segunda-feira, setembro 05, 2011

Sobre o amor e suas falcatruas

                                         


Não consigo encontrar as palavras corretas pra escrever nesse pedaço de papel, talvez lilás, talvez cor de rosa, as coceguinhas que meu peito anda fazendo sem que eu peça ou indique que essa é a hora. Essa é a hora, sim, agora. Agora e daqui a cinco minutos. Cinco minutos de ondulações que o peito anda me aprontando, apontando pra você feito seta fluorescente, sempre, sente.


E as palavras corretas estranhamente não chegam aos meus dedos, pois dessa vez me prontifiquei a viver mais que escrever, criar, imaginar. Teus braços andam sendo meu caderninho a tirar colo e no teu colo eu te faço um cafuné, um alisado nas costas, um chamego de pé com pé e os teus olhos a me cobrir no cobertor cor de pele, na pele que a gente toca, arrepia e que alivia todo tipo de dor.


Sim, as palavras certas me escapam, porque na certa estou pensando em outra coisa, tou lembrando do dia em que esses olhos rasgadinhos de de manhã cedo se debruçou sobre mim e eu fiquei paradinha, meu coração quase saltou pela janela e saiu correndo pelas laranjeiras, cerejeiras, abacateiras e todas as frutas que a gente disse ao outro que conhece. Aconteceu em uma manhã, em uma dessas manhãs que a gente faz de conta ser domingo e que o despertador toca quantas vezes se fizer necessário, com um tom de importância e imponência que passa despercebido diante daqueles minutos que se não for, muito me lembra a palavra encantamento.


A partir dalí eu já sabia que não tinha mais jeito, mas preferi não te contar por pura precaução.


As palavras me escapam, porque ao invés de escrever, acabo me lembrando da noite em que a chuva se fez presente, e, por conta dela, precisamos andar ainda mais próximos embaixo de um círculo preto que chamam de guarda-chuva mas que pra mim tem um significado além, afinal, em que outra situação se pode andar na mesma direção, com os mesmos passos e com um mesmo cuidado silencioso de conseguirem chegar a algum lugar sem que o outro se molhe? Com o cuidado silencioso de conseguirem chegar a algum lugar. Qualquer lugar. Aqui. Agora. Vem!


E, sem desistência, continuo na busca em procurar as palavras adequadas pra explicar os dias em que isso, aquilo e aquilo outro.


E quer saber? não o farei, afinal, tou ocupada demais lembrando das manhãs bonitas de domingo em que Roberto Carlos fala do outro lado da rua que você é a saudade que eu gosto de ter!


                                                             (50mm colaborando pra embelezar o blog!)
                                                 

6 comentários:

Eduardo disse...

texto bonito, carlinha! Cheinho de sentimento... gostei. E como é acordar com roberto carlos falando do outro lado da rua? Essa eu não entendi. uehueheuehuhe

Eduardo disse...

'Teus braços andam sendo meu caderninho a tirar colo e no teu colo eu te faço um cafuné'

essa é a frase mais gostosa de se ler e reler dos últimos tempos!

Eduardo disse...

'Aconteceu em uma manhã, em uma dessas manhãs que a gente faz de conta ser domingo e que o despertador toca quantas vezes se fizer necessário, com um tom de importância e imponência que passa despercebido diante daqueles minutos que se não for, muito me lembra a palavra encantamento.'

foda. encantando estou.

carlinha disse...

:))

adoro teus comentários e observações. Fico feliz que tenha gostado desse texto! Ah, e sobre roberto carlos falando do outro lado da rua... aaaaaah, garoto... ahahahha né pra qualquer um não! :P

André disse...

título bonzão! Pra quem não gosta de escrever títulos, hein...

Igor disse...

Fico a me perguntar...

Que palavras são essas?
Que tanto quer encontrar.
Que só fazem de vc fugir...
Que não conseguem nem a seus dedos chegar...
Que do seu alcance cismam em escapar.
Que palavras são essas?

Desconfio.
Desconfio que nunca as encontrará.
Nunca as encontrará... pois elas não existem.
Não existem, pois as palavras por vc usadas
Foram as mais belas que poderiam ser desenhadas.

É como se fechasse os olhos
E deixasse o coração escrever...
É como se fechasse os olhos
E deixasse o coração ler...

De olhos fechados

É quando os corações mais se entendem
Em meio ao emaranhado de palavras...
Calibradas por sentimentos...
Motivados por lembranças...
Coloridas por uma verde azul esperança...
Aquecida por um desejo...
Que faz deixar com vontade
De lengar o dia inteiro....

Até aparecer outra vontade,
Daquela que te tira da cama
Te fazendo querer por aí deslizar
Patinando pela felicidade
Mergulhando na cidade
Fotografando tudo aquilo
Que vale a pena ficar guardado
De verdade.

E se ao acaso por aí tropeçar,
Não há dor que o pequeno doutor não cure...
E se ao acaso por ai se entristecer,
Basta lembrar daquele chamego
Que um certo cachorrinho adora fazer.

E no final das contas,
A melhor parte é aquela sensação
De se estar sob o mesmo círculo preto
Faça chuva... ou faça sol!

Pois como não cansas de ouvir,
Ao menos enquanto houver laranjeiras:
Nem mesmo o céu, nem as estrelas...