Cruzei o Nordeste do Brasil de trem. Apesar de ter levado alguns dias
pra atravessá-lo, a viagem me pareceu bem rápida. Era como se em
minutos eu me deslocasse de um estado para o outro. Comecei no Maranhão, desci
para o Piauí e quando cheguei na Bahia tomei um banho morno de mar, comi
umas coisas gostosas e não me saía do pensamento "que viagem do caralho, que viagem do caralho!!!" Eu queria muito que meus amigos tivessem junto, mas viajei sozinha. Depois da Bahia, segui subindo por Sergipe, Alagoas, Pernambuco, Paraiba, Rio Grande do Norte e finalizei no Ceará, com um caranguejo bem
graúdo na Praia do Futuro e uma cervejinha gelada sendo acompanhados
por um repente muito louco daqueles moços que sempre ficam por alí tocando para os turistas.
O dilema era saber pra onde eu iria depois dalí. Pernambuco já havia passado fazia era tempo e eu só o ví pela
janela, cheinha de saudade. Não teve parada pra uma tapioca na Sé e um
reencontro com os amigos do peito. E o Rio de Janeiro? Me fiz de burra e
disse ao motorista que a gente tinha que passar por lá, pra eu chegar
em casa. Ele disse que Rio de Janeiro era em outro pacote, que eu tinha
que fazer baldeação (odeio essa palavra) não sei onde e lá adquirir os tickets pra cruzar o Sul e Sudeste. Mas o ticket custava três vezes mais. Fiquei por alí, sem
pressa pra chegar na patola, na esperança que alguém decidisse por mim.
Uma voz em outra língua que não nordestina sopra em meu ouvido e um
catucão discreto me acorda "endireita a poltrona e coloca o cinto que
a aeronave já vai pousar."
Olho pela janelinha e vejo o meu Rio de
Janeiro todo iluminado. Fim do dilema.
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