você ali, com a pele mais lisa e alva do que todo o restante das horas. os lábios entre-abertos, por vezes com pedacinho do dente graúdo às vistas. e meu tapa olhos fazendo o papel de cortina. levanto devagar pra não te acordar mas te dou um cheiro pra você saber de mim. e o cheiro é retribuido como num sonho, vagaroso. penso que é a parte mais dificil do dia, te deixar ali. correr talvez fosse o mais seguro, escapar, mentalizar qualquer outra coisa. mas é justamente quando você, astuto, coloca apenas um olhinho na beira do
tapa olho. apenas um olhinho pra fora, quase aberto, quase fechado, mirando o restante do meu mundo inteiro e, minguando ali, minha única chance de não me atrasar.