quinta-feira, agosto 08, 2013

Meu quarto


Meu quarto tem um tamanho legal. Não é enorme, mas tem espaço suficiente para as minhas coisas e ainda sobra um pouco de piso pra transitar. Minha mãe quer colocar uma cama de casal box com baú. Eu não quero. Prefiro cama no chão. Sempre foi assim e a gente sempre passa por esse dilema. “um colchão de casal e pronto, tá ótimo”. Ela reluta. Acha feio, sei que lá. É que além de preferir um troço mais rasteiro, eu acho mais legal gastar 2 mil e tal de uma cama dessas em uma passagem de avião pra longe, mesmo sabendo que esse dinheiro economizado da minha mãe não vá parar magicamente na minha conta bancária. Ela queria mandar fazer um armário quatro portas e ainda com maleiro “pra não ficar capenga”. Eu quero apenas uma arara e uns gaveteiros. Ela se desespera. Diz que é pobre, sei que lá. É que não gosto de ocupar uma parede inteira com armário, no máximo um pequeno. Imagina, virar de lado ao acordar e dar de cara com aquele trambolho enorme e branco? Prefiro olhar a parede com minhas fotografias, pinturas ou somente a parede, me dando a ideia de fazer alguma coisa com ela – mesmo que eu nem faça. Só a existência da possibilidade já me anima. E também que prefiro gastar esses 3 mil reais do armário embutido em equipamento fotográfico, em um curso de edição, em um computador novo, sei lá, sinceramente, eu prefiro torrar esses 3 mil reais em cachaça do que em um armário de parede inteiro e com maleiro, o negócio mais inútil que se tem em uma casa. Quatro portinhas que ficam no dobro da minha altura, como se eu tivesse mais de uma mala pra guardar lá em cima, no “maleiro”. E, mesmo sabendo que esse dinheiro não vá parar magicamente em minha conta, pois agora seria eu uma mulher rica, prefiro que fique na conta de minha mãe. Ela com mais dinheiro. Eu com mais espaço. 

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