sexta-feira, junho 29, 2012

Renúncia

Faz tempo que quero escrever um texto sobre isso, mas sempre deixo pra depois, com medo de doer demais. E nós, seres que somos tão humanos, sempre escolhemos deixar para depois as dores que não são urgentes. Pra mim, dores não urgentes são aquelas que, apesar de se manterem vivas diariamente, vêm com proporções e cargas menores que a metade de nossa capacidade de sentir: dor. Mas é quase metade, só não chega a ser porque nós sustentamos. Ou até é, mas como as surportamos, pelas experiências da vida, pelo amadurecimento e pelo "outro lado" bom disso tudo, acabo pensando que é menos que 50%, dentro de minha humildade e também otimismo.


Se passa disso, dos 50%, vira dor emergente, ao menos no psicológico. Procuro manter minhas questões, as administráveis, dentro do limite, dentro do meu suporte, e, graças a Deus ou o que quer que o valha, vem dando certo, há muitos anos. Quando passa do limite, eu sugiro dentro de mim mesma que fudeu e pronto, é "só" sofrer. E é o que nos resta nessa vida além da felicidade ou ostracismo. E depois, perceber, analisar o sofrimento que tivemos, sem medo, por uma causa maior: a de evitar um próximo problema se for possível ou de reutilizar as armas de força que angariamos no decorrer da situação: de dor.

Mas, como estava falando, esse é um texto não urgente, um texto diário. Como ouvir o despertador pela manhã, pegar o ônibus, dar e receber os bons dias matinais, ainda que o dia nem esteja tão bom assim. Às vezes essa dor se torna tamanha, uma espera maior, um final de semana. Um sono prolongado, um pijama, um bordado. É isso, eu bordo a minha dor conforme o tempo passa, conforme os dias passam dando espaço para outros - sempre tão curtidos.



Como posso eu chamar isso que sinto de dor? Saudade é tão mais poético. Acontece que saudade em excesso, saudade diária, saudade de cheiro e tempero, quando reunidas, se personificam em dor. Nessa dor não urgente que tanto falo.


E é como ouvir o despertador pela manhã, pegar o ônibus, dar e receber os bons dias matinais, ainda que o dia nem esteja tão bom assim: nós, seres humanos que somos, sempre nos acostumamos.

Acostumamos com a saudade e até mesmo com o amor e manifestações de afeto a distância.

Só não me acostumo com os altos preços das passagens.

Se Maomé não vai a montanha... : )


6 comentários:

Joana disse...

Que coisa mais linda!!!
quanto amor que eu sinto por vocês.
amor de uma vida inteira.
e não vejo a hora de viver o momento de todas juntas de novo.
de amor reunido.

que o tempo passe rápido até lá..
e depois espero que esses 10 dias durem 10 anos.

Thaís Salomão disse...

meu deus, como tu consegue sempre isso hein?
e hoje eu só tinha feito um único pedido: o do dia vir com diversas surpresas! coisalinda, logo mais a gente ta juntas de novo!
te amo!

Carla Alencar disse...

Eu tava almoçando e pensando sobre isso, daí fui calcular há quanto tempo estou morando no Rio e ví que amanhã faz exatamente 1 ano e meio! E ví também que amanhã fica faltando exatos 2 meses para as senhoras conhecerem meu mundo, e, sim... faremos desses dias os mais lindos, garanto! Muito amor e muita saudade.

Carla Alencar disse...

Ps- queria taaaaaaaanto que a preta viesse também. :(

Joana disse...

todas nós queremos muito!!!
acho que é só o que falta pra ser mais que perfeito.

blendasm disse...

Também queria muito ir, amo todas vocês. um beijo bem grande em cada uma :)