quinta-feira, novembro 07, 2013

Pra guardar no peito

'Cansei de dar murro na ponta dessa faca afiada do Rio de Janeiro'

Foi a frase que disse à tarde com um nó bem preso no miolo da garganta. Essa afirmação foi injusta, injusta até demais, eu sei. É fácil falar isso quando se está desempregada contando as migalhas pra saber em quê pode gastar e quanto. Quando se volta by foot de laranjeiras até a Lapa todos os dias só pra economizar algum dinheiro para o fim de semana (tudo bem, tou achando ótima a caminhada, mas podia ser apenas pela saúde). 

A frase foi injusta por muitas coisas, afinal, foi o Rio quem me trouxe a grande decepção desastroamorosa de minha vida e que me fez crescer cinco anos em dois meses. Que me colocou um menino lindinho e mais maluco e tinhoso do que eu bem no meio do meu já desassossego. E continuou, continua.  Foi a ponte pra conhecer um dos grandes amores da minha vida, que por pouco não se tornou meu marido (quem hoje imaginaria eu, casada, (?) mas foi por pouco). Foi essa cidade quem me deu as maiores oportunidades profissionais e também os maiores contatos. E, pra completar minha injustiça,  foi justamente por estar atuando aqui que cheguei na Europa, por conta própria, sem pedir um real a mamãe e a papai. E foi onde conheci gostos e sensações nunca antes experimentadas. Revivi pessoas e construi novas saudades.

Apesar dessa cidade nunca ter sido muito estável comigo, profissionalmente e amorosamente falando,  tem um negocinho à parte que é gigante e que me fez chorar novamente (hoje tô chorona): os amigos. Pode tá tudo partido, o coração sempre remexido, a variedade nos ramos de trabalho mais instáveis que o câmbio na página da Uol, uma saudade que separa toda a minha família por esse brasilzão, mas quando penso em como era minha vida afetiva quando cheguei aqui e como ela se desenhou durante esses quase três anos, meu peito infla e eu só tenho vontade de chorar. Chorar de agradecimento sincero por tantas conquistas. Por tanto amor. 

No último sábado uma amiga antiga de Recife veio me visitar e, no finalzinho do domingo, antes de partir pra terrinha, me falou com tom de emoção que estava muito feliz por mim, em ver as pessoas lindas que estão ao meu redor. E ver que elas também são merecedoras do meu afeto. Quase choro quando ela falou isso (eu tô de TPM?). E é exatamente assim. Em Recife não tenho do que reclamar, tenho amigos incriveis de lindos. De carregar no peito, de levar pra casa e pra bar. De dividir tuias de lágrimas e agonias, quando por ventura elas aparecem, e os risos sem fim, constantes. E aqui no Rio não é diferente. É tudo mais novo, mas é tão sólido que parece ser antigo. Parece não fazer diferença. Na verdade é até mais intenso, algumas vezes dá a impressão que nós, no auge dos vinte e muitos anos (sem contar com os trintões que são maioria), acabamos de descobrir o que é ter um amigo, um grupo de fé, tamanho é o agarro e a trança que a gente forma, cada dia mais amarrada. 

Massa mesmo é quando os antigos e os novos se misturam , Recife/Rio, e quando isso acontece é um turbilhão, de vida, de luminosidade. Fica difícil distinguir onde termina uma terra pra começar a outra. Deu vontade de chorar de novo (hehe) quando penso em cada criaturinha que hoje faz parte dessa minha vida carioca. Dessa minha vida pernambucana. Dessa minha vida. E a emoção que é vê-los participando de mim enquanto eu faço o mesmo com eles, os sotaques se confundem e eu falo "cara" enquanto eles falam visse. Tem hora que a gente se perde, nas gírias e no amor. Amor transbordante. Na rua, nas festas, em casa, na vida.




Essa foto é de dois amados que representam muito bem toda a equipe a qual me refiro. Eu queria uma foto de todos eles, pra ilustrar essa declaração, como não tenho, transfiro toda a minha gratidão e carinho dessa foto para eles, todos, juntos e um por um. E ainda temos muito o que viver juntos, aqui, lá e em todo lugar!

Amo vocês! 


Beijos no cu,


Carlinha.

2 comentários:

Lê Fernands disse...

ehhh, entendi. isso é pra fazer a gente chorar... acredite sempre!!! não deixe que nada passe por cima dos seus sonhos. nada. te amo, neguinha.

julia krüger disse...

me sinto incluída em dobro; porque eu sou lá e cá, recife e rio. e as galeras se uniram lindamente, as de lá e as de cá, e todas as referências convergem... mesmo eu só te pedindo em amizade aqui, a gente é a própria ponte de tudo isso entre nós duas também, e entre cada uma separadamente, é massa. as épocas e histórias; a sintonia de acontecimentos e mudanças na vida... e até mesmo a vinda pra cá... é um monte de coisa que bateu que acho que mesmo que eu não tivesse feito o pedido, teria acontecido. amo tu. e tu rima com cu.