“Nós que passamos apressados pelas ruas da cidade
Merecemos ler as letras e as palavras de gentileza.
Por isso eu pergunto à você no mundo
Se é mais inteligente o livro ou a sabedoria?”
Hoje no Brasil, 9 milhões de jovens entre 18 e 29 anos não tem a escolaridade básica. Mais de 800 mil são “analfabetos” e mais de 8 milhões desistiram da escola antes de completar o primeiro ciclo. Pessoas, milhões dela, sem ter a educação que tanto se ouve falar.
Pessoas, milhões dela, sem ter a educação que tanto se ouve falar.
Pessoas, milhões dela, sem ter a educação que tanto se ouve falar.
Pausa de mil compassos: Essa frase certamente passou normal para quem leu. Engraçado e um tanto patético como passamos a pensar em educação como forma instrumental, um meio de chegar aos requisitos que o mercado de trabalho impõe para que se consiga um bom emprego (nesse conceito de educação está incluso, claro, saber falar as palavras direito.)
Ah, educação também é percebida no ato de dizer obrigado e com licença. Bacana mesmo é como se aprende a grafia certinha de cada palavra e nem sempre se usa dessa educação. E é ai, exatamente ai, que esse conceito cai.
Analfabeto é uma palavra forte e pejorativa demais para pessoas que apenas não passaram pela grafia. Essas pessoas são, então, ágrafas. E não analfabetas. Pessoas que não sabem por onde percorrem os rodeios complexos do mundo da grafia, mas sabem exatamente onde isso vai chegar. Elas vão direto ao ponto. Enquanto rebolamos de mil formas pra resolver um problema, as pessoas ágrafas já têm em mente a resolução simples e óbvia do que quer que seja.
Você, garotinho ou garotinha esperta que abre a boca com orgulho pra dizer que escreve que é uma beleza, que sabe-tudo e, meu Deus, se acha mais inteligente do que alguém que não sabe ler e escrever, duvido que tenha a memória tão boa quanto à dessas pessoas e também os mil ensinamentos que livro nenhum, jamais, vai conseguiria ensinar.
Partindo para um conceito mais perverso e singular: Linguagem, o que faz a linguagem funcionar? Linguagem precisa compartilhar, tornar comum pra funcionar. Existe a linguagem verbal que ainda se subdivide em outras duas: Oral (baseada principalmente na memória) e escrita. E a linguagem não verbal, que funciona através de imagens, gestos, símbolos, índices, texturas, sons, expressões corporais, emoções.
Essa é a parte perversa do texto. Dentro da linguagem e seus conceitos, a escrita ficou singular, ficou como fonte apenas pra compreender o que alguém que não escreve e ler, compreende como ninguém. A sensibilidade de um bom escritor, em colocar no papel sinestesias e sentimentos que um ágrafo, por exemplo, entende como ninguém.
Que comum, um escritor escrevendo pra pessoas que lêem sobre coisas de sentir, refleir.
Que óbvio, um ágrafo ensinando sem escrever absolutamente nada, dia a dia, o valor dessas pequenas coisas.
Que ironia: Qual deles é o percebido da história e como é percebido?
Um comentário:
"Você, garotinho ou garotinha esperta que abre a boca com orgulho pra dizer que escreve que é uma beleza... que sabe-tudo e, meu Deus, se acha mais inteligente do que alguém que não sabe ler e escrever. Duvido que tenha a memória tão boa quanto à dessas pessoas e também os mil ensinamentos que livro nenhum, jamais vai conseguiria ensinar."
Pois faço minhas as suas palavras! E há tempos que gostaria de dizer isso à pessoas que são um pseudo de tudo...
Porque a vida é pura sabedoria, e viver da melhor maneira que pudermos é o melhor aprendizado. Não há erro maior do que a mesquinha superioridade de uns, sobre a 'falta' de outros.
Saudações! E tens aqui um belo e reflexivo, blog :)
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