sábado, março 23, 2013

Love is uncountable?


                                                                                                                                   A Jorge

Hoje a minha saudade escorreu todinha e molhou meu corpo em estado de lágrimas, frias. Meu feijão salgou, o chocolate acabou e as lições se mostram difíceis pra mim. Minha poesia anda sem rima, sem nexo. E hoje eu te amo da maneira mais dura que se é possível para um sábado a tarde: através de projeções mentais chamadas lembranças. Mastigo e engulo tua foto pra ver se preenche esse vazio de você. Jogo minhas mãos no balãozinho da memória pra te pegar, você escapa e volta e fica, finca flor no meu peito, que brota. Vira árvore saindo pela minha boca, cheia de arestas pra me abraçar. É quando me sinto grande, me sinto plena, mesmo sendo tão pequenina assim.
E então me enfio a contragosto dentro da blusa retrô-bufenta do flamengo e do samba canção que tá logo alí em cima, enquanto você, deitado e sorrindo, me chama. Mesmo sem usar uma só palavra.
Love is uncountable?

segunda-feira, março 11, 2013

domingo, março 10, 2013

Behind brown eyes

- Seus olhos são muito, muito bonitos.
- Você acha isso por não serem azuis, como os de vocês.
- Não, não é por isso. Os delas não são azuis e não são tão bonitos.


Os seus são bonitos porque você tá logo atrás deles.


sábado, março 09, 2013

amizade

é sentir-se realizada com a realização dos sonhos dos nossos.


Gina e Anjinho abençoados na igreja mais bonita da cidade

sexta-feira, março 08, 2013

amor é tiro e queda

É estilingue e pedra na brisa do sossego


terça-feira, março 05, 2013

sour(weet) home


when your home is a hot shower on the hostel and two photographs on the wallet

Desafio pra mim: escrever em inglês mesmo que errado

Desafio pra quem lê: escrever certo a frase que escrevi errado

segunda-feira, março 04, 2013

before the dream


Não sou maluca ou finjo que estou dormindo:
Apenas fecho os olhos pra te enxergar melhor e mais pertinho

domingo, março 03, 2013

Pra lembrar

Sim, eu sei: Tenho sorriso pra fazer verão o ano inteiro. em mim.

quarta-feira, fevereiro 27, 2013

First Day

Lá fora faz um frio danado. Aqui por dentro tem nevoeiro na maioria das horas, mas então te sinto e faz sol. Quentinho como um amor tranquilo e recém chegado. Com cara de cama desfeita e lençol por dobrar.

segunda-feira, fevereiro 25, 2013

Prévia

Me ocorreu que o adiar pra fechar a mala foi um código que meu coração criou pra mostrar que ainda falta tempo pra não mais te ver, pra esse hiato, pra morrer de saudade. E quanto mais próximo fica, mais jogo alguma coisa alí por cima enquanto penso simultaneamente que é preciso organizar de uma vez os próximos meses em uma mala grande e outra média. Minha mãe pergunta com ar de repreensão se não está faltando fazer mais nada quando eu, ao invés de pegar a mochila, guardar a câmera, organizar os fios, os cards, o netbook, fico praticando a procrastinação nas horas e cinicamente respondo que 'não falta mais nada.' E completo com um 'ao menos nada que eu possa fazer em um domingo à noite, amanhã vou comprar uns dólares'. O bom desse blog é saber que ela lê tudo, tudinho e cheia de amor que é, sempre perdoa minha sinceridade e deve até dar umas boas risadas por saber que me conhece tanto. 

Mas eu também a pego na mentira vez por outra. É uma espécie de mentira autorizada, que não faz mal se for descoberta, pelo contrário, foi feita para ser desmascarada com todo o carinho. Ainda ontem ela disse pra Júlia que tudo que ela tem pra me escrever, ela escreve direto no meu coração. Menos de duas horas depois estava me fazendo a declaração de amor mais linda, cheinha de palavras, lágrimas e amor. Ela fala sim e tem uma voz linda. A gente se parece sempre e como nunca. Mas na verdade esse texto não é para ela, é para você.

Pra você que chegou varrendo tudo, passando pano e desinfetante no meu chão. Que chegou junto. Nem de baixo e nem de cima, de lado: como tem que ser. Não deu espaço e tempo pra mais ninguém. Segurou forte na minha mão e foi simbora ver a vida. Sem temer. Eu lembro que no início acreditei piamente e até te disse que tudo aquilo era a maneira que você havia arrumado para tapar qualquer projeto de buraco já existente 'Tá tudo errado, tudo errado', eu insistia. Só depois me ocorreu que buraco mesmo seria se eu não ficasse. Buraco e burrice. Fiquei, fico. 

Com amor, Carlinha.

O texto tem jeito de inacabado e foi de caso pensado. Esse negócio de fim não tá com nada. Ainda tenho muito pra te falar, e, mais que isso: pra te olhar - na vida.

quinta-feira, fevereiro 21, 2013

Um solavanco na vida

Pode parecer maluquice isso que vou dizer agora e de fato deve mesmo ser: ando com alergia à noite. Escurece e logo começo a me coçar toda. Eu sei que o nome disso ultrapassa calor ou mesmo alergia. Ultrapassa remédios pra curar, o nome disso é ansiedade. Aquele negócio que eu tenho de sobra naturalmente, imagine quando tenho motivo para tal. Em um mês organizei uma viagem  de meses para outro país, pra um país que não conheço: nem ele e nem sua redondeza. Minha primeira vez de Europa e também o meu primeiro intercâmbio. O normal seria procurar uma agência e fechar um pacote, mas e quem disse que existe normalidade dentro do meu pequeno ser? Acabei fazendo e organizando tudo por conta própria e quando digo por conta própria eu quero falar tudo: de cada centavinho gasto à passagem, hospedagem, seguro viagem, visto, mala, etc e tal.

Faltando menos de uma semana para o grande dia, finalmente paro e respiro um ar aliviado de "finalmente está tudo pronto, do grande aos detalhes mais bobos como remédios e alicate para unha". Mas e quem disse que isso faz diminuir a ansiedade? Acho que só aumenta, pois agora tenho tempo de sobra (já que até a viagem eu possuo 24 horas de almoço por dia) pra pensar as asneiras que for. Bem sei que a ansiedade, no fundo, é de tudo ao mesmo tempo e não só da viagem. Um acúmulo de sentimentos. Do 360 que minha vida deu nos últimos meses e que eu não me dei o tempo devido de digerir e viver intensamente cada situação, mesmo as de dor. Ou como diz minha mãe: meu sofrimento segue até a página 3. "lerdo" engano. Uma hora tudo isso explode, nem que seja em coceiras.

Simplesmente me deixei levar pela vida e cá estou, pronta pra mais um looping. Apesar de ter decidido tudo muito rápido, na verdade essa é uma viagem que eu já me devia fazia muito tempo. É necessário dar um solavanco nesse meu inglês fuleiro e viajar é sempre bom, pra todo mundo: meses fora de tudo e de todos, em uma cultura diferente, sabores e cheiros estranhos, novos perrengues, nova língua. Tudo vale pra se encontrar, se conhecer mais, se respeitar, e, claro, aprender. Aprender muito. Curiosa como sou não duvido voltar ensinando as dancinhas típicas e/ou com várias receitas de lamber a pia. Como disse um sábio amigo: 'Você vai aprender muitas coisas nessa viagem e inglês é só uma delas'.

Bom, enquanto isso terei de conviver com esse vácuo entre o que foi e o que será. Com essas dúvidas todas: como será a cidade, como serão as pessoas, como será a escola, como será a comida, como será passar tanto frio, quando será que arrumo emprego, será que vou conhecer Berlim ou Barcelona antes de Londres e etc. É tanta questão que tenho medo de me privar do presente pra antecipar situações no fundo falso de minha cabecinha. Mesmo que o presente até lá seja de apenas 4 dias.

Parafraseando a expressão que andam falando pelas redes sociais:

Eu sempre fui ansiosa, mas esse mês eu tô de parabéns.

'doce, que seja doce, que seja doce, que seja doce.'




terça-feira, fevereiro 05, 2013

Quando você demorou a voltar e endoideceu todo mundo

E todas as pessoas que eu corria as vistas e enxergava trajando blusa listrada de verde, eu morria de raiva e só depois vinha o alívio e a alegria do encontro . Logo depois, quando me ocorria que não era você, a raiva que eu sentia se transformava em uma maior ainda (só que dessa vez de mim), por perceber que senti primeiro a raiva pra depois sentir o alívio e a alegria. 

Algumas vezes o ser humano é ser humano até demais, o tempo todo, até (ou principalmente) nessas horas.

Mas quando você entrou por essa porta, o alívio e a alegria foram tão enormes que eu só fiquei com raiva uma fração de segundo depois. E por pura necessidade de mostrar o meu alívio e a minha alegria. 

Nós: seres que somos tão humanos.

Não me faça mais isso!


quarta-feira, janeiro 30, 2013

uncountable



o amor é feito de uma fibra bem firme que é feita de zilhões de outras fibrinhas que a gente não pode ver e muito menos contar. Por isso que a gente diz, quando ama muito, que ama demais da conta. 

minúsculo

hoje tá tudo tão vazio. tão silêncio. tão frio - mesmo com o sol tímido da janela da sala - hoje eu tô outra, mesmo sendo aquela velha carlinha de sempre. hoje ficou tudo muito mais duro, maduro e seco. hoje você não quer falar comigo nunca mais, como se eu merecesse isso. e como se eu merecesse isso eu choro, tentando discernir o que fui do que sou, pra buscar o pior de mim, o motivo pra essas frases tão curtas, diretas e sem cheiro, gosto ou cor. menos do que cinza. mas me vejo igual, tão igual que chega me assusto. e tento então separar a culpa da desculpa. tento entender a mais tanta coisa de menos. todas essas coisas a menos que você faz questão de mostrar que é o que restou pra mim. e eu vejo assim: restos imensos.

sábado, janeiro 26, 2013

no coração


 Textinho pra mim com cheirinho de saudade boa.



Por Clara Arôxa

Bailarina,

Eu poderia descrever direitinho a alegria que é te ver em um dia enluarado: você, a doida das lantejoulas, transbordando em sorriso e eu, a doida dos Quatro Cantos, abrindo todos os abraços do infinito para reunirmos todas as delícias de ser. Sabe, eu poderia, inclusive, tornar público teu frevar, a delicadeza das tuas passadas fortes, de sombrinha reta e ritmo nas veias. É tão bonito, bailarina. É tão bonito ser platéia quando colocas tua alma para girar, girar, girar até que ela cresça dez centímetros pra aguentar o tanto de poesia que foi construída durante a dança. Eu até falaria daquele dia que tu me emprestasse o par de asas quando as minhas estavam naquele estado em que nem sobe e nem desce – foi lindo, coisa de quem ama. Aí também eu falaria no dia em que retirei as asas e pus em cima da tua sapatilha, com o recado: moça bonita, apare as mãos para não se entregar. Acho que deveria te falar, refalar, rerefalar o quanto te quero bem, mas talvez o discurso soasse um pouco repetitivo e coisa de coração a gente diz em abraço, em mão na mão. As palavras, as tais das palavras, que nos mostram ninhos, seriam apenas roupagem de uma essência que nua, por si só, já brilha. Isso, bailarina, deixa eu te falar do teu brilho, dos teus cachos, da beleza que é tão, ah, já repeti isso, em voz alta até. E os segredos dos teus cachos não cabem em simples linhas minhas, muito menos em rodopios teus, vão se enrolando com a vida e vida, a gente sabe, é coisa que brota. Eu queria te falar da sede, da chuva, dos carnavais, dos risos e da quantidade de lágrimas, no entanto, isso daria páginas e páginas de um texto cheiroso de lembrança. 


Vou ficar aqui, bailarina, poetizando o nosso próximo abraço.
Vai, bailarina, dança! Brilha! Rodopia! 


Eu te amo




Ciúme



Agora eu posso divulgar!

Poesia minha e uma das vencedoras do 25º Festival de Poemas de Cerquilho (FEPOC), com direito a noite de premiação no Theatro Municipal de Cerquilho - SP.



Ciúme é quando o coração aperta a garganta
São resquícios de uma experiência que não foi bacana
Uma pergunta infeliz fora de hora
Um palpite, uma demora

Ciúme são duas retas paralelas
Ciúme é assistir muita novela
Um enxame, um vexame

Ciúme são palavras que falamos sem lembrar

Ciúme é um pano preto defronte aos olhos e
Um microfone na voz
É murro na parede
Dente travado
Uma arrumação feita no quarto para se acalmar

Ciúme são lágrimas sem choramingo
Uma ressaca de domingo e
Um pé que não arreda

Ciúme é palito cutucando o peito
Uma espécie de defeito
Uma geléia sem açúcar

Ciúme é uma danação
Uma loucura
É mais daninho que amor ou que ternura

Ciúme é um ouvido tampado e
Uma boca envenenada
Ciúme são expressões presas e pesadas
São farpas

Um cardume que te empurra
Num precipício sem ajuda

Ciúme é feito apenas pra fazer poesia e pronto, ponto


vôvô todo orgulhosinho






sexta-feira, janeiro 25, 2013

dos aprendizados


Um monte de coisa pode ser diferente, mas uma não adianta forçar: gente de espírto livre precisa de gente de espírito igualmente livre pra fluir. Caso contrário apodrece, amarga ou no mínimo vive pra se esconder.

quarta-feira, janeiro 23, 2013

Sol na casa 11, lua na casa 4

                                                                                                                                     A Jorge

É tarde da noite e uma réstia de luz clareia teu rosto em tom amarelo velho. E em pequenas nuances, o ambiente impregnado de você indica pretender ficar cheio de mim. Para que eu possa durar mais que algumas horas aqui, me prolongando em cheiros e retratos quase que palpáveis no instante de depois: no ínterim da solidão secreta e silenciosa de tua cama já fria. 

- Não tem mais jeito, é o que penso. E feito correnteza escorrego nesses olhinhos-rasgados-castanhos que mais parecem um campo de futebol de cidade de interior batidinho de terra em dia de chuva - vasto - enquanto permito que descubras os meus também, bem lentamente, antes do teu peito aberto em flor me receber para um sono tranquilo. 

É que agora o amor, este que em mim brota, não só carece, como semeia adormecer em paz - pra  germinar.

segunda-feira, janeiro 21, 2013

dia de segunda

Para mim

Por Ana de Biase


imagem internet



... e nas segundas, as primeiras meninas se espreguiçam vendo tudo nublado -mesmo se o sol brilha e a chuva não cai- porque acreditam que nada pode ser divino maravilhoso nesse dia! Mas a Menina Borboleta, que hesita em voar nesta manhã (apenas hesita), porque a dúvida faz parte da sua própria natureza inquieta, olha para uma flor do seu imaginario e começa a se alegrar (voluvel que é)... Daí em diante, mesmo quieta, fotografa na retina detalhes coloridos de sonhar acordada! Mexe o pé sacode o cabelo, respira fundo e se delicia com um som suave, que só existe dentro dos seus sentimentos que começam a despertar feericamente. Porque nada nessa ninfa é para sempre; efemera, delicada e sutil quando triste; a cada recomeço ela brilha, como louca, dança, canta e encanta. E voa!

sábado, janeiro 19, 2013

carnavale

carnaval é purpurina que gruda no lado de dentro do peito e demora dias, às vezes meses pra ir embora.




Criando fôlego e coragem para apertar o danado do Play. Tô numa dúvida... quero não me dá.

sexta-feira, janeiro 18, 2013

terça-feira, janeiro 15, 2013

Menina do Rio


Aqui também tem espaço para os textos escritos para moi.

Por Amanda Borba (umarosaparajoao.blogspot.com)


'No começo, a moça sorria e seus dentes brancos em nada resplandecia em minha vida. Havia um carinho sim; um singelo bem-querer que acompanhava suas letras. Palavras doces vindas direto do coração era o perene dos seus textos. Linhas de vida acrescidas de um além-cotidiano, esse a mais que permite ver poesia no que nos cerca, o que diferencia o cidadão comum do escritor. 

Agora seus textos têm a vida andando em corpo físico: pernas, mãos e braços longos que dão movimento ao conteúdo da moça. Seu balanço é cadenciado e cadente. Ela toca o mundo numa molecagem sem tamanho ou num tamanho que não cabe nesse mundo pequeno que leva em si; esse mundo pequeno que nunca será menor. Essa largura de esperança que carrega nos olhos brilhantes, que muitas vezes chegam antes das palavras. Esse olhar real; esse olhar que não mente mesmo que quisesse. Essa verdade de menina que me conquistou.

à Carlinha Alencar, com um carinho que não cabe na imaturidade de minhas letras.'


quinta-feira, janeiro 10, 2013

As inquietas


Mesmo você morando nesse Recreio que é mais longe que São Paulo e que dificulta o encontro pra falarmos de um livro que já lemos faz meses, mesmo que você faça uma sucessão de fuleragens em série feito tiroteio, e mesmo que você leia um convite de ontem como se fosse pra hoje (e não comparece nem no de ontem e nem no de hoje) por causa disso e aquilo e aquilo outro, não se preocupe: não vou te jubilar do meu coração, assim mesmo, bem brega, exatamente como somos defronte a uma máquina de karaokê instalada no boteco mais sujo da região. Brega e felizes.

Acabei de ler teu e-mail e fui invadida por uma saudade gostosa da tua alegria lilás, teu cabelo claro esvoaçando na rua e tua voz espevitada que emenda um assunto no outro - ou que explica um mesmo assunto por horas, horas ricas em detalhes teus.

 Acho que tá fazendo um ano que me pedisse em amizade e eu achei isso uma das coisas mais corajosas e lindas do mundo. Em poucas horas lá estávamos nós duas colocando o assunto de uma vida inteira em dia antes que a sessão de cinema começasse. Mas na verdade, foi dentro daquela sala tão pequena que nos  reconhecemos uma na outra: a cumplicidade do silêncio e as lágrimas enxugadas na hora de levantar. Depois desse dia foi como em início de namoro: uma alegria e surpresa a cada encontro. E sem o mínimo de esforço para tal, eu ganhei uma amiga, ou, como dizia um poeta maior: 'amigos a gente não faz, amigos a gente reconhece.' E eu te reconheci naquele instante de abraço ou ainda quando falasse que nossos cabelos eram iguais, só que o meu era mais bonito. Quanta tolice, pra falar uma coisa dessas só mesmo sendo do lado de cá do meu coração.

Um beijo. O abraço eu só dou ao vivo!

quarta-feira, janeiro 09, 2013

Preparando o salto



Essa foto é tão explícita quanto a natureza dele que chega me tomou de assalto. Passei longos minutos observando em detalhes: o fundo azul, a expressão da boca, a posição dos braços, o cabelo salgado e a aurea iluminada, lúcida, limpa e distraída.

Entre tantas coisas que ele é e que ainda vai ser, tem uma que nunca escapa, que nunca muda, desde menino miúdo: um voo livre. 

E decerto veio dele a parte que eu mais gosto em mim.


terça-feira, janeiro 01, 2013

para amanhecer

a noite foi-se embora com o céu em um tom de azul que não tem nome. E enquanto eu mentalizava algumas coisas aleatórias, um desejo específico batia direto da mente para o coração: você ali do meu ladinho naquele instante.

sobre o tamanho do tanto de amor eu não saberia dizer

Esse silêncio enorme que nunca doeu tanto é a prova disso. Uma calmaria sem tamanho. Uma maré rasa de olhares que não se lembram. Te amar era de longe uma das coisas mais fáceis que já me aconteceu na vida. a alegria de um encontro na rua como se não conhecesse o outro, se escondendo, se encontrando, se percebendo, correndo, sorrindo e dando o pulo mortal de peito com peito. O sabor do abraço apertado e do beijo no meio da rua pra esquecer do trânsito caótico do dia. 

Tinha cheiro de jasmim e de dama da noite. Tinha a leveza de uma volta pra casa pendurada na tua carcunda e a impressão de que a rua era toda nossa, com seu cheiro de pão na chapa e casa da gente. 


Te amar era como conhecer a mim mesma: era mistério e ousadia mas não doia. Te amar era uma espécie de presente, o maior presente do mundo, um presente que nunca mudava mesmo que já estivéssemos em janeiro ou abril. Te amar era te contar mil vezes isso por gestos. por poucas palavras. por letras, várias. Te amar era te mostrar tudo e nada por lágrimas. 


Daquilo que não tem nome. Daquilo que não se explica:  você foi e vai continuar sendo pra mim a coisa mais bonita e rica. Feliz ano novo pra você, dessa vez sem chuvas!

quinta-feira, dezembro 20, 2012

Sobre as piadas do fim do mundo

Fim do mundo é o que vivemos aqui e agora. Se ele acabasse, ao menos haveria a chance do recomeço. Não pela falta de beleza, prazeres, tato. Não pela falta. Mas pelo excesso de pessoas que não viraram (e nunca chegarão a ser) gente. Ao menos não neste mundo. Essa é a maior piada!

sábado, dezembro 15, 2012

Efeito verão:

chuva pra lavar as vadiezas do coração.





quarta-feira, dezembro 12, 2012

Aguardente

Era uma recordação alegre do meu pai, sempre foi e continua sendo. Mas hoje em dia é compartilhada com você. É bonito de ver como a vida é feita de ciclos e aprendizados. O que antes pra mim não passava de um único sabor e cor, hoje é enorme, é cheio. de cheiro e de gosto. Um dia desses estava em um bar e o assunto da mesa era cachaça. Me peguei falando sobre a Áurea Custódia e explicando onde vendia e até o valor. Conversei sobre barris e, sem nem perceber, indiquei a Mandacaru como uma boa opção amadeirada e mais em conta.  Em seguida me veio você em um balãozinho da lembrança, entre uma bicada (como você diz) e outra. E a gente experimentando algumas, várias, todas. Sorrisos e sorrisinhos. 

Descobrimos juntos o sabor um pouco mais ardente da vida. Obrigada.


Recife - Outubro de 2011.

* Na imagem, um copinho (devidamente roubado) da Pitú, mas o líquido era Carvalheira. Ô glória!

sábado, dezembro 08, 2012

Taberna do Leme


- O Leme é o meu lugar naquela cidade e você precisa conhecer o Taberna. promete que vai lá?
-Prometo.


Foram essas as palavras que você me disse naquela tarde de sol em Recife, dentro daquele quarto branco, suporte de pilhas e mais pilhas de morfina, tédio e horas, várias. Tua voz firme forçava uma tranquilidade e esperança enquanto teu corpo devastado pelos remédios fortes, cirurgias, cansaços e amputações insistiam no contrário.  E enquanto conversávamos amenidades, entre um e outro 'everythings gonna be alright'', meu coração só queria te dizer aquilo que você já sabe: o melhor tio do mundo acompanhado de uma tuia de lágrimas. Mas é que nessas horas dizem que é pra ser firme, forte e não demonstrar desespero. Que é preciso ser gente grande e que o outro não precisa de rostos tristes. de pena. de nada. Mas eu não sinto pena, sinto amor. E era isso que eu queria que você soubesse, de coração. Pois você tá acostumado a conviver com pessoas carregadas de orgulho e mágoas, um negócio que não serve de nada, aliás, serve sim, serve para acumular um tumor no meio do coração. 


Não sou feito as suas filhas, não sou feito sua ex-mulher, não sou como a minha mãe, que é tua única irmã e a pessoa mais teimosa que já conheci nessa vida. Elas são adultas demais pra entender que tem uma hora na vida em que poucas coisas valem tanto quanto o coração, o perdão, o resgate e um abraço, longo. E que quando o coração  pára e as pessoas se despedem, não há o que ser feito. E que lamentar é uma das coisas mais deprimentes e nocivas do planeta. Mas eu não consigo fazê-las entender isso e me sinto uma merda por tal motivo.

Hoje compreendo que nossa vida de encontros e desencontros pode ser dividida em duas partes: a parte do sorvete de sobremesa, cantoria madrugada adentro, viagens, sorrisos, piscina, me jogar pra cima, coceguinhas, mala maloca.

E pela parte dois, aquela em que comecei a chorar a tua morte. Chorei pela primeira vez quando repentinamente e sem o mínimo de cuidado da parte dos que já sabiam, eu soube da tua primeira doença. Chorei de susto, pois era menina demais pra compreender que meu Tio Cid tinha aids, a mesma doença de Cazuza, doença de TV.  Depois me tranquilizei, pois você já carregava o vírus há 20 anos e no lugar de coquetéis você se entupiu mesmo foi de drogas, cerveja e rock and roll - e nunca havia morrido. Chorei novamente quando você teve uma infecção e ficou internado no hospital. Te visitei algumas vezes, com cartinha e silêncios de amor. E depois novamente, com alguma outra complicação. É impressionante como a partir do instante em que soube do primeiro problema, todos os outros se desencadearam com tamanha velocidade. Até um mês antes de eu saber de uma coisa que existia há 20 anos, você nunca havia tido mais nada. E hoje estás aí, condenado à morte. E foi por ela que chorei novamente quando soube do teu câncer. E do buraco na barriga. E dos meses no hospital. Chorei tua morte quando tiraste teu sexo e sobretudo quando ouvi tua voz ao telefone como se nada tivesse ocorrido, com direito a risadas, planos, piadinhas, a preocupação de saber como eu estava indo no meu emprego novo e a audácia de me contar que havia acabado de fechar um negócio incrível e comprado um prédio inteiro. Chorei tua morte a cada ligação do meu pai, esperando a tal notícia, aquela que nunca veio.

Mas ontem sua voz já não era a mesma. Já não estava animado em ser proprietário de um prédio inteiro, não estava confiante nos remédios e a morfina já não suportava tua dor. Não fizeste brincadeira, não falaste que adorava ser internado (pois os remédios te davam alguma onda) e que a Cibele é chata mas tá te aguentando. Não me cobrou um texto meu. Não perguntou como estava o trabalho e não me chamou de mala maloca. Pelo contrário, adiantou o fim da ligação como quem adianta que uma notícia ruim está próxima, dobrando a esquina. À noite você proibiu que todos te vissem.

Pagou cemitério, casou no papel, vendeu os bens, dividiu pedaços de parede e concreto e de concreto mesmo só restou tua voz solitária ao telefone, falando essas coisas para a minha mãe, que friamente ouviu tudo sem uma lágrima de canto de olho. Tem vezes que a minha mãe é gente grande até demais. Tem horas que a pessoa precisa chorar, eu gritei ao seu lado enquanto ouvia ela te respondendo ao telefone "ahan, ahan, ahan". VAI SE FUDER. Gritei internamente, em vão. E fui embora.

Eu comecei a chorar tua morte ainda novinha e desde então não parei mais. Chorei tua morte por todos esses anos e você nunca morreu. Hoje, estranhamente, choro mas sinto-me tranquila no peito. 


 Só agora compreendo que ao menos pra mim, você não morre nunca mais.

quarta-feira, novembro 28, 2012

Riso bom

Riso bom é riso farto, largo, raso. Riso carregado, fundo, frouxo ou silencioso. Riso com os olhos, a boca ou o corpo todo. Riso bom é riso que falha, que engasga, admira. Riso sem tamanho, vez ou agonia. Riso na hora, agora.  Riso de canto de boca fechadinha, prolongado, que vem antes ou depois do fato: seja a pé ou naquele ônibus onde as pessoas te olham com a constatação de um ser maluco estar dividindo o mesmo ambiente. Ou um ser que é feliz por natureza ou no mínimo contente. E é nisso que eu acredito: absolutamente. Sorriso bom é sorriso verdadeiro.


segunda-feira, novembro 26, 2012

Sobre afeto

Afeto é aquela palavra que a gente escolheu pra determinar que sente uma coisa boa, bonita e leve por alguém. Uma palavra que está livre de toda e qualquer responsabilidade, travas e pesos. Afeto não vem abraçado ao amor, compaixão e horários. Afeto é involuntário e colorido por tons pastéis.

Eu já tive crença nisso e confesso que sempre tive empatia pela palavra. Mas fui observando a vida e em contrapartida ela foi me mostrando umas coisas que hoje acredito ou acho que acredito: Afeto é o antes, o cerne, o fio condutor de uma história. Antes de ter sido amor, ciúme, raiva, confusão, passeou pelo afeto e suas cores, leves.


Seus cafés, seus cafunés, suas músicas quase sempre tranquilas. E da tranquilidade, das cores e da leveza, em algum instante, se esperou um isso que não veio. Mas como? Se o afeto não carece de cobranças ou de qualquer palavra que lembre esse ato? Afeto é puro e simplesmente a necessidade de coisificar algo que tá alí e que se não tivesse nome continuaria a existir normalmente, talvez melhor e da maneira com que queríamos e acreditávamos que fosse: puro e sem ranços.

Mas não, a palavra é bonita, foi criada depois de já ser naturalmente usada e depois passou a ser manifestada como palavra mesmo: escrita e até falada, causando a sensação mística de estar na melhor das situações e dos sentimentos, até que se caia em uma arapuca silenciosa, e quando vemos, o afeto perdeu o sentido ou ao menos o sentido original de cheiro verde e jasmim.

Sou adepta do afeto, de compartilhar desse bem e continuo gostando da palavra, acho até que ainda mais. Só não me falha na memória ser um sentimento como qualquer outro e que pode ser traiçoeiro se usado desregradamente: pode sufocar mais que amor, ternura ou ciúme.




Meu texto todo podia se resumir a essa foto!
Minha Sofia e sua galinha pintadinha.

quinta-feira, novembro 22, 2012

das constatações

Quanto mais rico, mais pobre das outras coisas.

terça-feira, novembro 20, 2012

A palavra Amor II

Amor são asas, quebradas
Faca amolada
Medida desmedida

Palavra certa
Que tá sempre errada

São certezas de um segundo
É uma troca sem rumo
Uma piada mal contada
São aqueles olhares
Que se encostam
Se amedrontam
Se descruzam
E escapam
Um quase leve bem pesado

Amor são páginas abertas aleatoriamente

Revista na banca
Cigarro de tarde
Uma tarde
Um fim sem início
s i l e n c i o s o


O amor é cheio de vozes
é alto
barulhento
mesquinho
É quase deprimente
e entupido de gente

É um hoje cheio de pressa
Um ontem esquecido
Um amanhã exclamação.



O 'amor' - aquele que nos ensinaram desde cedo - o bonito de tão genuino, na verdade é outra coisa.


É desnome (com o perdão da palavra inventada) e intocável.  


Todo o resto é amor ou simplesmente uma palavra suja, chula ou gasta.

quinta-feira, novembro 15, 2012

a intimidade é líquida

Lágrimas
Saliva
Suor
Esperma

Só se compartilha quando há intimidade

Intimidade pode vir antes do amor
E o amor pode nem vir

Isso também é poesia.

segunda-feira, novembro 12, 2012

domingo, novembro 11, 2012

Em todo lugar - em mim



Doer de saudade por uma coisa que não se viveu - martelada


Doer de saudade por uma coisa que ainda nem se viveu - a esperança


Doer, pelo que se viveu, uma saudade que nunca vai existir - a ilusão

Doer de saudade, agora, meu caro. Dor e dor e dor e dor. Um nó de garganta que não cabe em um choro. Um choro que não cabe em uma palavra. O amor que não cabe em quatro letras.

Enquanto isso, a vida se mostra em cada nuança a sua urgência. 

Para mim, não.

quinta-feira, novembro 08, 2012

Pra guardar




Ela pensa sobre o pensamento e esse pensamento que resultou ela transforma em papel, envelope, borrifa perfume, carimba um beijo e te envia uma carta de amor...

... de coração pra coração.

around

Silenciosamente em meu travesseiro, que por vezes viro de lado em busca de um conforto frio na lateral da testa e bochecha, como gosto, fico quietinha. E, junto a mim, ele vira espectador dos sons e cores da noite.
 Dessa vez inteira. O carro lá longe. O caminhão lento que faz barulho de panela de pressão. A buzina. A quase batida. O freio. As gargalhadas típicas das madrugadas de Copacabana. O barulho de lombada em carro rebaixado. O silêncio da pausa seguido de um motor provavelmente velho. Não olho o relógio, nunca. E meu tapa olhos, surradinho e folgado, deixa os ruidos ainda mais interessantes. Lá de longe vem um carro de passeio. E outro. O ônibus parou no ponto, depois outro, depois outro - e seguiu. Me pergunto se não eram três 433 seguidos. Não olho o relógio, nunca. 

As portas de ferro no seu jogo de sobe e desce - o único barulho que desperta o sentimento de início ou fim de alguma coisa - anunciavam algo grave: amanheceu, pensei! Olhei o relógio e ele apontava 5h25. As vassouras de piaçava se esfregando no chão - ainda gelado - só fizeram confirmar a chegada do dia - que ainda era noite. E então eu pude dormir em paz.

terça-feira, novembro 06, 2012

la piel que habito

Estou despelando: por dentro.

à Clara

segunda-feira, novembro 05, 2012

domingo, novembro 04, 2012

0h48

De braços dados com a solidão 




ou não (?)

quarta-feira, outubro 31, 2012

Fazer pesquisa sem inspiração é...

Abrir o google como quem abre a geladeira no fim do mês ou da feira - Mil vezes.

terça-feira, outubro 30, 2012

Horário de verão

Vai além da hora que se ganha e do sentimento de roubo do dia. Sem culpa, um dia completo, 360, repleto de. São os cabelos entranhados de sal, os corpos vestidos de sol, o líquido bebido com a velocidade luz. São frutas de todos os gostos e cores. São cores, todas.

E os beijos dados na boca, mesmo que na imaginação.

São pessoas, as feias e as bonitas, devotas de uma mesma alegria: solar.

Eu queria domingo de segunda a sexta. Eu queria aquilo que eu já tive por vários anos e não imaginava, à época, ser tão raro: férias de verão.



Meu Pernambuco querido...

sexta-feira, outubro 26, 2012

O outro



Radioatividade, eletromagnetismo, buraco negro, o infinito azul e marrom, as formas, profundezas, o quente e o congelante, as vidas, o oxigênio, um pedaço dividido, e novamente e novamente e... Até alcançar um pedacinho que não se divide: a molécula da água, H2O, as lavas, os dinossauros.

São tantas questões complexas e, ainda hoje, a que mais me impressiona é do tamanho de um fiapo e que passa tantas vezes transparente pelos nossos olhos: a existência do outro. Ainda hoje acho um absurdo de improvável o fato de existir o outro. Do outro lado da rua, parado no sinal do trânsito, na mesa ao lado, na fila do banco, nas calçadas, o outro que cruza comigo na escada, com gostos semelhantes e outros psicopatas. O outro por todos os lados. O outro que a gente não conhece e nem nunca vai conhecer. O outro que tem um rosto diferente do outro, do outro, do outro.

Nunca vou conseguir entender o fenômeno de existir tantos outros pelo mundo e eu não ter a capacidade de formar o rosto de um que seja, que eu nunca tenha visto, com minha própria criatividade, sem tomar como referência outros outros. E olha que criatividade é coisa que não me falta. Me assusto mais ainda quando ando na rua e vejo milhares deles que eu poderia ter projetado e não consegui. Aí como desafio eu tento novamente, tomando como base a inspiração de ter visto tantos outros diferentes, em vão.

Pra mim, isso é muito mais maluco que os corpos serem feitos de espaços vazios!

terça-feira, outubro 23, 2012

Da minha terra

Saudade é chorar no molhado, pra ninguém notar
No banho, no mar, na chuva
Aquela saudade só sua
Saudade, sabe?
Uma saudade bem nua

http://vimeo.com/51791775

quinta-feira, outubro 18, 2012

Gari



Ando com mania de dismistificar sentires, impressões e versos. Alguns são demais difícies. Tento porque tento decifrar o sorriso dos moços que trabalham pendurados no caminhão do lixo, em vão. Não consigo entender essa coisa da natureza. Queria saber de onde vem a fórmula do sorriso que é mais largo que a caçamba do caminhão, recheado de azedices humanas.

quarta-feira, outubro 17, 2012

Orgulho às avessas

Não gosto mais de dar a última palavra
Os vazios de depois são por demais enormes

terça-feira, outubro 16, 2012

Fragmento de um todo

Ela morava sozinha em um casarão que ficava em um bairro distante da cidade. Eram necessários 3 ônibus pra chegar alí. A casa, de grande porte, era cercada por árvores, barulho de bichos e solidão. Sempre a perguntavam se não morria de medo de ser assaltada, estuprada ou de ver almas. Sempre se surpreendiam quando ela dizia que esse - o momento de chegar em casa - era o mais tranquilo do dia. Isso foi na época em que ela foi apresentada ao silêncio, as cores da noite e aos sentires mais íntimos. Era bonito. Uma beleza triste. Ou uma tristeza bonita, se tristeza chegasse a ser.

Ela sentia tudo, menos medo.

Medo ela deixava pra sentir nos instantes em que precediam sua chegada ao Km 12 da Estrada de Aldeia.

Era esse o caminho de quase 1 quilômetro que ela fazia, a pé, sozinha, por volta de meia noite, por vezes com uma ou outra moto passando rente aos seus longos cabelos, sempre bem presos pra tentar se passar por homem, e seu canivete - espero que afiado. Todos os dias:



E aí fica explicado o motivo pelo qual aprendi a não temer por coisa pouca.





segunda-feira, outubro 15, 2012

Sobre a morte

a Ferreira Gullar





Hoje sou carne, osso, vento fresco e um monte coração.
Mas um dia, eu bem sei: ainda volto a ser palavra.

Estatística


Eu, Recife e Uísque.

Recife é a cidade que mais se consome uísque importado no mundo...

... E a que menos importa.

quinta-feira, outubro 11, 2012

Ofício


Imagem: Bansky


Quando a poesia ou mais te faltar:
Embrulhe tudo em um papel com amor
e arremesse aos braços do trovador

quarta-feira, outubro 10, 2012

Concreto



Quem tem os olhos acimentados, não possui nada além do concreto.

terça-feira, outubro 09, 2012

A palavra que já existia antes de seu nome


Arrependimento de coisa boa é, depois de tudo, cuspir num delicioso prato de filé mignon: o maior cinismo humano.

Arrependimento de coisa ruim é, antes de tudo, não ter ouvido o que disseram seus amigos: a maior ironia humana.

segunda-feira, outubro 08, 2012

Hiato semanal


Segunda tem cheiro de café quente, mesmo para os que não bebem. E jeito de silêncio. Não importa o quão bom foi o fim de semana, o humor duvidoso invade os entreolhares e a preguiça de falar se torna máxima. É dia de aceitar sua existência dessa maneira tão quase que sem graça. Dia de respeito com a condição própria e alheia. Uma manhã que nunca acaba mesmo sendo quase terça-feira. Dia de aceitar o marasmo, como um fiel aliado, que tira a voz do corpo inteiro.

sexta-feira, outubro 05, 2012

Sexta



Quem nunca passou uma noitada dormindo em duas cadeirinhas de boteco carinhosamente coladas, não teve infância.

Aos meus pais.

quinta-feira, outubro 04, 2012

Friday feelings


Copacabana daqueeeele jeito

Hoje é muito sexta-feira, pena que não é!

quarta-feira, outubro 03, 2012

Vô Alcides e suas 82 primaveras


'Não sei se devo comemorar por mais um ano de vida ou se devo lamentar por um a menos', ele me disse.

E então entendi que os vários dilemas da vida seguem por todo o seu percurso, amém!



Foto de 2008 e ele com o mesmo rostinho!

terça-feira, outubro 02, 2012

Rede social

Eram tão amigos que sabiam tudo, tudo, tudinho do outro. Através das fotos, eventos, músicas e das frases de efeito. Notícias diárias, a melhor refeição do dia, emprego e até onde esteve, com quem esteve, a hora e quiçá a razão. A questão é que sabiam tanto, mas tanto do quanto que tinha pra se saber - tanto quanto eu que nem os conheço - que não sentiam mais a necessidade de perguntar.

E foi assim que acabaram sabendo de tudo sobre a vida do outro, menos o essencial.


Essa tal de rede 'social'.

segunda-feira, outubro 01, 2012

Calçada

As ruas
Esquinas
Dobras
da solidão

Às suas
Nossas
Vadiezas
do coração

direito de uso da imagem é exclusivo.

sexta-feira, setembro 28, 2012

Sobre sentimentos vastos

A pirâmide que é ser e estar exposto às moléculas do mundo, de dentro e de fora.

Arpex

quinta-feira, setembro 27, 2012

Você

O nó que é procurar, já sabendo que não tá!

quarta-feira, setembro 26, 2012

'Meu peito é de sal de fruta'

É que eu tenho um coração muito vasto, muito farto, muito fundo: é cadeia alimentar.

E uma alma toda rendada, vento fresco, calor de domingo, sedenta de mundo!

segunda-feira, setembro 24, 2012

O sentido da palavra brodagem

Conversar com meu irmão é sempre uma maneira de percorrer caminhos proibidos, assuntos silenciosos, é querer buscar dentro de minhas falhas algum bom motivo pra caminhar para o melhor, sempre. É começar uma conversa franca, pairar pela tensão de assuntos delicados, saber ouvir opiniões na lata e terminar sempre com uma conclusão, por mais impossível que pareça. É ser eu, eu mesma e todas as que me pertence. É ir embora com sensação de que já houve um acerto, ainda que mentalmente. É querer chorar na frente do computador, é querer dominar o mundo, nem que seja o do meu umbigo e é, mais que tudo, agradecer fortemente por ter o melhor irmão do mundo!

domingo, setembro 23, 2012

Até o fim



À minha volta é tudo beira, abismo, desertos e espaços: vazios. As bordas e eu se misturam, não sei onde uma termina para que a outra comece. Sei menos ainda se há neste cordão uma linha cronológica. Eu sei que tem sim, em mim, uma vontade bandida de ir até o fim.

segunda-feira, setembro 17, 2012

Recomeço


Quando o depois
Mais que possível *
Pode ser melhor
Que o princípio



Treinando...

* Asterísco mais feliz que o próprio salto.

Fotos por Igor Souza: https://plus.google.com/photos/103357693663776098160/albums/5789019567893548241

quarta-feira, setembro 12, 2012

Amores serão sempre amáveis

Hoje eu acordei com sentimento de sundown e todas as pessoas que passam por mim estão de sungas, biquinis, maiôs e havaianas, ainda que se vistam com camisa de botão e sapato lustrado.

A áurea é de pele queimada, sol fresco e cabelo solto. Escuto as conversinhas de beira de mar, enquanto embarco no entre-sonho em minha canga colorida que só faz acalantar uma boa soneca de praia. E logo alí, o mar me espera, os Dois Irmãos me namoram e o dia é todo beleza. 

Minha barriga mais parece apaixonada de tantas ondas que me envolvem, que dissolvem as coisas que vejo passar pela janela. E nem parece que estou a caminho de tantas horas de serviço no escritório, ar-condicionado e computador.

Já não importa, pouca coisa importa. As pessoas me olham enquanto passam e eu as olho também, sinto no traquejo do caminhar que temos mais em comum do que as horas destinadas a passar. Não sei, só sei que hoje, logo cedo, amanheci Primavera Carioca.

E que esse sentimento dure, ao menos, por toda a estação.

Que show lindo da peste!!! Salve, salve!


Ontem, depois de 20 anos sem subirem juntos em um palco


terça-feira, setembro 04, 2012

Vida longa ao acordo

Já torrei toda a minha intolerância e é por isso que ando regando, faz uns bons meses, minha paciência. E mesmo que minha essência seja de eternos sete meses, tudo é pra ontem e ao mesmo tempo, parei de depositar a responsabilidade no meu signo ou na genética. É possível respirar e criar táticas pra contornar aquilo que sempre pareceu irremediável, sem precisar ser lerda ou besta. O melhor é poder ver o quanto isso traz um resultado brilhante e real, sem ser magia. É puro tato, dia-a-dia.

E vem dando muito certo...


Vida longa ao meu acordo com a tolerância!

sexta-feira, agosto 31, 2012

O dia em que o palco foi outro

- Você sempre fez isso pra conseguir parar os ônibus?

Perguntou o motorista quase morrendo de tanto rir.

Um movimento positivo de cabeça combinado de um sorriso silencioso e quase tímido respondeu que sim. (ainda que a resposta verdadeira fosse "claro que não"). Nem parecia aquela menina que acabara de sair de uma pirueta de ballet, em frente a parada de ônibus, afim de chamar a atenção daquele bendito e único meio de locomoção que sempre passa batido.

Depois desse dia, o 354 nunca mais passou direto da minha parada!

quarta-feira, agosto 29, 2012

Se sempre fosse outra palavra...




... Sempre seria maresia

Atemporal
Devastadora
Infinita

Maresia


Corrói
em devaneios
sobre um mundo
paralelo
chamado
Cheiro

E o sempre também

segunda-feira, agosto 27, 2012

Cigarra

Das minhas memórias afetivas, parte V

Minha Aldeia, meu refúgio particular

Zumbido
Solidão
Coração em verso
Broche seco

Cinco horas
Tarde inteira
Cor de sombra

Úmido, gramas, palmeiras

Quase dia
Quase noite
Quase hora de voltar...
... Mesmo já estando em casa

sexta-feira, agosto 24, 2012

Pé de acerola

Das minhas memórias afetivas, parte IV




Trepada no pé de fruta
Bracinhos esticados
Galhos crespos
Arranhões
Mãozinha cheia
Arremessos
Salto e espinho no pé

Balde cheio

Chã da Peroba

Das minhas memórias afetivas, parte III

 


Carambola verde
Estrelinhas e sal
Sombra
Bunda suja
Terra fresca

Roupas secando no varal