Riso bom é riso farto, largo, raso. Riso carregado, fundo, frouxo ou
silencioso. Riso com os olhos, a boca ou o corpo todo. Riso bom é riso
que falha, que engasga, admira. Riso sem tamanho, vez ou agonia. Riso na
hora, agora. Riso de canto de boca fechadinha, prolongado, que vem
antes ou depois do fato: seja a pé ou naquele ônibus onde as pessoas te
olham com a constatação de um ser maluco estar dividindo o mesmo
ambiente. Ou um ser que é feliz por natureza ou no mínimo contente. E é
nisso que eu acredito: absolutamente. Sorriso bom é sorriso verdadeiro.
quarta-feira, novembro 28, 2012
segunda-feira, novembro 26, 2012
Sobre afeto
Afeto é aquela palavra que a gente escolheu pra determinar que sente uma coisa boa, bonita e leve por alguém. Uma palavra que está livre de toda e qualquer responsabilidade, travas e pesos. Afeto não vem abraçado ao amor, compaixão e horários. Afeto é involuntário e colorido por tons pastéis.
Eu já tive crença nisso e confesso que sempre tive empatia pela palavra. Mas fui observando a vida e em contrapartida ela foi me mostrando umas coisas que hoje acredito ou acho que acredito: Afeto é o antes, o cerne, o fio condutor de uma história. Antes de ter sido amor, ciúme, raiva, confusão, passeou pelo afeto e suas cores, leves.
Seus cafés, seus cafunés, suas músicas quase sempre tranquilas. E da tranquilidade, das cores e da leveza, em algum instante, se esperou um isso que não veio. Mas como? Se o afeto não carece de cobranças ou de qualquer palavra que lembre esse ato? Afeto é puro e simplesmente a necessidade de coisificar algo que tá alí e que se não tivesse nome continuaria a existir normalmente, talvez melhor e da maneira com que queríamos e acreditávamos que fosse: puro e sem ranços.
Mas não, a palavra é bonita, foi criada depois de já ser naturalmente usada e depois passou a ser manifestada como palavra mesmo: escrita e até falada, causando a sensação mística de estar na melhor das situações e dos sentimentos, até que se caia em uma arapuca silenciosa, e quando vemos, o afeto perdeu o sentido ou ao menos o sentido original de cheiro verde e jasmim.
Sou adepta do afeto, de compartilhar desse bem e continuo gostando da palavra, acho até que ainda mais. Só não me falha na memória ser um sentimento como qualquer outro e que pode ser traiçoeiro se usado desregradamente: pode sufocar mais que amor, ternura ou ciúme.
Eu já tive crença nisso e confesso que sempre tive empatia pela palavra. Mas fui observando a vida e em contrapartida ela foi me mostrando umas coisas que hoje acredito ou acho que acredito: Afeto é o antes, o cerne, o fio condutor de uma história. Antes de ter sido amor, ciúme, raiva, confusão, passeou pelo afeto e suas cores, leves.
Seus cafés, seus cafunés, suas músicas quase sempre tranquilas. E da tranquilidade, das cores e da leveza, em algum instante, se esperou um isso que não veio. Mas como? Se o afeto não carece de cobranças ou de qualquer palavra que lembre esse ato? Afeto é puro e simplesmente a necessidade de coisificar algo que tá alí e que se não tivesse nome continuaria a existir normalmente, talvez melhor e da maneira com que queríamos e acreditávamos que fosse: puro e sem ranços.
Mas não, a palavra é bonita, foi criada depois de já ser naturalmente usada e depois passou a ser manifestada como palavra mesmo: escrita e até falada, causando a sensação mística de estar na melhor das situações e dos sentimentos, até que se caia em uma arapuca silenciosa, e quando vemos, o afeto perdeu o sentido ou ao menos o sentido original de cheiro verde e jasmim.
Sou adepta do afeto, de compartilhar desse bem e continuo gostando da palavra, acho até que ainda mais. Só não me falha na memória ser um sentimento como qualquer outro e que pode ser traiçoeiro se usado desregradamente: pode sufocar mais que amor, ternura ou ciúme.
Meu texto todo podia se resumir a essa foto! Minha Sofia e sua galinha pintadinha. |
quinta-feira, novembro 22, 2012
terça-feira, novembro 20, 2012
A palavra Amor II
Amor são asas, quebradas
Faca amolada
Medida desmedida
Palavra certa
Que tá sempre errada
São certezas de um segundo
É uma troca sem rumo
Uma piada mal contada
São aqueles olhares
Que se encostam
Se amedrontam
Se descruzam
E escapam
Um quase leve bem pesado
Amor são páginas abertas aleatoriamente
Revista na banca
Cigarro de tarde
Uma tarde
Um fim sem início
s i l e n c i o s o
O amor é cheio de vozes
é alto
barulhento
mesquinho
É quase deprimente
e entupido de gente
É um hoje cheio de pressa
Um ontem esquecido
Um amanhã exclamação.
O 'amor' - aquele que nos ensinaram desde cedo - o bonito de tão genuino, na verdade é outra coisa.
É desnome (com o perdão da palavra inventada) e intocável.
Todo o resto é amor ou simplesmente uma palavra suja, chula ou gasta.
Faca amolada
Medida desmedida
Palavra certa
Que tá sempre errada
São certezas de um segundo
É uma troca sem rumo
Uma piada mal contada
São aqueles olhares
Que se encostam
Se amedrontam
Se descruzam
E escapam
Um quase leve bem pesado
Amor são páginas abertas aleatoriamente
Revista na banca
Cigarro de tarde
Uma tarde
Um fim sem início
s i l e n c i o s o
O amor é cheio de vozes
é alto
barulhento
mesquinho
É quase deprimente
e entupido de gente
É um hoje cheio de pressa
Um ontem esquecido
Um amanhã exclamação.
O 'amor' - aquele que nos ensinaram desde cedo - o bonito de tão genuino, na verdade é outra coisa.
É desnome (com o perdão da palavra inventada) e intocável.
Todo o resto é amor ou simplesmente uma palavra suja, chula ou gasta.
quinta-feira, novembro 15, 2012
a intimidade é líquida
Lágrimas
Saliva
Suor
Esperma
Só se compartilha quando há intimidade
Intimidade pode vir antes do amor
E o amor pode nem vir
Isso também é poesia.
Saliva
Suor
Esperma
Só se compartilha quando há intimidade
Intimidade pode vir antes do amor
E o amor pode nem vir
Isso também é poesia.
segunda-feira, novembro 12, 2012
domingo, novembro 11, 2012
Em todo lugar - em mim
Doer de saudade por uma coisa que não se viveu - martelada
Doer de saudade por uma coisa que ainda nem se viveu - a esperança
Doer, pelo que se viveu, uma saudade que nunca vai existir - a ilusão
Doer de saudade, agora, meu caro. Dor e dor e dor e dor. Um nó de garganta que não cabe em um choro. Um choro que não cabe em uma palavra. O amor que não cabe em quatro letras.
Enquanto isso, a vida se mostra em cada nuança a sua urgência.
Para mim, não.
quinta-feira, novembro 08, 2012
Pra guardar
Ela pensa sobre o pensamento e esse pensamento que resultou ela transforma em papel, envelope, borrifa perfume, carimba um beijo e te envia uma carta de amor...
... de coração pra coração.
around
Silenciosamente em meu travesseiro, que por vezes viro de lado em busca de um conforto frio na lateral da testa e bochecha, como gosto, fico quietinha. E, junto a mim, ele vira espectador dos sons e cores da noite.
Dessa vez inteira. O carro lá longe. O caminhão lento que faz barulho de panela de pressão. A buzina. A quase batida. O freio. As gargalhadas típicas das madrugadas de Copacabana. O barulho de lombada em carro rebaixado. O silêncio da pausa seguido de um motor provavelmente velho. Não olho o relógio, nunca. E meu tapa olhos, surradinho e folgado, deixa os ruidos ainda mais interessantes. Lá de longe vem um carro de passeio. E outro. O ônibus parou no ponto, depois outro, depois outro - e seguiu. Me pergunto se não eram três 433 seguidos. Não olho o relógio, nunca.
As portas de ferro no seu jogo de sobe e desce - o único barulho que desperta o sentimento de início ou fim de alguma coisa - anunciavam algo grave: amanheceu, pensei! Olhei o relógio e ele apontava 5h25. As vassouras de piaçava se esfregando no chão - ainda gelado - só fizeram confirmar a chegada do dia - que ainda era noite. E então eu pude dormir em paz.
Dessa vez inteira. O carro lá longe. O caminhão lento que faz barulho de panela de pressão. A buzina. A quase batida. O freio. As gargalhadas típicas das madrugadas de Copacabana. O barulho de lombada em carro rebaixado. O silêncio da pausa seguido de um motor provavelmente velho. Não olho o relógio, nunca. E meu tapa olhos, surradinho e folgado, deixa os ruidos ainda mais interessantes. Lá de longe vem um carro de passeio. E outro. O ônibus parou no ponto, depois outro, depois outro - e seguiu. Me pergunto se não eram três 433 seguidos. Não olho o relógio, nunca.
As portas de ferro no seu jogo de sobe e desce - o único barulho que desperta o sentimento de início ou fim de alguma coisa - anunciavam algo grave: amanheceu, pensei! Olhei o relógio e ele apontava 5h25. As vassouras de piaçava se esfregando no chão - ainda gelado - só fizeram confirmar a chegada do dia - que ainda era noite. E então eu pude dormir em paz.
terça-feira, novembro 06, 2012
segunda-feira, novembro 05, 2012
domingo, novembro 04, 2012
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