quinta-feira, julho 18, 2013
Correos CTA Barcelona
Eu ainda tô tremendo, mas vou escrever tremendo mesmo. Porque se eu não escrever agora, vou ser orgulhosa e não vou escrever nunca mais. Vou dizer algo como obrigada, fiquei contente e passar adiante. Vou escrever porque gosto da capacidade de me surpreender e te digo que, mais do que a surpresa desse envelopinho branco com um selo da Espanha e teu nome todo importante seguido do endereço do pis Joanic mais louco da vida, foi a surpresa que tive em sentir o que eu, ainda ontem, pensei não mais sentir, cheia de um orgulho bobo. Esse rebuliço todo. Essa foto é linda, é linda! O postal é aquele quadro que tirei mil fotos tua na frente e nenhuma prestou, né? Saísse com cara de tanga de sereia em todas elas. Mas aviso logo que revelei, afinal, a gente não precisa sair feito modelo em todas, né? Ainda te digo que esse postal fui eu quem encontrou no La Escocesa e te dei. Te dei não, você, amarrando o cadarço, me pediu quase ordenando quando me viu descobrindo eles: "pega um de cada pra mim!!!". Só não sabíamos que ele voltaria às minhas mãos. A tua letrinha é feia e tremida mas o conteúdo é, pra mim, dos mais preciosos. Senti daqui, oito dias depois de tua partida, o peso que foi dar tchau pra Joanic, pra Mathieu, Laura, Axel, Laia, Marina, Sandra, a galera, os sofás e a mesa da sala, os chapéus das festas de fim de noite, a cozinha de todos, ao teu último andar na geladeira (que você também ocupava o penultimo andar na cara de pau), como deve ter sido pesado usar a manteiga de mathieu escondido pela última vez (hehe) Como foi tirar aquelas blusas penduradas na arara e do varal e guardá-las em uma mala. Guardando as coisas em uma mala como se isso fosse normal. Esvaziar tudo e deixar só aquela cortina azul que tanto gosto. Espero que tenha sido que nem no dia em que eu fiz minha bolsa aí, entre beijos, agarros e uma festa badalada na sala. Entre a mala e o licor de café. Deixar Barcelona é coisa que ainda não sei bem como lidar, por que deixar Barcelona foi te deixar também. Faz pouco tempo que consegui digerir tudo isso, que consegui colocar cada coisa em seu lugar, cada pessoa no seu país, que parei de contar cinco horas à frente pra te imaginar sorrindo e sorrir junto em algum lugar legal. Faz pouco tempo que meu coração parou de bater feito metralhadora ao ver alguma foto tua, ao ler alguma linha tua. Faz pouco tempo. Foi quando você voltou pra Alemanha e então não saber da tua nova rotina foi a maneira que meu coração encontrou de não mais calcular as horas do fuso, pois não fazia mais diferença alguma se fossem nove da noite ou nove da manhã, eu não imaginaria mais nada. Barcelona ficou e você ficou em Barcelona. E agora faz pouco tempo, menos de meia hora, que vejo que vou precisar de mais um tempo pra inventar mais alguma coisa pra enganar o pobre do meu coração. E acreditar novamente nessa nova coisa. Mas, mesmo que eu acredite nessa coisa nova, eu fico com essa tua frase final do postal:
"sei que um dia nos encontraremos"
besito muy grande, brechtinho!
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