Ontem fui pega de surpresa e mergulhei em um cheiro que parece o dele. Aquele que fica guardado na capa do cd escuro. De amor e luto.
Levei um susto mas logo identifiquei. A embalagem original era comprida e em fragrancia masculina. Essa é feminina e de outra marca. Mas as duas tem o cheiro e líquido azuis. Cheiro de domingo. De tardinha, de passeio, de saudade.
Lembrei que o perfume da noite eu quase não gostava, mas o de domingo... Parece até que esperava a semana inteira só para sentir esse azul nas blusas tingidas de vermelho, verde,azul, rosa, branca...
Tem cheiro de sonho. É azul mais pra céu que pra mar, algodão doce. Lembra barba feita, cabelo molhado, filminho, sorvete, maltado...
(cheiro de banho ou um banho de cheiro).
Tudo isso dentro de um potinho de vidro prestes a acabar.
Ainda bem que pode comprar outro. Imagine se só existisse um frasco de cada e ninguém nunca mais pudesse sentir de novo...
Obs: Dor de corno é uma tristeza e a Maria das minhas estórias sempre carrega um ar melancólico,é verdade. É que tristeza dá panos para as mangas, e, engrandece minha percepção de outras vidas, outros rumos, futuro, passado. De eu inserida em outros, outras, em mim e em qualquer pessoa que simplesmente carregue o leve fardo de existir, de estar sujeito ao tudo e ao nada,e, segundo Vinicius, o amor só é bem grande se for triste.
E seja lá como for, dor ou amor ou dor de amor, ou do amor até doer, eu gosto dele, do amor fundo nas minhas estórias. Eu gosto de cacimba, lá em casa tem logo duas.
Carla Alencar
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