sexta-feira, outubro 26, 2012
O outro
Radioatividade, eletromagnetismo, buraco negro, o infinito azul e marrom, as formas, profundezas, o quente e o congelante, as vidas, o oxigênio, um pedaço dividido, e novamente e novamente e... Até alcançar um pedacinho que não se divide: a molécula da água, H2O, as lavas, os dinossauros.
São tantas questões complexas e, ainda hoje, a que mais me impressiona é do tamanho de um fiapo e que passa tantas vezes transparente pelos nossos olhos: a existência do outro. Ainda hoje acho um absurdo de improvável o fato de existir o outro. Do outro lado da rua, parado no sinal do trânsito, na mesa ao lado, na fila do banco, nas calçadas, o outro que cruza comigo na escada, com gostos semelhantes e outros psicopatas. O outro por todos os lados. O outro que a gente não conhece e nem nunca vai conhecer. O outro que tem um rosto diferente do outro, do outro, do outro.
Nunca vou conseguir entender o fenômeno de existir tantos outros pelo mundo e eu não ter a capacidade de formar o rosto de um que seja, que eu nunca tenha visto, com minha própria criatividade, sem tomar como referência outros outros. E olha que criatividade é coisa que não me falta. Me assusto mais ainda quando ando na rua e vejo milhares deles que eu poderia ter projetado e não consegui. Aí como desafio eu tento novamente, tomando como base a inspiração de ter visto tantos outros diferentes, em vão.
Pra mim, isso é muito mais maluco que os corpos serem feitos de espaços vazios!
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