'Todas as mulheres são complexas até que você encontre a SUA mulher. Ai tudo se torna simples.'
Calani, Gustavo.
Rio de Janeiro, 18 de fevereiro de 2014. Rua Almirante Alexandrino, Santa Teresa.
quarta-feira, fevereiro 19, 2014
quarta-feira, fevereiro 12, 2014
Quando a certeza prova que é falha
O instante em que, "apesar de", você continua desejando o bem de algumas pessoas, sim.
Só que bem longe de você.
Só que bem longe de você.
sexta-feira, fevereiro 07, 2014
Aeroporto de Cegonhas
Trabalho fotografando e filmando bebês. Não, não é aquele trabalho da moda, o "newborn", e que entra um "bom cascalho", como Gustavo costuma falar. Eu trabalho filmando e fotografando o nascimento da criança e o que envolve isso, os entornos mais próximos: o instante anterior, no quarto, lembrancinhas, barrigão, beijinhos. O durante, centro cirúrgico, mãe nervosa, pai nervoso e o logo depois, berçário, família emocionada do outro lado do vidro, bebê chorando, pai chorando, família chorando e eu, claro, chorando. Ou quase isso, quase sempre. É tudo meio poético até deixar de ser. É lírico, é um trabalho bonito e "que pouquíssimas pessoas conseguem fazer", como costumo ouvir. Eu também acho. É bonito e a cada parto, a cada click ou take no baby, meu coração explode e a vontade que dá é de sair abraçando pediatra, pai, mãe, enfermeira, bebê, todo mundo. Mas, à essa explicação, faltou explanar um ratito más sobre o centro cirúrgico não tão poético assim: bisturi elétrico cortando a carne, viva. Cheiro de carne viva sendo queimada. Sangue, muito sangue. Seres estranhos saindo de dentro da barriga e sendo arremessados (exatamente essa palavra) pra uma lixeira enorme. Gente de um lado e de outro enfiando uma espátula dentro da barriga pra suspender o bebê. Ele sai. Amassadinho e melado de útero, ainda quentinho e já reclamando da frieza que é essa vida do lado de fora.
"como é que tu aguenta ver isso sem desmaiar, hein?"Ego infla(ma)do
Há gente com tanta necessidade de ter um cortejo seguindo atrás, que, no fim, acaba virando o próprio bobo da corte. E nem nota.
por Gustavo Calani
por Gustavo Calani
segunda-feira, fevereiro 03, 2014
De manhã cedinho
O despertador apontava 6ham quando tocou pela primeira vez anunciando uma tristezinha no meu peito: em meia hora de soneca, o mais tardar e com atrasos 1h de soneca, eu teria que deixar aquela cama. E deixar aquela cama significava muito mais do que encarar a vida lá fora em plena segunda-feira calorenta do Rio de Janeiro: significava te deixar. Te deixar assim, depois do final de semana inteiro dormindo juntos e sem hora pra levantar, naquela lengação tamanha que você sabe que sou mestra.
(não importa a música preferida que você coloque no despertador, você vai passar a odiá-la)
Pés nas pontas pra não te acordar (ainda mais), preparava meu sanduiche enquanto misturava o própolis na água pra te dar. Um beijinho, mais um abracinho, uns cheirinhos, você, entre o sono e a realidade, me falando coisas bonitas. E me abraçando de novo. Beijos, tchau, bom dia, bom trabalho, não perde a hora, melhora logo, não esquece o remédio, beijo, tchau!
Volto à sala e, antes de pegar minha mochila, o sol lá fora me pede algo pra beber. Geladeira, mate gelado, água, mais mate, mais água. Hora de pegar a mochila e partir, já estou atrasada. E, ao chegar na porta, olho de rabo de olho a porta do quarto escorada e meu coração acelerado. Mas eu estou atrasada! Mas meu coração tá pedindo. E volto no quarto, você de ladinho, olhos fechados e tintin com cara de pidão pedindo uma beijoca. Uma beijoca em tintin, outra em você, outra em você, outra em você e teus olhinhos abertos, brilhando.
E um sorriso maior que o metrô que eu provavelmente perdi de pegar na hora e me fez atrasar dez ou quinze minutos. É que o dia pode esperar um pouquinho. O amor, não.
Grandes estranhos
A Mauricio e ao fim de um ciclo
Você não me dói mais, direto assim.
Não machuca e não catuca. Não sobrou raiva ou rancor. Não sobrou amor de sobra, também. Nem quando você aparece e muito menos quando some. E reaparece pra depois sumir de novo e ficar nesse jogo, agora, tão sozinho, do ir e vir. Você e você mesmo nesta batalha confusa que travou e que foge ao meu poder de entendimento. Desconfio que do seu também.
Você não me dói mais, direto assim.
Não machuca e não catuca. Não sobrou raiva ou rancor. Não sobrou amor de sobra, também. Nem quando você aparece e muito menos quando some. E reaparece pra depois sumir de novo e ficar nesse jogo, agora, tão sozinho, do ir e vir. Você e você mesmo nesta batalha confusa que travou e que foge ao meu poder de entendimento. Desconfio que do seu também.
Você, esse menino dentro de uma pessoa, é uma figura que hoje em dia me diz tão pouco. Não chora e nem faz rir e, ainda assim, quando faz questão de demonstrar sua existência colocando à conta gotas particulas de afeto pra atingir meu coração, você atinge uma parte de nós dois que hoje é só minha e que não morreu. E que não vai morrer, pois não há mais mágoa e, mesmo quando mágoa, nunca me deixou escapar, nem por um segundo, você se virando em dez pra chamar atenção ou não: o desejo infinito de que você esteja e permança bem.
Hoje, um sentimento unilateral que não tem mais a pretensão de troca. E nem vontade. Apenas (ou não tão apenas assim) o desejo de te saber feliz. Feliz contigo e não por uma coisa de fora, por pouco tempo, como costuma(va) ser: picos altíssimos de alegria e depois tão baixos, abaixo do mais baixo de melancolia.
Hoje, eu fecho os olhos e, por uns instantes, mentalizo isso. Vez por outra.
Hoje, não te reconheço mais. Nem ao vivo e nem em uma canção. E não sei se acho isso bom, ruim ou se jogo a responsabilidade de tal feito para a vida. Ou para o tempo. É, acho que para o tempo é conveniente, afinal, todo mundo sempre diz que o tempo isso e aquilo, vai ver é verdade.
Hoje, não somos mais do que dois grandes estranhos.
Hoje, pra concluir, sua foto descolou da minha parede, se pendurou na de Raica, não se sustentou e caiu no chão. Você tocando o chão e não mais o piano e seus jazzes inventados. Seu amor inventado.
Não mais tua mão.
Não mais.
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