Te abracei por trás enganchando daquele jeito que eu gosto e, ainda sem saber o que fazer com minha chateação, se verbalizar ou se dissolver, cheirei tua camisa com cheiro de dormida e adormeci mais um pouco. Acordei algumas vezes procurando os cacos de vidro pela cama, com medo que você se machucasse, com medo que sua mão sangrasse. "Foi só um sonho, não tem caco e nem dinheiro e nem sangue." Tem você e tem eu. Nos reconheci ali naquele ambiente novo-antigo tão nosso mesmo sendo teu.
Bom dia. Bom dia!
Mochila, casacos, mãos dadas, mãos soltas, silêncios, palavras, sorrisos, dúvidas. Um abraço. Um pensamento verde pretendendo ser maduro. Um sentir maduro achando mais simples voltar a ser verde. Foda-se verde e maduro: o que se é e o que se quer e pronto. Mais um abraço e entro no ônibus meio perdida, me sento na cadeira alta, que é a que mais gosto, pego o celular pra ver as horas e vejo sua mensagem: é obra em cima de mim! Finalmente desvendasse o mistério do andar de cima. Estão em obra. E de algum modo desvendei o meu mistério também: estou em obra para melhor me atender/entender. Esse barulho na cabeça, a rigidez no caminhar, poeira por todos os lados deixando a visão meio zonza algumas vezes e te confundindo tantas outras. Eu não sou assim, estou assim. Estar, uma das maiores virtudes que qualquer pessoa pode ter na vida, pois junto dela vem também a possibilidade de mudança. Estou em obra. Um monte de coisa tá achando seu lugar. Daqui vejo uma parede subindo aqui e ali. Ainda tem poeira mas consigo te ver, estou te vendo, só virar o pescoço que você me enxerga também. Eu posso mas não quero caminhar sozinha. Eu quero caminhar com você. Sobe essa escada e vem?