sexta-feira, junho 17, 2011
Pra enfeitar os seus cabelos
- Filha, o que você acha desse ramalhete?
-Muito,muito bonito!
-Mas você acha que a minha velha também vai achar? É que hoje estamos comemorando 50 anos de casados, fora os outros de flerte...
-Vai sim, ela vai gostar muito, são lindas... Essa aqui é a que mais gosto, apontei.
-Espero mesmo que ela goste. Todos os anos ela se lembra e fala primeiro e por falar primeiro, acha que eu esqueci. Mas eu nunca esqueço. Mas eu tou um pouco preocupado, hoje quando acordei ela nem falou nada, tou achando que ela não lembrou dessa vez.
-Eita, parabéns!!! (muito empolgada), com certeza ela não esqueceu, deve tá testando o senhor... Ela deve tá toda arrumadinha em casa, te esperando e vai ficar muito feliz quando ver as rosas e que o senhor lembrou!
-Ô, minha filha... é mesmo,né? Bem que esse ônibus podia andar mais depressa, ela foi na feira e eu queria chegar antes.
-Vai dar tudo certo,não se preocupe tanto.
-É essa aqui a que você mais gosta,é?
-É.
-Tome de presente pra você!
-Oh, nããão.. tão lindas assim, não mexe não!
-Eu faço questão, quero te dar essa que você mais gosta, você me deixou mais tranquilo, eu tava pensando que ela tinha esquecido da data.
-Com certeza não esqueceu, mas deixe as rosas como estão, pode bagunçar tudo se tirar.
-Eu faço questão!
... E enquanto tirava com todo cuidado, falou:
-São para enfeitar os seus cabelos...
E eu prontamente enfeitei, feliz da vida com o encontro!
sexta-feira, junho 10, 2011
quinta-feira, maio 26, 2011
As vezes, morrer é preciso
segunda-feira, maio 23, 2011
Um texto sem título. Um texto da cabeça para o coração:
terça-feira, maio 17, 2011
domingo, maio 15, 2011
sábado, maio 14, 2011
O tempo é brisa
sexta-feira, maio 13, 2011
Praticando a consciência da felicidade prematura e pós madura

Hoje não tem rima, mas tem prosa. Uma prosa direta de mim pra tu. Assim, feito conversa fiada e afiada em frente de casa de interior.
quarta-feira, abril 27, 2011
catando o vento
domingo, abril 24, 2011
amor,humor
segunda-feira, abril 18, 2011
Fraqueza ...
sábado, abril 16, 2011
Sábado
SOl
por
fora
e
por
dentro
A alegria de estar vivo
uma brecha no tempo,
uma suspensão da realidade
e lembrar de Pena: que, enfim, te resta a vida.
Felicidade é estar em um lugar bonito
ter para quem sorrir
abrir os maiores braços e trancá-los com o maior dos gostos em um abraço pra guardar.
A
M
A
R
não importa a quem seja.
sábado, abril 09, 2011
Resquícios de carnaval
Ainda sinto o resquício de carnaval nessa cidade
O cheiro azedo de cevada no canto da calçada
A boca molhada de tantos beijos na soledade
A saudade dos blocos impregnadas nas buzinas dos carros
O vestido amarelo da moça na varanda
Observando a chuva, fininha,
Procrastinando pra lavar o rosto dos namorados
Conversa fiada e afiada nos Quatro Cantos
Deixando o sentimentalismo
Guardado para o restante do ano
E agora, abril, que já é o restante do ano
O carnaval continua impregnado nas ruas da cidade
O cheiro de azedo no canto da calçada
A boca molhada
A saudade dos blocos impregnadas nas buzinas
O vestido amarelo, a moça
A chuva procrastinando
Conversa afiada
E o sentimentalismo guardado para o resto do ano
E o sentimentalismo guardado...
... Para o restante do ano ser carnaval.
quinta-feira, abril 07, 2011
segunda-feira, abril 04, 2011
Um recado para você
Carla,
Vá ao espelho do banheiro e perceba que lá tem duas lâmpadas. Gostaria que você acendesse a que fica em cima do espelho, aquela que clareia mais e que você acha ótima para se maquiar. Acenda-a e se observe com calma. Quando voltar, quero que me diga o que enxergou.
Volte lá, Carla. Tou esperando. Não adianta tentar me enganar e continuar acendendo a lâmpada azulada, que disfarça, que mente. Seja verdadeira ao menos com você. Acenda a do espelho e me diga o que você enxerga.
Pois é, um roxinho cavado por baixo dos olhos, um tanto de catarro que não escorre e nem vai embora, olhos marinhos, olhos de rio: escorrendo. Uma sobrancelha crescendo na medida que os dias passam. E elas vão continuar crescendo até que você decida fazer. Elas não serão feitas sozinha, como nada na sua vida. Nada vai acontecer por sí só, perceba que até as besteiras acumuladas, que ató os motivos do tal roxinho cavado abaixo dos olhos, não foram feitos sozinho, você contribuiu.
Então agora trate de contribuir também para desfazer, esvaziar e preencher.
Você costumava me falar sobre isso, não lembra?
É preciso esvaziar, esvaziar,esvaziar... e preencher. Sem erro.
Esvazia, Carla! Que o tempo tá passando e o mundo te esperando pra preencher a vida de luz, de amor, de trabalho e de sorrisos. Aquele sorriso largo que você costuma doar. Aquele sorriso nos olhos e o caminhar saltitante! Você é boa nisso, menina. Sempre te dizem,não é? Vai ver que é porque é verdade.
Você precisa entender que no mundo de hoje não é tão normal encontrar pessoas do bem, que te dão sorrisos de presente, um abraço apertado e a mão estendida. E que se você é uma delas e tá aí, se escondendo por trás da lâmpada azulada, vai pegar muito mal.
Curte teu luto e encerra. Curte teu luto bem logo e não longo.
Acaba com o luto e veste a alma de branco, verde, azul e rosa.
Acaba esse luto, acaba agora!
Termina o luto e volta.
Volta que a gente precisa de você.
Com todo o amor,
Anete, Carla e quem mais aparecer.
terça-feira, março 29, 2011
'Tá doendo em algum lugar?'
E, sem receio ou constrangimento em saber se dessa vez eu queria responder tal pergunta, a médica soltou:
'-Tá doendo em algum lugar?'
(Entre dor física e interna, passei uma média de 40 segundos para responder, confusa, desesperada, dejavú esquisito, pedaço de caminho não concluido, me perdi nos segundos e nos fatos. Se tá doendo? Como nunca, senhora. No dia em que me colocou no colo, na cadeira do computador e me socou tantos beijos fossem possíveis em um corpinho desse tamanho. Tá vendo aqui? Aqui,ó... Não, não o tamanho do corpo, mas do buraquinho cavado. Esse foi no dia em que deslembrado dos erros, me acordou brincando e rindo, rindo e brincando com o próprio corpo, no próprio corpo e nesse buraquinho queimado. Queimado pelas velas daquele jantar, daquela massa, daquele molho, daquele vinho. Aqui, não tá vendo a queimadura? Arde, ainda arde. Dói naquele instante dos chocolates criativos e as sobremesas, dos filmes e das caminhadas pelas ruas, qualquer rua, qualquer vento, qualquer praia, qualquer lanche, qualquer peça, qualquer, qualquer coisa. Dói, também, o choque do abraço na noite, no meio da noite,na cama e os pés que se procuravam, se esquentavam, se consolavam: cortados. Os pés estão cortados, você não consegue ver? Olha aqui, bem aqui, moça... Não é possível. Também tem essa roncha dominical, ela foi se formando no acumular de cada domingo de almoços e risos e cervejas geladas e jogos de futebol e piadas e planos e risos e mais risos e fotografias e mais gente e mais alegria. A roncha é apenas uma, mas ela tá dessa cor por conta disso. Se formaram aos domingos,em cada domingo, todos os domingos. ah... e os domingos, você sabe,né...
Mas, se você notar, também dói aqui... e aqui, e acolá. Tá vendo? Não? Como não? Nesse cantinho, nesse pedacinho de pele,e, sobretudo lá. Mas precisaria de um raio X para observar melhor. Como? Você não pode ver? hmmmm, entendo. Veja bem, quem perguntou foi você, estava quietinha na minha.
E, já que você quer saber, dói em todos esses lugares, mas, principalmente, irremediavelmente,tristemente aqui,
dói aqui quando ele aperta.
E dessa vez ele apertou forte demais,moça.
Você não consegue ver? Que bom, nem eu.)
'-Não, não dói.'
terça-feira, março 22, 2011
pb
... e você vai continuar dormindo no frio, ainda que faça verão na cidade ou que se definam as estações. Hoje, amanhã e daqui muitos anos.
Mantém essa construção de tocas e pullovers internos, vais precisar.
Por sorte, o travesseiro continua sendo o teu aliado,que filtra o feio, tudo isso, todo esse isso que você conquistou: migalhas. Mas é ele quem te ajuda a manter a sanidade dentro dessa vida, dessa tua vida, tão infeliz.
Vida de ilusões e copos descartáveis. Amores infláveis. Promessa e perdão.
E sobre as cores, a aquarela e a tinta amarela, preciso te dizer: preto e branco são cores suficientes para sobreviver e é por isso que te desejo sorte, pois de cor e de norte, você nunca poderá ser.


