sábado, maio 11, 2013

Risoflora




Uma vez que se escolhe como estilo de vida sair de sí pra ir aos outros - pisos, pessoas, gostos, sensações -  despedidas passam a ser companheiras de trajetória, caminham juntas à essa decisão. Conhecer o outro, o novo, é sempre gratificante, eleva a alma, colore o peito, dá sentido a isso que a gente chama de vida e que é tão mais grandiosa do que quatro letras de um alfabeto de 26. 

Na teoria é bem simples, pensamento fechado, mas apesar de ter escolhido ser assim desde o instante em que saí de minha terra natal, as despedidas foram constantes e a elas eu não consigo me acostumar, não tem jeito. Não consigo contar quantas vezes já me despedi da minha mãe, do meu pai, dos meus irmãos e amigos, e aquela dorzinha no peito, invariavelmente, sempre chega. 

É tão difícil só dizer byebye, see you, sorrisos e mão em movimento rápido da esquerda para a direita querendo mostrar que jájá a gente se encontra novamente. E, mesmo que esse até logo tenha um costume medonho de demorar tanto, sempre acaba passando rápido, pois quando se tem certeza "de", o quanto não importa. Tempo não importa. quilômetros não contam. Coração não tem a mínima ideia quanto a existência de números cardinais e ordinais, ele palpita de acordo com os estímulos que recebe e, em se tratando de amor, ele vai bem demais.

Minha irmã, minha galega, meu amor, se pra cada vez que eu te encontrar eu tiver que passar pela dorzinha do tchau, eu o faço trezentos e oitenta  vezes. E a essa dorzinha -  característica de quem se joga e não teme o balançado da vida - eu não quero me acostumar é nunca.

Te amo. Desde o dia, 9 anos atrás, em que estávamos sentadas no chão, uma de frente pra outra, conversando apenas com a linguagem do olhar e do tato, como duas crianças descobrindo a existência do outro, do novo.


Londres, maio de 2013




Rio de Janeiro, maio de 2011




Vancouver, julho de 2006



Recife, 2004


3 comentários:

ana lindes disse...

Agora me dei conta... 9 anos se passaram quando aceitei ser "mãe" de uma "filha". Nunca pensei que poderia ter "parido" uma irmã pra minha filha, sem ao menos ter engravidado por 9 meses.
Amo vocês!!!! e quem mais vier... Segundo Carlinha, "meu coração é maior quer barriga de mulher grávida".

carlinha disse...

mama, tu me pariu sem ter engravidado por 9 meses, então tudo é possível nessa vida =)

Anônimo disse...

Minha mae e minha irma...amo muito voces.