Meu quarto tem
um tamanho legal. Não é enorme, mas tem espaço suficiente para as
minhas coisas e ainda sobra um pouco de piso pra transitar. Minha mãe
quer colocar uma cama de casal box com baú. Eu não quero. Prefiro
cama no chão. Sempre foi assim e a gente sempre passa por esse
dilema. “um colchão de casal e pronto, tá ótimo”. Ela reluta.
Acha feio, sei que lá. É que além de preferir um troço mais
rasteiro, eu acho mais legal gastar 2 mil e tal de uma cama dessas em
uma passagem de avião pra longe, mesmo sabendo que esse dinheiro
economizado da minha mãe não vá parar magicamente na minha conta
bancária. Ela queria mandar fazer um armário quatro portas e ainda
com maleiro “pra não ficar capenga”. Eu quero apenas uma arara e
uns gaveteiros. Ela se desespera. Diz que é pobre, sei que lá. É
que não gosto de ocupar uma parede inteira com armário, no máximo
um pequeno. Imagina, virar de lado ao acordar e dar de cara com
aquele trambolho enorme e branco? Prefiro olhar a parede com minhas
fotografias, pinturas ou somente a parede, me dando a ideia de fazer
alguma coisa com ela – mesmo que eu nem faça. Só a existência da
possibilidade já me anima. E também que prefiro gastar esses 3 mil
reais do armário embutido em equipamento fotográfico, em um curso
de edição, em um computador novo, sei lá, sinceramente, eu prefiro
torrar esses 3 mil reais em cachaça do que em um armário de parede
inteiro e com maleiro, o negócio mais inútil que se tem em uma
casa. Quatro portinhas que ficam no dobro da minha altura, como se eu
tivesse mais de uma mala pra guardar lá em cima, no “maleiro”.
E, mesmo sabendo que esse dinheiro não vá parar magicamente em
minha conta, pois agora seria eu uma mulher rica, prefiro que fique
na conta de minha mãe. Ela com mais dinheiro. Eu com mais espaço.
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