sábado, junho 19, 2010

Sobre você

Moço bonito, eu poderia passar dias a fio escrevendo sobre a malandragem infantil que te cerca. O emaranhado dos teus cabelos e teus olhos de rio, mar-amar. É que também sou boa de memória, sabe? Me arriscaria a discrever o teu beijo que é doce e quente, que é fogo e lento. Fogo lento, queimando por fora e por dentro. Tua cor de sol, teu sol no coração e nas mãos... mãos firmes. Poderia ainda falar sobre a tua voz que pouco lembro do timbre mas sei do tom, um tom cheio de manha e vontades. Vontade de vida, de mundo, de risco.

Eu poderia tranquilamente, sem te conhecer, falar sobre você.

segunda-feira, junho 14, 2010

Último apelo

O não te ver tantos dias causa uma doermência tão burra e acostumada quanto te ver esporádicamente, tentando, em vão, retomar alguma coisa que parou e que para sempre no mesmo ponto. No mesmo ponto, sempre deixamos engatilhado para o depois, mas o depois vira tempo perdido e se esquece do antes. Ficamos feito dois semi conhecidos em dia de natal, dando alguns votos de felicidade e olhares perdidos durante o jantar... Preciso te dizer que a solução é drástica, amigo querido: não mais te ver ou te ver mais (inclusive deixo você escolher), mas te ver médio, te ver festa-de-fim-de-ano, te ver olhando de lado, assim, tão assim... Não dá, você é mais que isso, somos mais que isso, e se não consegue de uma vez por todas entender essas coisas, me dê tchau, assim, um tchau sem pena. De colegas de fim-de-ano você está cheio. E eu estou cheia desse teu chovenãomolha. Com todo o meu amor, ainda que antigo, novinho em folha.

sexta-feira, junho 11, 2010

em todo lugar



Por eles, é um amor que toma de assalto um pedaço imenso do meu cerebelo. Hoje me lembraram que essas coisas que a gente acha que sente no coração, é o cerebelo que a gente não controla. E com esses ai eu não controlo coisa alguma, quanto mais essa palavra feia. Cerebelo dá a impressão de criança que não sabe falar cérebro... né?


*Foto antiga, sofia ainda não tinha cabelo na lateral... mas já era linda, linda!

quarta-feira, junho 02, 2010

anoiteça, amanheça

Foi através dos olhos brilhantes que se enxergaram naquele mundaréu místico e as vezes calculista que se chama mundo. Com cuidado, tateavam o minuto seguinte, o próximo palmo, o segundo passo, como gato jogado em quarto escuro. Tinha cheiro bom, tinha cheiro. Eram quatro olhos, duas direções. E como quatro rios, desaguou no coração de Tarsila. -Já estava na hora, mentalizou. se mentaliza em itálico ou apenas na fala? que importa. Era ela, Joana, quem quebrara o tabú em silêncio e aos bocados liberava pequenas porções de verde escorrendo nas duas. O choque dos verdes. Era demasiado gentil que Tarsila correspondesse com um sorriso, guardanapo escrito ou olhos marejados, marinhos... marinhos e esticados - cheios de uma profundeza curiosa, de um mergulho ao danúbio, viagem pelo caminho-labirinto, falta de ar, se achando, por vezes se perdendo... sendo resgatado pelos grandes olhos de Joana. Os olhos mais gordos, mais verdes, mais amedrontados e cheios de amor. Cheios de um amor que diz vem. Que diz vai. Cheios.

Olhos que se completam, enfim,o amor.

* Eu tenho uma vontade vadia e quase que infantil de colocar as duas no mesmo lado do peito e fazer uma viagem de três dias pelo infinito...