Dia de sol, Rio de Janeiro
Passo na favela e já sinto o cheiro
Do traficante esperando a playboyzada
Que vai buscar no morro de coca a raxa
O bagulho é do bom
O menino é do bem
Só não imagina o que pra ele vem
Chega em casa meio tenso
Com embrulho na mão
A mãe já fica perturbada
Cheia de aflição
Entra no quarto, porta fechada
Pode bater quem for
Não abro nem para o papa
Pesos e medidas
Balança e quilograma
Tudo escondido por baixo da sua cama
Chega nas festinhas
Cheio de moral
Bermuda da cyclone
Uísque Jonny pra geral
Faz logo a cabeça da rapaziada
É doce, maconha, raxixe e bala
Dinheiro no bolso
Cartela na carteira
E a PF já ligada na próxima rasteira
Mas o moleque é esperto
E não deixa vacilar
Comanda bem o game
Pra depois desopilar
É rodízio, grife, uísque do bom
E um carro zero tirando onda pelo Leblon
A vida até parece boa
Mas a paz vai acabando
Telefone na mão
Gurizada ligando
Zé Henrique, Giovana, Mateus, Juliano
-Tem uma cinquentinha meu parceiro?
-Espera que tô chegando
Ruim é na hora da cobrança
Fim do prazo, fim do mês
Do dinheiro, nem lembrança
Os malucos ficam logo envenenados
Ameaçam o garoto
O guri ta pirado
Ele já não sabe o que fazer
Tem que vender, tem que pagar
Tem que parar de dever
-Deitado na cama, com o filho na cabeça
Era o sonho da mulher, da sua princesa
Com o tempo, afastou tudo o que amava
Nem mulher, nem princesa, nem filho
Nem nada-
Sua mãe já não sabe como chorar
Já gritou, já pediu e só faz rezar
Telefone toca
-ô, desce ai que é importante
Nove fitas na mão, polícia no volante
-É crime federal
-É crime, marginal!
Entra no carro,
Não vale mais perdão
Pelo menos cinco anos
Trancafiado na prisão
É crime federal
É crime, marginal!
Cadeia animal
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