Eu já tive crença nisso e confesso que sempre tive empatia pela palavra. Mas fui observando a vida e em contrapartida ela foi me mostrando umas coisas que hoje acredito ou acho que acredito: Afeto é o antes, o cerne, o fio condutor de uma história. Antes de ter sido amor, ciúme, raiva, confusão, passeou pelo afeto e suas cores, leves.
Seus cafés, seus cafunés, suas músicas quase sempre tranquilas. E da tranquilidade, das cores e da leveza, em algum instante, se esperou um isso que não veio. Mas como? Se o afeto não carece de cobranças ou de qualquer palavra que lembre esse ato? Afeto é puro e simplesmente a necessidade de coisificar algo que tá alí e que se não tivesse nome continuaria a existir normalmente, talvez melhor e da maneira com que queríamos e acreditávamos que fosse: puro e sem ranços.
Mas não, a palavra é bonita, foi criada depois de já ser naturalmente usada e depois passou a ser manifestada como palavra mesmo: escrita e até falada, causando a sensação mística de estar na melhor das situações e dos sentimentos, até que se caia em uma arapuca silenciosa, e quando vemos, o afeto perdeu o sentido ou ao menos o sentido original de cheiro verde e jasmim.
Sou adepta do afeto, de compartilhar desse bem e continuo gostando da palavra, acho até que ainda mais. Só não me falha na memória ser um sentimento como qualquer outro e que pode ser traiçoeiro se usado desregradamente: pode sufocar mais que amor, ternura ou ciúme.
Meu texto todo podia se resumir a essa foto! Minha Sofia e sua galinha pintadinha. |
2 comentários:
Sabe quando a gente é criança e veste as roupas dos pais pra se sentir adulto? Pronto. Acho que exemplifica bem o afeto querendo "amadurecer" pra "sentimento grande" como se ele sendo o que é já não bastasse. A criança não sabe que nada é tão maduro e sincero quanto o sorriso dela. O afeto não sabe que a semente é que dá origem à planta.
Preciso nem dizer que é lindo o texto, a reflexão e que eu tenho um afeto grande por vc, né? Espero que, crescendo, se torne amor, já que só assim vale a pena maturar! ;*
teu exemplo disse tudo! E como criança nem sabe que existe a palavra afeto, ela simplesmente vive. E se tiver que transmutar de afeto pra algo maior, naturalmente ela segue. Ao passo que ela também pode continua sentindo afeto por algumas coisas e pessoas sem evoluir e sem nem saber que nome se dá. É que quando a gente aprende os nomes e aprende que cada coisa, cada sentir tem um nome diferente, a gente mesmo se confunde e o medo de errar faz usar de palavras amenas e tranquilas em alguns casos. Acho justo! =)
E viva o afeto e seus bens.
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