quarta-feira, junho 02, 2010

anoiteça, amanheça

Foi através dos olhos brilhantes que se enxergaram naquele mundaréu místico e as vezes calculista que se chama mundo. Com cuidado, tateavam o minuto seguinte, o próximo palmo, o segundo passo, como gato jogado em quarto escuro. Tinha cheiro bom, tinha cheiro. Eram quatro olhos, duas direções. E como quatro rios, desaguou no coração de Tarsila. -Já estava na hora, mentalizou. se mentaliza em itálico ou apenas na fala? que importa. Era ela, Joana, quem quebrara o tabú em silêncio e aos bocados liberava pequenas porções de verde escorrendo nas duas. O choque dos verdes. Era demasiado gentil que Tarsila correspondesse com um sorriso, guardanapo escrito ou olhos marejados, marinhos... marinhos e esticados - cheios de uma profundeza curiosa, de um mergulho ao danúbio, viagem pelo caminho-labirinto, falta de ar, se achando, por vezes se perdendo... sendo resgatado pelos grandes olhos de Joana. Os olhos mais gordos, mais verdes, mais amedrontados e cheios de amor. Cheios de um amor que diz vem. Que diz vai. Cheios.

Olhos que se completam, enfim,o amor.

* Eu tenho uma vontade vadia e quase que infantil de colocar as duas no mesmo lado do peito e fazer uma viagem de três dias pelo infinito...

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