Ela morava sozinha em um casarão que ficava em um bairro distante da cidade. Eram necessários 3 ônibus pra chegar alí. A casa, de grande porte, era cercada por árvores, barulho de bichos e solidão. Sempre a perguntavam se não morria de medo de ser assaltada, estuprada ou de ver almas. Sempre se surpreendiam quando ela dizia que esse - o momento de chegar em casa - era o mais tranquilo do dia. Isso foi na época em que ela foi apresentada ao silêncio, as cores da noite e aos sentires mais íntimos. Era bonito. Uma beleza triste. Ou uma tristeza bonita, se tristeza chegasse a ser.
Ela sentia tudo, menos medo.
Medo ela deixava pra sentir nos instantes em que precediam sua chegada ao Km 12 da Estrada de Aldeia.
Era esse o caminho de quase 1 quilômetro que ela fazia, a pé, sozinha, por volta de meia noite, por vezes com uma ou outra moto passando rente aos seus longos cabelos, sempre bem presos pra tentar se passar por homem, e seu canivete - espero que afiado. Todos os dias:
E aí fica explicado o motivo pelo qual aprendi a não temer por coisa pouca.
terça-feira, outubro 16, 2012
segunda-feira, outubro 15, 2012
Sobre a morte
a Ferreira Gullar
Hoje sou carne, osso, vento fresco e um monte coração.
Mas um dia, eu bem sei: ainda volto a ser palavra.
Hoje sou carne, osso, vento fresco e um monte coração.
Mas um dia, eu bem sei: ainda volto a ser palavra.
Estatística
quinta-feira, outubro 11, 2012
Ofício
quarta-feira, outubro 10, 2012
terça-feira, outubro 09, 2012
A palavra que já existia antes de seu nome
Arrependimento de coisa boa é, depois de tudo, cuspir num delicioso prato de filé mignon: o maior cinismo humano.
Arrependimento de coisa ruim é, antes de tudo, não ter ouvido o que disseram seus amigos: a maior ironia humana.
segunda-feira, outubro 08, 2012
Hiato semanal
Segunda tem cheiro de café quente, mesmo para os que não bebem. E jeito de silêncio. Não importa o quão bom foi o fim de semana, o humor duvidoso invade os entreolhares e a preguiça de falar se torna máxima. É dia de aceitar sua existência dessa maneira tão quase que sem graça. Dia de respeito com a condição própria e alheia. Uma manhã que nunca acaba mesmo sendo quase terça-feira. Dia de aceitar o marasmo, como um fiel aliado, que tira a voz do corpo inteiro.
sexta-feira, outubro 05, 2012
Sexta
Quem nunca passou uma noitada dormindo em duas cadeirinhas de boteco carinhosamente coladas, não teve infância.
Aos meus pais.
quinta-feira, outubro 04, 2012
quarta-feira, outubro 03, 2012
Vô Alcides e suas 82 primaveras
terça-feira, outubro 02, 2012
Rede social
Eram tão amigos que sabiam tudo, tudo, tudinho do outro. Através das fotos, eventos, músicas e das frases de efeito. Notícias diárias, a melhor refeição do dia, emprego e até onde esteve, com quem esteve, a hora e quiçá a razão. A questão é que sabiam tanto, mas tanto do quanto que tinha pra se saber - tanto quanto eu que nem os conheço - que não sentiam mais a necessidade de perguntar.
E foi assim que acabaram sabendo de tudo sobre a vida do outro, menos o essencial.
Essa tal de rede 'social'.
E foi assim que acabaram sabendo de tudo sobre a vida do outro, menos o essencial.
Essa tal de rede 'social'.
segunda-feira, outubro 01, 2012
Calçada
sexta-feira, setembro 28, 2012
quinta-feira, setembro 27, 2012
quarta-feira, setembro 26, 2012
'Meu peito é de sal de fruta'
É que eu tenho um coração muito vasto, muito farto, muito fundo: é cadeia alimentar.
E uma alma toda rendada, vento fresco, calor de domingo, sedenta de mundo!
E uma alma toda rendada, vento fresco, calor de domingo, sedenta de mundo!
segunda-feira, setembro 24, 2012
O sentido da palavra brodagem
Conversar com meu irmão é sempre uma maneira de percorrer caminhos proibidos, assuntos silenciosos, é querer buscar dentro de minhas falhas algum bom motivo pra caminhar para o melhor, sempre. É começar uma conversa franca, pairar pela tensão de assuntos delicados, saber ouvir opiniões na lata e terminar sempre com uma conclusão, por mais impossível que pareça. É ser eu, eu mesma e todas as que me pertence. É ir embora com sensação de que já houve um acerto, ainda que mentalmente. É querer chorar na frente do computador, é querer dominar o mundo, nem que seja o do meu umbigo e é, mais que tudo, agradecer fortemente por ter o melhor irmão do mundo!
domingo, setembro 23, 2012
Até o fim
À minha volta é tudo beira, abismo, desertos e espaços: vazios. As bordas e eu se misturam, não sei onde uma termina para que a outra comece. Sei menos ainda se há neste cordão uma linha cronológica. Eu sei que tem sim, em mim, uma vontade bandida de ir até o fim.
segunda-feira, setembro 17, 2012
Recomeço
Quando o depois
Mais que possível *
Pode ser melhor
Que o princípio
| Treinando... |
* Asterísco mais feliz que o próprio salto.
Fotos por Igor Souza: https://plus.google.com/photos/103357693663776098160/albums/5789019567893548241
quarta-feira, setembro 12, 2012
Amores serão sempre amáveis
Hoje eu acordei com sentimento de sundown e todas as pessoas que passam por mim estão de sungas, biquinis, maiôs e havaianas, ainda que se vistam com camisa de botão e sapato lustrado.
A áurea é de pele queimada, sol fresco e cabelo solto. Escuto as conversinhas de beira de mar, enquanto embarco no entre-sonho em minha canga colorida que só faz acalantar uma boa soneca de praia. E logo alí, o mar me espera, os Dois Irmãos me namoram e o dia é todo beleza.
Minha barriga mais parece apaixonada de tantas ondas que me envolvem, que dissolvem as coisas que vejo passar pela janela. E nem parece que estou a caminho de tantas horas de serviço no escritório, ar-condicionado e computador.
Já não importa, pouca coisa importa. As pessoas me olham enquanto passam e eu as olho também, sinto no traquejo do caminhar que temos mais em comum do que as horas destinadas a passar. Não sei, só sei que hoje, logo cedo, amanheci Primavera Carioca.
E que esse sentimento dure, ao menos, por toda a estação.
Que show lindo da peste!!! Salve, salve!
A áurea é de pele queimada, sol fresco e cabelo solto. Escuto as conversinhas de beira de mar, enquanto embarco no entre-sonho em minha canga colorida que só faz acalantar uma boa soneca de praia. E logo alí, o mar me espera, os Dois Irmãos me namoram e o dia é todo beleza.
Minha barriga mais parece apaixonada de tantas ondas que me envolvem, que dissolvem as coisas que vejo passar pela janela. E nem parece que estou a caminho de tantas horas de serviço no escritório, ar-condicionado e computador.
Já não importa, pouca coisa importa. As pessoas me olham enquanto passam e eu as olho também, sinto no traquejo do caminhar que temos mais em comum do que as horas destinadas a passar. Não sei, só sei que hoje, logo cedo, amanheci Primavera Carioca.
E que esse sentimento dure, ao menos, por toda a estação.
Que show lindo da peste!!! Salve, salve!
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| Ontem, depois de 20 anos sem subirem juntos em um palco |
terça-feira, setembro 04, 2012
Vida longa ao acordo
Já torrei toda a minha intolerância e é por isso que ando regando, faz uns bons meses, minha paciência. E mesmo que minha essência seja de eternos sete meses, tudo é pra ontem e ao mesmo tempo, parei de depositar a responsabilidade no meu signo ou na genética. É possível respirar e criar táticas pra contornar aquilo que sempre pareceu irremediável, sem precisar ser lerda ou besta. O melhor é poder ver o quanto isso traz um resultado brilhante e real, sem ser magia. É puro tato, dia-a-dia.
E vem dando muito certo...
Vida longa ao meu acordo com a tolerância!
E vem dando muito certo...
Vida longa ao meu acordo com a tolerância!
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