Negócio doido, esse, de gostar tanto assim. Nó de marinheiro, tiro certeiro, braços rendidos e pernas também. Pernas que te seguem por todo vai-vém. Bom mesmo é amar em paz, é estar perto e segurar na mão. Falar baixo e querer em tom maior. Se sentir amada. Dormir junto e acordar abraçado mesmo que a noite inteira tenha sido percorrendo os pedaços da cama na ânsia de esfriar o corpo por conta dos graus a mais que faz nessa cidade. Tranquilidade é olhar em direção aos olhos do ser amado que virou para o lado e ter a certeza que é para ti a rota da retina. É a ti que tá querendo. É a ti que tá procurando. É a ti, somente a tí, que tá mirando. E não a paisagem antiga, lá no fundo... Fundo do baú, que já morreu, urubu. Sem latejo, sem cortejo, sem tum tum. Por que é a ti que tá amando há dias e o abraço por trás vai vir, involuntário, por vontade. Por vontade,também, a voz esmiuça,mesmo que encabulada, os segredos de fora da cama, por que dentro é tudo mais fácil e de fácil o amor não tem nada. Bom mesmo é saber disso, e, ainda assim, permanecer na escolha das mãos em laço, coração em comunhão. Alegria é saber que não importa que dia é hoje ou que data a gente escolheu no mês que passou ou no mês seguinte para comemorar o finalmente estamos juntos... A taça de vinho vai ser devidamente preenchida e esvaziada, o jantar vai ser posto, os elogios serão feitos, o vestido será notado juntamente com o cabelo e a voz vai ser suave, pois é assim que tem que ser. Isso e assado, aquilo e o calo é muito pequeno perto das cafungadas-cachorrinho que tem áudio, vídeo e sorriso.
O ir embora. O voltar. O ir atrás. O não deixar passar.
Isso é a sorte de um amor tranquilo.