Faltando poucos dias para o casamento no civil:
Ele - Amor, tive uma ideia!! Vamos nos casar vestidos com a mesma roupa que estávamos no dia em que nos conhecemos?
Ela -Errr... Então tá bom...
Detalhe: Se conheceram em uma festa junina.
segunda-feira, julho 30, 2012
sexta-feira, julho 27, 2012
Todo mundo corre o risco de ser apenas de carne e osso
Hoje eu conheci de Oi uma senhora que me fez atentar para o fato de que existem pessoas que estão na Terra apenas pra sofrer. Que entra verão, sai verão e elas não foram refrescar os pés nas águas da Guanabara. E não foram por falta de vontade ou por ocupação demais com coisas da vida, com doenças, com contas e com amarguras que não abandonam o coração. Com um simples olhar e meio dedo de prosa sobre sua história, é possível saber que as noites passam sem estrelas, que as lágrimas são cotidianas e acompanham os movimentos dos passos, dos pés, das mãos e dos lábios que pouco falam, que murmuram por dentro o verão que passou e o o novo dia que chega, que sempre chega com o ranço do fardo rotineiro, o fardo que é viver.
É possível perceber também que muitas delas nem percebem, nem denominam como fardo, apenas aceitam a condição de que a vida é feita apenas para esperar passar, para o instante em que tudo isso termina e o resquício de ar e de tristeza se esvazie pelo tempo e espaço.
Pessoas são feitas de espaços e algumas delas optam pelo espaço de tempo indeterminado. A vida em um espaço só, só de único e de solidão. Aconteceu, tá acontecido, sem chances de retorno. Às vezes por uma perda, por um abuso ou por conta de um amor mal curado tudo vira espaço, indubitavelmente só.
E tendo essa consciência de maneira mais ampla, penso em duas coisas: primeiro fico ainda mais injuriada com pessoas que não têm problemas sérios e agem como se o mundo tivesse se juntado com os sentimentos ficando contra ela e todos os seus passos. E o mundo vira um mau humor que impera junto com o despertador, o dia de chuva e todas as coisas normais da vida: trabalho, estudo, relacionamentos, família.
A segunda coisa que penso é que é preciso agradecer, agradecer sempre pelo alívio que me deram de só colocarem nas minhas costas coisas que posso suportar. Às vezes aparecem uns testes cruéis de sobrevivência, dores aparentemente incuráveis, traumas cheios de band aids. E agradeço mais ainda por passar por todas elas em vários espaços de tempo. Agradeço por me permitir errar em situações diferentes, com vários gostos e então aprender e seguir adiante. Seguir adiante, agradeço por essa possibilidade tão bem usada por mim ao longo dos anos e dos tombos.
Me alegra ser humano de sol, de luz e de otimismo. Me alegra , dentro de todo o meu egoísmo, saber que não sou mais uma Maria de luto pra chorar a morte de seu filho, tantas vezes de um filho que sequer morreu. Me deprimem àqueles que enxergam a chuva apenas como o fim de um passeio pré-programado, que não aceitam erros, que deu tudo errado, um cálculo furado e que dentro de seu próprio cerne, aproveita pra fazer conflito com o que não foi e o que não será, nunca.
Me deprimem aqueles que nunca serão: humanos.
É possível perceber também que muitas delas nem percebem, nem denominam como fardo, apenas aceitam a condição de que a vida é feita apenas para esperar passar, para o instante em que tudo isso termina e o resquício de ar e de tristeza se esvazie pelo tempo e espaço.
Pessoas são feitas de espaços e algumas delas optam pelo espaço de tempo indeterminado. A vida em um espaço só, só de único e de solidão. Aconteceu, tá acontecido, sem chances de retorno. Às vezes por uma perda, por um abuso ou por conta de um amor mal curado tudo vira espaço, indubitavelmente só.
E tendo essa consciência de maneira mais ampla, penso em duas coisas: primeiro fico ainda mais injuriada com pessoas que não têm problemas sérios e agem como se o mundo tivesse se juntado com os sentimentos ficando contra ela e todos os seus passos. E o mundo vira um mau humor que impera junto com o despertador, o dia de chuva e todas as coisas normais da vida: trabalho, estudo, relacionamentos, família.
A segunda coisa que penso é que é preciso agradecer, agradecer sempre pelo alívio que me deram de só colocarem nas minhas costas coisas que posso suportar. Às vezes aparecem uns testes cruéis de sobrevivência, dores aparentemente incuráveis, traumas cheios de band aids. E agradeço mais ainda por passar por todas elas em vários espaços de tempo. Agradeço por me permitir errar em situações diferentes, com vários gostos e então aprender e seguir adiante. Seguir adiante, agradeço por essa possibilidade tão bem usada por mim ao longo dos anos e dos tombos.
Me alegra ser humano de sol, de luz e de otimismo. Me alegra , dentro de todo o meu egoísmo, saber que não sou mais uma Maria de luto pra chorar a morte de seu filho, tantas vezes de um filho que sequer morreu. Me deprimem àqueles que enxergam a chuva apenas como o fim de um passeio pré-programado, que não aceitam erros, que deu tudo errado, um cálculo furado e que dentro de seu próprio cerne, aproveita pra fazer conflito com o que não foi e o que não será, nunca.
Me deprimem aqueles que nunca serão: humanos.
quarta-feira, julho 25, 2012
Nua
Pelo tato sigo e sinto todas as texturas.
Ora verão, ora agruras.
Eu vivo, irremediavelmente vivo: nua.
sexta-feira, julho 20, 2012
Sexta-feira
Não importa saber
Se faz chuva ou lua cheia
Vou pegar na tua mão
E passear a noite inteira
Não quero nem ver
Se é com vinho ou com certeza
Hoje vou ver o meu amor
E vou brindar a sexta-feira
Das minhas preferidas para a alegria!
terça-feira, julho 17, 2012
O querer que não é seu
Inveja é uma palavra que ao meu ver deveria ser rabiscada do dicionário. Seria menos desastroso se o sentimento existisse sem que a gente soubesse seu nome. Porque haveria junto dele, do sentimento, um outro: sentimento de pudor pra usar esse sentimento escondido. E com pudor, usaríamos com mais cuidado a inveja. Com menos danos, como fazemos com os demais sentimentos que ainda não possuem nome. E então seria um sentimento vivido apenas por um. Cada um com o seu, sem precisar trocar. Inveja não é sentimento feito pra ser trocado, como raiva, ciúme ou paixão. Inveja é como a compaixão, serve apenas para sentir e depois sentir vergonha, palavra esta altamente compartilhável, tanto que criaram a vergolha alheia.
Quem inventou as palavras deveria ter tido mais cuidado ao colocá-las em uso, não sabia os danos que poderiam causar na sociedade atrasada em que vivemos. E que viveremos sempre.
Será sempre atrasada enquanto palavras como a inveja for pronunciada.
Quem inventou as palavras deveria ter tido mais cuidado ao colocá-las em uso, não sabia os danos que poderiam causar na sociedade atrasada em que vivemos. E que viveremos sempre.
Será sempre atrasada enquanto palavras como a inveja for pronunciada.
sexta-feira, julho 13, 2012
O amor e suas loucuras
Ontem, já tarde da noite, estávamos eu e mamãe na cozinha (lugar preferido dela para papos sérios ou bobos), e entre um gole e outra (dela), um cigarro e outro, também dela, e um olhar de admiração e saudade meu, falávamos com certa nostalgia da época em que tinha mãe, pai e filhos, todos juntos... Ou ao menos na mesma casa. E então surgiu o inevitável e preferido assunto: os bons momentos. Sintonia, magia, músicas. Histórias loucas, paixão, "coincidências". 'Por tudo o que for' na voz de Lobão, pra relembrar. E enquanto falava, seus olhos se direcionavam para cima, lateral esquerda, de quem lembra com amor e brilho. E então voltava seu olhar pra mim, cantando juntas alguns trechos.
E então entramos no assunto separação. No curriculo de meus pais constam duas separações oficiais, uma quase e várias putarias. E foi quando o assunto nostálgico passou do feliz pro de coração batendo em quase desespero com a lembrança de uma cena que, dentre meu acervo de lembranças, esse ficou pra trás, nos meus nove anos. Voltar ao passado é delicioso, mas tem lá seus perigos. É voltar nas fraquezas e passear pela falha própria e dos outros. Nesse caso, acabei rondando o passado do meu pai, que me machucou durante muitos anos pelo não cuidado e militarismo exagerado. Voltar nesses dias, nesses anos tão longos, ao passo que há um incômodo em ver que apesar de ter mudado, aquele era ele, me traz uma satisfação imensa de ver que foi justamente esse jeito difícil e uma criação a ferro e fogo que me fez, certo dia, mandar tudo pra puta que pariu, gritar, me revoltar, arrumar um empreguinho de merda qualquer que me fizesse sair dalí, daquilo tudo.
E foi só por isso que nos tornamos o que hoje somos: cumplices. Após uma conversa sentados no chão, com muitos soluços e revelações. O tal do zero a zero. E foi nesse dia que tirei muitos quilos das minhas costas e também da dele. O que somos hoje é completamente diferente do que éramos, ou, no caso, que não éramos. Quando me perguntavam se eu preferia meu pai ou a minha mãe, naquela pergunta babaca que criança adora fazer, eu respondia que amava os dois por igual, mas era mentira. Fazia parte do programa de perguntas e respostas babacas que éramos acostumados a fazer e a dar. Por mamãe eu tinha amor imenso e gratidão, por ele eu tinha um misto de amor e medo, logo, ela ganhava fácil. E foi justamente nesse cenário que eles decidiram se separar pela primeira vez, eu com nove e meu irmão com 13, e meu pai, como sempre, se impôs de uma maneira calculada pra magoar: "Eles ficam comigo e você não pode fazer nada pois eles são apenas meus filhos." Aquela frase que serve pra magoar todo mundo ao mesmo tempo e que deixa a consideração morrer a cada fonema. E assim foi feito, a mando do comandante mor.
Ficamos eu e meu irmão com ele e mamãe foi morar em uma casinha linda com seu filho, meu outro irmão Daniel, de coração. Pra piorar ainda mais a situação, as visitas eram reguladas e a maioria eram feitas às escondidas depois do colégio, enquanto papai trabalhava. Até que em um dia, um domingão de sol, eu ouvi um boato (é, cidade pequena tem dessas coisas), de que minha mãe ia se mudar pra longe e eu não ia mais vê-la. E foi quando eu pedi pra passar o dia na casa de uma amiga que morava em cima do bar da família dela. Cheguei lá e então rodei o bar inteiro fazendo campanha com os rostos conhecidos que tomavam uma cerveja despropositada: "Eu preciso que alguém me leve até a casa de minha mãe".
Oi? Como assim? E após um discurso feito de mesa em mesa, pra quem conhecia e para quem estava acabando de me conhecer, pela situação, eis que um ser se dispõe a deixar a cervejinha de lado e fazer a boa ação. Eu, minha amiga Dayana, ele e o seu caminhão! Sim, eu fiz Seu Ramos tirar o caminhão enorme que ele usava pra trabalho, único veículo que possuia, pra me levar até minha mãe. E então cheguei lá, sem aviso, bilhete ou celular - que não existia na época- radiante, portões sempre abertos e minha mãe de short de cotton, blusa de algodão, cabelos esvoaçantes indo ao encontro de minhas lágrimas e meus bracinhos magrinhos, trêmulos e desesperados.
Foi nesse dia que descobri que ela estava alí e que nunca, nunca iria me deixar, como falaram. Nem nos meus nove anos e nem nunca mais.
E então entramos no assunto separação. No curriculo de meus pais constam duas separações oficiais, uma quase e várias putarias. E foi quando o assunto nostálgico passou do feliz pro de coração batendo em quase desespero com a lembrança de uma cena que, dentre meu acervo de lembranças, esse ficou pra trás, nos meus nove anos. Voltar ao passado é delicioso, mas tem lá seus perigos. É voltar nas fraquezas e passear pela falha própria e dos outros. Nesse caso, acabei rondando o passado do meu pai, que me machucou durante muitos anos pelo não cuidado e militarismo exagerado. Voltar nesses dias, nesses anos tão longos, ao passo que há um incômodo em ver que apesar de ter mudado, aquele era ele, me traz uma satisfação imensa de ver que foi justamente esse jeito difícil e uma criação a ferro e fogo que me fez, certo dia, mandar tudo pra puta que pariu, gritar, me revoltar, arrumar um empreguinho de merda qualquer que me fizesse sair dalí, daquilo tudo.
E foi só por isso que nos tornamos o que hoje somos: cumplices. Após uma conversa sentados no chão, com muitos soluços e revelações. O tal do zero a zero. E foi nesse dia que tirei muitos quilos das minhas costas e também da dele. O que somos hoje é completamente diferente do que éramos, ou, no caso, que não éramos. Quando me perguntavam se eu preferia meu pai ou a minha mãe, naquela pergunta babaca que criança adora fazer, eu respondia que amava os dois por igual, mas era mentira. Fazia parte do programa de perguntas e respostas babacas que éramos acostumados a fazer e a dar. Por mamãe eu tinha amor imenso e gratidão, por ele eu tinha um misto de amor e medo, logo, ela ganhava fácil. E foi justamente nesse cenário que eles decidiram se separar pela primeira vez, eu com nove e meu irmão com 13, e meu pai, como sempre, se impôs de uma maneira calculada pra magoar: "Eles ficam comigo e você não pode fazer nada pois eles são apenas meus filhos." Aquela frase que serve pra magoar todo mundo ao mesmo tempo e que deixa a consideração morrer a cada fonema. E assim foi feito, a mando do comandante mor.
Ficamos eu e meu irmão com ele e mamãe foi morar em uma casinha linda com seu filho, meu outro irmão Daniel, de coração. Pra piorar ainda mais a situação, as visitas eram reguladas e a maioria eram feitas às escondidas depois do colégio, enquanto papai trabalhava. Até que em um dia, um domingão de sol, eu ouvi um boato (é, cidade pequena tem dessas coisas), de que minha mãe ia se mudar pra longe e eu não ia mais vê-la. E foi quando eu pedi pra passar o dia na casa de uma amiga que morava em cima do bar da família dela. Cheguei lá e então rodei o bar inteiro fazendo campanha com os rostos conhecidos que tomavam uma cerveja despropositada: "Eu preciso que alguém me leve até a casa de minha mãe".
Oi? Como assim? E após um discurso feito de mesa em mesa, pra quem conhecia e para quem estava acabando de me conhecer, pela situação, eis que um ser se dispõe a deixar a cervejinha de lado e fazer a boa ação. Eu, minha amiga Dayana, ele e o seu caminhão! Sim, eu fiz Seu Ramos tirar o caminhão enorme que ele usava pra trabalho, único veículo que possuia, pra me levar até minha mãe. E então cheguei lá, sem aviso, bilhete ou celular - que não existia na época- radiante, portões sempre abertos e minha mãe de short de cotton, blusa de algodão, cabelos esvoaçantes indo ao encontro de minhas lágrimas e meus bracinhos magrinhos, trêmulos e desesperados.
Foi nesse dia que descobri que ela estava alí e que nunca, nunca iria me deixar, como falaram. Nem nos meus nove anos e nem nunca mais.
quinta-feira, julho 12, 2012
Uma carta Clara. Uma carta. Uma clara carta para.
"O meu mundo não é como o dos outros
Quero demais, exijo demais
Há em mim uma sede de infinito
Uma angústia constante que nem eu mesma compreendo
Pois estou longe de ser uma pessimista
Sou antes uma exaltada
Com uma alma intensa, violenta, atormentada.
Uma alma que não se sente bem onde está, que tem saudade...
Sei lá de quê!" (Florbela Espanca)
Neste instante, por mais maluco e desconexo que possa parecer, gostaria de coração (e quando digo coração, é de verdade), que eu fosse sua amiga, apenas para te falar algumas palavras que te deem ainda mais força e impulsionem o ir além, como queres e já estás fazendo. Mais maluco ainda é me sentir pisando em ovos e falando baixinho, pensando baixinho-pianinho, mesmo escrevendo no meu canto, na minha página, com minhas palavras, sem precisar de permissões. É que é delicada a situação, essa que vos escrevo e a que vives. Fosse você alguém do meu alcance e livre acesso, te daria um abraço apertado e falaria: É isso aí! Essa é a hora. Se decidiu, faça valer.
Ou ainda concordaria que esse mundo às vezes é muito cão mesmo, mas que nos é presenteado com uma série de coisas que fazem valer a pena estar aqui, como o amor. Um amor de bem e verdadeiro. O nosso amor. Cada uma com o seu (claro!). Por mais irônico que essa frase possa parecer.
Engraçado mesmo é que apesar de saber de tantos gostos e desventuras tua, até mais do que as pessoas que convivo aqui no trabalho, de piada, de tato, olfato e olho no olho, somos apenas grandes estranhas no mundo perverso que nos cruzou, sem o mínimo de necessidade. E é também sem o mínimo de necessidade que nos cruzamos quase que diariamente pelas linhas, às vezes tortas, às vezes sadias da outra.
Como se fosse um segredo íntimo, um legal não permitido, território de perigo ou qualquer coisa explosiva e de cor. Palavras e mais palavras, que tantas vezes foram destinadas a você e de você para mim, mesmo que no íntimo secreto da nossa falta de discrição. Ou apenas de nossa falha humana de querer ser, querer mostrar ou apenas, não-simplesmente, de torcer à distância com uma espécie de apatia ou até mesmo carinho criado ao longo das situações. Um big borther da vida real.
E mesmo as pedras atiradas, os gritos embutidos em uma tela de computador e as insinuações com pouco fundamento, minha e sua, não me fizeram ter raiva no final das contas. É perceber que somos tão humanos que fazemos valer nosso 'direito' de errar, de correr fora da estrada e sair atropelando mesmo sem ver a quem, mesmo sem conhecer a quem. Mesmo que esse 'quem' seja do bem.
Ou simplesmente alguém como nós, na busca eterna por algo que não vem, simplesmente porque não existe: a danada da perfeição.
Quero demais, exijo demais
Há em mim uma sede de infinito
Uma angústia constante que nem eu mesma compreendo
Pois estou longe de ser uma pessimista
Sou antes uma exaltada
Com uma alma intensa, violenta, atormentada.
Uma alma que não se sente bem onde está, que tem saudade...
Sei lá de quê!" (Florbela Espanca)
Neste instante, por mais maluco e desconexo que possa parecer, gostaria de coração (e quando digo coração, é de verdade), que eu fosse sua amiga, apenas para te falar algumas palavras que te deem ainda mais força e impulsionem o ir além, como queres e já estás fazendo. Mais maluco ainda é me sentir pisando em ovos e falando baixinho, pensando baixinho-pianinho, mesmo escrevendo no meu canto, na minha página, com minhas palavras, sem precisar de permissões. É que é delicada a situação, essa que vos escrevo e a que vives. Fosse você alguém do meu alcance e livre acesso, te daria um abraço apertado e falaria: É isso aí! Essa é a hora. Se decidiu, faça valer.
Ou ainda concordaria que esse mundo às vezes é muito cão mesmo, mas que nos é presenteado com uma série de coisas que fazem valer a pena estar aqui, como o amor. Um amor de bem e verdadeiro. O nosso amor. Cada uma com o seu (claro!). Por mais irônico que essa frase possa parecer.
Engraçado mesmo é que apesar de saber de tantos gostos e desventuras tua, até mais do que as pessoas que convivo aqui no trabalho, de piada, de tato, olfato e olho no olho, somos apenas grandes estranhas no mundo perverso que nos cruzou, sem o mínimo de necessidade. E é também sem o mínimo de necessidade que nos cruzamos quase que diariamente pelas linhas, às vezes tortas, às vezes sadias da outra.
Como se fosse um segredo íntimo, um legal não permitido, território de perigo ou qualquer coisa explosiva e de cor. Palavras e mais palavras, que tantas vezes foram destinadas a você e de você para mim, mesmo que no íntimo secreto da nossa falta de discrição. Ou apenas de nossa falha humana de querer ser, querer mostrar ou apenas, não-simplesmente, de torcer à distância com uma espécie de apatia ou até mesmo carinho criado ao longo das situações. Um big borther da vida real.
E mesmo as pedras atiradas, os gritos embutidos em uma tela de computador e as insinuações com pouco fundamento, minha e sua, não me fizeram ter raiva no final das contas. É perceber que somos tão humanos que fazemos valer nosso 'direito' de errar, de correr fora da estrada e sair atropelando mesmo sem ver a quem, mesmo sem conhecer a quem. Mesmo que esse 'quem' seja do bem.
Ou simplesmente alguém como nós, na busca eterna por algo que não vem, simplesmente porque não existe: a danada da perfeição.
terça-feira, julho 10, 2012
Um pedido de desculpas e todo o meu amor
Eu descobri faz mais ou menos uma semana que eu amo Arthur. E descobri isso de maneira tão repentina que chega me assustei. Feito tapa nos ouvidos. Estranho mesmo seria não amá-lo, afinal, é meu irmão. Mas em uma competição desvantajosa com Sofia, ele acabava sempre ficando no escanteio. Depois da palavra escanteio eu poderia completar com uma vírgula e um coitadinho ponto final, mas não carece, pois fora o meu amor ainda novo e em fase de amadurecimento, ele é carregado de afeto, tanto quanto a pequena Sofia. Não me culpo pelo feito 'tardio', o convívio com eles foi tão desproporcional quanto a competição (que nem existe). Sofiazinha tem 3 anos nos quais o primeiro eu acompanhei de perto, diariamente, o segundo eu participei semanalmente e o terceiro, à distância. Essa tal que me mata. Com Arthur não tive a mesma chance.
Quando ele nasceu eu já morava sozinha e confesso que entre usar minha visita com brincadeiras de dois anos e sorrisos para um bebezinho que só ficava no "moisés", eu optei por pulos na piscina, fotografias e palavras novas. Pode ter sido injusto ou egoísta e isso se concretiza quando lembro daquela voz de molequinho no telefone na semana passada: "Oi Cacá!!!" "Oi, Sofia, como você tá?"
E então meu pai e Jó dizem que na verdade era Tutu no telefone. Quase passei mal de tão impressionada com a constatação de que ele já esta falando! E estava falando tudo, inclusive meu nome... E eu nem me dei ao trabalho de ensiná-lo, como fiz com Sofia.
Não foi aí que descobri que o amava, apesar disso ter sido mais um sinal. Foi poucos dias antes, quando acordei com ele na cabeça e com um sorriso tão gostoso que chega me deu vontade de chorar. Na minha imaginação ele tava igualzinho ao meu irmão quando pequeno. E eis que ontem Jó me envia uma foto dos meus dois pixotinhos juntos pra confirmar que estão do jeito que sempre imagino, em meus sonhos e preces: luminosos.
Eu e meus amores. Só tenho a agradecer por mais essa pulsação.
Quando ele nasceu eu já morava sozinha e confesso que entre usar minha visita com brincadeiras de dois anos e sorrisos para um bebezinho que só ficava no "moisés", eu optei por pulos na piscina, fotografias e palavras novas. Pode ter sido injusto ou egoísta e isso se concretiza quando lembro daquela voz de molequinho no telefone na semana passada: "Oi Cacá!!!" "Oi, Sofia, como você tá?"
E então meu pai e Jó dizem que na verdade era Tutu no telefone. Quase passei mal de tão impressionada com a constatação de que ele já esta falando! E estava falando tudo, inclusive meu nome... E eu nem me dei ao trabalho de ensiná-lo, como fiz com Sofia.
| Lindos! |
Não foi aí que descobri que o amava, apesar disso ter sido mais um sinal. Foi poucos dias antes, quando acordei com ele na cabeça e com um sorriso tão gostoso que chega me deu vontade de chorar. Na minha imaginação ele tava igualzinho ao meu irmão quando pequeno. E eis que ontem Jó me envia uma foto dos meus dois pixotinhos juntos pra confirmar que estão do jeito que sempre imagino, em meus sonhos e preces: luminosos.
Eu e meus amores. Só tenho a agradecer por mais essa pulsação.
| Tutu ainda na barriga sendo registrado por mim : ) |
segunda-feira, julho 09, 2012
Merchan : )
quarta-feira, julho 04, 2012
A ilusão de ser Mc vezes mais feliz
Ontem, ao passar em frente a uma Mc Donalds, reparei com uma tentativa de saudade, que ainda não contribui com o enriquecimento da empresa este ano. E, ao mesmo tempo que tentava salivar um gosto de cheddar do número 4, que nem sei se ainda atende por esse número, ou o molho tártaro do Mc fish, únicos sanduiches que como (quando) como lá, constatei que isso era um ótimo sinal: nada estrondoso aconteceu na minha vida durante esse ano, nada que valesse minha ida ao palhacinho da morte.
Eu não sou politicamente correta, eu ainda como muito doce, mastigo bala, bebo menos água do que gostaria, não como geléia real e não lembro a última vez que comi fígado. Não é uma questão de política ou anticapitalismo, é uma questão de gosto. Até meus 10 anos eu curtia o Mc lanche feliz e aqueles brinquedinhos, depois passei a perceber que a vontade maior de comer outra coisa não compensava um brinquedinho menor que minha mão. E então passei a trocá-los pelo bifum e carne acebolada do restaurante chinês, feliz.
Os anos foram passando e minha frequencia pela "mac", como diz meu pai, só fez cair. Por um bom tempo comi a mini salada com molho ceaser de lá. Era um tipo de plástico que muito me agradava. Depois, passei a dar créditos para o mc fish e seu pão, tão fofinho... Até o dia em que não consegui comê-lo todo, enjoada.
Depois desse dia, voltei ao local algumas vezes pra fazer a social com meu pai em dias de cinema da promoção que íamos juntos. Ele sempre atacava nas batatas, eu ficava no sunday ou arriscava um cheddar. Até que, pronto. Fui morar sozinha e as vezes que comi foram em madrugadas famintas, voltas de festas, alcool no sangue, sede de coca cola de máquina, MUITO gelada. Depois passou. Além de caro, não conseguia quase nunca terminar o sanduiche com gosto de mc donalds. E então a subway chegou em Recife pra se fazer um pouco presente nesses instantes em que a gente gasta X reais por um sanduba que faríamos em casa, ainda mais gostoso, por X- 10, ou - R$9,90, que seja.
Não sinto falta, mas sinto falta de sentir falta,sabe? Mas aí eu supro essa falta da falta do instante capitalista que nos ronda, com os sorvetes de lá, apesar de ser quase nunca, pois o da Itália é cem vezes melhor!
Acho que foram até saudáveis essas duas vezes que comi em 2011, uma por tristeza profunda e outra por tristeza alheia. É importante reconhecer quando se está na merda. .
Mc Donalds é lugar de gente em falta, que sofre da ilusão que será Mc vezes mais feliz. Lugar cheio, mesmo com tantas pessoas sofrendo de vazios, logo alí, na esquina.
Abaixo vai um texto bacana que fala um pouco por mim:
http://oglobo.globo.com/pais/noblat/posts/2012/05/14/como-nao-amar-uma-cidade-onde-um-mcdonald-faliu-por-teta-barbosa-444968.asp
Eu não sou politicamente correta, eu ainda como muito doce, mastigo bala, bebo menos água do que gostaria, não como geléia real e não lembro a última vez que comi fígado. Não é uma questão de política ou anticapitalismo, é uma questão de gosto. Até meus 10 anos eu curtia o Mc lanche feliz e aqueles brinquedinhos, depois passei a perceber que a vontade maior de comer outra coisa não compensava um brinquedinho menor que minha mão. E então passei a trocá-los pelo bifum e carne acebolada do restaurante chinês, feliz.
Os anos foram passando e minha frequencia pela "mac", como diz meu pai, só fez cair. Por um bom tempo comi a mini salada com molho ceaser de lá. Era um tipo de plástico que muito me agradava. Depois, passei a dar créditos para o mc fish e seu pão, tão fofinho... Até o dia em que não consegui comê-lo todo, enjoada.
Depois desse dia, voltei ao local algumas vezes pra fazer a social com meu pai em dias de cinema da promoção que íamos juntos. Ele sempre atacava nas batatas, eu ficava no sunday ou arriscava um cheddar. Até que, pronto. Fui morar sozinha e as vezes que comi foram em madrugadas famintas, voltas de festas, alcool no sangue, sede de coca cola de máquina, MUITO gelada. Depois passou. Além de caro, não conseguia quase nunca terminar o sanduiche com gosto de mc donalds. E então a subway chegou em Recife pra se fazer um pouco presente nesses instantes em que a gente gasta X reais por um sanduba que faríamos em casa, ainda mais gostoso, por X- 10, ou - R$9,90, que seja.
Não sinto falta, mas sinto falta de sentir falta,sabe? Mas aí eu supro essa falta da falta do instante capitalista que nos ronda, com os sorvetes de lá, apesar de ser quase nunca, pois o da Itália é cem vezes melhor!
Acho que foram até saudáveis essas duas vezes que comi em 2011, uma por tristeza profunda e outra por tristeza alheia. É importante reconhecer quando se está na merda. .
Mc Donalds é lugar de gente em falta, que sofre da ilusão que será Mc vezes mais feliz. Lugar cheio, mesmo com tantas pessoas sofrendo de vazios, logo alí, na esquina.
Abaixo vai um texto bacana que fala um pouco por mim:
http://oglobo.globo.com/pais/noblat/posts/2012/05/14/como-nao-amar-uma-cidade-onde-um-mcdonald-faliu-por-teta-barbosa-444968.asp
segunda-feira, julho 02, 2012
'O Havaí... seja aqui'
![]() |
| Honolulu, 9 anos atrás. |
Hoje, somos considerados bonitos, adultos, o dólar custa metade do que custava e temos carteira assinada... Mas, e cadê o Havaí??
![]() |
| Detalhe para o colar de orquídea natural. |
sexta-feira, junho 29, 2012
Renúncia
Faz tempo que quero escrever um texto sobre isso, mas sempre deixo pra depois, com medo de doer demais. E nós, seres que somos tão humanos, sempre escolhemos deixar para depois as dores que não são urgentes. Pra mim, dores não urgentes são aquelas que, apesar de se manterem vivas diariamente, vêm com proporções e cargas menores que a metade de nossa capacidade de sentir: dor. Mas é quase metade, só não chega a ser porque nós sustentamos. Ou até é, mas como as surportamos, pelas experiências da vida, pelo amadurecimento e pelo "outro lado" bom disso tudo, acabo pensando que é menos que 50%, dentro de minha humildade e também otimismo.
Se passa disso, dos 50%, vira dor emergente, ao menos no psicológico. Procuro manter minhas questões, as administráveis, dentro do limite, dentro do meu suporte, e, graças a Deus ou o que quer que o valha, vem dando certo, há muitos anos. Quando passa do limite, eu sugiro dentro de mim mesma que fudeu e pronto, é "só" sofrer. E é o que nos resta nessa vida além da felicidade ou ostracismo. E depois, perceber, analisar o sofrimento que tivemos, sem medo, por uma causa maior: a de evitar um próximo problema se for possível ou de reutilizar as armas de força que angariamos no decorrer da situação: de dor.
Mas, como estava falando, esse é um texto não urgente, um texto diário. Como ouvir o despertador pela manhã, pegar o ônibus, dar e receber os bons dias matinais, ainda que o dia nem esteja tão bom assim. Às vezes essa dor se torna tamanha, uma espera maior, um final de semana. Um sono prolongado, um pijama, um bordado. É isso, eu bordo a minha dor conforme o tempo passa, conforme os dias passam dando espaço para outros - sempre tão curtidos.
Como posso eu chamar isso que sinto de dor? Saudade é tão mais poético. Acontece que saudade em excesso, saudade diária, saudade de cheiro e tempero, quando reunidas, se personificam em dor. Nessa dor não urgente que tanto falo.
E é como ouvir o despertador pela manhã, pegar o ônibus, dar e receber os bons dias matinais, ainda que o dia nem esteja tão bom assim: nós, seres humanos que somos, sempre nos acostumamos.
Acostumamos com a saudade e até mesmo com o amor e manifestações de afeto a distância.
Só não me acostumo com os altos preços das passagens.
Se passa disso, dos 50%, vira dor emergente, ao menos no psicológico. Procuro manter minhas questões, as administráveis, dentro do limite, dentro do meu suporte, e, graças a Deus ou o que quer que o valha, vem dando certo, há muitos anos. Quando passa do limite, eu sugiro dentro de mim mesma que fudeu e pronto, é "só" sofrer. E é o que nos resta nessa vida além da felicidade ou ostracismo. E depois, perceber, analisar o sofrimento que tivemos, sem medo, por uma causa maior: a de evitar um próximo problema se for possível ou de reutilizar as armas de força que angariamos no decorrer da situação: de dor.
Mas, como estava falando, esse é um texto não urgente, um texto diário. Como ouvir o despertador pela manhã, pegar o ônibus, dar e receber os bons dias matinais, ainda que o dia nem esteja tão bom assim. Às vezes essa dor se torna tamanha, uma espera maior, um final de semana. Um sono prolongado, um pijama, um bordado. É isso, eu bordo a minha dor conforme o tempo passa, conforme os dias passam dando espaço para outros - sempre tão curtidos.
Como posso eu chamar isso que sinto de dor? Saudade é tão mais poético. Acontece que saudade em excesso, saudade diária, saudade de cheiro e tempero, quando reunidas, se personificam em dor. Nessa dor não urgente que tanto falo.
E é como ouvir o despertador pela manhã, pegar o ônibus, dar e receber os bons dias matinais, ainda que o dia nem esteja tão bom assim: nós, seres humanos que somos, sempre nos acostumamos.
Acostumamos com a saudade e até mesmo com o amor e manifestações de afeto a distância.
Só não me acostumo com os altos preços das passagens.
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| Se Maomé não vai a montanha... : ) |
terça-feira, junho 26, 2012
Sonhos
Hoje o neguinho Gil comemora seus setentão e faz poucos dias que escrevi aqui sobre a dorzinha que tava por não ter ido ao show classudo e cascudo que teve no Municipal. Nesse mesmo post, ainda falei do meu sonho (infantil e adulto) de ir a um show do Caetano.
Não sei se foi merecimento ou coisas do destino, costumo dizer que foi sorte, apesar de saber que foi muito mais que isso, foi muito batalhado: poucos dias após esse post sobre o show no Municipal, em menos de uma semana fui a dois shows: primeiro do Caetano e depois do Gil. Parece mágica mesmo, mas foi real. E os dois foram de graça e eu estava sentadinha enquanto meu coração parecia que ia voar da boca. O de Caetano foi em uma quarta-feira, no Forte de Copacabana e começou às 19h30. A questão é que eu largo do trabalho às 19h e com o detalhe de ser na Barra. Ah! E o detalhe principal: os ingressos seriam distribuidos no dia do show, a partir das 18h para 400 pessoas. Claro que isso dá margem pra você saber que às 15h a fila já estaria batendo na tok Stok. Meu namorado aproveitou que estava de licença do trabalho e decidiu fazer essa ação do ano pra mim: ficar na fila pra pegar meu ingresso. (sim, quando falo meu, é porque só podia pegar um por pessoa, logo, ele não iria.) e assim o fez. Chegou na fila às 15h e era o número 200 da fila: beleza!
Uma hora depois ele fica sabendo que não é ingresso, mas sim pulseira: fudeu! (com o perdão da palavra). Mas eu não desisti (claro, muito fácil não desistir quando se está fazendo a mesma coisa que sempre nesse horário: trabalhando). Mas ele, que poderia tá dormindo, no cinema, na praia ou fazendo qualquer outra coisa de mais emocionante, escolheu ficar na fila até o fim, o tal do "pagar pra ver", já que era gratuito, já que estava lá e já que sabia da alegria maior que a fila que eu ficaria em ver esse show. E acabou acreditando na minha lábia de que era possível tirar a pulseira, caso ela fosse de adesivo. Que uma vez fiz isso em uma festa, etc e tal. Bateu o horário e lá estava ele, com a pulseira de adesivo super coladinha no seu pulso. E agora se eu só largo às 19h e se ele precisava ir embora porque tinha compromisso às 18h40?
Primeiro pedi pra sair meia hora mais cedo do trabalho e expliquei todo o meu amor pelo show que "talvez" eu conseguisse chegar a tempo. E depois, o mais difícil: tirar e esconder a pulseira em algum canto. Bom, com toda uma delicadeza que sabe-se lá de onde ele arrumou, naquele instante mais carregado que arma, pelo tempo que tava passando, pelas pessoas que estavam olhando, pelo compromisso dele e pela tensão de perder tudo justamente no final do segundo tempo, ele conseguiu tirar a pulseira e ela ficou intacta! O adesivo saiu perfeito, sem rasgar nenhum balãozinho daqueles que completam um quadrado colante da infelicidade, que te impedem de tirar. Mas não impediu a ele. Agora era a parte dois: onde esconder a pulseira? "Esconde no Caymmi" foi o que sugeri. Acontece que tinha o Caymmi e a orla inteira alí perto, sem contar com as pessoas que iriam ao show. O tempo estava chegando ao fim e ele precisava ir embora e foi quando o danado escondeu a pulseira dentro de uma folha de milho rasgada e colocou dentro de um orelhão que tinha por alí. Em uma partezinha que só eu e ele poderíamos saber. E então me passou as coordenadas.
Após um trânsito absurdo no túnel (largar às 18h30 é pior que largar às 19h), desci perto do Forte às 19h30, em ponto. Mas ainda teria que fazer a missão orelhão. Me senti parte de uma gangue, sentimento de tráfico. Peguei minha pulseira, colei no braço e sai correndo para o show. Ultrapassei todas as portas feito louca, arranjei ainda uma cadeira pra sentar, e, cheia de suor, descabelada e impressionada com o tempo e o atraso de 20 minutos do show que foram gentis comigo, pude respirar e em cinco minutos ele entrou no palco dizendo que eu era linda, mais que demais. E aí eu chorei no início, e, se não bastasse, chorei no fim.
Na terça-feira da outra semana, o BNDES estava em meio as comemorações de 60 anos e o músico convidado a fazer o show foi o Gilberto Gil. O namorado, também em ação, arranjou um ingresso pra mim e lá fomos nós. Assistimos ao Concerto de Cordas e Máquinas de Rítmos, no Theatro Municipal do Rio de Janeiro. Mágico.
Agora me diz se não parece mentira?
Às 19h de hoje, em homenagem aos 70 anos do Gil, será exibido o concerto que ele fez no Municipal:
http://www.youtube.com/user/gilbertogilmusic?feature=watch
segunda-feira, junho 25, 2012
Chumbaquito de chumbinha
| Gangue quase completa e reunida |
Uma das coisas que mais tenho orgulho nessa vida é de ter sido nascida e criada em um lugar, que entre tantos outros no Brasil e no mundo, carrega um punhado maior que o das mãos de cultura. E quando falo isso, por mais difícil que pareça, deixo o bairrismo de lado. A questão é de fatos. Ou melhor: de conhecer. Quem é de Recife ou quem conhece a terrinha sabe bem do que estou falando. Vai além do passa na TV ou do que o guia turístico vai te mostrar por lá, caso não tenhas a sorte de ir em grupo e com conhecidos locais.
| autêntico cuzcuz |
Essa introdução de texto foi só pra dizer o quanto penei na semana passada, ou melhor, penamos: eu e os pernambucanos moradores do Rio e os cariocas que estavam tontos de nos ouvir falar... Não é possível que faltando 1 semaninha para o São João a cidade não oferecia uma progrmação bacana para a festividade. Parecia muito fora da nossa realidade, um sentimento de lástima mesmo. Como assim aqui no Rio de Janeiro não é comemorado São João de maneira decente? De opção, apenas a Feira de São Cristovão, infernal nessa data.
| as melhores dancinhas |
Em Recife, a festa só não é comparada ao carnaval, por ter apenas um dia oficial de folia: a noite do dia 23 de junho. Mas esse dia é tão esperado e tão bem programado, que é o mesmo que um carnaval, só que junino. As pessoas levam a sério. Fazem festas enormes, em clube, na roça, na rua, em casa, não importa.
Os interiores do Estado ficam cheios de turistas e nativos, cheios de gente animada atrás de um arrastapé. Não tem classe social, não tem idade, São João na minha terra é unanimidade.
É feriado, pra se ter uma ideia.
E as comidas? Passo mal! Milhões de bolos, mungunzá, milho assado, milho cozido, canjica (é outra coisa, diferete da que come no Rio), pamonha, queijo de coalho, pé de moleque (pé de moleque é um bolo de amendoim!) e zilhões de outros quitutes.
Sem contar com os fogos. Passar o São João sem um rojão ou um peido de véa não dá.
| isenta de descrição |
Pois é, a questão é que não tinha uma festa decente pra gente poder matar um pedacinho mínimo de saudade que fosse. Então o jeito foi fazer o nosso próprio arraiá. Só foi bater o martelo na decisão, que começaram as manifestações. Não ia ter fogueira e muito menos competição da fogueira mais alta. Não ia ter concurso de quadrilha e nem barraquinhas, mas teve muita comida típica, bandeirinhas, balões, sanfona, mini quadrilha, cachaça, vinho, cerveja e muita gente animada!
| o matuto mar lindo! |
Arraiá Salvador (esse foi o nome, por ter salvado nossa noite e por ter sido nas redondezas da São Salvador), ano que vem tem mais!
| Olha a chuuuuuva.. Passooouuu |
terça-feira, junho 19, 2012
Sobre ele e o tempo que só serve pra passar
Há quem diga que ele não foi um bom marido, apesar de viril.
Que não foi um bom pai, bom filho e tampouco um bom irmão.
Há quem diga muita coisa.
Que ele errou quando mudou a rota, ainda novo, com um mundo à sua frente.
Que entre o rock, as drogas e o amor, ele escolheu mesmo foi o dinheiro. (e talvez o rock e as drogas).
Que ele foi a decepção de irmão que sempre foi espelho e deixou de ser quando a porta precisava ser trancada, por medo. Quebrando o espelho e, com isso, o olhar de cumplicidade.
Há quem diga que ele não dá valor as coisas importantes da vida ao passo que há quem diga que ele tem um gosto pela vida, como mais ninguém ao seu redor.
Há quem diga que ele não soube ser amigo. Que não soube ser parceiro. Que egoísmo é a palavra preferida do seu dicionário.
Há quem diga muita coisa.
Pra mim, foi e é o melhor tio. Soube ser tio entre tantos "há quem diga" por aí. Mais tio que os próprios tios de sangue que tenho. Tio de fazer brincadeiras, inventar apelidos e suas variações, de fazer almoços deliciosos com atraso de horas. Mas era alí naquele lugar que me sentia em família, mesmo entre tantas brigas. Criança é inteligente demais pra se apegar a bobagens. Tio de deixar a mim e aos meus irmãos felizes, por saber que ele tava chegando pra mais um churrasco dominical e talvez com um pote de sorvete napolitano embaixo do braço. Ele e seu vozerão cantando Tim Maia sem faltar o show. Ele nunca foi de faltar o show, ele cantava sem vergonha e com uma intimidade que até o Tim devia se chocar. E cantava no microfone, acompanhado de uma batucada e muitas cervejas. Com os braços abertos, braços ernormes e quase sempre em pé. É assim que o vejo: em pé e com um sorriso que compensava toda a sua falta de beleza. Um sorriso maior que os braços de homem magro, alto e que já tinha e ainda teria tantas enfermidades que eu sequer saberia contar.
Há quem diga que ele é forte. Eu diria que isso é unanimidade. Acho que essa palavra nem deve ser a preferida de seu dicionário atualmente (apesar de nem cogitar qual que seja, entre tantas que imagino), mas ele é forte. Não, forte é uma palavra fraca perto do que aquele corpo que já não canta e nem dança, que não sorri e muito menos é viril, é.
Ele é uma palavra de ferro e esse é o texto mais difícil que já me atrevi a escrever.
Que não foi um bom pai, bom filho e tampouco um bom irmão.
Há quem diga muita coisa.
Que ele errou quando mudou a rota, ainda novo, com um mundo à sua frente.
Que entre o rock, as drogas e o amor, ele escolheu mesmo foi o dinheiro. (e talvez o rock e as drogas).
Que ele foi a decepção de irmão que sempre foi espelho e deixou de ser quando a porta precisava ser trancada, por medo. Quebrando o espelho e, com isso, o olhar de cumplicidade.
Há quem diga que ele não dá valor as coisas importantes da vida ao passo que há quem diga que ele tem um gosto pela vida, como mais ninguém ao seu redor.
Há quem diga que ele não soube ser amigo. Que não soube ser parceiro. Que egoísmo é a palavra preferida do seu dicionário.
Há quem diga muita coisa.
Pra mim, foi e é o melhor tio. Soube ser tio entre tantos "há quem diga" por aí. Mais tio que os próprios tios de sangue que tenho. Tio de fazer brincadeiras, inventar apelidos e suas variações, de fazer almoços deliciosos com atraso de horas. Mas era alí naquele lugar que me sentia em família, mesmo entre tantas brigas. Criança é inteligente demais pra se apegar a bobagens. Tio de deixar a mim e aos meus irmãos felizes, por saber que ele tava chegando pra mais um churrasco dominical e talvez com um pote de sorvete napolitano embaixo do braço. Ele e seu vozerão cantando Tim Maia sem faltar o show. Ele nunca foi de faltar o show, ele cantava sem vergonha e com uma intimidade que até o Tim devia se chocar. E cantava no microfone, acompanhado de uma batucada e muitas cervejas. Com os braços abertos, braços ernormes e quase sempre em pé. É assim que o vejo: em pé e com um sorriso que compensava toda a sua falta de beleza. Um sorriso maior que os braços de homem magro, alto e que já tinha e ainda teria tantas enfermidades que eu sequer saberia contar.
Há quem diga que ele é forte. Eu diria que isso é unanimidade. Acho que essa palavra nem deve ser a preferida de seu dicionário atualmente (apesar de nem cogitar qual que seja, entre tantas que imagino), mas ele é forte. Não, forte é uma palavra fraca perto do que aquele corpo que já não canta e nem dança, que não sorri e muito menos é viril, é.
Ele é uma palavra de ferro e esse é o texto mais difícil que já me atrevi a escrever.
segunda-feira, junho 18, 2012
Inverno astral
Pra mim já é inverno. Não me bastam mais as copas das árvores que balançam ou o chão coberto por folhagens amarelas e vermelhas. Quero gotas a escorrer dos troncos, quero chuva pra molhar meu rosto. Eu quero isso vezes dois. Quero vento vezes dois. Quero frio, brigadeiro de panela, pipoca, filmes, música, comida gostosa e muito vinho, mesmo que eu já tenha. Eu quero uma desculpa besta pra não precisar sair de casa. Quero que o sol durma até mais tarde, que ele durma durante a noite também, para que não tenha sentimento de culpa por estar em casa. Por estar feliz e em casa. Quero simplesmente fazer nada.
quinta-feira, junho 14, 2012
Telefone sem fio
Considero ouvir a conversa dos outros uma falta do que fazer danada e é justamente por isso que o faço com bastante competência quando nada tenho pra fazer.
Não, não venho por meio deste texto assinar meu atestado de curiosa, apesar de ser, mas em se tratando dos assuntos alheios, não é bem uma escolha: quando me ocorre de ouvir, é simplesmente por uma questão de ouvido ou de gente que fala alto demais. O cenário perfeito é ônibus, já que sempre esqueço de comprar a pilha recarregável do negocinho de ouvir música. Nessa semana eu já descobri que tem um restaurante mexicano na Voluntários que é ótimo, precinho camarada: rodízio custa trinta e poucos e um tapas, por exemplo, 9 pratas. Nesse mesmo assunto, pesquei que o da Cobal é um pouco caro e que a Sandra não queria segurar vela da amiga com o namorado e nem forçar uma barra com o amigo do namorado da amiga. Bom, esse final, a partir de "Sandra..." realmente não importa, mas as dicas foram boas.
Ontem também fui vítima de ouvidos que não escolhem o que ouve e presenciei uma briga entre pessoas que o ouvido escuta de menos. Foi na hora do meu almoço. Quando fui pagar, as duas atendentes entraram no maior quebra pau sem o mínimo de elegância de perceberem que além de estarem no seu ambiente de trabalho, tinham também vários trabalhadores e ouvidos que nada tinham com isso.
Em meio a gritos e alfinetadas, uma delas falou:
"Eu vou mimbora pra casa"
"Como é?? você vai dar na minha cara?"
E a briga continuou, paguei e fui embora. Confesso que fiquei curiosa pra saber o fim.
Mas pra mim o melhor e que sempre ativa minha imaginação que transborda de fertilizantes, são as frases passageiras. E o que seriam as frases passageiras? São aquelas que ouvimos quando estamos andando na rua e cruzamos com pessoas conversando. Já ouvi cada coisa! Entre elas, as melhores: "ela é gordinha, mas fode que é uma bele.." ou ainda "Eu vou acabar com ela pra ficar com as outras duas pra comer..." O resto não deu pra ouvir, a frase foi passageira, mas a pessoa fica imaginando, num fica?
E é quando me pego pensando nas frases passageiras que já ouviram de mim. O mundo deve ter um acervo. Indiscreta que só eu, de cair no chão, literalmente no chão, na rua, de tanto rir...
Eu e essa minha espontaneidade toda.
Mais cuidado. Ou não. Sou a favor da expansão.
Não, não venho por meio deste texto assinar meu atestado de curiosa, apesar de ser, mas em se tratando dos assuntos alheios, não é bem uma escolha: quando me ocorre de ouvir, é simplesmente por uma questão de ouvido ou de gente que fala alto demais. O cenário perfeito é ônibus, já que sempre esqueço de comprar a pilha recarregável do negocinho de ouvir música. Nessa semana eu já descobri que tem um restaurante mexicano na Voluntários que é ótimo, precinho camarada: rodízio custa trinta e poucos e um tapas, por exemplo, 9 pratas. Nesse mesmo assunto, pesquei que o da Cobal é um pouco caro e que a Sandra não queria segurar vela da amiga com o namorado e nem forçar uma barra com o amigo do namorado da amiga. Bom, esse final, a partir de "Sandra..." realmente não importa, mas as dicas foram boas.
Ontem também fui vítima de ouvidos que não escolhem o que ouve e presenciei uma briga entre pessoas que o ouvido escuta de menos. Foi na hora do meu almoço. Quando fui pagar, as duas atendentes entraram no maior quebra pau sem o mínimo de elegância de perceberem que além de estarem no seu ambiente de trabalho, tinham também vários trabalhadores e ouvidos que nada tinham com isso.
Em meio a gritos e alfinetadas, uma delas falou:
"Eu vou mimbora pra casa"
"Como é?? você vai dar na minha cara?"
E a briga continuou, paguei e fui embora. Confesso que fiquei curiosa pra saber o fim.
Mas pra mim o melhor e que sempre ativa minha imaginação que transborda de fertilizantes, são as frases passageiras. E o que seriam as frases passageiras? São aquelas que ouvimos quando estamos andando na rua e cruzamos com pessoas conversando. Já ouvi cada coisa! Entre elas, as melhores: "ela é gordinha, mas fode que é uma bele.." ou ainda "Eu vou acabar com ela pra ficar com as outras duas pra comer..." O resto não deu pra ouvir, a frase foi passageira, mas a pessoa fica imaginando, num fica?
E é quando me pego pensando nas frases passageiras que já ouviram de mim. O mundo deve ter um acervo. Indiscreta que só eu, de cair no chão, literalmente no chão, na rua, de tanto rir...
Eu e essa minha espontaneidade toda.
Mais cuidado. Ou não. Sou a favor da expansão.
terça-feira, junho 12, 2012
Capitalismo selvagem, ôô-ô!
- Pô, nego mete a mão no preço das flores no dia dos namorados. Se importa de receber flor em um outro dia menos previsível?
-Até prefiro, como você sempre faz.
Simples assim.
Zero paciência para mais um dia de capitalismo. Dia dos namorados é em cada acordar e fechar de olhos, juntos.
Mas o fundue em casa (restaurante nãããão), com vinho delícia eu não abro mão :D
E, pra quê esse lero-lero de tantas lojas se a gente pode ser um tanto criativo?
Abaixo, um dos meus presentes de 1 ano, acompanhado de uma pipoqueira em forma de carrinho de pipoca de verdade. Orgulhinho mode on:
-Até prefiro, como você sempre faz.
Simples assim.
Zero paciência para mais um dia de capitalismo. Dia dos namorados é em cada acordar e fechar de olhos, juntos.
Mas o fundue em casa (restaurante nãããão), com vinho delícia eu não abro mão :D
E, pra quê esse lero-lero de tantas lojas se a gente pode ser um tanto criativo?
Abaixo, um dos meus presentes de 1 ano, acompanhado de uma pipoqueira em forma de carrinho de pipoca de verdade. Orgulhinho mode on:
| Detalhe para as mini pipoquinhas em alto relevo e o marcador de página com nossa foto |
| A primeira das várias páginas do nosso filme, assistido com pipoca feita no carrinho! |
Sobre constrangimento, fome e poeira
Hoje eu tinha pautas para muitos textos e divagações. Hoje é dia dos namorados, poderia falar sobre o café da manhã surpresa ou sobre sexta, que completei 1 ano de namoro em grande estilo... E o final de semana que foi incrível e repleto de comemorações e banhos de chuva em Rio das Ostras. Ou ainda sobre a empolgação de ir pra São Paulo no próximo final de semana. Também tinha um texto para meu avô... mas tudo travou quando precisei fazer uma matéria sobre o recuo do trabalho infantil no Brasil e as pesquisas por imagens deixaram o monitor do meu computador sujo de preto e branco, senti daqui a poeira. O mais esquisito e que me causa até constrangimento é falar em recuo e ao mesmo tempo observar ao meu redor, sem nem mesmo precisar ir mais distante, em lugares esteriótipos que as imagens mostram: lixão, sertão, não! Na esquina da minha casa, em um bairro da Zona Sul do Rio de Janeiro já basta.
Recuou quanto? quantos por centos? É pra comemorar? E o restante?
É como se cada uma daquelas pessoinhas fossem todos os por centos, todos os 100% s em cada uma e por isso é praticamente uma piada comemorar. Gostaria de ter estudado sociologia ou qualquer coisa dessas que te dão propriedade de falar sobre esses assuntos delicados, desse modo eu poderia encher esse texto de baboseiras e dados, de teorias, opiniões arrogantes e palavras difícies, pra convencer qualquer leitor leigo no assunto, assim como eu, de como as coisas acontecem ou o motivo pelo qual elas não mudam, ou o por que das coisas mais urgentes passarem sempre por um processo tão lento.
Acontece que dentro da minha ignorância, agradeço por não saber de nada disso, afinal, todos os sociólogos que conheço ou pessoas que teriam toda a propriedade do mundo pra escrever uma análise crítica sobre o tema, se pegam em situação de constrangimento tanto quanto eu na situação mais banal, mais comum: Alguém te pedindo dinheiro na rua. E sempre que estou ao lado de uma dessas pessoas, com propriedade ou não no assunto, e depois pergunto se o "certo" é dar ou não o tal do dinheiro, eles me dão um sorriso mais amarelo que o dente do pedinte e falam que não sabem ou que dão pra se sentirem bem ou que não dão por que vão comprar drogas, ou que só dão se a pessoa for mais velha ou se tiver com receita médica.
"Mas gente, uma pessoa com uma receita médica não pode também ser viciado em drogas? e usar esse dinheiro pra isso?"
É, pode... E é quando vem a velha e boa resposta quase que pálida: "mas eu fiz o que a minha consciência mandou, se ela vai fazer outra coisa com o dinheiro, a culpa não é minha".
A culpa nunca é nossa. A culpa é de quem mesmo? Ah, do governo. Outra resposta mais desbotada que a própria fome. E como não sei desenvolver nada bacana sobre a culpa do governo e qualquer coisa que eu venha a falar acabará sendo tão comum quanto qualquer matéria da veja ou do jornal da banca, encerro esse texto com a reflexão do ato de pedir, do ato de negar, do ato de dar ou de fazer o blasé: passando direto como se não fosse com você.
Recuou quanto? quantos por centos? É pra comemorar? E o restante?
É como se cada uma daquelas pessoinhas fossem todos os por centos, todos os 100% s em cada uma e por isso é praticamente uma piada comemorar. Gostaria de ter estudado sociologia ou qualquer coisa dessas que te dão propriedade de falar sobre esses assuntos delicados, desse modo eu poderia encher esse texto de baboseiras e dados, de teorias, opiniões arrogantes e palavras difícies, pra convencer qualquer leitor leigo no assunto, assim como eu, de como as coisas acontecem ou o motivo pelo qual elas não mudam, ou o por que das coisas mais urgentes passarem sempre por um processo tão lento.
Acontece que dentro da minha ignorância, agradeço por não saber de nada disso, afinal, todos os sociólogos que conheço ou pessoas que teriam toda a propriedade do mundo pra escrever uma análise crítica sobre o tema, se pegam em situação de constrangimento tanto quanto eu na situação mais banal, mais comum: Alguém te pedindo dinheiro na rua. E sempre que estou ao lado de uma dessas pessoas, com propriedade ou não no assunto, e depois pergunto se o "certo" é dar ou não o tal do dinheiro, eles me dão um sorriso mais amarelo que o dente do pedinte e falam que não sabem ou que dão pra se sentirem bem ou que não dão por que vão comprar drogas, ou que só dão se a pessoa for mais velha ou se tiver com receita médica.
"Mas gente, uma pessoa com uma receita médica não pode também ser viciado em drogas? e usar esse dinheiro pra isso?"
É, pode... E é quando vem a velha e boa resposta quase que pálida: "mas eu fiz o que a minha consciência mandou, se ela vai fazer outra coisa com o dinheiro, a culpa não é minha".
A culpa nunca é nossa. A culpa é de quem mesmo? Ah, do governo. Outra resposta mais desbotada que a própria fome. E como não sei desenvolver nada bacana sobre a culpa do governo e qualquer coisa que eu venha a falar acabará sendo tão comum quanto qualquer matéria da veja ou do jornal da banca, encerro esse texto com a reflexão do ato de pedir, do ato de negar, do ato de dar ou de fazer o blasé: passando direto como se não fosse com você.
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