quinta-feira, maio 29, 2014

Será?

Será que coração é feito rabo de lagartixa?

terça-feira, maio 27, 2014

Dublin e o mundo, em mim

Hoje cedinho completou um ano que cheguei de Dublin. Um dia que foi absolutamente confuso na minha vida e também na de outras pessoas no ano de 2013. Era muito, muito estranho estar alí de novo. Esse alí que custou a ser aqui novamente. Demorei muito até voltar à cidade do Rio de Janeiro. Por uns 4 ou 5 meses a mais que o tempo de viagem, eu ainda dividia minha vida com Talha, perambulava pelas ruas e Okupas com Brecht, comia raclette no sofá de Vic&Quentin, cruzava Paris - Amsterdam de trem, passeave na tandem com Manni e chorava de emoção dentro do abraço de Sam. 

Meu corpo, tristonho e sem voz, existia perambulando pela cidade junto com minha cabeça e coração: baleados, torturados e destrutivos em um boteco qualquer da Lapa até de manhã cedo, pra ser ainda mais amargo dormir naquelas condições deprimentes de luz invadindo o quarto sem cortina. Me emociono com as pessoas que se mantiveram firmes e amáveis em um período tão dificil pra mim. E agradeço a cada uma delas pelo colo e também pelo respeito do meu tempo out, do Rio, do outro, do meu lugar no mundo e, sobretudo, de meu lugar em mim.

Hoje faz um ano que voltei da Europa mas na verdade faz apenas alguns meses. Dublin, que inicialmente era pra ser figura principal, se tornou a ponte para o mundo e pra tantas descobertas, vivências, amores. E mesmo os momentos de perrengue naquela cidade tão fria somaram pra ter sido esse solavanco para o mundo de fora e de dentro, um despertar. 

Hoje, penso na cidade e me sinto confusa. Um misto de saudade mas também de alívio por não estar mais lá. E também de esperança, pela vontade de voltar um dia, provavelmente pra outra cidade. E voltar sempre que preciso não para ela ou para outra, mas para o sentimento de solavanco que ela me dá em sentido de mundo e suas possibilidades.

E esse sentimento mundano não tem tempo que complete pra passar. Que bom!


maio de 2013 - Dublin ensolarada, um presente de despedida






segunda-feira, maio 26, 2014

Companhia do Gesto


A Cozinheira, o Bebê e a Dona do Restaurante


foto: carla alencar






Com Tania Gollnick, Cecília Ripoll e Ademir de Souza.
Direção: Luís Igreja.
Produção: Ana Carina
Fotos aqui !

Frila - As delicias e as dores

A parte ruim de ser freelancer, além da instabilidade, é que é um parto e um drama a cada fim de projeto bacana. Como terminar um livro ou uma viagem que você gostaria de voltar ao ponto inicial de tão gostoso que foi.

A parte boa, além de somar várias experiências diferentes na vida, é que a gente deixa um coração em cada um desses lugares e pessoas. E leva o coração delas, também.


Manguinhos

quinta-feira, maio 22, 2014

Gustavo:



Sobre quando o belo te silencia e o amor te acalma.

quarta-feira, maio 21, 2014

No teatro:

Pra enlouquecer, é preciso estar muito são. 

No teatro.

Alô, produção! II

- Ué, como você conseguiu isso? E isso? E isso? Isso eles nunca dão, mesmo. E isso a gente nunca nem pede pra não levar um fora.

-É, como você conseguiu?

- ... pedindo. Acho que consegui justamente por não saber que não podia.

Alô, produção!


                                                                                               a todos os parceiros dessa vida de produção

Tem uma gente, maluca, que pensa que produtor é um bicho mais maluco ainda, adivinho e meio mágico. 

E essa gente tá completamente certa.

A gente, o outro

Dificilmente ouviam eu te amo da minha boca ou rabiscada de minha caneta. Dificilmente mesmo.

Atravessei a adolescência ouvindo queixas de amigas e cheguei na juventude deixando um nó na garganta dos namorados que , timidamente, falavam pela primeira vez esperando um "eu também" que fosse no lugar daquele riso confuso que eu dava ou dou no instante em que as coisas ainda não se mostram claras pra mim ou para meu coração. 

Não é birra, vontade de ouvir primeiro ou medo de arriscar, não. Já falei sem ouvir, quando certeza tinha. É respeito à palavra mesmo, que por mais simples que seja, merece todo o cuidado e prudência. Também me ocorre de não falar, não por falta de sentir ou sentir prematuro, mas por uma trava mesmo que dá entre o estômago e a voz. E isso acontece com gente funda no meu peito, gente de amor antigo e ao mesmo tempo novinho em folha em mim. Marina me dizia que sonhava ouvir isso da minha boca, mesmo que já soubesse através de meus carinhos, palavras escritas e ações que seguramente valiam muito mais do que um balaio enorme de eu te amos falados. Ela sabia e eu sabia que ela sabia, mas ainda assim ela queria ouvir. Até que um dia ela me viu falando ao meu irmão e se orgulhou, mandou mensagem no celular e tudo. Depois desse episódio, usei dessa oração com sabedoria. 

É seguro que quem eu não amo, nunca ouviu isso de mim, nem de raspão, por impulso, álcool no sangue ou o famoso "se colar colou" que tanto vemos por ai. Colegas, pessoas que admiro, pessoas inteligentes, pessoas parecidas comigo não são necessariamente amores. Por isso existem a empatia e a alegria de sentir que vivemos num mundo com pessoas bacanas. Amor é outra conversa. E, claro, já me enganei na palavra, não por acaso sou humana. 

Acredito que hoje em dia as coisas estejam mais equilibradas. Não existe mais a trava na minha garganta. Quando a vontade de dizer bate com meus sentimentos, não temo. Apesar de que meus braços, que podem ir até o inferno, se preciso for, continuam a dizer muito mais do que minha voz, fetal. E até mais que minhas palavras, vastas. Mas também não desembesto a usar o verbo por apenas a sensação do instante, do mês, da minha fase de vida ou da lua em sintonia com plutão, não. E confesso que me assustam as pessoas que, por um abraço mais forte e uma convivência maior, já tomam aquilo como amor. Coração é coisa muito séria e é preciso delicadeza e cuidado, sim, pra ser inteiro e todo verdade. 

Engraçado como só agora, no fim desse texto, avalio que o mesmo se dá com minha abertura. Provavelmente você, que agora mesmo lê esse texto, nunca tenha me visto se abrir, chorar, pedir arrego, em casa ou na rua. Do mesmo modo que você, outro você, que também me lê agora mesmo, já me viu pelo avesso, chorando, catarroescorrendo, pedindo colo e ajuda. 

Engraçada a vida, mesmo. Acho graça de quem acha que, por não fazer parte inteira daquela vida e não ter acesso ao que aquele alguem é, por dentro e por fora, tome como verdade que seja "assim" com todos. Ou "assado" Assim, esse assim assado que ela supõe. E as máscaras que a pessoa cria pra completar um inteiro, já que só conhece pedaços.

E é quando me questiono, com um risinho quase diabólido: ô, gente, somos pessoas, temos energias, temos sentimentos, dores, trunfos, alegrias, gozos, dúvidas. Temos a nossa vida e acho que seja justo que ela não seja um dominó de mesa de boteco que todo mundo joga, que todo mundo mexe, tem acesso, suja e, do mesmo modo que tem o poder de derrubar no chão, tem de colocar de volta à mesa. Tá amarrado!

terça-feira, maio 20, 2014

Despir-se

foto: daniel gonzalez


Pra mim, poucas coisas são tão belas quanto um corpo nu. Um corpo despido de ranço, vergonha, pudor, de medo. Um corpo livre, Um corpo que é bonito apenas por ser, existir. Feminino ou masculino, cheio ou fino, plástico, anatômico. Texturas, cores, sabores, curvas, gravidade. Vento infiltrando os buraquinhos dos poros. 

Um corpo nu é muito mais do que um corpo sem roupas.



Manguinhos em Cena

Fazia tempo que eu não saía de casa pra trabalhar cedo, voltar tarde, cansada, com fome mas com o coração transbordante. Saber, a gente sabe, mas é muito bom sentir na pele que ainda há bons motivos pra acreditar e muita área e gente férteis pra compartilhar, ensinar e, principalmente, aprender.

Manguinhos em Cena e Companhia do Gesto, muito obrigada! Hoje foi tudo demais.

teste para novos atores da companhia. foto: fernando alves

sexta-feira, maio 16, 2014

Transito de sexta no Rio:

A sensação de estar no ônibus desde a segunda.

terça-feira, maio 13, 2014

Procissão Nossa Senhora de Fátima:





Ou sobre quando o bairro foi tomado por velas e vozes.

Tá bonito!

Sobre Game of Thrones, séries e vinhos

Nunca tive paciência pra séries. Quando digo isso, quero dizer que nunca tive paciência pra iniciar uma série. Não sei o motivo, acho que preguiça. E quando digo que nunca tive paciência pra iniciar uma série, concluo que, com isso, nunca vi uminha que seja pra contar história.

Acontece que nos últimos tempos, em qualquer local ou grupo de pessoas que eu esteja, existe um suspiro sobre Game of Thrones. Seja Rafa falando que o fulaninho é gato, seja Léo dizendo que o anão é comedor, seja meu facebook cheio disso pela timeline dos outros ou mesmo em um cartaz imenso colado na banca de revista da esquina da minha rua. O negócio tá brabo. Tá dominado, tá tudo dominado. 

Já me contaram o resumo da história e não me senti seduzida o suficiente pra largar meus filmes e dar espaço ao GOT, como é apelidado carinhosamente pelos fãs. Até que um dia, em uma mesa de bar (claro, pois é o local onde surgem as melhores e também as piores ideias), um grupo de amigos se propôs a assistir pela primeira vez o primeiro episódio. Com o agravante de: "vamos assistir juntos?". Vamos. "sexta-feira que vem, com vinho e pan?" "vamos, fechou". No estilo um dá forças ao outro e estímulo. Tudo certo.

A fatídica sexta chegou, as pessoas chegaram, petisquinho na mesa, vinho pra regar a "equipe dos descoloridos" e as outras duas equipes, digo, reinos. 

O resultado é que é óbvio que ninguém se concentrou em série alguma e, pra piorar, ela virou uma grande piada no final de cada episódio, quando um ou outro se arriscava a dar um resumão geral do que aconteceu, entre uma golada e outra. Frases soltas, sem lógica, mas com observações muito pertinentes. De todas, me sobrou apenas uma, pois agorinha mesmo me deparei com uma foto que me fez lembrar e rir a mesma gargalhada do dia. Era pra ser uma coisa séria, mas Ana Paula não parava de rir. E, com isso, não conseguia me deixar continuar falando. E quanto mais eu resenhava, mais ela ria e chorava e ria e chorava. E menos eu entendia os adendos que Calani ou Bruno faziam, alguns "detalhes" que faltavam entre uma frase e outra que eu falava. Enquanto isso, as 5 garrafas de vinho iam embora.

"Esse cara tá imitando Caê na capa daquele disco!"


O resultado é que continuo achando que não nasci pra séries, pra não dizer que achei chata e novelesca pra cacete. Mas que foi muito engraçado dividir esse momento com pessoas que sairam da sessão de 3 episódios com a mesma sensação: "é ruim, mas foi do caralho, bora ver mais um?"

Então tá, até a próxima sessão.

segunda-feira, maio 12, 2014

"Quando" pode ser mais perigoso que "e se..."

Penso que a suposição exaustiva seja uma espécie de doença mental. E que a certeza de um achismo seja o diagnóstico desta doença. 

Por um mundo com menos adivinhação e mais paciência.

Redemoinho


Meu cabelo se moldava escorregadio para o lado esquerdo. Que é o mesmo lado do meu piercing no nariz. Não é franjinha que esconde um olho pra ver a vida pela metade, não. É apenas de lado. Semana passada fui ao salão de beleza "repicar" meus cachos e acertar essa franja e, pela primeira vez na vida "de lado" do meu cabelo, alguém que não conheço, mas com porte de uma tesoura nas mãos e da minha vida capilar naquele instante, me alertou sobre o redemoinho que eu tenho bem na frente. "Se você começar a partir para o outro lado, a franja vai ter um caimento melhor, além de dar um jeito no redemoinho."

Redemoinho? Eu nem sabia que eu tinha isso. Realmente, agora, meu cabelo, além de repicado, tá com um caimento muito melhor na franja, para o lado direito. 

Foi preciso que alguém que nunca me viu na vida, me falasse isso pra eu saber, mudar e melhorar, minimo que fosse, algo banal feito cabelo. Não foi pelo cabelo, foi pela visão do outro, tantas vezes cega em nós.

Por mais gurus e pessoas coringas em nossos caminhos! E coringas não são as que tentam adivinhar e explanar opiniões "seguras" sem conhecimento, apenas por esporte. Esses não são coringas e podem desviar a estrada, que é larga e cabem todos.

terça-feira, maio 06, 2014

Sobre cheiro, risco e acerto

Não tem risco de queimar ou ficar cru pelo timing errado. O cuscuz avisa que tá pronto quando começa a cheirar. Sem risco. 

Bem que as relações humanas podiam seguir o mesmo padrão cuscuz de viver: simples, direto, certeiro e sadio.