e da quantidade de lágrimas, no entanto, isso daria páginas e páginas de um texto cheiroso de lembrança.
Vou ficar aqui, bailarina, poetizando o nosso próximo abraço.
Vai, bailarina, dança! Brilha! Rodopia!
Eu te amo
Ciúme
Agora eu posso divulgar!
Poesia minha e uma das vencedoras do 25º Festival de Poemas de Cerquilho (FEPOC), com direito a noite de premiação no Theatro Municipal de Cerquilho - SP.
Ciúme é quando o
coração aperta a garganta
São resquícios de
uma experiência que não foi bacana
Uma pergunta infeliz
fora de hora
Um palpite, uma
demora
Ciúme são duas
retas paralelas
Ciúme é assistir
muita novela
Um enxame, um vexame
Ciúme são palavras
que falamos sem lembrar
Ciúme é um pano
preto defronte aos olhos e
Um microfone na voz
É murro na parede
Dente travado
Uma arrumação
feita no quarto para se acalmar
Ciúme são lágrimas
sem choramingo
Uma ressaca de
domingo e
Um pé que não
arreda
Ciúme é palito
cutucando o peito
Uma espécie de
defeito
Uma geléia sem
açúcar
Ciúme é uma
danação
Uma loucura
É mais daninho que
amor ou que ternura
Ciúme é um ouvido
tampado e
Uma boca envenenada
Ciúme são
expressões presas e pesadas
São farpas
Um cardume que te
empurra
Num precipício sem
ajuda
Ciúme é feito apenas pra fazer poesia e pronto, ponto
vôvô todo orgulhosinho |
sexta-feira, janeiro 25, 2013
dos aprendizados
Um monte de coisa pode ser diferente, mas uma não adianta forçar: gente de espírto livre precisa de gente de espírito igualmente livre pra fluir. Caso contrário apodrece, amarga ou no mínimo vive pra se esconder.
quarta-feira, janeiro 23, 2013
Sol na casa 11, lua na casa 4
A Jorge
É tarde da noite e uma réstia de luz clareia teu rosto em tom amarelo velho. E em pequenas nuances, o ambiente impregnado de você indica pretender ficar cheio de mim. Para que eu possa durar mais que algumas horas aqui, me prolongando em cheiros e retratos quase que palpáveis no instante de depois: no ínterim da solidão secreta e silenciosa de tua cama já fria.
É tarde da noite e uma réstia de luz clareia teu rosto em tom amarelo velho. E em pequenas nuances, o ambiente impregnado de você indica pretender ficar cheio de mim. Para que eu possa durar mais que algumas horas aqui, me prolongando em cheiros e retratos quase que palpáveis no instante de depois: no ínterim da solidão secreta e silenciosa de tua cama já fria.
- Não tem mais jeito, é o que penso. E feito correnteza escorrego
nesses olhinhos-rasgados-castanhos que mais parecem um campo de futebol de cidade de interior batidinho de terra em dia de chuva - vasto - enquanto permito que
descubras os meus também, bem lentamente, antes do teu peito aberto em flor me receber para um sono tranquilo.
É que
agora o amor, este que em mim brota, não só carece, como semeia
adormecer em paz - pra germinar.
segunda-feira, janeiro 21, 2013
dia de segunda
Para mim
Por Ana de Biase
... e nas segundas, as primeiras meninas se espreguiçam vendo tudo nublado -mesmo se o sol brilha e a chuva não cai- porque acreditam que nada pode ser divino maravilhoso nesse dia! Mas a Menina Borboleta, que hesita em voar nesta manhã (apenas hesita), porque a dúvida faz parte da sua própria natureza inquieta, olha para uma flor do seu imaginario e começa a se alegrar (voluvel que é)... Daí em diante, mesmo quieta, fotografa na retina detalhes coloridos de sonhar acordada! Mexe o pé sacode o cabelo, respira fundo e se delicia com um som suave, que só existe dentro dos seus sentimentos que começam a despertar feericamente. Porque nada nessa ninfa é para sempre; efemera, delicada e sutil quando triste; a cada recomeço ela brilha, como louca, dança, canta e encanta. E voa!
Por Ana de Biase
imagem internet |
... e nas segundas, as primeiras meninas se espreguiçam vendo tudo nublado -mesmo se o sol brilha e a chuva não cai- porque acreditam que nada pode ser divino maravilhoso nesse dia! Mas a Menina Borboleta, que hesita em voar nesta manhã (apenas hesita), porque a dúvida faz parte da sua própria natureza inquieta, olha para uma flor do seu imaginario e começa a se alegrar (voluvel que é)... Daí em diante, mesmo quieta, fotografa na retina detalhes coloridos de sonhar acordada! Mexe o pé sacode o cabelo, respira fundo e se delicia com um som suave, que só existe dentro dos seus sentimentos que começam a despertar feericamente. Porque nada nessa ninfa é para sempre; efemera, delicada e sutil quando triste; a cada recomeço ela brilha, como louca, dança, canta e encanta. E voa!
sábado, janeiro 19, 2013
carnavale
carnaval é purpurina que gruda no lado de dentro do peito e demora dias, às vezes meses pra ir embora.
Criando fôlego e coragem para apertar o danado do Play. Tô numa dúvida... quero não me dá.
Criando fôlego e coragem para apertar o danado do Play. Tô numa dúvida... quero não me dá.
sexta-feira, janeiro 18, 2013
terça-feira, janeiro 15, 2013
Menina do Rio
Aqui também tem espaço para os textos escritos para moi.
Por Amanda Borba (umarosaparajoao.blogspot.com)
'No começo, a moça sorria e seus dentes brancos em nada resplandecia em
minha vida. Havia um carinho sim; um singelo bem-querer que acompanhava
suas letras. Palavras doces vindas direto do coração era o perene dos
seus textos. Linhas de vida acrescidas de um além-cotidiano, esse a mais
que permite ver poesia no que nos cerca, o que diferencia o cidadão
comum do escritor.
Agora seus textos têm a vida andando em corpo físico: pernas, mãos e
braços longos que dão movimento ao conteúdo da moça. Seu balanço é
cadenciado e cadente. Ela toca o mundo numa molecagem sem tamanho ou num
tamanho que não cabe nesse mundo pequeno que leva em si; esse mundo
pequeno que nunca será menor. Essa largura de esperança que carrega nos
olhos brilhantes, que muitas vezes chegam antes das palavras. Esse olhar
real; esse olhar que não mente mesmo que quisesse. Essa verdade de
menina que me conquistou.
à Carlinha Alencar, com um carinho que não cabe na imaturidade de minhas letras.'
quinta-feira, janeiro 10, 2013
As inquietas
Mesmo você morando nesse Recreio que é mais longe que São Paulo e que dificulta o encontro pra falarmos de um livro que já lemos faz meses, mesmo que você faça uma sucessão de fuleragens em série feito tiroteio, e mesmo que você leia um convite de ontem como se fosse pra hoje (e não comparece nem no de ontem e nem no de hoje) por causa disso e aquilo e aquilo outro, não se preocupe: não vou te jubilar do meu coração, assim mesmo, bem brega, exatamente como somos defronte a uma máquina de karaokê instalada no boteco mais sujo da região. Brega e felizes.
Acabei de ler teu e-mail e fui invadida por uma saudade gostosa da tua alegria lilás, teu cabelo claro esvoaçando na rua e tua voz espevitada que emenda um assunto no outro - ou que explica um mesmo assunto por horas, horas ricas em detalhes teus.
Acho que tá fazendo um ano que me pedisse em amizade e eu achei isso uma das coisas mais corajosas e lindas do mundo. Em poucas horas lá estávamos nós duas colocando o assunto de uma vida inteira em dia antes que a sessão de cinema começasse. Mas na verdade, foi dentro daquela sala tão pequena que nos reconhecemos uma na outra: a cumplicidade do silêncio e as lágrimas enxugadas na hora de levantar. Depois desse dia foi como em início de namoro: uma alegria e surpresa a cada encontro. E sem o mínimo de esforço para tal, eu ganhei uma amiga, ou, como dizia um poeta maior: 'amigos a gente não faz, amigos a gente reconhece.' E eu te reconheci naquele instante de abraço ou ainda quando falasse que nossos cabelos eram iguais, só que o meu era mais bonito. Quanta tolice, pra falar uma coisa dessas só mesmo sendo do lado de cá do meu coração.
Um beijo. O abraço eu só dou ao vivo!
quarta-feira, janeiro 09, 2013
Preparando o salto
Essa foto é tão explícita quanto a natureza dele que chega me tomou de assalto. Passei longos minutos observando em detalhes: o fundo azul, a expressão da boca, a posição dos braços, o cabelo salgado e a aurea iluminada, lúcida, limpa e distraída.
Entre tantas coisas que ele é e que ainda vai ser, tem uma que nunca escapa, que nunca muda, desde menino miúdo: um voo livre.
E decerto veio dele a parte que eu mais gosto em mim.
terça-feira, janeiro 01, 2013
para amanhecer
a noite foi-se embora com o céu em um tom de azul que não tem nome. E enquanto eu mentalizava algumas coisas aleatórias, um desejo específico batia direto da mente para o coração: você ali do meu ladinho naquele instante.
sobre o tamanho do tanto de amor eu não saberia dizer
Esse silêncio
enorme que nunca doeu tanto é a prova disso. Uma calmaria sem tamanho.
Uma maré rasa de olhares que não se lembram. Te amar era de longe uma
das coisas mais fáceis que já me aconteceu na vida. a alegria de um
encontro na rua como se não conhecesse o outro, se
escondendo, se encontrando, se percebendo, correndo, sorrindo e dando o
pulo mortal de peito com peito. O sabor do abraço apertado e do beijo no meio da rua pra esquecer do trânsito caótico do dia.
Tinha cheiro de jasmim e de dama da noite. Tinha a leveza de uma volta pra casa pendurada na tua carcunda e a impressão de que a rua era toda nossa, com seu cheiro de pão na chapa e casa da gente.
Te amar era como conhecer a mim mesma: era mistério e ousadia mas não doia. Te amar era uma espécie de presente, o maior presente do mundo, um presente que nunca mudava mesmo que já estivéssemos em janeiro ou abril. Te amar era te contar mil vezes isso por gestos. por poucas palavras. por letras, várias. Te amar era te mostrar tudo e nada por lágrimas.
Daquilo que não tem nome. Daquilo que não se explica: você foi e vai continuar sendo pra mim a coisa mais bonita e rica. Feliz ano novo pra você, dessa vez sem chuvas!
Tinha cheiro de jasmim e de dama da noite. Tinha a leveza de uma volta pra casa pendurada na tua carcunda e a impressão de que a rua era toda nossa, com seu cheiro de pão na chapa e casa da gente.
Te amar era como conhecer a mim mesma: era mistério e ousadia mas não doia. Te amar era uma espécie de presente, o maior presente do mundo, um presente que nunca mudava mesmo que já estivéssemos em janeiro ou abril. Te amar era te contar mil vezes isso por gestos. por poucas palavras. por letras, várias. Te amar era te mostrar tudo e nada por lágrimas.
Daquilo que não tem nome. Daquilo que não se explica: você foi e vai continuar sendo pra mim a coisa mais bonita e rica. Feliz ano novo pra você, dessa vez sem chuvas!
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