quinta-feira, abril 12, 2012

Uma carta pra Marina






do Rio de Janeiro para Recife, 26 de março de 2012


Da flor, eu guardo o espinho, não nego. Espeta meu dedo, sangra e eu lambo. Eu gosto do gosto indefinido do vermelho que escorre. A flor é sempre bonita e vive envolta de alfinetes protetores. Eu também. Nos raspamos e ferimos, uma na outra. Tantas vezes nem reparamos que o corte é com nosso próprio espinho. Com nossas próprias angústias e teimosias que reflete na outra. Nos refletimos por bastante tempo. Eu te via na água limpa da lagoa, você me via nas águas geladas da Urca. Nos víamos como a nós mesmas. Nos esperávamos como esperamos nosso próprio tempo - desmedido. E o atraso de uma vinha seguido da impaciência da outra - ou de nossa própria impaciência e intolerância com os segundos errados ou fora de ordem, de hora. A mais ou a menos. Mas como flores que somos, seguimos naquela marca que o pé faz na areia da praia por tempos e tempos. Ora andando, ora seguindo. E quase todas as horas seguindo e andando, lado a lado,simultaneamente. O tempo do nosso instante, que algumas vezes pareceu se quebrar, deixando os ponteiros e o vidro no chão da cozinha, foi o mesmo responsável por unir, por admirar, criar admiração e ternura. Foi o mesmo responsável por tantas palavras ditas e ouvidas, por tantas conversas e sonhos adolescentes em meio a turbulência da vida adulta. Foi esse mesmo tempo capaz de fazer retroceder, retorcer, machucar. De arranhar o disco da nossa música predileta, dos nossos sorvetes, das massas com tomate italiano, dos vinhos regados a sorrisos e olhos brilhantes, das cantorias em alto, muito alto e bom som. E fazer tudo ser tempo parado, tempo envolto de nada. Pudera eu mudar isso? Pudera tu adiar tal feito? Sim, não. Que resposta se pode dar a uma pergunta inexistente? Tempo parado não existe. Existe tempo distante, tempo em que tudo continua a acontecer exatamente da mesma maneira como sempre foi ou é: a manhã, o sol na janela, o ventilador no calor de 50 graus do Rio de Janeiro. E, junto a esse tempo que não para, tantos outros acontecimentos e vida. Nosso tempo não parou, ele sequer ficou envolto de nada. Ele continuou a ser construído, passo a passo, dia a dia, em cada silêncio meu correspondido por um silêncio teu. Até o instante em que o filete da saudade escorreu com doçura em forma de fonema. Talvez de você, ou de mim, que importa? Quem se importa? O tempo continua, a cada dia. Não perdemos o timing do nosso instante. Quebramos o relógio justamente pra não descompassar, descompensar. Fomos gente grande e cheias de uma educação e cordialidade que não esperava de mim e nem de você. Confesso que sinto que estamos de parabéns, apesar de nem saber direito o por quê. E também gostaria de dizer que o relógio da cozinha tá rodando no mesmo sentido que sempre.
 
Rumo ao amor e aos instantes que procedem.
 
Agora, um segundo a mais.
 
beijos, muitos.

terça-feira, abril 10, 2012

Pausa para um breve interregno


Após tantos dias postando sobre a viagem de Buenos Aires, lembrei que já fiz isso outras vezes e que é uma delícia. Faz parte do meu ofício de jornalista e faz parte da alimentação da minha alma, que vive transbordando de tantas idéias e palavras, histórias e dilemas. Acontece que o meu blog, o catando-vento, sempre foi voltado para a literatura e escrita livre, foi criado pela minha ânsia em colocar pra fora o turbilhão de poesia que passa por mim diariamente, da hora que acordo até o instante em que fecho os olhos, na cama. 

Não sei se é sina, se é soma ou apenas rima. Mas aceitei essa condição de olhar para uma pedra e não enxergar apenas uma pedra e seguir adiante com ela, feliz da vida! 


Então decidi que não vou mais misturar as bolas, acho bacana que um blog tenha um propósito, como o meu sempre teve, e não que seja uma salada de frutas e de temas,  apesar de nós, seres humanos, sermos assim. 


Vou deixar o catando-vento catar seu próprio rumo, como sempre foi. Ele sobrevive muito bem sozinho e praticamente não precisa de mim, apenas da minha mãozinha pra psicografar o que minha cabeça mirabolante e meu coração vagabundo saem inventando por aí de vez em sempre. Por aqui, quero dar vasão apenas para a minha poesia e para textos bacanas que não tenham relação com viagens (passeios em geral) e gastronomia. 


Acontece que viagens e gastronomia são duas vertentes que latejam cada vez mais dentro de mim, são duas paixões que não tem como simplesmente varrer pra baixo do mouse pad. Nem eu quero isso! Acho que elas merecem destaque, e, justamente por isso e por se unirem com tamanha maestria é que decidi fazer um outro blog destinado para viagens, passeios e gastrô!


Ainda estou pensando sobre ele, quando tiver pronto, divulgo aqui!

 
E, já que estou falando em divulgar, aproveito o espaço e o fato de não ter mais facebook (a melhor coisa que fiz nas últimas três semanas - zero falta dele!) pra dar uma boa dica! 


Comecei semana passada junto com o namorado a fazer aula de tango! Essa turma ia iniciar faz um tempo, acontece que a data acabou andando (por nossa sorte) e a primeira aula foi terça passada, uma delícia! Saímos de lá com o quinto passo e com aquela empolgação gostosa de que chegue logo a próxima aula. O tango toca com a emoção, o equilíbrio e a postura. Junção do corpo, alma e mente. Como é bom dançar e voltar para a dança! E como é bonito ver o Igor se iniciando nos passos e nesse universo  tão novo pra ele. E já chegou levando uma carga de concentração, um tanto de matemática para decorar os passos e um porte de principe de surgir comentários pós aula de professores e alunos. Segundo o próprio: acho que encontrei a minha dança! 


A turma é para iniciantes em tango na Academia de dança Alvaro Reys (é! Aquele mesmo que ganhou a dança dos famosos com a Cristiane Torloni! rs)

Onde? Rua Barata Ribeiro, 271, Copacabana.
Quando? terças e quintas às 21h
Quanto? R$120 por mês

Corre que ainda dá tempo de se inscrever!

segunda-feira, abril 09, 2012

Bons Ares - 24.03 y 25.03 - O início do fim!

24. 03 - Delta do Tigre



Mitre

 Hoje foi dia de conhecer o rio Tigre! Quase que fizemos a bobagem de ir em um dia de semana, por sorte, lemos algumas coisas antes e vimos que o Tigre funciona com mais brilho nos finais de semana, que é quando as atividades ficam abertas: feirinhas, restaurantes e parque!


                                     



Pra chegar até o Tigre você pode pegar um ônibus pra Retiro e de lá tomar um trem que vai direto. A outra opção ( e mais divertida), é pegar o ônibus até Retiro, de lá pegar o trem até a estação Mitre e de lá tomar o Trem de La Costa, que faz um roteiro turísco até chegar no destino final. Foi o que fizemos! Você paga 16 pesos e pode ir parando nas estações pra conhecer e a cada meia hora, pegar novamente o trem! Fizemos duas paradas, primeiro em Barrancas, onde nos deparamos com uma vista linda e vimos um jogo de hockey, depois em San Isidro, onde tinha uma feirinha legal. De lá, seguimos para o Delta do Tigre.
Ah, conhecemos uma argentina super gente boa que bateu papo com a gente o caminho ineiro! Falamos todo o espanhol que sabemos, e, principalmente, o que não sabemos


Rio Tigre





O Tigre é uma "cidadezinha" bem turística, com parques, restaurantes, feirinhas e vários stands te convidando pra passear de catamarã pelo rio. Assim que chegamos, nos deparamos com uma dessas ofertas, como não somos bobos, preferimos checar se a oferta estava dentro dos preços cobrados. E era claro que não, alí era pra pegar os turistas ansiosos! Logo fechamos um pacote com um passeio de catamarã com duração de mais ou menos uma hora que percorria os rios Tigre, Lujan, Carapachay, angostura,Espera, Sarmiento. O dia tava lindo! E o barco, cheio.



O passeio é bem tranquilo e vai nos mostrando aquele lugarejo tão lindo: casarões enormes, pousadinhas e pessoas fazendo churrasco em suas casas na beira do Tigre. Enquanto isso, a guia foi explicando sobre cada rio que passávamos, mas, de verdade, nos desligamos disso e fomos curtindo aquela paisagem que falava mais do que qualquer palavra.

Voltamos do passeio azuis de fome e fomos atrás de um restaurante pra comer e isso foi uma decepção! Não sei se pela hora - umas 15h - ou se por não ser um lugar preparado pra comer legal,acontece que não nos vimos atraídos por nenhum restaurante! Em todos eles só víamos servindo a Parrillada que é o típico churrasco porteño que inclue rim, intestino e etc.





Demos uma volta pela cidadezinha e encontramos uma padaria com umas media lunas cheirosíssimas. Compramos e demos mais uma volta na esperança de encontrar o tal restaurante. Sem sucesso. Voltamos na padaria e compramos mais várias e fomos comendo no caminho de volta para Retiro!



Detalhe para o obelisco


Quando chegamos em Retiro, fomos andando até a Plaza de Mayo, mesmo com todo mundo dizendo que era meio distante. Gente, estamos passeando! Que graça tem ficar pegando ônibus o tempo inteiro? A gente queria mais era ver a rua e engrossar a canela mesmo!


 Hoje era um dia muito especial para os Argentinos: 24 de março, dia da memória pela verdade e justiça. Segundo Ana (a mulher que conhecemos no trem), todo país precisa ter memória. E foi ela quem nos convidou para a passeata que ia acontecer na Plaza de Mayo, e, claro, lá fomos nós! A praça estava toda tomada por faixas e pessoas relembrando 76, para que nunca mais acontecesse nada igual. Entre gritos,fumaças e batuques, fomos tomados por uma energia boa. O dia caiu com um por do céu por entre os prédios e pessoas pintadas de vermelho!


Voltamos pra Palermo e escolhemos o jantar de despedida no Lo de Mi Hermano!


Pedimos uma provolleta de entrada e um Lomo com Pimenta negra. Voltamos pra casa com a missão de fechar a mala e terminar a Rosca Gelada!

25.03 - despedida


 Às dez horas da manhã teríamos que liberar o apartamento para a limpeza, pois no outro dia cedo iriam receber novos hóspedes. Acontece que nosso vôo só era às 20h. Acordamos cedinho, organizamos os detalhes finais e fizemos o check out. Como Santiago - nosso porteiro - ficou nosso camarada, ele sugeriu que deixássemos as bagagens no Ap e só pegássemos quando fôssemos partir para o aeroporto! Feito! Saimos despreocupados, fomos na feirinha da Armenia (aquela que só acontece nos finais de semana) e nos deparamos com uma feira enorme judáica. Era comida que não acabava mais!!! Além da feirinha tradicional, tinham zilhões de barraquinhas com a gastronomia de lá, além de stands pra fazer maquiagem típica e etc.



Ah, encontrei com alguns feras na feirinha, tomei até um drink com o Wood!


Fui atrás da bolsa da mafalda que tinha visto na primeira vez que passamos nessa feirinha, lá no início da viagem, e a moça não tinha ido! Já estava na hora do almoço e escolhemos o restaurante do Guido (aquele da entrada maravilhosa), mesmo sem ser de carne, pra nos despedir de BsAs.

Chegamos lá e demos com a cara na porta. Ele tava fechado! Fiquei chateadinha, tava com água na boca só de lembrar daquelas delícias. Seguimos para o lado de casa e paramos em um restaurante que passávamos na frente todo santo dia. Ele estava sempre cheio, mas nunca paramos. Por falta de opção e de saco de ficar catando um lugar que tivesse aberto para almoço em um domingo, acabamos sentando lá mesmo. É isso mesmo! Lojas e restaurantes fechados às 13h de um domingo.






 Pedimos uma empanada de entrada, uma massa e um corte de carne. A empanada de queijo e cebola tava muito boa, a carne tava dissolvendo na boca, mas a massa deu uma empanturrada! Saímos de lá e voltamos na feirinha - eu, com a maior esperança que a moça da bolsa tivesse chegado pra eu gastar o restante dos pesos - Que nada! Nem sombra dela!


Rodamos por alí e compramos o restante dos presentes: o kaleidoscópio olho de peixe (um pra gente e um para as crianças) e eu parei em uma barraquinha só com bijus em metal e pedra, de chorar de tão lindo! E foi lá mesmo que torrei o restante dos pesos: anéis, pulseiras pra mim e para as cunhadas, colares e etc. Alegria! O dia começou a cair e era hora de pegar as bagagens e partir para o aeroporto de Ezeiza. Chegamos umas 2 horas antes por conta do processo de imigração e também porque queríamos passar no duty free, ou melhor, na casa da alegria!


As meninas que se deram bem, tudo que eu via eu falava: eita, jôjô e Manu vão amar isso. Resultado? Voltamos com dois pacotes enormes de guloseimas para as meninas e para as crianças grandes!

Pegamos nosso vôo e chegamos no Rio de Janeiro no final do domingo com aquela sensação nostálgica de viagem delícia!

E que venham as próximas!


.:Em breve posto as fotos no picasa:.


.: as anotações para o blog foram feitas entre guardanapos e papel com as dicas de viagem. Pontuando as principais coisas do dia para fazer esse diário que vai se transformar em um diário não virtual, juntamente com as fotografias reveladas. 


Presente para a posteridade! :.


Na ponta do lápis:


Trem para Mitri : 1,5
Trem de La Costa: 16
Passeio de catamarã: 40 por pessoa
Esqueci de anotar os valores das refeições! 




sexta-feira, abril 06, 2012

Bons Ares - 23.03 - La Boca

Hoje a gente acordou sabendo que íamos para La Boca, último lugar do roteiro oficial de Buenos Aires que faltava conhecer. Mas acordamos bem sem pressa, e, sem pressa, levamos o dia. Levantamos, e, ao abrir a geladeira detectei que tínhamos bastante cerveja pra "degustar"! Tomamos um café da manhã só pra não ter aquela sensação de ser carnaval fora de época, e, antes mesmo de partir pra rua, pegamos cada um uma garrafa das importadas e fomos tomando no caminho até uma lojinha que eu queria comprar uma bolsa, alí perto! Que cerveja boa da gota serena! As duas. 


pan de miga


hitchcocke




Enquanto andávamos na rua, as pessoas olhavam com aquela cara de ódio de quem estava no meio do expediente. Chegamos na loja, comprei a minha bolsa (linda!) e depois passamos em outra que o Igor também tinha curtido. Ele viu um tênis alí escondidinho e me mostrou. Ficamos os dois de namoro com a botinha da Puma edição limitada. Bem diferente, fazendo um estilo desenho animado. SÃO NOSSOS! Mas, e cadê dinheiro suficiente pra comprar eles naquele exato momento em que só tinham esses dois exatos pares? Pedimos pra moça reservar enquanto voltávamos em casa pra buscar o cartão.






Chegamos lá, e, claro, pegamos mais duas garrafas e fomos bebendo novamente no caminho. Ai eu já tinha a certeza absoluta de que aquela sensação de carnaval estava mais que impregnada na nossa pele, enquanto os risos se misturavam com as fotografias na rua. Mas era um carnaval só nosso. A rotina da cidade continuava! Compramos os tênis,compramos também os presentes das meninas e voltamos pra casa pra deixar os pacotes. 


Era hora de partir para o Centro pra trocar mais dinheiro e depois seguir para La Boca. Chegamos em casa, tomamos uma outra garrafa, e, ao sair, levamos mais duas. Manhã de degustação (?) total. Deixaram a gente entrar no metrô com as garrafas numa boa! Quase que eu falo: "só no Brasil mesmo!"
passagem!




Descemos no Centro, cambiamos e corremos pra parada de ônibus com medo de chegar tarde no bairro de La Boca que todo mundo diz ser o mais perigoso de BsAs. Que a coisa mais comum é um turista chegar la e voltar sem uma câmera, como já aconteceu com conhecidos meus. Pra garantir, levamos apenas a compacta, e, diferente do terror que foi tocado, me senti tranquila por lá. Claro que ficamos sempre ligados (eu sempre fico em qualquer ocasião), mas não me senti ameaçada hora nenhuma. O que rola mesmo é furto! Você tá de bobeira, sorrindo para as cores do Caminito e chega algum malandrinho e tira a câmera da bolsa sem que você note. Mas, calma aê, a gente mora no Brasil,né? Temos um Saara inteiro como escolinha.


la bombonera ao fundo!






Chegamos lá, e, de cara, vimos o estádio do Boca Juniors, o La Bombonera. Todo grandão, bonitão! Em frente tinha uma praça bem bonita, bem cuidada! Andamos algumas quadras e lá estávamos nós no Caminito! Lá é tudo tão mágico! Muitas, muitas cores, uma alegria danada! Sem contar com a espontaneidade e simpatia dos boquenses. Adorei! Fomos recepcionados por uma feirinha charmosa,jogo de futebol no campinho e muitas lojas com "lembrancinhas", mas era tudo muito turístico. Bonequinho de tango, mafalda e coisas relacionadas ao caminito! 


tangueira




Lá haviam alguns restaurantes, todos seguindo a linha alegre de cores vivas e dançarinos de tango dando show enquanto as pessoas comiam (por sinal, os menus tinham um preço bem convidativo!) Até tentamos almojantar por lá, mas quando paramos o passeio pra finalmente comer, os restaurantes estavam na "xêpa", então preferimos comer por Palermo mesmo!


Pegamos o ônibus de volta e quando chegamos por lá, pensamos em comer no La Cabreira, outra parrilla famosa em BsAs, mas lá tem todo um sistema de reserva e de horas de espera que vai de contra à minha filosofia: esperar horas pra comer em um restaurante? no, gracias. E então tivemos que fazer o sacrifício de comer, novamente, no Miranda.






O Miranda fica na Costa Rica, aquela rua conhecida por ter vários restaurantes, acontece que ele fica situado depois da linha do trem, então é preciso dar uma volta até chegar nele! A noite tava fria e gostosa, e, sem pressa - e dessa vez sem medo - paramos pra tirar a foto que queríamos tirar no dia em que fomos ao Miranda pela primeira vez, lá no início da viagem, mas ficamos com medo do trem passar e de furto, pois a câmera ficava apoiada no chão para a foto! Dessa vez não, já estávamos familiarizados com o ambiente e ... Click! Feito!




O Miranda de cima




Chegamos no Miranda e pedimos dois cortes e uma guarnição. Esquecemos de pedir "ao punto" e, por conta disso, ele veio com mais casquinha e menos suculento, mas continuou incrível, apenas com menos sangue. A guarnição foi especial também! Ah, o Miranda, diferente dos demais restaurantes, dispensa o valor do Cobierto (que por sinal vem com uma pasta de cebola de lamber os beiços)!


friiiio!




Saímos do Miranda e fomos andando até o Planetário. No caminho, quase dez horas da noite, vimos pessoas se exercitando, correndo, passeando com os cachorros e, enquanto isso, aquele friozinho especial! Chegamos no planetário e vimos que ele tava desativado! Voltamos  pra casa passeando pelos bosques e zoológico de Palermo, vimos um programa de Tv Porteño que era um especial sobre Jim Carrey e comentei sobre Brilho eterno de uma mente sem lembranças, que achei incrível e que o Carrey conseguiu tirar o ranço humorístico! O Igor que também já tinha visto, não lembrava direito do filme, mas lembrava que tinha gostado. O programa de Tv acabou e então começou um filme. Pasmem: Brilho eterno de uma mente sem lembranças. Abrimos então o Chandon e brindamos com queijinho, brilho eterno e interno! 


quarta-feira, abril 04, 2012

Lujan - 22.03 - Zoológico


É muito difícil escolher um dia pra ser o melhor da viagem, cada um tem um gosto e um charme diferente do outro e diferente de tudo o que já foi vivido, afinal, é tudo novidade a cada esquina: um café, um restaurante, o ônibus, um passeio ou uma simples rua. Mas é com facilidade que menciono esse dia como o mais emocionante de toda a viagem! O dia em que fomos para Lujan. Lujan é uma província da Argentina que fica a 60km da cidade de Buenos Aires e que não estava dentro do nosso roteiro mental de viagem. Certo dia estávamos andando por Palermo e pegamos uma revista de turismo que estava em cima de uma mesa de um restaurante que sequer sentamos pra comer, e, ao folhear, vimos que uma das opções de passeios para um lugarejo mais distante ficava em Lujan. O zoológico de Lujan! Quando vimos o preço, caro e em dólar, nos desanimamos, mas aquela vontadezinha de ir ficou guardadinha e não foi descartada, afinal, não se tratava de um zoologico qualquer que a gente vai, olha os bichos, dá tchauzinho, anda de pedalinho e vai embora, não! Se fosse isso, eu nem ia me animar, tanto que o zoológico de Buenos Aires ficava do lado de casa e não quisemos ir. A questão é que se tratava do único zoológico da América Latina onde os animais se relacionam diretamente com as pessoas. Isso mesmo! Começamos a babar quando vimos as fotos das pessoas dentro das jaulas com os leões e tigres, e, claro, achamos aquilo tudo uma coisa fora da realidade.

Procuramos então saber se havia a possibilidade de ir por conta própria, sem depender de excursão e de tantos dólares. Descobrimos um ônibus que deixa em frente ao zoologico e que passa a cinco minutos da nossa casa. Quando somamos o valor do transporte + o valor do ticket, vimos que saía pela metade do preço que a revista propunha. Perfeito! Lá fomos nós.

Acordamos cedinho e super empolgados. Quando chegamos na parada do tal ônibus, o moço apontou mais pra frente e eu ví o 57 saindo. Saí correndo feito uma maluca em direção a ele e só escutei um barulho estrondoso. Nesse minuto eu percebi duas coisas: a primeira é que o moço acenava para o lugar em que se compra a passagem e não para o ônibus, e, em seguida eu percebi também que esse barulho foi de uma lata de lixo quase da minha altura sendo derrubada. Ah, por mim, claro! Tentei fazer a doida, mas quando olhei pra trás, além daquele latão enorme virado e cheio de coisas espalhadas, havia também o meu namorado, o motorista e várias pessoas me olhando e rindo. Mas assim: rindo MUITO da minha cara. Pense! Entramos no ônibus e seguimos rumo à Lujan. Ah, tem que ficar atento na parada do zoologico, pois esse é um ônibus intermunicipal onde as pessoas pegam não necessariamente pra ir ao zoologico. Se você não pedir pra parar lá, ele passa direto!


A viagem durou em torno de 1h30 por conta das paradas,e, quando finalmente chegamos no destino final, nos vimos em meio a um lugar compĺetamente diferente de tudo o que havíamos visitado até então: chão de terra batida, poeira e tratores de perder de vista! Essa foi a primeira imagem do lugar. O zoológico, além de ser a casa de um monte de bicho, também é um museu a céu aberto! Eles possuem uma coleção enorme de tratores!



Quando chegamos, percebemos logo a diferença de lá para os zoológicos tradicionais: não tinha uma portaria com uma bilheteria, não! Uma pessoa que chegou lá para nos recepcionar e pegar o valor da entrada. Depois ela falou que mais à frente teria uma barraquinha onde podíamos pegar o mapa do local. Lá é tudo bem rural, parece aquelas fazendas gigantes onde o dono cria tudo ao mesmo tempo: tigre, papagaio, pato, cachorro! Sem exageros, lá é assim mesmo! 



Assim que chegamos, andamos rumo à jaula dos tigres (a mais temida e esperada do passeio), e, na fila para entrar nela, havia mais patos do que pessoas dividindo o território. Eu que tenho pavor de patos, nessa altura de campeonato já tava fazendo carinho na cabeça e tirando foto deles. Afinal, o que é uma bicada de um pato pra quem tá prestes a entrar na jaula do leão e do tigre, né?

dando leitinho

Quando finalmente chegou a nossa vez, minha perna começou a tremer, juntamente com as piadinhas que surgiam o tempo inteiro daqueles que ainda estavam na fila: "boa sorte! Espero que você volte com boas histórias! Ele parece tá morrendo de fome! Ele vai sentir o cheiro do filhote dele!" Enfim, deixamos as bolsas lá fora e entramos apenas com as câmeras, óbvio!! Na jaula tinham  5 tigres grandes e 5 humanos felizes, contando com o domador deles. Passamos dez minutos com eles, que até então estavam calmos, até que um decidiu "brincar" com o outro, correndo feito malucos e pulando bem alto. Tremi nas bases, aliás, trememos. Uma tensão gostosa! No final deu tudo certo: alisamos os tigres, tiramos fotos com eles e, pasmem, o Igor deu até leite na boca deles. E eu, claro, registrei tudo! 




Saímos de lá com uma alegria e uma vontade monstra de desbravar aquele lugar. Cheia de euforia, quis logo ir na jaula do leão! Acontece que no meio do caminho nos deparamos com a coisa mais fofa de todo o zoológico: os filhotinhos do tigre! Pegamos ele no colo, uma fofura só, e, apesar de ter apenas dois meses de vida, já faz aquele barulho feroz. A coisa mais fofa. Quase morri do coração quando o Igor colocou o tigrinho no colo. Ele ficou bem aconchegadinho lá, tanto que pra tirá-lo depois foi um sacrifício! Até a moça que toma conta deles ficou impressionada! Ah, os tigrinhos dividem o mesmo espaço com os cachorrinhos. Durante o dia eles ficam separados dos pais, por conta da rotina do local e a noite eles ficam juntinhos. 






Depois do tigrinho, passamos na jaula do leão! Só tínhamos eu e o Igor pra entrar nela e um leãozão enorme, deitado. Dessa vez eu dei leitinho pra ele também, a língua é enorme e parece uma lixa. Adrenalina nas alturas! Ele tava calminho, não fez nenhuma estripulia... Mas e precisa? era um leão, gente! Enorme! Depois disso, seguimos para o passeio de Dromedário. Ele é bem altão! Subimos em uma plataforma pra podermos montar nele.



Rodamos pelo zoológico e fomos curtindo aquela paisagem linda, bem campestre mesmo! O lugar me remetia a minha querida Aldeia, cheia de mato, bicho solto pelo sítio e cheiro de campo. Tudo bem rural! Vimos os macacos, o gorila, o urso gigante, iguana, os leões marinhos cheios de malandragem, fazendo uma dancinha sincronizada pra ganhar comida! Tucano, arara azul, furão, uma beleza!



dancinha

Quando pensamos que já havíamos rodado tudo, lembramos do elefante! Ele ficava lá no finalzinho do zoológico, em uma área bem reservada. Quando chegamos lá, nos deparamos com aquele bichão imenso atrás de uma barreira! Gente, era imenso! Do tamanho do teto da minha casa! Pelas fotos  parece menor, mas é porque estava bem afastado da gente (vide a distância entra os pés do Igor e as patas dele) de modo que os tamanhos não ficam proporcionais.




Eu pensei, aliviada, que fosse só chegar lá, olhar, tirar umas fotos e partir. Mas que nada! O homem puxou logo o Igor e colocou na mão dele um pedaço de maçã pra dar pro elefante, mas a gente tem que ficar de costas, pra não ser capturado pelo bicho! E é aí que a aflição aumenta ainda mais, pois você não sabe quando o elefante vai pegar a fruta. Ele pega com a tromba e leva até a boca. Depois foi a minha vez. Só que um pouco diferente do Igor, pois o elefante me achou cheirosa e sugou minha mão completamente. Ahhhhhhhhhhhhhhhh! Que nervoso!!!!! Chupou a minha mão! 


Saímos do zoologico e fomos esperar o ônibus de volta pra Buenos Aires. A parada de ônibus era bem beira de estrada, e, de lá, víamos a cerca do zoológico e um monte de bambi brincando. Lindo!


Tomamos o ônibus de volta e como ainda tava cedo e o comércio lá só fecha tarde (por volta das 21h), fomos na Córdoba 5000, avenida conhecida pelas lojas! Até então não havíamos achado nada barato, mas não custava dar uma checada! O Igor tava atrás de uma bota de tracking. Andamos um bom pedaço da Córdoba (que é gigantesca) e não achamos o sapato dele, e, quando já estávamos sem esperança de nada, achei um tênis botinha estilo all star, só que da Levis. Exatamente da cor que eu queria e com um descontão! Comprei na hora. E o Igor, pra não dizer que não comprou nada, voltou com um casaco de cachemir, lindo! 

Saímos de lá à caça por um restaurante para jantar. Rodamos, rodamos, rodamos e acabamos em um restaurante que sempre passávamos na frente e não ficávamos. o Reencontro. Lá é esquema de rodízio, paga um preço fixo e come até enjoar. E, claro, foi o que fizemos! pedimos de tudo: massas, carnes, saladas, mais carnes e o que mais tivesse. A comida era boa, umas pedidas mais certeiras que as outras, como deve acontecer em todo rodízio de tudo. A provolleta de lá tava uma delícia! Mais tostada do que a do El Mirasol. Os queridinhos da noite foram o gnocchi com molho de espinafre e o filé de porco (cerdo). Tava tão bom que pedimos duas vezes!




Na volta pra casa, passamos em frente à Freddo e tomamos coragem pra comprar A Rosca Gelada. Desde o dia em que chegamos, passamos na frente da sorveteria e vemos aquela propaganda de páscoa na porta: uma torta-sorvete de fazer qualquer um babar. Acontece que é uma torta de sorvete com dez fatias e que custa 99 pesos. Por outro lado: o que são dez fatias pra quem come bolas e mais bolas de sorvete? Sem contar que estávamos de viagem, que ela era de fazer qualquer ser humano parar na vitrine, sem contar que é edição limitada de páscoa, enfim, compramos e saimos correndo pra casa!



Gente, acreditem, ela é muito mais gostosa do que na foto!

Uma camada de chocolate meio amargo, uma camada de chocolate branco, uma camada de chocolate ao leite, recheio de doce de leite com amendoas e cobertura de chocolate com ovinhos de chocolate recheados de doce de leite. Tudo com a qualidade Freddo.

Morri!

Na ponta do lápis:


Passagem pra Lujan por pessoa: 20 ida e volta
Ticket do zoologico por pessoa: 100
Jantar por pessoa: 80 pesos + refrigerante 




segunda-feira, abril 02, 2012

Bons Ares - 21.03 - Puerto Madero

Logo cedo fomos ao Centro resolver umas questões burocráticas do apartamento: havíamos acertado apenas sete dias e queríamos alongar a estadia por mais 3. A burocracia, na verdade, foi zero. Pagamos o proporcional a cada dia (sem custo extra) e fomos super bem atendidos pela moça da BYT. O esquema é organizado, eu indico! Além de ser uma maneira prática e segura de ficar hospedado em BsAs, o valor compensa, além do conforto: O ap vem todo equipado com toalhas de banho, lençois, secador, ferro de passar roupa, cofre e até sabonete!  Aproveitamos que já estávamos no Centro e fomos trocar uns dólares, dessa vez no Banco Piano, pois já havia passado das 15h. O Banco de La Nacion funciona até às 15h e o Piano até às 16h. Mais uma vez: papel da imigração em mãos!

Depois de tudo resolvido, partimos pra Puerto Madero a pé, fica pertinho do Centro! A idéia era ver o pôr-do-sol por lá, conhecer o local e depois jantar no El Mirasol ou no Cabana Las lilás. Estávamos com os dois na manga. Todos os livros turísticos indicam o Siga La Vaca, mas quando você procura saber direitinho, só escuta crítica. 







Chegamos lá, e, confirmamos o que mais se ouve: Puerto Madero é o oposto do restante de Buenos Aires. Enquanto que a cidade inteira é colorida com tons pastéis que oscilam entre o bege, o rosa e o cinza, Puerto Madero é uma grande metrópole, super moderna e espelhada! Arranha Céus enormes e muitas empresas grandes alojadas por lá. De cara, já avistamos a Ponte de la Mujer, onde o arco branco que passa por cima do canal simboliza o sexo feminino e as astes, o sexo masculino. Ao fundo, vemos os mais variados designs de prédios, um mais cheio de vidros do que o outro! Apesar de ser diferente do estilo antigo de Buenos Aires, é bem bonito.



É na beira desse canal que ficam os restaurantes chiques, na rua Alicia Moreau del Justos. E são muitas as opções, de perder de vista! 

Quando estávamos atravessando a ponte, umas meninas se aproximaram com a câmera delas e tentaram se comunicar. Entendi que era pra tirar uma foto delas. Quando peguei a câmera ela perguntou se podiam tirar uma foto com a gente. O mais engraçado foi a cara de envergonhada, e, ao mesmo tempo, de empolgação que elas ficaram ao tirar essa foto! Depois que saímos ficamos achando que elas confundiram a gente com algum famoso! Vai saber! Passei uma semana inteira ouvindo que pareço a atriz de O Artista. rs


Andamos por Puerto Madero e passamos por um campo onde pessoas andavam de skate e etc. Buenos Aires se assemelha muito com o Rio no que diz respeito a prática de esportes: o tempo inteiro, não importa a hora ou dia da semana! 


O dia começou a cair, trazendo com ele um tom roseado no céu. Afora a poesia, trouxe também um punhado de fome! Atravessamos de volta e caminhamos por toda a Calle Alicia M. Del Justos atrás do nosso restaurante! Primeiro passamos pelo Cabana Las Lilás, mas achamos meio esquisitinho. Seguimos pela rua e lá no final tinha o El Mirasol, bem mais convidativo. E foi lá que ficamos!


provolleta










De entrada pedimos a primeira Provolleta da viagem. Se soubesse que era tão gostosa, teria começado a pedir antes, mas tudo bem, teve tempo pra isso! Provolleta nada mais é do que o queijo provolone na chapa com orégano e azeite. Mas parece que eles fazem de um jeito que fica uma coisa! Como pedimos uma entrada, perguntei ao garçon se o cobierto poderia ser descartado e ele explicou que até poderia, mas seria cobrado do mesmo modo, pois é uma tradição dos restaurantes portenhos. Todos eles cobram o cobierto. Foi bom esclarecer essa questão, pois até então não sabíamos se era obrigatório ou não, pois sempre comemos e então sempre pagamos sem questionar. Acho que já falei, mas o cobierto varia entre 8 e 15 pesos por pessoa.







Pedimos um Ojo de Bife e uma Colita de Lomo. Tava muito, muito, muito bom! Tanto que precisei perguntar para o garçon qual era o segredo para a carne argentina ser tão absurdamente macia e saborosa. Ele então explicou o óbvio: A Argentina, como vimos lá de cima do avião, é um lugar rasteiro, diferente do Brasil que tem muitas montanhas. Desse modo, os pastos são retos, e, consequentemente, os animais se exercitam menos e possuem uma carne macia! Tá explicado! Quando cogitei pedir uma picanha, ele retrucou: "você viaja quilometros e quilometros pra comer picanha que tem no seu país???" Então tá,né? 






Usufruimos daquele jantar delicioso com vista para o canal todo iluminado, mais brega romantico impossível! Depois aproveitamos as luzes da cidade para tirar umas fotografias noturnas! Tomamos um café em uma cafeteria que não lembro o nome e seguimos para Palermo, na expectativa de pegar o Supermercado Disco aberto. Ah, é! O namorado compartilha da mesma paixão por supermercados, ainda mais os elaborados. Podemos passar horas passeando pelas prateleiras atrás de uma cerveja ou um tempero diferente, e foi exatamente isso que fizemos! A questão é que ao invés de "uma cerveja diferente", nos empolgamos e compramos bem umas dez cervejas diferentes de várias regiões do mundo pra experimentar! 


detalhe para o mini chandon rose!




Também pudera, enquanto que no Brasil pagamos uma média de 11 até muitos reais em uma cerveja importada, lá encontramos várias (que sequer conhecíamos) por uma variação que ia de 7 a 11 pesos. Essa valor convertido pra real sequer paga a Antartica Original do boteco da esquina de copacabana! Fizemos a farra mesmo! Aliás, não só com cerveja: aproveitei e dei uma de fina, comprando chandon mais barato que Salton. Tá bom, né?


Na ponta do lápis:
Jantar no El Mirasol - 340
Cafezinho - 10
Festa no supermercado - 200