terça-feira, maio 27, 2014

Dublin e o mundo, em mim

Hoje cedinho completou um ano que cheguei de Dublin. Um dia que foi absolutamente confuso na minha vida e também na de outras pessoas no ano de 2013. Era muito, muito estranho estar alí de novo. Esse alí que custou a ser aqui novamente. Demorei muito até voltar à cidade do Rio de Janeiro. Por uns 4 ou 5 meses a mais que o tempo de viagem, eu ainda dividia minha vida com Talha, perambulava pelas ruas e Okupas com Brecht, comia raclette no sofá de Vic&Quentin, cruzava Paris - Amsterdam de trem, passeave na tandem com Manni e chorava de emoção dentro do abraço de Sam. 

Meu corpo, tristonho e sem voz, existia perambulando pela cidade junto com minha cabeça e coração: baleados, torturados e destrutivos em um boteco qualquer da Lapa até de manhã cedo, pra ser ainda mais amargo dormir naquelas condições deprimentes de luz invadindo o quarto sem cortina. Me emociono com as pessoas que se mantiveram firmes e amáveis em um período tão dificil pra mim. E agradeço a cada uma delas pelo colo e também pelo respeito do meu tempo out, do Rio, do outro, do meu lugar no mundo e, sobretudo, de meu lugar em mim.

Hoje faz um ano que voltei da Europa mas na verdade faz apenas alguns meses. Dublin, que inicialmente era pra ser figura principal, se tornou a ponte para o mundo e pra tantas descobertas, vivências, amores. E mesmo os momentos de perrengue naquela cidade tão fria somaram pra ter sido esse solavanco para o mundo de fora e de dentro, um despertar. 

Hoje, penso na cidade e me sinto confusa. Um misto de saudade mas também de alívio por não estar mais lá. E também de esperança, pela vontade de voltar um dia, provavelmente pra outra cidade. E voltar sempre que preciso não para ela ou para outra, mas para o sentimento de solavanco que ela me dá em sentido de mundo e suas possibilidades.

E esse sentimento mundano não tem tempo que complete pra passar. Que bom!


maio de 2013 - Dublin ensolarada, um presente de despedida






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