sexta-feira, agosto 22, 2014

O dia 22 de agosto, há 30 anos

Tem gente que a gente aprende a amar, por motivos quase que obrigatórios e tem gente que a gente ama fácilmente mesmo se não fosse alguém tão próximo como um familiar. Mais ainda: amaria mesmo sem ter todo esse mesmo amor retribuido. Hoje, é o dia de duas pessoas que são exatamente desse jeitinho: amáveis além da conta. Cheios de fãs e de gente do bem por perto, pra que a prática desse negócio tão bonito chamado afeto se propague. Me sinto lisonjeada e "besta" de olhar para o lado e ver que essas duas pessoas, além de terem todo o meu amor, me amam incondicionalmente, também. Ai fica tudo mais luminoso, preenchido. Hoje é, para mim, o dia mais bonito do ano. O dia das duas pessoas que estão no alto do topo do meu coração e admiração: meu irmão e minha mãe. Meu irmão de sangue, de mesmo pai e de mesma mãe, mesmos olhos e calmas diferentes. E a nossa mãe que nos escolheu e nos acolheu. E que acolheu, também, um bocado de gente mundo afora com esses braços que sempre trazem os merecedores e sortudos ao seu coração.

Hoje é um dia de festejar, de agradecer e de estar junto, nem que seja em pensamento. 

Hoje é realmente um dia muito especial.

Parabéns, meus amores!

quarta-feira, agosto 20, 2014

As falsas ciganas hippies e as ciganas hippies falsas

E depois de uma longa ponte aérea online sobre novas tendências, estilos e dicas de como ir linda e arrasante pra um casamento, já que não sei bem como lidar com isso e diga-se de passagem será o terceiro casamento da minha vida, chegou-se a conclusão, depois de muitos links, tutoriais e nomes estranhos, de que a moda é gastar muito em roupas e acessórios que pareçam ser coisa simplória, da terra, mas que no fundo todo mundo sabe que custa uma furtuna. Só que não tenho furtuna e muito menos acessórios que pareçam simplórios, da terra, sem ser. Tenho acessórios simplórios e da terra, sendo. Mas, pelo que entendi, para casamentos e festas mais finas, a tendência é que apenas pareça.

- Braguinha, então quer dizer que essas meninas agora querem fazer de conta que são o que eu sou naturalmente. E eu tenho que fazer de conta que quero ser o que elas são, querendo ser? Curioso.

- EXATAMENTO isso. Ótima análise.

?

terça-feira, agosto 05, 2014

Chuva

Nunca vou entender quem chama chuva de "tempo feio".

1, 2, 3 e... 1, 2, 3 e... 1, 2



A procrastinação anda tão imensa, que até pra dormir ela me tenta

segunda-feira, agosto 04, 2014

Una pistola en cada mano

Ontem assisti a um filme que me fez pensar ainda mais sobre a depressão que é o facebook de um modo geral. Salvo as coisas interessantes, acabamos por engolir muitos e muitos kilos, megas e gigas de 'alegrias' e 'sucessos' do próximo. Penso que esse excesso de informação e alto altral, altras transas, lindas canções - que suponho não ser 100% confiável - possa não ser positivo na minha trilha por uma vida melhor e também mais leve. É como se todos que frequentam aquela página azul já estivessem superado seus fracassos, suas dores, suas angustias e só restasse eu, aqui, cheia de dúvidas. 

Concordo que ninguém vá prefirir se expor negativamente, jogando nas nossas caras seus problemas e cansaços. E também que as pessoas talvez não fossem gostar de ler tantas coisas tristes e apertos nos peitos sem poderem agir, do outro lado da tela. Compartilhar as alegrias acaba sendo, sim, mais fácil. Para os dois lados. E não é exatamente isso que me incomoda, mesmo porque faço parte desse grupo da página azul. O que me arrepia um pelinho é o exagero. É como se ninguém tivesse o direito de ser humano, de sofrer. Ali, uma vitrine de fotografias, músicas e artigos, a lei é a mesma de Chico: obrigados a serem felizes. 

Voltando ao filme, que tem como tradução "O que os homens falam" , ao assistir, me identifiquei mais do que quando vejo as postagens dos meus amigos de fb. E olhe que no filme são atores, não amigos. É o Darin, que pra mim é sempre um herói, e nesse filme se mostra tão frágil, vulnerável. Como eu sou, como sei que são meus companheiros no face quando dão o logout. E a cada cena do filme, eu podia rir ou me emocionar com o desenrolar das tramas. O rapaz que é super capaz mas tá sempre duro, o corno, os casais com problemas que ninguém costuma saber, o bem sucedido cheio de consequências e tudo aquilo que somos e vivemos. Que as pessoas ao nosso redor vivem e são, sempre nessa condição privilegiada, incerta e também confusa que temos e que eu não me canso de falar aqui no blog: a de sermos humanos. 

sexta-feira, agosto 01, 2014

Calma, calminha

A maior frustração de uma pessoa inquieta feito eu, é não ter a virtude da calma. E o maior engano é bater o pé que é calma sim só porque gostaria que fosse. 

Vivi assim por muitos anos, mesmo sabendo que, no fundo, a calma é uma amiga na qual me dedico e respeito bastante, mas que só vem até mim vez por outra. Não mora comigo. Infelizmente. E digo infelizmente porque vejo nas pessoas serenas por natureza uma possibilidade maior de felicidade. Um caminho menos conturbado. Uma seta apontando certinha pra onde devem ir, sem decalque. E quase sem erro.

Hoje, aceitei que não sou calma. Custou, mas aconteceu. Só não imaginei que essa aceitação pudesse mudar tanta coisa dentro de mim. Ainda não tenho certeza absoluta que tá sendo para o bem, pois todo processo de transição até que as coisas se assentem dentro do coração costuma ser doloroso, então ainda sofro com isso, choro miudinho, encontrar o eixo não é mesmo para os fracos. Mas parece que é para o bem, sim. Viver se enganando é que não dá. 

Só que tem uma coisa que não tô entendendo muito bem: depois que isso de aceitar os fueguitos que carrego dentro e fora de mim aconteceu, a calma passou a me visitar com mais frequência, vem até quando não chamo. "Sou de áries, Calma... se acalme que né assim não!" 

Ai ela vai, ela vem, me dá um refresco, depois vai, me dá uma folga e vem e vai. Deixa ela. Jaja me encontro. Ou não. 

quinta-feira, julho 31, 2014

Sobre uma brasileira e um espanhol

- E vocês brigam em que língua?
- Catalão eu não entendo, então não dá. Espanhol eu sei, mas Ferran sabe muito mais e acabaria comigo. Português ele fala, mas não que nem eu, não seria justo... então, por isso, a gente não briga. hehe.
- hehe.

terça-feira, julho 29, 2014

Solução

- Oi, teria TEK bond do pequeno?
- Aqui, moça. Mas me tira uma dúvida, por que isso é bem mais caro que a super bonder?
- É que uma gotinha disso cola até coração partido!
- Aiê, vou comprar logo 3 tubos desse, então.

"Que bicho donzelo da porra!"

É estranho ouvir isso sobre alguém que se deseja o bem, mesmo que distante, mesmo "apesar de". E o pior, sem poder ir de contra à opinião, pular naquele abismo e gritar como uma escoteira: "né assim não, é você quem tá viajando!". Uns poréns aqui, outros ali. Uns pingos nos i's. Umas tentativas de "salvar" o que se afoga sozinho, mas, no fim, ter de concordar em silêncio "É. É meio triste, mas ele é meio assim mesmo". Meio.

Saber chegar de mansinho em terreno novo é tão sadio, completei meu pensamento.

-

Pernas e braços de polvo tentando desesperadamente abraçar as pessoas, todas. Quanto mais, melhor. Melhores amigos por conveniência a todo tempo, incessantemente. Brincadeiras mais sem graça que as do tio Carlinhos. Uma falta de noção natural e despercebida, pela tentativa de sutileza. Se alastrar. É isso, esse verbo: alastrar, desejo insaciável. E acabar se queimando no próprio fogo. Ou no purgatório imperdoável da fofoca, o acerto de contas no "juízo final".

Sorriso estampado na cara pra uma fotografia. Lágrimas e coração perturbados no breu da cama fria.

Eu queria poder mergulhar e puxá-lo de volta. Mas não cabe a mim. Queria que fizessem isso por ele, de verdade, até compreender que não dá pra salvar quem sequer sabe ou aceita que precisa de uma bóia. 

Alguém bacana que tá sempre por ai, mas nunca inteiro, dentro de si. 

Hypothetical date

Se cada lágrima que caísse fosse uma palavra, faria aqui um poema. 

*divagação etílica sobre Caê e o momento em que o encontrasse pela primeira vez na vida, travada, sem conseguir dizer um ai. Sim, eu tenho raiva de mim e da minha reação por algo que nunca nem vivi. E que venho me preparado há anos. 

Cada doido com sua doidice.

Sobre a morte III

Quando Sofia descobriu que as pessoas morriam, passou um dia inteiro chorando.

segunda-feira, julho 28, 2014

"A vida não é justa"

 Era o que seu Nelson dizia a Igor que,  vez por outra, me lembrava também. 

Eu não gostava dessa citação. Achava resignada, me dava nos nervos. Como isso podia ser afirmação pra algo que não deu certo sem mesmo a gente ter tido culpa pelo mal feito? Assim, bem normal: "a vida não é justa", com as sobrancelhas esticadas pra cima e um ar médio irônico.

Depois, por tantas e tantas e tantas vezes, essa afirmação ecoou na minha cabeça, sobre mim ou sobre o outro, e só não a transformei em palavra pois não queria cair na minha própria pegadinha da aceitação. Mas não me poupava o pensamento: "a vida não é justa", é verdade, concordava.

Mais tarde ainda, fui obrigada a maturar mais um pouco e aprendi que aceitar muitas vezes além de não ser algo menor, é necessário. E tantas vezes a única coisa sensata a se fazer. Ficou tão óbvio que eu não entendo como não percebi isso antes.  

A vida não tá sendo justa com meu tio. Ele não merecia esse sofrimento tão enorme que carrega e parece nunca ter fim. O fim, agora, se mostra mais perto que nunca. E a dor, em outrora maltratadora, chega rala. Se apresenta fraca e pequena se comparada ao tamanho da força e sabedoria que ele teve durante esse tempo todo.

A vida não é justa. Agora, em voz alta.

sexta-feira, julho 25, 2014

Pra ser água

                                                                                         a Danilo Galvão e Nathalia Queiroz



Pra ser água é preciso, antes, voltar a ser ideia. 

Voltar a ser palavra pra só depois ser toque e tato novamente.  É preciso desfazer-se. Fragmentar-se. Retornar ao broto, ao útero: (re)aprender a ser feto. Mutar do agora, peles, músculos e ossos, pra ser inteiro em outro espaço: de tempo e físico. Sentir cada pedacinho e vagarosamente iniciar o processo: dedos dos pés pra dentro dos pés. Pés entram nas pernas. Pernas se encolhem no centro da barriga. A barriga, agora grávida de dedos, pés e pernas, acomoda-se nos seios. Os seios, fartos de tantos membros, entranham a região do pescoço e promovem um nó bem no meio da garganta. Viramos, então, cabeça e garganta. Até que não suportamos a pressão e explodimos em fragmentos. Entenda: explodir, nesse caso, foi uma escolha. Desfizemo-nos. E finalmente retornamos ao broto, voltamos a ser feto e dentro do útero encontramos um canto quentinho e alentador de novo -  Estamos prontos pra recomeçar.

É dificil ser água. Chegar à essa condição. É doloroso. E é necessário.

Danilo tirou Nathalia de dentro do coração dela. E me devolveu ao meu com essa única imagem .

Natália virou água.

Galeano y los fueguitos

 'Un hombre del pueblo de Neguá, en la costa de Colombia, pudo subir al alto cielo. A la vuelta, contó. Dijo que había contemplado, desde allá arriba, la vida humana. Y dijo que somos un mar de fueguitos. El mundo es eso -reveló- Un montón de gente, un mar de fueguitos. Cada persona brilla con luz propia entre todas las demás. No hay dos fuegos iguales. Hay fuegos grandes y fuegos chicos y fuegos de todos los colores. Hay gente de fuego sereno, que ni se entera del viento, y gente de fuego loco, que llena el aire de chispas. Algunos fuegos, fuegos bobos, no alumbran ni queman; pero otros arden la vida con tantas ganas que no se puede mirarlos sin parpadear, y quien se acerca, se enciende.'





terça-feira, julho 22, 2014

Presente

Eu sabia que aquele era um momento importante. Desses momentos que, se não vividos até a última gota, serão remoídos pra sempre na caixinha solitária das lamentações. A maturidade ensina a perceber esses momentos durante o próprio momento. Uma benção conquistada. 

-

Enquanto a tarde caía em tons rosados naquele pedaço de praia de Ipanema, eu não sabia se observava meu pai brincando com as crianças, ainda com força pra isso, ou se participava ativamente das brincadeiras de arremesso de disco e castelos de areia. Pra mim, as duas coisas eram muito importantes e era muito difícil decidir o que viver em cada minuto que ia passando de vida. Apenas vivi como senti que deveria. 

Não sei se distribui bem meu tempo entre assistir e participar nesses 15 dias em que passamos juntos. Mas tenho certeza que aquele céu rosa pintado por cima da cabeça de papai, dos meus irmãos e da minha é uma imagem bonita e serena que vou carregar comigo por todos os próximos anos.





O céu azul do Rio de Janeiro

Nesse inverno de solzinho incessante e brando, o céu inteiramente azul se mostra o maior atrativo da cidade do Rio. Claro que digo por mim, que, mesmo amante do verão, fico sempre com saudades desse tom de azul que só o outono e o inverno são capazes de fazer. Com perfeição. Um azul que não estoura, não ofusca e não derrete, vazando. Azul, puro, esculachando com todas as demais possibilidades celestes.

E é nesse período em que a canguinha estendida no chão de areia fria se torna minha companheira mais requisitada. Não quero me bronzear, apenas deitar, alí, e existir com um livrinho ou fatia qualquer de sono insistente nesse periodo. Não há o intuito de pegar uma cor, mas a vontade segura de quarar. Como fazem com as roupas. Quarar ao sol. 

Até então, nunca havia pensado na diferença entre pegar sol no verão e no inverno. Hoje, é tão clara. Uma diferença abissal entre elas. No verão, transmitimos luz. No inverno, ao contrário, nos deixamos iluminar. Em paz.

Dos diálogos incríveis

C- As pessoas são cheias de camadas.
Seria incrível saber onde podemos pisar sem magoar, né?

A - Ah, seria. Se seria.

C-  E seria ótimo ter um alarme na gente. Faltando pouco pra magoar, ele apita bem alto pra pessoa em questão.

A - Mas tem gente q ouve o alarme e quer pôr no soneca.

segunda-feira, julho 21, 2014

Nossa casa

Acredito que nossa casa, bem como os nossos amores, onde for, seja nosso retiro espiritual. 

Não importa se enorme, com vários cômodos ou se apenas um quartinho alugado. É o nosso porto seguro. É pra onde voltamos no fim daquele dia cansativo. É onde nos recolhemos pra chorar na água morna do chuveiro quando "deu merda". É onde recebemos as pessoas que mais confiamos e queremos perto. Na nossa casa, como no nosso coração, há espaço pra muito afeto, mas apenas para os de comunhão. Aprendi que, como o coração, não se abre a porta toda hora, pra todo mundo, não é uma fratura exposta que peleje por atenção e quantidade.

Não tem espaço pra energia pesada exterior. Não cabem os olhos gordos. É o nosso canto e tem que ser respeitado como respeitamos a nós mesmos.

-

Tem quase um ano que estou de "casa nova" e ela custou a se transformar num lar, no nosso canto, com a nossa cara. Eram paredes e espaços esperando por nós, que nunca chegávamos de corpo e alma. Hoje, quem entra aqui, seja pela sala ou cozinha, consegue sentir o aconchego e a identidade. Quem me conhece um pouco e também conhece mamãe, identifica sem sacrifício que esse é o nosso lar. É a gente em detalhes, em retalhos, em cores e formas. Em cada cômodo tem um pedaço de nós, idealizado e feito por nós. Olha-se uma cadeira e é possível lembrar como ela foi feita, desde a escolha da cor da tinta até a confecção, os reparos. Olho a parede de azulejos e lembro da tarde inteira batendo cabeça na Frei Caneca pra fazer o mosaico mais bonito. Meu quarto, minha mesinha de cabeceira, eu alí. Em tinta, vidro e madeira de rua. O espelho de janela, a mesa de carretel, as subidas e descidas pela rua com materiais garimpados e, depois, repaginafos ao nosso gosto, com nosso toque. A cara de pau pra conseguir esses materiais. "Um eterno ateliê", como dizem os que aqui chegam e acompanham a trajetória da casa que nunca termina, mas que tem sempre espaço entre uma lata de tinta e outra de cerveja pra receber os amigos.

Eu não vejo a hora de terminar. E também não vejo a hora de terminar pra saber o que eu já sei: que ela não termina. Que é ad infinitum, eterna mutação. Igual a gente.


momentos 'finais'

quinta-feira, julho 17, 2014

O perfume suave da memória

Resgatar memórias é um sopro de vento pra trás e ao mesmo tempo pra frente que deixa a gente mole, molinho. Uma confusão com os sentimentos atuais e os de outro tempo. Quando se trata de memória gostosa, com cheirinho e aconchego de infância, a viagem se torna ainda mais longa. E emocionada. Tenho certeza que seja assim com todo mundo que carregua um coração no peito.

Ontem, pude ver nas lágrimas de Gustavo, essa emoção resgatada. Em tato, descrença no que tava vendo, em cheiro, choro e sorrisos. O mais maluco foi chorar junto por algo que não vivi, mas o fato do resgate da lembrança ter sido feito por mim, foi como se eu tivesse, naquele instante, mergulhada naquele pedaço de história que sequer me pertence. Uma fenda no tempo: Gustavo atracado em seu Snoopy que existe há 30 anos. Hoje, sem a blusa de botão branquinha e a bermuda caqui, ambas perdidas no tempo pelas traquinagens daquele garotinho dentuço. Hoje, um Snoopy nu de roupas, mas vestido de muito, muito amor.

À Cristina, meu muito obrigada pelo carinho, ajuda e confiança.


"amarradão' habitando o novo lar

terça-feira, julho 15, 2014

terça-feira, julho 08, 2014

Sinalização



'Ô Carlinha, alí tá dizendo que é proibido ir para o céu, né?!'

Arthur, 3 anos.

segunda-feira, julho 07, 2014

Surpresa:

É quando você não sabe se (ainda) tá bebada, dormindo ou "apenas" muito feliz. E, depois de alguns segundos de confusão mental, descobre que são todas as opções ao mesmo tempo. A última, pelo resto do dia. Dos dias. 

Eu sou mesmo uma garota de sorte. E de muito amor!


<3

terça-feira, julho 01, 2014

Perspectivas

Já me falaram brincando, por mais de uma vez, que eu me contento com pouco. Pra alguns, contentar-se com pouco pode tá diretamente ligado à falta de ambição ou conformismo com aquilo, sem necessidade de semear mais. Pra outros, é alegrar-se com pequenas porções de coisas que dão certo na rotina cansada dos dias. 

Pequenas porções que, somadas umas às outras, transformam nosso dia-a-dia num calendário mais leve de se cumprir. Há a possibilidade do dever ser prazer e só de existir essa possibilidade, mesmo que nem sempre venha a ser concretizada, tudo se torna mais fácil.

Hoje, no Mundial, os tomates, pela primeira vez em quase um ano, estavam em maioria bonitos, sem machucados ou mofos. Tavam lisinhos, nem tão verdes e nem maduros demais. Coloquei 5 na minha sacola sem esforço e fiquei o resto da feira sorrindo de canto de boca e até mesmo naquela fila que parecia não acabar. 

Ganhei o dia.

Agora, seguem as pequenas e também alegres esperanças cotidianas daquele pedaço de mundo que, se levado a sério, arrasa com o humor do cidadão: que o tomate Deborah ou Carmem dê um cadinho de espaço para o italiano e que o limão galego divida sua prateleira com o siciliano, sem traumas.

segunda-feira, junho 30, 2014

Future Me

Exatamente um ano atrás eu escrevi uma carta pra mim, para o futuro, para um ano depois. Essa carta chegou hoje no meu e-mail. É o terceiro ano que faço isso e a cada ano é mais fantástico de ler. Minha conclusão é de que essa conversinha de que um ano passa ligeiro já não cabe mais em mim, ao menos na quantidade de coisas que acontecem e mudam, em mim. E no outro. Agora é hora de escrever a próxima!

http://www.futureme.org/

terça-feira, junho 24, 2014

Cachorros loucos

Bomba rojão dentro do buraco do tijolo, cabeça de nego na garrafa pet, peido de véa direto na brasa da fogueira, aliada por todo o quintal, um traque de massa que seja perdido entre o pó da serragem pra estralar no pé do povo, na testa, no dente. Nada. Nadica de nada na minha sacola de São João - e não de Festa Junina...

sábado, junho 21, 2014

Tropicália

Como pode uma única música dar uma cambalhota na cabeça e te levar a outro lugar, tempo, pessoas? O mais incrível é que acontece sem que a gente tenha controle a respeito. 

Hoje é sábado de manhã de junho de 2014 e, ao colocar Caetano pra embalar minha manhã de arrumações, sou cortada na veia por Tropicália. Parei tudo. Ouvi e cantei inteira, não acreditei no que tava acontecendo. Lá estava eu dentro do 308 voltando do Condado de Cascais pouco depois de ter deixado o papo gostoso com Ana paula no ponto de ônibus em frente ao Porcão. O almoço havia sido macarrão com molho pesto e mais fofocas, a Lê visitando a gente no restaurante só pra que a gente pudesse falar mal do chefe em paz. 

Dentro do ônibus, sentido Flamengo, ele me liga de dentro do Zona Sul pra saber o que falta comprar para o jantar. Tá um trânsito tão imenso, nem tão cedo vou chegar por aquelas bandas, mas não importa, no meu fone de ouvido Caetano canta Tropicália em looping, eu canto tropicália em looping. Decoro ela inteira, rapidíssima, tiradíssima, genialidade em música. E me balanço dentro do ônibus. E vejo a hora do ônibus passar direto naquela curva e mergulhar dentro do mar de São Conrado. Penso que seria uma maneira bonita de se morrer, ao som de Tropicália, no mar. Dá vontade de sair correndo, de gritar, de amar.

É cedo da manhã e preciso pegar o metrô e o ônibus de integração para a Barra da Tijuca. Sento na cadeira (com sorte) e dou o play. Escuto mais algumas pra disfarçar meu atual (e demorado vício):Trem das cores, Podres poderes, Água, Lua e Estrela, Cor Amarela, Tigresa, Odeio, todas as demais da lista que já foram e voltaram e foram vícios e viraram eternos amores. 

Era fim de namoro, fim decretado por decreto, sem dó e nem piedade, com poucas palavras ecoando em um quarto, lágrimas descrentes e muitas bagagens para serem levadas embora dalí: físicas e emocionais. Tavez a manhã mais dífícil da minha juventude. 

Indo encontrar os amigos, Tropicália no fone de ouvido. Tropicália durante os espaçamentos de conversas durante a noite ecoando na cabeça. Noitadas, madrugadas, chegar no trabalho ressacada, um sentimento esquisito, quase culposo mas também aliviante de liberdade. Era preciso. Tropicália, agora, revezava com Água. Pelo momento, pela melodia, pelo vídeo lindo de Caetano cantando tão sereno. Uma serenidade que eu queria pra mim e para o outro algum dia, mas que era impossível de alcançar naquele período de praia, festas, amigos, mar, bicicleta, uísques e decisões. 

A liberdade de Tropicália e o desejo do melhor ao outro de Água precisaram dividir o espaço com Deusa do Amor na voz do filho de Caê. E os sentimentos foram se misturando. E dando espaço pra Água de côco de Marcos Valle, Deixei Recado de Donato e For no One, dos lindos. Minha quadrilha viciante tava formada naquele verão que custou a acabar. 

Hoje, ouvindo apenas essa música, pude perceber que nem eu sabia o quanto essa música havia sido importante nesse período de transição de sentimentos. O mais instigante é sentir, nesse sábado de manhã de 2014, o quanto esse período Tropicália foi importante pra chegar até aqui, hoje, nessa manhã tranquila de inverno, tintas, obra quase concluída em casa, de coração cheio, de novas músicas, conquistas, histórias, sabores, esperanças, projeções e expectativas.

Obrigada Caê por sempre trilhar musicalmente as minhas fases, desde que eu era tão pequenininha.

<3

quinta-feira, junho 19, 2014

Aeroporto

Lugar onde meu coração bate destrambelhadamente rápido de contentamento: chegada. Ou parece que deixou de bater por completo de tão oco: partida.

quarta-feira, junho 18, 2014

Lembrança suave

Era hora de ir embora e, já dentro do carro, a minha pequena baixou a cabeça, em silêncio, enquanto não disfarçava uma gotinha de lágrima se formando por dentro daqueles olhos tão bonitos que ela tem. Papai pergunta: "por que você tá assim, Sofia?" Ela se vira pra mim e deixa a discrição de lado falando "é que eu gosto muito de tu, vou ficar com muita saudade" e me abraça longamente e apertado. Eu, que nunca me aguento, desato a chorar e a tentar disfarçar o impossível. Respiro fundo e, antes de largar do abraço, limpo as lágrimas na palma da mão pra que ela não veja e fique ainda mais triste. É preciso acalantar aquele coraçãozinho, é apenas o que penso, enquanto arthurzinho, alheio, pede seu homem aranha que ficou em casa.

"Logo nos encontramos novamente, você sabe que sempre nos encontramos, não é?"

"Uhum..." (ainda triste)

"De repente Arthurzinho pode comemorar o aniversário dele, em outubro, lá no Rio, ia ser muito legal"

"Ahan!!! ia ser muito legal!!! No parquinho!!" (sorrindo)

"E tu lembra que teu aniversário do ano passado foi lá no Rio, Sofia?"

"É claro que lembro!!! O lanchinho que tu fizesse. E também que eu ganhei um balão da minnie muito lindo da tua amiguinha, num foi??"

"É, foi..."
 

quarta-feira, junho 11, 2014

Arthur e o tempo

"ai amanhã os golfinhos tavam muito lindos, num foi, Carlinha?"

terça-feira, junho 03, 2014

Mapa astral surreal

O dia-a-dia é tranquilo, tudo bem, a rotina easy going, erro muito, aprendo rápido, questões, relações, resoluções, sintonias, enquadramentos, o naturalmente, o deslizar, insights. meu namorado sorri largo e também se comove e emociona com o belo. quando triste, ele deita no meu colo dentro de um abraço e tudo volta a ser conforto, quentinho, suave.  minha paixão é recíproca, meu amor é regado. não tenho dor de amor partido, alfinetado, mal resolvido, mal vivido ou mal amado. minhas saudades são mutuas. meus amigos, que não são muitos mas fundos, estão pelo mundo afora e ao mesmo tempo bem pertinho. minha mãe me chama pra construir junto com ela mas precisa de um puxão, que eu dou com prazer. meu pai diz que tá tudo bem e compara corpo humano com baldes de frutas, acerolas e mangas. meus irmãos crescem longe de mim mas perto no coração. o dinheiro não é muito mas não me falta. tá tudo certo, é tudo água, olho pra fora e gosto da chuva. é tudo Peixes.

Mas quando bate a peste ariana, não carece mais de uma frase pra explicar, 'pedindo licença': minha pomba gira perde feio. 

Áries, querido, não adianta seduzir os demais com seus truques, criatividade, arte, seu sexo, carisma, luz, beleza, espirito livre e títulos de poemas e músicas pra disfarçar esse cão que te carrega. Aceita que, querendo ou não, tem um peixinho nadando no meu Aquário, dentro de mim, tomando espaço. Não adianda teimosia. Um peixe que tá com uma vontade danada de crescer ainda mais, tomar corpo e amadurecer, te ofuscar, que grave, te ofuscar, como nunca quis antes nessa vida astral. 

Último conselho: pra sobreviver, sugiro que conviva bem com ele. 

segunda-feira, junho 02, 2014

Presente doce

Saco cor-de-rosa cheguei
Dedos empoeirados
Pipoca sorteada com uma crosta a mais:

De açúcar
E de amor

quinta-feira, maio 29, 2014

Será?

Será que coração é feito rabo de lagartixa?

terça-feira, maio 27, 2014

Dublin e o mundo, em mim

Hoje cedinho completou um ano que cheguei de Dublin. Um dia que foi absolutamente confuso na minha vida e também na de outras pessoas no ano de 2013. Era muito, muito estranho estar alí de novo. Esse alí que custou a ser aqui novamente. Demorei muito até voltar à cidade do Rio de Janeiro. Por uns 4 ou 5 meses a mais que o tempo de viagem, eu ainda dividia minha vida com Talha, perambulava pelas ruas e Okupas com Brecht, comia raclette no sofá de Vic&Quentin, cruzava Paris - Amsterdam de trem, passeave na tandem com Manni e chorava de emoção dentro do abraço de Sam. 

Meu corpo, tristonho e sem voz, existia perambulando pela cidade junto com minha cabeça e coração: baleados, torturados e destrutivos em um boteco qualquer da Lapa até de manhã cedo, pra ser ainda mais amargo dormir naquelas condições deprimentes de luz invadindo o quarto sem cortina. Me emociono com as pessoas que se mantiveram firmes e amáveis em um período tão dificil pra mim. E agradeço a cada uma delas pelo colo e também pelo respeito do meu tempo out, do Rio, do outro, do meu lugar no mundo e, sobretudo, de meu lugar em mim.

Hoje faz um ano que voltei da Europa mas na verdade faz apenas alguns meses. Dublin, que inicialmente era pra ser figura principal, se tornou a ponte para o mundo e pra tantas descobertas, vivências, amores. E mesmo os momentos de perrengue naquela cidade tão fria somaram pra ter sido esse solavanco para o mundo de fora e de dentro, um despertar. 

Hoje, penso na cidade e me sinto confusa. Um misto de saudade mas também de alívio por não estar mais lá. E também de esperança, pela vontade de voltar um dia, provavelmente pra outra cidade. E voltar sempre que preciso não para ela ou para outra, mas para o sentimento de solavanco que ela me dá em sentido de mundo e suas possibilidades.

E esse sentimento mundano não tem tempo que complete pra passar. Que bom!


maio de 2013 - Dublin ensolarada, um presente de despedida






segunda-feira, maio 26, 2014

Companhia do Gesto


A Cozinheira, o Bebê e a Dona do Restaurante


foto: carla alencar






Com Tania Gollnick, Cecília Ripoll e Ademir de Souza.
Direção: Luís Igreja.
Produção: Ana Carina
Fotos aqui !

Frila - As delicias e as dores

A parte ruim de ser freelancer, além da instabilidade, é que é um parto e um drama a cada fim de projeto bacana. Como terminar um livro ou uma viagem que você gostaria de voltar ao ponto inicial de tão gostoso que foi.

A parte boa, além de somar várias experiências diferentes na vida, é que a gente deixa um coração em cada um desses lugares e pessoas. E leva o coração delas, também.


Manguinhos

quinta-feira, maio 22, 2014

Gustavo:



Sobre quando o belo te silencia e o amor te acalma.

quarta-feira, maio 21, 2014

No teatro:

Pra enlouquecer, é preciso estar muito são. 

No teatro.

Alô, produção! II

- Ué, como você conseguiu isso? E isso? E isso? Isso eles nunca dão, mesmo. E isso a gente nunca nem pede pra não levar um fora.

-É, como você conseguiu?

- ... pedindo. Acho que consegui justamente por não saber que não podia.

Alô, produção!


                                                                                               a todos os parceiros dessa vida de produção

Tem uma gente, maluca, que pensa que produtor é um bicho mais maluco ainda, adivinho e meio mágico. 

E essa gente tá completamente certa.

A gente, o outro

Dificilmente ouviam eu te amo da minha boca ou rabiscada de minha caneta. Dificilmente mesmo.

Atravessei a adolescência ouvindo queixas de amigas e cheguei na juventude deixando um nó na garganta dos namorados que , timidamente, falavam pela primeira vez esperando um "eu também" que fosse no lugar daquele riso confuso que eu dava ou dou no instante em que as coisas ainda não se mostram claras pra mim ou para meu coração. 

Não é birra, vontade de ouvir primeiro ou medo de arriscar, não. Já falei sem ouvir, quando certeza tinha. É respeito à palavra mesmo, que por mais simples que seja, merece todo o cuidado e prudência. Também me ocorre de não falar, não por falta de sentir ou sentir prematuro, mas por uma trava mesmo que dá entre o estômago e a voz. E isso acontece com gente funda no meu peito, gente de amor antigo e ao mesmo tempo novinho em folha em mim. Marina me dizia que sonhava ouvir isso da minha boca, mesmo que já soubesse através de meus carinhos, palavras escritas e ações que seguramente valiam muito mais do que um balaio enorme de eu te amos falados. Ela sabia e eu sabia que ela sabia, mas ainda assim ela queria ouvir. Até que um dia ela me viu falando ao meu irmão e se orgulhou, mandou mensagem no celular e tudo. Depois desse episódio, usei dessa oração com sabedoria. 

É seguro que quem eu não amo, nunca ouviu isso de mim, nem de raspão, por impulso, álcool no sangue ou o famoso "se colar colou" que tanto vemos por ai. Colegas, pessoas que admiro, pessoas inteligentes, pessoas parecidas comigo não são necessariamente amores. Por isso existem a empatia e a alegria de sentir que vivemos num mundo com pessoas bacanas. Amor é outra conversa. E, claro, já me enganei na palavra, não por acaso sou humana. 

Acredito que hoje em dia as coisas estejam mais equilibradas. Não existe mais a trava na minha garganta. Quando a vontade de dizer bate com meus sentimentos, não temo. Apesar de que meus braços, que podem ir até o inferno, se preciso for, continuam a dizer muito mais do que minha voz, fetal. E até mais que minhas palavras, vastas. Mas também não desembesto a usar o verbo por apenas a sensação do instante, do mês, da minha fase de vida ou da lua em sintonia com plutão, não. E confesso que me assustam as pessoas que, por um abraço mais forte e uma convivência maior, já tomam aquilo como amor. Coração é coisa muito séria e é preciso delicadeza e cuidado, sim, pra ser inteiro e todo verdade. 

Engraçado como só agora, no fim desse texto, avalio que o mesmo se dá com minha abertura. Provavelmente você, que agora mesmo lê esse texto, nunca tenha me visto se abrir, chorar, pedir arrego, em casa ou na rua. Do mesmo modo que você, outro você, que também me lê agora mesmo, já me viu pelo avesso, chorando, catarroescorrendo, pedindo colo e ajuda. 

Engraçada a vida, mesmo. Acho graça de quem acha que, por não fazer parte inteira daquela vida e não ter acesso ao que aquele alguem é, por dentro e por fora, tome como verdade que seja "assim" com todos. Ou "assado" Assim, esse assim assado que ela supõe. E as máscaras que a pessoa cria pra completar um inteiro, já que só conhece pedaços.

E é quando me questiono, com um risinho quase diabólido: ô, gente, somos pessoas, temos energias, temos sentimentos, dores, trunfos, alegrias, gozos, dúvidas. Temos a nossa vida e acho que seja justo que ela não seja um dominó de mesa de boteco que todo mundo joga, que todo mundo mexe, tem acesso, suja e, do mesmo modo que tem o poder de derrubar no chão, tem de colocar de volta à mesa. Tá amarrado!

terça-feira, maio 20, 2014

Despir-se

foto: daniel gonzalez


Pra mim, poucas coisas são tão belas quanto um corpo nu. Um corpo despido de ranço, vergonha, pudor, de medo. Um corpo livre, Um corpo que é bonito apenas por ser, existir. Feminino ou masculino, cheio ou fino, plástico, anatômico. Texturas, cores, sabores, curvas, gravidade. Vento infiltrando os buraquinhos dos poros. 

Um corpo nu é muito mais do que um corpo sem roupas.



Manguinhos em Cena

Fazia tempo que eu não saía de casa pra trabalhar cedo, voltar tarde, cansada, com fome mas com o coração transbordante. Saber, a gente sabe, mas é muito bom sentir na pele que ainda há bons motivos pra acreditar e muita área e gente férteis pra compartilhar, ensinar e, principalmente, aprender.

Manguinhos em Cena e Companhia do Gesto, muito obrigada! Hoje foi tudo demais.

teste para novos atores da companhia. foto: fernando alves

sexta-feira, maio 16, 2014

Transito de sexta no Rio:

A sensação de estar no ônibus desde a segunda.

terça-feira, maio 13, 2014

Procissão Nossa Senhora de Fátima:





Ou sobre quando o bairro foi tomado por velas e vozes.

Tá bonito!

Sobre Game of Thrones, séries e vinhos

Nunca tive paciência pra séries. Quando digo isso, quero dizer que nunca tive paciência pra iniciar uma série. Não sei o motivo, acho que preguiça. E quando digo que nunca tive paciência pra iniciar uma série, concluo que, com isso, nunca vi uminha que seja pra contar história.

Acontece que nos últimos tempos, em qualquer local ou grupo de pessoas que eu esteja, existe um suspiro sobre Game of Thrones. Seja Rafa falando que o fulaninho é gato, seja Léo dizendo que o anão é comedor, seja meu facebook cheio disso pela timeline dos outros ou mesmo em um cartaz imenso colado na banca de revista da esquina da minha rua. O negócio tá brabo. Tá dominado, tá tudo dominado. 

Já me contaram o resumo da história e não me senti seduzida o suficiente pra largar meus filmes e dar espaço ao GOT, como é apelidado carinhosamente pelos fãs. Até que um dia, em uma mesa de bar (claro, pois é o local onde surgem as melhores e também as piores ideias), um grupo de amigos se propôs a assistir pela primeira vez o primeiro episódio. Com o agravante de: "vamos assistir juntos?". Vamos. "sexta-feira que vem, com vinho e pan?" "vamos, fechou". No estilo um dá forças ao outro e estímulo. Tudo certo.

A fatídica sexta chegou, as pessoas chegaram, petisquinho na mesa, vinho pra regar a "equipe dos descoloridos" e as outras duas equipes, digo, reinos. 

O resultado é que é óbvio que ninguém se concentrou em série alguma e, pra piorar, ela virou uma grande piada no final de cada episódio, quando um ou outro se arriscava a dar um resumão geral do que aconteceu, entre uma golada e outra. Frases soltas, sem lógica, mas com observações muito pertinentes. De todas, me sobrou apenas uma, pois agorinha mesmo me deparei com uma foto que me fez lembrar e rir a mesma gargalhada do dia. Era pra ser uma coisa séria, mas Ana Paula não parava de rir. E, com isso, não conseguia me deixar continuar falando. E quanto mais eu resenhava, mais ela ria e chorava e ria e chorava. E menos eu entendia os adendos que Calani ou Bruno faziam, alguns "detalhes" que faltavam entre uma frase e outra que eu falava. Enquanto isso, as 5 garrafas de vinho iam embora.

"Esse cara tá imitando Caê na capa daquele disco!"


O resultado é que continuo achando que não nasci pra séries, pra não dizer que achei chata e novelesca pra cacete. Mas que foi muito engraçado dividir esse momento com pessoas que sairam da sessão de 3 episódios com a mesma sensação: "é ruim, mas foi do caralho, bora ver mais um?"

Então tá, até a próxima sessão.

segunda-feira, maio 12, 2014

"Quando" pode ser mais perigoso que "e se..."

Penso que a suposição exaustiva seja uma espécie de doença mental. E que a certeza de um achismo seja o diagnóstico desta doença. 

Por um mundo com menos adivinhação e mais paciência.

Redemoinho


Meu cabelo se moldava escorregadio para o lado esquerdo. Que é o mesmo lado do meu piercing no nariz. Não é franjinha que esconde um olho pra ver a vida pela metade, não. É apenas de lado. Semana passada fui ao salão de beleza "repicar" meus cachos e acertar essa franja e, pela primeira vez na vida "de lado" do meu cabelo, alguém que não conheço, mas com porte de uma tesoura nas mãos e da minha vida capilar naquele instante, me alertou sobre o redemoinho que eu tenho bem na frente. "Se você começar a partir para o outro lado, a franja vai ter um caimento melhor, além de dar um jeito no redemoinho."

Redemoinho? Eu nem sabia que eu tinha isso. Realmente, agora, meu cabelo, além de repicado, tá com um caimento muito melhor na franja, para o lado direito. 

Foi preciso que alguém que nunca me viu na vida, me falasse isso pra eu saber, mudar e melhorar, minimo que fosse, algo banal feito cabelo. Não foi pelo cabelo, foi pela visão do outro, tantas vezes cega em nós.

Por mais gurus e pessoas coringas em nossos caminhos! E coringas não são as que tentam adivinhar e explanar opiniões "seguras" sem conhecimento, apenas por esporte. Esses não são coringas e podem desviar a estrada, que é larga e cabem todos.

terça-feira, maio 06, 2014

Sobre cheiro, risco e acerto

Não tem risco de queimar ou ficar cru pelo timing errado. O cuscuz avisa que tá pronto quando começa a cheirar. Sem risco. 

Bem que as relações humanas podiam seguir o mesmo padrão cuscuz de viver: simples, direto, certeiro e sadio.

sexta-feira, abril 25, 2014

Bruno, Abdon, B1 (apelidade por mim) ou "mermão, deixe de ser chato, doido"


Era uma quinta-feira à noite em Copacabana, mais precisamente na Siqueira Campos, naquele boteco tradicional cheio de comidinhas tão perto de minha casa mas que eu nunca havia estado: O Adega Pérola. Era a minha primeira vez naquele lugar que eu voltaria tantas outras. Era a primeira vez, também, que eu saía com os amigos de trabalho e amigos de amigos do meu novo namorado. Quando cheguei, todos estavam sentados naquela mesa comprida que comporta bem copos, belisquetes e bebuns. Entre uma bicadinha e outra fui sendo apresentada a eles. Pouco tempo depois chega um rapaz tímido, com dread, camiseta lisa e já pedindo um chopp antes mesmo de sentar, na minha frente. "Ele acabou o namoro de seis anos tem pouco tempo e tá meio pra baixo", me alertou Paloma. 

Falava pouco e tinha um olhar tristonho mas muito bem disfarçado entre uma piada e outra de alta classe pra padrões de mesa de bar. E isso tomava a atenção da gente. "Que menino mau humorado mais engraçado", foi o que pensei.  

Meu primeiro pensamento sobre Bruno foi certeiro e bem julgado. 

Depois de um tempo voltamos a nos encontrar no aniversário de Paloma. Era um lugar chique e eu não conhecia ninguém além do meu namorado e um ou outro de vista de outra ocasião. Meu namorado, que deveria ser mais enturmado, parecia tão peixe fora d'água quanto eu naquele local. Eita, o Calil tá ali, vamos para lá. Eita, o Sato também tá ali, ó. Tudo certo, meu parceiro de cachaça e sobrenome. O Sato logo foi embora e o Calil também. 

"Olha alí, não é aquele menino que acabou o namoro há pouco tempo e tava no Adega?"
"É sim, o Bruno, mas pô, não tenho muita intimidade com ele"
"Que besteira, min. Ele parece legal e tá com a roupa mais parecida com a nossa, bora pra lá"
"Bora"

Corta a cena. 

Depois desse dia, quando marcamos o passeio de bicicleta pra Paquetá (mágicamente sem fulerar) e pouco depois selamos a nova amizade dos três que brotava naquela mesa de bar do bar que estávamos descobrindo, do "Zé", nunca mais nos largamos. Vivíamos os três por aí e era como se tivesse sido assim desde antes ou de sempre. Um casal e um amigo pra cima e pra baixo, de bike, a pé, de ônibus. Não tinha isso de segurando vela. Vez por outra você brotava com um amigo, só pra me dar mais trabalho na hora de cozinhar de madrugada, mas eu adorava. Eu adoro.

O casal se separou, os amigos, não. Nem de um lado e nem do outro. Pelo contrário, além de se consolidarem, ainda agregaram os novos colegas e novos grupos que levaram a novos grupos e a novos. Engraçado isso tudo. E também bonito. Éramos três. Somos vários multiplicados, hoje. E um carinho do trio original absurdo.

Bruno é chato. Provavelmente geneticamente chato. Por sorte não se tornou geneticamente gordo, seria muito para ele. Tem uma casca enorme e um escudo firme que envolvem uma carne fina, frágil, como costuma ser com gente de coração grande que tem um medo medonho de perder o controle. Foi assim por um tempo. Sabe-se lá o motivo, se por afinidade, confiança ou reconhecimento no outro, aos poucos essa casca foi se tornando fina e hoje consigo encostar na pele. Muitas vezes sem nem precisar de contato físico. Escuto o que ele tem pra falar com cuidado e atenção, dou valor. E quando eu falo, não tenho mais medo de receber um "isso não é da sua conta", como já ouvi ele falando por ai sem piedade. Ao contrário disso, ele liberou um "pode falar, temos intimidade pra isso". E ouve com cuidado, com atenção. E não é porque sou mais ou melhor, é apenas porque somos amigos e conquistamos isso dia após dia, em cada situação, conversa e até mesmo nas briguinhas. 

Agradeço demais a confiança que você deposita em mim e sou muito grata pela que tenho em você. É valioso isso, eu acho.

A verdade é que eu podia passar laudas e mais laudas escrevendo vários momentos e lembranças massa e viradas que já tivemos nesse mundo e vida carioca, mas acho que o que fica é o que a gente é hoje e também tudo o que tem pra ser vivido, que é muita coisa.

Te desejo tudo o que há de melhor, como desejo a mim e a um irmão. E te desejo também muitos e muitos carnavais, porque parceiro feito tu nas ladeiras de Olinda, tá pra nascer!

Beijos, meu querido! Vida longa. E um sobrinho bem lindinho e ranzinza pra mim (hehe)

quinta-feira, abril 24, 2014

O Sport ganhou ou o Náutico perdeu?

 Não entendo nada de futebol, aliás, nem gosto. mas sempre que um time ganha, eu tenho a impressão que foi quase apenas o outro que perdeu.

quinta-feira, abril 17, 2014

A inspiração que vem da dor

É natural que meus melhores textos venham de alguma dor. Por um coração partido, inconformado, maltratado, cheio de dúvidas ou dívidas. Passeio pelo meu blog e fico imaginando como seria um infográfico sentimental dele, cheio de altos e baixos, como é a vida. Quando engatada com algum problema, que por algumas vezes eu mesma criei, ele chega ao topo do cotovelo machucado, a carne sem pele, exposta, as veias do coração à mostra. 

Quando dor, os dedos escrevem rapidamente um texto, um poema, um foda-se em fonemas cheios de força, de bala engatilhada para o próximo tiro que sempre há de ter. Um texto atrás do outro pra preencher o vazio que aquela situação deixou. Se não tem mais a história (se é que um dia teve) e sobrou apenas sua lembrança, nos resta apenas as palavras como forma de manter tudo vivo, mesmo que já tenha morrido e só a gente não tenha, tristemente, dado conta, de teimoso que somos.

Quando amor, não. Os textos fluem no olhar em parceria com o outro. Surge na cama, entre um alisado e outro. Entre uma respiração mais forte e o gozo libertador. As palavras escorrem no ato, junto com a lágrima. O poema é o dia-a-dia. A mão na mão, o telefonema, o cheiro no pescoço de bom dia, o abraço da noite quando se reencontra, o jantar especial em dia de semana. As palavras, o texto, a prosa e o poema se confundem com a vida em ação, não mais em lembrança. E meus textos surgem em momentos que não há caneta, papel ou um computador pra escrever e depois passa, pra dar espaço a novos textos mentais, sozinha ou em conjunto.

Algumas vezes acontece da inspiração chegar quando tenho todas essas ferramentas em mãos e me sinto contente e com um cadinho de inveja, não de quando triste estou, mas do impulso quase que psicográfico que a tristeza traz.

Confesso, mesmo que egoistamente, que a felicidade tem seu preço alto: a escrita física acaba, algumas vezes, ficando pra depois. (Ao menos é por um bom motivo)

terça-feira, abril 15, 2014

Três meses


O tempo do amor é caduco

Ligeiro quando muito

Lento quando dentro:

É fundo.

segunda-feira, abril 14, 2014

Brasil:

Não Confundir
Chuva
Com frio

quinta-feira, abril 10, 2014

Sobre ser de Recife e morar no Rio:

Quando o Flamengo perde um jogo no dia em que o Sport ganha, minha timelime fica toda vermelha e preta. E eu fico absolutamente confusa.

quarta-feira, abril 09, 2014

(Re)leitura



Quando dou um flecheiro nesses olhinhos miúdos e amedrontados, vinte e tantos anos atrás, te encontro hoje. 

E meu coração dispara. Te encontro tão antigo e novo em mim, em nós. Duas bolas de gude esticadas que vivem me falando. E carrega, logo embaixo, esse narizinho que antes era só um sapinho e hoje criou ponta. Um acutângulo perfeito que daria pra deitar em cima e passar a tarde inteira lendo um bom livro, confortável. Uma ponta linda. 

Escorregando da ponta eu caio nesse bico todo. Um bico que é desamarrado, bem seu. Um bico suave, molinho, gostoso. (Tem vezes que é brabo, mas passa ligeiro com um cheiro). Por que é um bico que não é um bico, mas é, sim, um bico bem bicudo, no banho, na cama, fazendo manha (ou não). Uma risada em forma de bico. Ou um bicudo em forma de sorriso, ainda não sei. E tentando decidir qual das duas coisas, continuo perdida dentro desses olhinhos de menino que você carrega até hoje e que são de tamanha importância pra mim. Que, vez por outra, se escorrem em lágrimas, seja em um filme, música ou por uma alegria no peito. Você, chorando. Com tanta facilidade. "Quem diria". 

E então continuo e vou seguindo te procurando na fotografia e te encontrando fora dela. E tudo, tudo, tudo faz sentido: o post acaba e eu sigo olhando você no retrato. E na vida.


quarta-feira, abril 02, 2014

31 de março de 2014

Há dias venho pensado em você com frequencia. Seus olhos apertados de chinês, seu cheiro antigo e acolhedor desde que sou pequena, seu bolsinho na blusa, mesmo que não guarde nada nele. 

Tava lembrando dos livros que você já me deu de aniversário, o último, com uma dedicatória tão bonita! Você sempre me deu livros, desde os meus sete anos, quando me presenteou com um Ziraldo, um Pedro Bandeira e um livrinho, quase que manual, "de garotas". Esse ano você não vai sondar que livro ou dvd eu quero de presente. E chegar com eles embrulhados pelo papel da Saraiva de Copacabana. 

Ano passado esse ritual também foi suspenso, afinal, eu estava viajando e, no lugar de receber livros, te enviei um postal bem feliz diretamente de Barcelona. O primeiro postal que enviei nas minhas viagens. E você todo contente no telefone dizendo que tinha recebido rapidamente, pois Europa não era Brasil, que demora em tudo. O postal se foi, junto com você, não sei se foi egoismo meu coloca-lo junto à ti em nossa despedida, mas foi a maneira que encontrei de estarmos sempre juntinhos.

Acontece que depois de tanto te pensar, acabei sonhando no início da semana. Um sonho que ultrapassou os limites de realidade habitual, pois, dentro do sonho, eu sabia que estava sonhando. Nos encontrávamos no corredor da minha escola de infância e eu começava a chorar, chorar bastante, pois sabia que te abraçar, alí, seria um presente que eu não teria mais no plano presente. E eu te abracei apertado, tão rápido... e você, com rosto saudável e corpo forte, bem diferente de como te vi pela última vez, ainda em vida, me disse:

- Pára de chorar, menina! Você tá feliz?

(eu apenas balancei a cabeça positivamente)

- Então é isso que importa.

Você concluia, com seu ar de sabedoria de sempre.

Foi muito, muito bom te reencontrar. E ver que você está bem, firme e tranquilo. Quando quiser, pode aparecer.

Um beijo com saudade,

sua neta.