O medo de azedar um doce que ficou gostoso faz com que muita gente não mexa mais nele. Medo que comer mais perca o encanto, permita descobrir pequenas falhas na receita, uma borda um pouco mais queimada, um recheio que ficou cru.
Tem gente que não liga pra isso e mexe mesmo assim, prefere se lambuzar com o doce e correr o risco do azedo do que permanecer no quase intacto, bonito e superficial. Do que morar na lembrança do gosto que foi bom, até que ele se dissolva em outros gostos.
Eu me encaixo nessa segunda estrofe. Vou sem saber como é a volta, sem me preocupar com esse caminho tantas vezes doloroso ou frustrante. Prefiro a dor do que o vazio, "e se" é câncer pra mim. De suposições me bastam as irremediáveis.
Mas aprendi uma coisa cheia de importancia e que serve de lição pra tantas outras na vida. Existem pessoas, situações, coisas ou gostos que nasceram pra serem vividos apenas uma vez. Uma coisa estupenda e de uma vez só, feito fósforo quando riscado.
O aprendizado é entender que esse "apenas" nunca vai ser uma palavra menor.
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