jorrando carmim
é a poesia
de minha
menstruação
sem fim
quinta-feira, outubro 31, 2013
segunda-feira, outubro 28, 2013
O maior avanço da tecnologia é a falha
"Dessa vez você não esqueceu o cachecol, mas encontrei meu coração caído no cantinho esquerdo do sofá. Quando te encontro pra devolver?"
A pessoa compra um celular novo e ele magicamente apaga mensagens novas e revive mensagens de dois anos e meio atrás que eu sequer tinha. A tecnologia e seu desavanço em prol das lembranças sensitivas de frescurinhas que precedem um namoro. Bonitinho isso. Sorrisinho.
Essa foi a primeira mensagem (antiga) que (re)lí em meu celular (novo).
sábado, outubro 26, 2013
É batata
E quanto mais a gente pensa em não pensar, mais pensa. E pensa duas vezes, primeiro o pensamento original, depois o pensamento de não pensar. Então vou fazer assim: não vou mais pensar em não pensar, pra pensar uma só vez. Pensar uma vez só é o caminho mais curto para não mais pensar.
Pensarei, então, com permissão, tudo legalizado, batendo ponto e sem vergonha.
Até o pensamento mudar de morada. Ou a morada mudar de pensamento.
Valendo!
Pensarei, então, com permissão, tudo legalizado, batendo ponto e sem vergonha.
Até o pensamento mudar de morada. Ou a morada mudar de pensamento.
Valendo!
quarta-feira, outubro 23, 2013
O céu azul de Barcelona
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| Barçazul |
Voltando pra casa, dei uma olhadinha para o céu que fica em cima da pracinha e lá estava ele, azul, azulzinho. Zero vestígio de mancha esbranquiçada ou de um cinza qualquer. Azul. Olhei novamente e ao fundo enxerguei uma das construções de Gaudi refletida: a Casa Battló. As pastilhas, as curvas, as cores. Depois retornei o olhar apenas para céu e aquele azul já não era tão azul assim. Continuava sem manchas, sem cinza, continuava limpo e uniforme. Mas era um azul diferente. Era bonito, também, mas longe de ser o céu azul de Barcelona.
terça-feira, outubro 22, 2013
quarta-feira, outubro 16, 2013
A hora do tchau
Ela vem sem atrasos e em estado de falta
Se despedir falta palavra e abraço
É sempre pouco
E sobra no olhar a esmo de depois
Não importa quantas horas ainda restem
ou o tanto de preparo que se tenha pra isso:
A hora do tchau são dois copos vazios
Dois corpos vazios e ao mesmo tempo tão cheios, preenchidos
Duas vontades de ficar, estar e permanecer
Sem vazão
segunda-feira, outubro 14, 2013
É amor
É amor. A gente demorou a entender o que danado era isso. E veio sem susto, amor daquele certeiro e que não mancha mais. Não é posto em xeque, não ameaça, não dá soco no peito e nem murro em ponta de faca. A gente aceitou, é amor. Quando sangra logo trata de estancar. E não importa mais o que aconteça por fora ou por dentro, de mim ou de você, e também não depende mais do tempo (que irremediavelmente vive indo): o sentimento não escapa. Ele tá se encontrando firme dentro de cada detalhe. Respeitando cada espaço, cada passo, na certeza do sorriso demente e dos olhinhos brilhando, latentes.
sexta-feira, outubro 11, 2013
Lembrancinha
Nessa vida doida e cheia de falhas, nos encontramos quando tudo era não. Você vinha com um não estampado em neon antes do nome. Mas não me atingia. Os alto falantes negativos não chegavam até mim, chegavam até meus ouvidos, apenas. E chegar aos meus ouvidos e nada dá no mesmo pra uma mente avoada feito a minha. Você era ideia e ideia no máximo intriga. Aos poucos foi trocando o n por t, por talvez, por s, por sim, aos poucos foi mudando, naturalmente (?). E virou sim. Sim, sem mais e nem meio mais. Depois repentinamente tudo voltou a ser não. Não antes, durante e depois do nome e até da ideia. Não no bar, não viajando ou quando deslembrada de você e você surgia, em pensamento ou em visão: não. A questão é que mesmo com o não, de algum modo você continuou sendo sim por aqui. Sim no bem querer, na vontade de te ver bem, na instiga de que as coisas tomem um caminho bem leve pra teu lado, que as vias se estendam aos teus pés e que teus pés queiram seguir por essas vias, tranquilas e com um sambinha de fundo tocando em tua homenagem, em homenagem às conquistas e à vida que ensinou e aprendeu com você. Eu te desejo uma primavera larga, bonita e limpa. Eu desejo você para você da mameira menos dolorosa que possa ser possível. E te desejo isso como desejo a mim também e a todos que prezo. Um feliz aniversário!
domingo, outubro 06, 2013
Flechada
teus olhos
tristonhos
descansaram
nos meus olhos
tristonhos
por três
tristonhos
segundos
e
tristonhamente
escapuliu
quarta-feira, outubro 02, 2013
Olhos ancestrais
No limiar entre o dito e o silecioso. Mistério, candura, fogo, brisa. Abismo. Mergulho. Desvio. Aviso, alerta, perigo. Mistério. Aberto. Abrigo, descanso: infinito.
Foi isso que me disse através daqueles (também) olhos ancestrais.
segunda-feira, setembro 30, 2013
Pra saber que é amor
A Mauricio
Amor não é como a gente escolhe e não vem na embalagem que mais agrada, a embalagem bonita da vitrine. Amor às vezes vem quando a gente tá sujo, tá triste, tá querendo fugir da gente. Tá com a blusa manchada e a alma também. Amor não enxerga a cor da blusa, tampouco a cor do momento. Amor costura. Faz curvas e mais curvas em torno das nossas ideias, das nossas vivências, de nossas falhas, nossas doenças. Amor não escolhe a hora e nem o erro mais bruto. Também não escolhe pelo feliz acerto. O amor não escolhe, ele nasce. Nasce de um terreno capinado ou por entre os matagais em abandono. O amor brota. Ele dá um cadinho de esperança mesmo quando tá tudo errado, quando tem buraco, um espaço mal cuidado.
Amor é um colo quentinho, os braços agarrados nas pernas e cheiro no ombro de olhos fechados, involuntários.
Amor é isso e se não for é outra coisa, tão latente quanto, mesmo quando vaza, escorre, catuca. Mesmo quando dor.
Amor não é como a gente escolhe e não vem na embalagem que mais agrada, a embalagem bonita da vitrine. Amor às vezes vem quando a gente tá sujo, tá triste, tá querendo fugir da gente. Tá com a blusa manchada e a alma também. Amor não enxerga a cor da blusa, tampouco a cor do momento. Amor costura. Faz curvas e mais curvas em torno das nossas ideias, das nossas vivências, de nossas falhas, nossas doenças. Amor não escolhe a hora e nem o erro mais bruto. Também não escolhe pelo feliz acerto. O amor não escolhe, ele nasce. Nasce de um terreno capinado ou por entre os matagais em abandono. O amor brota. Ele dá um cadinho de esperança mesmo quando tá tudo errado, quando tem buraco, um espaço mal cuidado.
Amor é um colo quentinho, os braços agarrados nas pernas e cheiro no ombro de olhos fechados, involuntários.
Amor é isso e se não for é outra coisa, tão latente quanto, mesmo quando vaza, escorre, catuca. Mesmo quando dor.
sexta-feira, setembro 27, 2013
RIP CAIÇARA
Hoje é dia de luto
Coração em poeira
Restos de história
Por baixo da britadeira
Construtora de cú
No cú do Recife
Quase 500 anos de história
E a mesma canalhice
A casa
Cai
A cidade não sara
Com trocadilho horroroso
Feito Recife,
ALIENADA
quarta-feira, setembro 25, 2013
Central do Brasil
Hoje, cheguei na estação por volta das 15h e, ao invés de pegar o subterrâneo para o metrô, me abestalhei e acabei sendo levada pela multidão, seguindo o fluxo 'sempre em frente'. O portão que é enorme se mostrou pequeno demais pra tanta gente apressada na vida. Pra ir e vir. Sabe-se lá pra onde. Quando me ví finalmente só, a muvuca já distante, realizei onde estava, dei um sorriso engraçado e te encontrei. Você tava perto daquela banquinha cheia de coisas pra vender, de blusinha Huebra e me perguntando o motivo de eu não estar bebendo. Expliquei e então comprei uma água, um salgado e fomos em busca dos seus amigos, do aniversariante e do que parecia com você, "de barba e é mais ou menos da minha altura". O samba já estava fervendo, clima de carnaval carioca, moças bonitas com cara de maquiagem ofereciam pulseira para o trem vip que, em cinco minutos, estaria partindo para Madureira. Achamos seus amigos e corremos pra comprar os tickets. Quando finalmente chegamos na plataforma, o trem partia sem nós, sem pena.
Foi quando me ví novamente só e tomei o metrô linha dois para Coelho Neto, depois Rocha Miranda.
Grão e vida ou o desejo de felicidade
| Aldeia |
Com quantos grãos se faz uma fotografia? Com quantas fotografias se faz uma história? Com quantas histórias se faz uma vida? Com quantas vidas retornamos ao grão?
Os questionamentos são em homemagem aos assuntos que tavam rolando nesse balcão: fotografia analógica, digital, laboratório de revelação e tudo o mais que duas mentes curiosas podem trocar.
(gente especial faz aniversário no mesmo dia. Parabéns aos dois librianos! Vida longa à curiosidade por esse negócio vivo e latente chamado vida!)
terça-feira, setembro 24, 2013
A alegria de uma nota triste
Enquanto tento me concentrar no meu livro, identifico a nota alegre das teclas do piano, lá longe. E fico imaginando se é uma criança, um rapaz, uma menina, um senhor. Decerto é alguém treinando um exercício repetidas vezes, não me queixo, é bonito. Até as falhas das notas são bonitas. Mas essas são notas alegres. Aprendi com você, rapaz da fotografia, o que são notas alegres e notas tristes. E como em uma brincadeira, alguns testes de ouvido você me fez. Eu prefiro as notas tristes, me tocam mais. Chegam junto, entram nos poros e ficam por algum tempo. As alegres batem e voltam, correm mundo com certa pressa.
Eu queria dizer pra pessoa do piano lá de longe, pra essa criança, rapaz, menina ou senhor, que eu ia ficar feliz que só se ela tocasse uma nota triste nessa minha tarde chuvosa.
Rodamundo
O mundo vai girando, girando lentamente e aos pingos mostrando suas nuanças leves outra vez. Um tom verdinho claro, outro azul. Verbena, cravo e hortelã. E eu vou girando junto, a saia contornando meu corpo, a respiração que escuto a cada passo. Uma luz de fresta que vem da janela iluminando meus olhos, ou seriam meus olhos que vão iluminando o ponto de luz que vem da fresta da janela? Uma troca. O mundo girando, girando, eu girando junto, as cores, as formas, o ar, a respiração, o sorriso brotando no meio da rua. A rua brotando firme para meus passos. Meus passos se decidindo, se encontrando, voltando para meus pés.
segunda-feira, setembro 23, 2013
às 6h45
- ?? alô ??
- - Oi! Tá tudo bem?
- Tá
-Tava dormindo?
-Tava...
- Lembra que depois de amanhã é meu aniversário?
- Lembro, né
-Tá, era só isso, pra descontar a sua ligação no ano passado
-Mentira, né? hehe boa noite
-hehe, bom dia e acooorda!
Raica
O cheiro forte, as patas largas, a mansidão experiente - imponente e tranquila em frente de casa. Dourada, graúda, respeitada pelos outros integrantes da família, daqui eu enxergo seus olhinhos tristes, cansados, distantes. E uma vontade tão grande de correr ao seu encontro, mergulhar a cabeça no buchinho, ser lambida sem piedade enquanto os demais atrapalham com mordidinhas de ciúme nas minhas mãos, mas não tem jeito, ela sempre tem a manha: com a perna arreganhada pra acarinhar, raica é uma preguicinha solar. E delicinha também, me encanta.
* acordei com você na cabeça, acho que foi sonho...
domingo, setembro 22, 2013
sexta-feira, setembro 20, 2013
Mal moderno
Estamos (quase) sempre atrasados e, ao mesmo tempo, duas ou três estações de metrô à frente da realidade. Um quarteirão mais perto do destino final ou, no mínimo, "em 10 minutinhos eu chego!". Dez minutinhos que sabemos ser 20 ou 25. Até quando não há atraso, quando vai dar tempo, sentimos necessidade de estar um passinho adiante,
mesmo que não seja verdade.
mesmo que não seja verdade.
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