A Mauricio
Amor não é como a gente escolhe e não vem na embalagem que mais agrada, a embalagem bonita da vitrine. Amor às vezes vem quando a gente tá sujo, tá triste, tá querendo fugir da gente. Tá com a blusa manchada e a alma também. Amor não enxerga a cor da blusa, tampouco a cor do momento. Amor costura. Faz curvas e mais curvas em torno das nossas ideias, das nossas vivências, de nossas falhas, nossas doenças. Amor não escolhe a hora e nem o erro mais bruto. Também não escolhe pelo feliz acerto. O amor não escolhe, ele nasce. Nasce de um terreno capinado ou por entre os matagais em abandono. O amor brota. Ele dá um cadinho de esperança mesmo quando tá tudo errado, quando tem buraco, um espaço mal cuidado.
Amor é um colo quentinho, os braços agarrados nas pernas e cheiro no ombro de olhos fechados, involuntários.
Amor é isso e se não for é outra coisa, tão latente quanto, mesmo quando vaza, escorre, catuca. Mesmo quando dor.
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