terça-feira, fevereiro 14, 2017
segunda-feira, fevereiro 13, 2017
Bagunça
Ano passado meu quarto tava uma bagunça pré-carnaval. Pra te encontrar na Urca, eu precisava antes arrumar tudo, pois viajaria no outro dia pra Recife. Você me ensinou como fazer isso de maneira ideal: pegue apenas um item e leve ele ao seu local correto. Não pegue vários e vá distribuindo. Precisa ser um por um, até que tudo esteja no lugar.
-Mas e se tiverem cinco livros espalhados, posso pegar todos de uma vez já que é a mesma prateleira?
- Não, um por um. A gente precisa dar atenção a cada coisa pra não se perder.
Segui tua dica. Deu mais trabalho, talvez tenha levado mais tempo que o habitual mas no fim as coisas estavam mais organizadas do que nunca e minha cabeça não ficou confusa durante o processo.
Hoje é pré-carnaval novamente e a bagunça do meu quarto nesse período de fantasias mantém a tradição. Lembrei da tua dica. Peguei um top e fui guardar no armário. Travei na frente da porta e só consegui pensar que essa teoria talvez caiba muito bem pra arrumar as bagunças do lado de dentro. Dando atenção a cada item. Item por item. Um item por vez. Talvez dê mais trabalho, talvez leve mais tempo que o habitual mas no fim as coisas, quem sabe, se organizem e minha cabeça fique menos confusa durante o processo.
A gente aprende com o outro muito mais coisa do que nossa humilde lembrança permite coletar e concluir no imediatismo dos pesos e medidas que temos necessidade de fazer tão logo as coisas acabam de acontecer.
Hoje foi um top que abriu um pouquinho mais a mente. Amanhã pode ser maior.
-Mas e se tiverem cinco livros espalhados, posso pegar todos de uma vez já que é a mesma prateleira?
- Não, um por um. A gente precisa dar atenção a cada coisa pra não se perder.
Segui tua dica. Deu mais trabalho, talvez tenha levado mais tempo que o habitual mas no fim as coisas estavam mais organizadas do que nunca e minha cabeça não ficou confusa durante o processo.
Hoje é pré-carnaval novamente e a bagunça do meu quarto nesse período de fantasias mantém a tradição. Lembrei da tua dica. Peguei um top e fui guardar no armário. Travei na frente da porta e só consegui pensar que essa teoria talvez caiba muito bem pra arrumar as bagunças do lado de dentro. Dando atenção a cada item. Item por item. Um item por vez. Talvez dê mais trabalho, talvez leve mais tempo que o habitual mas no fim as coisas, quem sabe, se organizem e minha cabeça fique menos confusa durante o processo.
A gente aprende com o outro muito mais coisa do que nossa humilde lembrança permite coletar e concluir no imediatismo dos pesos e medidas que temos necessidade de fazer tão logo as coisas acabam de acontecer.
Hoje foi um top que abriu um pouquinho mais a mente. Amanhã pode ser maior.
quarta-feira, novembro 30, 2016
Buraco da Lacraia, uma Tatuagem no peito
* esse é um texto/carta que tá aqui não com o objetivo de todo mundo ler, já que só envolve duas pessoas - mas pra que daqui muitos anos ele continue existindo. *
Há pouco mais de três anos eu entrava naquele buraco que mesmo com trocadilho uó, não esperava que um dia fosse ser tão embaixo, tão fundo. Tão intenso.
Entrei em uma festa, era festa do povo de cinema. Já fui achando que seria blasé, que seria chata, que o povo ia ficar fazendo pose, que eu ia trabalhar bastante pra que aquilo apenas fosse. E eu tava certa. Mas cheia de ficha de cerveja de graça, ainda que Itaipólvora, podia ir todo mundo embora. Meus amigos foram, um a um, eu não. Seus amigos também, um a um, você não. Eu ali cantando Fagner no Karaokê, blusa de zebra laranja e preta. Cabelos bem longos presos para o alto. Uma franjinha tímida. Você ali embaixo, no balcão, provavelmente de blusa preta. O livro com a lista infinita de músicas nas minhas mãos. Brota você.
Há pouco tempo esse dia se tornou muitíssimo importante pra mim e mesmo que ele nunca tenha sido importante até então, acho que lembraria por muito tempo de você me dando mole naquele balcão e eu em um ato de susto com seu quase beijo, me esquivando e perguntando se você tava doido.
Seguimos colegas coniventes daquela noite, afinal, precisava de alguém pra dar cabo de tanta cerveja. E você precisava de uma foto saltando. Um costume, uma tradição, blá blá. Na hora achei bem Q? mas já tinha sacado a câmera, quem sou eu pra julgar?
Dia feito, já era bem de manhã. Um pulo em frente a um caminhão. Foto tirada de primeira. Você mentindo que foi a foto mais foda que já fizeram de você saltando. Eu fingindo que acreditei porque discordar e engatar em mais papo a essa altura seria motivo pra permanecer ainda mais ali naquele buraco que parecia não ter fim. Você na porta com um bico pedindo pelo menos um selinho pra ir embora - isso eu tinha deletado e rolou mesmo! E fico toda toda que você com sua bosta de memória lembre disso.
Tu perguntando meu whatsapp pra eu enviar a foto. Eu dizendo que não tinha whatsapp mesmo sabendo que você ia achar que é mentira mesmo sendo verdade. Eu perguntando se tu tinha facebook que mandaria por lá. Você dando seu facebook enfatizando que era com dois G`s. Eu dizendo que ok, mandaria por lá. Você dizendo que eu não mandaria em tom de desafio. Eu desafiando que mandaria em alguns minutos. Eu te mandando em alguns minutos. Você respondendo horas depois que só agora (já era noite) havia chegado em casa de um after que nunca terminou.
Umas boas semanas seguintes puxando uns assuntos aleatórios. Perguntando qual a boa. Se não ia mais me encontrar por aí. Onde me encontrar por aí. Eu não queria encontrar o playboy pedante que criei baseado em uma vida de buatxis nas redes sociais. E no quase beijo roubado sem meu OK. E naquele corte de cabelo meio sei lá.
Tempos depois o playboy pedante re-reaparece em um janeiro quente e molhado e dá uns sete tapas na imagem rasa e leviana que criei. E também no meu sossego. Ainda bem!
Hoje voltei pela primeira vez no Buraco da Lacraia, depois de todo esse tempo, olhei aquele balcão e veio um turbilhão seguido da pergunta:
Não era playboy, não era pedante, por que caralha não te beijei antes?
<3
Há pouco mais de três anos eu entrava naquele buraco que mesmo com trocadilho uó, não esperava que um dia fosse ser tão embaixo, tão fundo. Tão intenso.
Entrei em uma festa, era festa do povo de cinema. Já fui achando que seria blasé, que seria chata, que o povo ia ficar fazendo pose, que eu ia trabalhar bastante pra que aquilo apenas fosse. E eu tava certa. Mas cheia de ficha de cerveja de graça, ainda que Itaipólvora, podia ir todo mundo embora. Meus amigos foram, um a um, eu não. Seus amigos também, um a um, você não. Eu ali cantando Fagner no Karaokê, blusa de zebra laranja e preta. Cabelos bem longos presos para o alto. Uma franjinha tímida. Você ali embaixo, no balcão, provavelmente de blusa preta. O livro com a lista infinita de músicas nas minhas mãos. Brota você.
Há pouco tempo esse dia se tornou muitíssimo importante pra mim e mesmo que ele nunca tenha sido importante até então, acho que lembraria por muito tempo de você me dando mole naquele balcão e eu em um ato de susto com seu quase beijo, me esquivando e perguntando se você tava doido.
Seguimos colegas coniventes daquela noite, afinal, precisava de alguém pra dar cabo de tanta cerveja. E você precisava de uma foto saltando. Um costume, uma tradição, blá blá. Na hora achei bem Q? mas já tinha sacado a câmera, quem sou eu pra julgar?
Dia feito, já era bem de manhã. Um pulo em frente a um caminhão. Foto tirada de primeira. Você mentindo que foi a foto mais foda que já fizeram de você saltando. Eu fingindo que acreditei porque discordar e engatar em mais papo a essa altura seria motivo pra permanecer ainda mais ali naquele buraco que parecia não ter fim. Você na porta com um bico pedindo pelo menos um selinho pra ir embora - isso eu tinha deletado e rolou mesmo! E fico toda toda que você com sua bosta de memória lembre disso.
Tu perguntando meu whatsapp pra eu enviar a foto. Eu dizendo que não tinha whatsapp mesmo sabendo que você ia achar que é mentira mesmo sendo verdade. Eu perguntando se tu tinha facebook que mandaria por lá. Você dando seu facebook enfatizando que era com dois G`s. Eu dizendo que ok, mandaria por lá. Você dizendo que eu não mandaria em tom de desafio. Eu desafiando que mandaria em alguns minutos. Eu te mandando em alguns minutos. Você respondendo horas depois que só agora (já era noite) havia chegado em casa de um after que nunca terminou.
Umas boas semanas seguintes puxando uns assuntos aleatórios. Perguntando qual a boa. Se não ia mais me encontrar por aí. Onde me encontrar por aí. Eu não queria encontrar o playboy pedante que criei baseado em uma vida de buatxis nas redes sociais. E no quase beijo roubado sem meu OK. E naquele corte de cabelo meio sei lá.
Tempos depois o playboy pedante re-reaparece em um janeiro quente e molhado e dá uns sete tapas na imagem rasa e leviana que criei. E também no meu sossego. Ainda bem!
Hoje voltei pela primeira vez no Buraco da Lacraia, depois de todo esse tempo, olhei aquele balcão e veio um turbilhão seguido da pergunta:
Não era playboy, não era pedante, por que caralha não te beijei antes?
<3
quarta-feira, novembro 23, 2016
Engatinhando
Meus olhos famintos engolem cenas casos cores.
A voz ansiosa se destrambelha e vomita o verbo coisar as coisas, coisificados, coisados, coisando tudo.
A palavra escrita ainda é minha maior aliada. Voltei a escrever.
quarta-feira, outubro 26, 2016
Doce cinza
O amor vai circulando junto com as cuecas que passam entre minhas pilhas de roupas limpas. Vem uma preta, vai uma preta, vem com uma preta, volta com uma preta, larga uma preta na escrivaninha, pega uma preta da gaveta, chega com uma cinza e é quando percebo que esse ciclo existe há meses e eu só saquei agora porque você só usa preto e demorou 8 meses pra deixar uma cinza.
Peguei-a nas duas mãos e naquele ato de fechar os olhos pra sentir melhor, cheirei tão cheirosinho de amaciante: cheiro de amor novinho que carrega por ali pedaço de história.
segunda-feira, setembro 12, 2016
Nem tudo tem que ser conversado
Eu sou a pessoa do tim tim por tim tim. Preto no braco. Águas claras. Sempre fui. Esses dias vi que talvez não seja assim pra sempre. Esclarecer demais pode ser porta pra confundir. Diálogo é importante mas palavra a mais azeda. Tem coisa que acontece e que não tem que virar conversa. Aguarda. Dissolve. Entende. Ou entende e dissolve. Resolve. Resolve-se.
quinta-feira, agosto 25, 2016
A língua e a pipa
hahahaha ria o menino embaixo da mesa enquanto dividíamos uma quentinha de maneira injusta: eu comendo e ele brincando com meus pés. Vem timbora, senta aqui, vamos comer. hahahaha não, não! Vem, antes que eu acabe com a comida toda! ahahaha tia, você fala errado. Jeferson, Davi, Fernando, olha, olha, ela fala errado! Timbora, Tttttimbora, ela fala assim bem doido! bem doido, bem doido! Oito dedos me apontando enquanto os ombrinhos magros saculejavam dentro de uma gargalhada infantil que já terminou mas ninguém assume o fim primeiro sem conivência. Engata em outra. Em outra. Agora mais leve. Um olhando para o outro na espera pelo sinal do cair no chão de tão cansados que ficaram de rir da cara da tia que fala errado.
Eu não falo errado, eu falo diferente. Vocês não falam errado ou mais certo que eu, vocês também falam diferente. Vai parecer uma loucura o que vou falar mas no mundo inteiro tem muita mas muita gente mesmo que fala diferente. Diferente de mim e de vocês, cada um de um jeito. Um monte de gente diferente.
Que mentira, tia. Eu entendo o Davi, o Jeferson e eles são o mundo inteiro porque eu só conheço eles. Não Lucas, é verdade, tem aquele pessoal que fala de outro planeta, que vem aqui visitar e a gente entende menos que a tia mas eles compram pipa.
Pois é, o Brasil é um país muito grande e tem um monte de gente espalhada por ai que fala diferente, isso se chama sotaque, e a gente entende. Vocês sabiam que fora do Brasil ainda tem vários outros países que falam de um jeito mais diferente ainda e que se a gente não estudar pra aprender é impossível de entender? Não são planetas, são países, igual o Brasil. Se a gente for lá onde eles moram ninguém entende se não tiver estudado também.
Que mentira, tia!!! A tia tá doida!!! A tia tá doida!!! Tia, o Santa Marta fica dentro do Brasil?
Fica.
E por que então esse pessoal de outro planeta que compra pipa só tira foto da gente e fica rindo vermelho quando a gente fala? Eles não estudaram?
domingo, agosto 21, 2016
Sobre o amor e seu trabalho silencioso II
O riso nervoso sobre a tua fala -
Eu te amo
Ama nada
Susto e alívio: você me amando, em voz. Não adorando naquele te adoro que não levo muito a sério porque parece quarta série, não gostando muito que é a frase que sei falar, não doido por mim nas madrugadas em Botafogo: amando. Te amo saindo de sua boca de coração tampada quase que por completa por um bigode não aparado.
Essas duas palavras mais vastas que um alfabeto inteiro, que inconstitucionalissimamente, que engasgam bem no centro da garganta e causam rebuliço e tremedeira em um ouvido fora de forma.
Foi pororoca. Rebento. Planctons.
Acordei. Isso aconteceu. Foi o álcool, foi o momento, foram os astros, errou a palavra, errou a pessoa, falhou no cálculo, era uma música. Quantas desculpas. Criei uma por uma pra te justificar. Te contei. Você já sabia. Era verdade: eu te amo.
Logo você, quem diria. Segurou na minha mão e foi. Fomos. 2x0 a gente.
Eu te amo
Ama nada
Susto e alívio: você me amando, em voz. Não adorando naquele te adoro que não levo muito a sério porque parece quarta série, não gostando muito que é a frase que sei falar, não doido por mim nas madrugadas em Botafogo: amando. Te amo saindo de sua boca de coração tampada quase que por completa por um bigode não aparado.
Essas duas palavras mais vastas que um alfabeto inteiro, que inconstitucionalissimamente, que engasgam bem no centro da garganta e causam rebuliço e tremedeira em um ouvido fora de forma.
Foi pororoca. Rebento. Planctons.
Acordei. Isso aconteceu. Foi o álcool, foi o momento, foram os astros, errou a palavra, errou a pessoa, falhou no cálculo, era uma música. Quantas desculpas. Criei uma por uma pra te justificar. Te contei. Você já sabia. Era verdade: eu te amo.
Logo você, quem diria. Segurou na minha mão e foi. Fomos. 2x0 a gente.
quarta-feira, agosto 10, 2016
Sobre o amor e seu trabalho silencioso
terça-feira, agosto 02, 2016
Dona Rita
Como pode alguém com tanto sofrimento marcado na pele e no peito carregar nos olhinhos apertados, na voz e no toque tamanha doçura?
domingo, julho 24, 2016
Drone
- Fiz uma declaração e você nem ligou
- Qual?
- Eu não consigo ficar sem você
- aaah consegue sim
- Consigo? Pera ai que eu vou fazer uma foto aérea pra te mostrar
- Qual?
- Eu não consigo ficar sem você
- aaah consegue sim
- Consigo? Pera ai que eu vou fazer uma foto aérea pra te mostrar
quinta-feira, julho 07, 2016
Um sonho, uma aposta
Sonhei com bonsai e apesar disso só significar que sonhei com bonsai, acordei confabulando. Quando sonho com algo que confabulo, tenho vontade de jogar no bicho. Mas bonsai não é bicho. Imaginei as raízes presas naquele vasinho inibindo o crescimento de uma árvore que tinha tudo pra ser forte, enorme e com uma copa de falar caramba! Imaginei novamente as raízes dentro daquele pequeno vaso de cerâmica dando voltas e mais voltas querendo ser algo que não se pode ser. Voltas e mais voltas que nem uma cobra. Cobra! Joguei no bicho, ganhei. Minha sorte tá virando.
Apanhador só
Na hora de dobrar as roupas pra guardar de um lote que demorou uma vida pra ser lavado, me deparei com essa camisa. Na hora pensei que não era possível estar pegando nela justo agora quando a última vez que usei foi te mostrando contente que você não tava presente na aula mas de alguma forma estaria. Antes de cair na cilada da tristeza, vi que havia uma frase no fundo da camisa que dizia: "antes que tu conte outra" e soltei um riso.
É sempre bom lembrar que sou privilegiada em ser espirituosa no lugar de amargar.
quarta-feira, julho 06, 2016
O meu sofrer
Um desespero, um desalento, um descontrole. Não guardo sofrimento pra próxima temporada, para o próximo acontecimento. Largo tudo agora. É tanta da lágrima que quase me afogo. Bebo o copo inteiro em uma só golada. Não deixo pra amanhã o que posso chorar agora. Choro hoje e choro amanhã. Libero. Liberto. Choro, choro mais um pouco, me questiono, questiono o outro. Pretendo dormir um dia inteiro, olho minha cara e minha falta de próprio zelo. Choro mais um pouco, vou até o fim do poço e durmo.
Acordo, transformo lamento em resignação, força e luto: morreu o boi, Inês é morta e é ali a porta.
Acordo, transformo lamento em resignação, força e luto: morreu o boi, Inês é morta e é ali a porta.
segunda-feira, junho 27, 2016
É impulsivo ser feliz sozinho
Essa noite sonhei que guardava meus trocados em um aquário de vidro redondo fechado, apenas com uma pequena abertura, e finalmente havia chegado a hora de quebrá-lo com um martelo. Eu mantinha esse aquário com o mesmo entusiasmo que uma criança nutre seu porquinho de barro. Não achei martelo e taquei ele no chão. Acordei com um espasmo de susto e procurando os cacos de vidro pela cama. Olhei para o lado e tava você, deitado com as pernas dobradas, de costas, fazendo seus barulhinhos.
Te abracei por trás enganchando daquele jeito que eu gosto e, ainda sem saber o que fazer com minha chateação, se verbalizar ou se dissolver, cheirei tua camisa com cheiro de dormida e adormeci mais um pouco. Acordei algumas vezes procurando os cacos de vidro pela cama, com medo que você se machucasse, com medo que sua mão sangrasse. "Foi só um sonho, não tem caco e nem dinheiro e nem sangue." Tem você e tem eu. Nos reconheci ali naquele ambiente novo-antigo tão nosso mesmo sendo teu.
Bom dia. Bom dia!
Mochila, casacos, mãos dadas, mãos soltas, silêncios, palavras, sorrisos, dúvidas. Um abraço. Um pensamento verde pretendendo ser maduro. Um sentir maduro achando mais simples voltar a ser verde. Foda-se verde e maduro: o que se é e o que se quer e pronto. Mais um abraço e entro no ônibus meio perdida, me sento na cadeira alta, que é a que mais gosto, pego o celular pra ver as horas e vejo sua mensagem: é obra em cima de mim! Finalmente desvendasse o mistério do andar de cima. Estão em obra. E de algum modo desvendei o meu mistério também: estou em obra para melhor me atender/entender. Esse barulho na cabeça, a rigidez no caminhar, poeira por todos os lados deixando a visão meio zonza algumas vezes e te confundindo tantas outras. Eu não sou assim, estou assim. Estar, uma das maiores virtudes que qualquer pessoa pode ter na vida, pois junto dela vem também a possibilidade de mudança. Estou em obra. Um monte de coisa tá achando seu lugar. Daqui vejo uma parede subindo aqui e ali. Ainda tem poeira mas consigo te ver, estou te vendo, só virar o pescoço que você me enxerga também. Eu posso mas não quero caminhar sozinha. Eu quero caminhar com você. Sobe essa escada e vem?
segunda-feira, junho 20, 2016
domingo, junho 19, 2016
Sobre rebuliços e o tempo
Houve um tempo em que tudo parecia concordar.
Eu e você embaixo de uma coberta em Santa Teresa e uma garrafa com água de gengibre do lado da cama pra molhar a boca quando ela tava seca de amor recém feito.
"Você está envolvida demais". Foi o que você disse certo dia pra fugir de você mesmo e de suas emoções. Comprou a própria briga e não arredou o pé sobre uma certeza que só eu poderia ter e não te dei. Dai em diante não aceleramos e nem retornamos. Ficamos alí estacionados por um breve período. Um estado de inércia que mata meu coração ariano, agoniado e pulsante muito mais que qualquer não, que qualquer desistência, que qualquer tiro certeiro. Se é pra ficar parada aqui eu prefiro ir embora. Você não quis que fosse assim mas entendeu. A última coisa que você queria era me magoar. Nisso nós dois concordamos.
Depois veio você de volta quando eu já não estava mais alí. Esperavas pelo mesmo braço, o mesmo olhar, o mesmo carinho, a mesma conexão. Não teve. O braço, o olhar e o carinho não são mais pra você, eles já têm um novo destino, endereço, nome e coração. Foi o que te expliquei quando me cobrasse tudo aquilo que poderia ter sido pra você um dia e não foi porque eu, ora veja, tava envolvida demais.
Se declarasse com a voz trêmula de nervoso. Me desse mil motivos pra retornar. Me pedisse pra reavaliar. Que era outro tempo. Que era outra pessoa. Que era outro Daniel. Que ele, só agora, percebeu o quanto gostava de mim mas tava em outra fase e não se culpa por isso mas que agora tá aberto, disposto a se entregar, a viver sem amarras, a fazer planos e que pensa em mim um bocado.
Me chamasse pra conhecer sua casa no mato como quase um troféu pra mostrar que agora era séria a vontade de construir qualquer coisa. Trouxesse limão siciliano como um bom motivo pra eu ir te encontrar novamente. E eu fui. Tentei. Uma, duas, 4 vezes quem sabe. Eu não tava mais alí. Eu queria muito ser muito sua amiga mas ainda existia tesão no ar. Ainda existia um abraço mais longo. Um carinho na voz. Um apelido. Expliquei tudo de novo quando senti que estávamos em ritmos diferentes. Que você era a eu de outrora mas muito mais maduro e decidido. E envolvido mesmo sem evolução alguma de minha parte. Mesmo eu dizendo na lata que gostava mesmo de outra pessoa. Você acreditou que isso podia mudar com o tempo mas eu não queria que mudasse e isso muda tudo. Preferi que a gente parasse porque a última coisa que eu queria era te magoar. Concordamos e você pediu que sobre isso você se preocupasse e não eu. Que quando tivesse ruim pra você, saberias ir embora. Concordei. E nunca mais te vi, te retornei. Não queria que o quando precisasse chegar.
Nunca brigamos. Em todas as situações mantivemos o carinho e o respeito e a vontade de um dia se ver de novo, sabe-se lá como.
Até quando a gente vai viver sem poder ser muito amigo? Quando estaremos, finalmente, em conexão? Foi o que me perguntei quando me chamasse pra fotografar seu show. Achei o convite perfeito pra essa nova fase que tanto desejo e suponho: eu e você, amigos. Cheguei meio sem jeito depois de duas semanas sem te ver. E tendo te visto pela última vez depois de mais duas semanas desviando. Você tava ali, lindo e suave, como de costume. Com os braços enormes pra um abraço. Me desarmei. Me aliviei. Falou que eu tava muito bonita, perguntou se por acaso eu iria sair depois do show com aquele tom que você faz quando quer saber uma coisa mas pergunta outra pra ver se chega na resposta certa. Você pergunta como vai a minha relação, respondo que muito bem, obrigada e sem entender se aquilo era uma alfinetada. E antes que eu perguntasse qualquer coisa sobre você, pois nem saberia o que perguntar, você se adianta e diz que acha que tá namorando. Devo ter feito uma cara surpresa, tal qual a sua quando contou.
Rimos juntos. Ao mesmo tempo.
É nessa frase que tudo que me perguntei se responde. Ai tá a conexão e o encontro sem desencontro. Você tá feliz e tá bonito por causa disso. Eu to bonita pela mesma razão, para além do macacão e do batom lilás. Estamos bonitos e rindo na mesma risada, no mesmo ritmo, finalmente.
A vida é a arte do encontro embora tenha tanto desencontro pela vida, dizia o poetinha nessa frase clichê e verdadeira. A gente podia ter se desencontrado pra sempre se bobos fôssemos. Mas não somos. E reconhecemos no outro mil e um motivos pra tentar se encontrar mais uma vez e mais uma vez e quantas vezes forem preciso. E eu sou muito contente por a gente ter finalmente se encontrado.
Eu e você embaixo de uma coberta em Santa Teresa e uma garrafa com água de gengibre do lado da cama pra molhar a boca quando ela tava seca de amor recém feito.
"Você está envolvida demais". Foi o que você disse certo dia pra fugir de você mesmo e de suas emoções. Comprou a própria briga e não arredou o pé sobre uma certeza que só eu poderia ter e não te dei. Dai em diante não aceleramos e nem retornamos. Ficamos alí estacionados por um breve período. Um estado de inércia que mata meu coração ariano, agoniado e pulsante muito mais que qualquer não, que qualquer desistência, que qualquer tiro certeiro. Se é pra ficar parada aqui eu prefiro ir embora. Você não quis que fosse assim mas entendeu. A última coisa que você queria era me magoar. Nisso nós dois concordamos.
Depois veio você de volta quando eu já não estava mais alí. Esperavas pelo mesmo braço, o mesmo olhar, o mesmo carinho, a mesma conexão. Não teve. O braço, o olhar e o carinho não são mais pra você, eles já têm um novo destino, endereço, nome e coração. Foi o que te expliquei quando me cobrasse tudo aquilo que poderia ter sido pra você um dia e não foi porque eu, ora veja, tava envolvida demais.
Se declarasse com a voz trêmula de nervoso. Me desse mil motivos pra retornar. Me pedisse pra reavaliar. Que era outro tempo. Que era outra pessoa. Que era outro Daniel. Que ele, só agora, percebeu o quanto gostava de mim mas tava em outra fase e não se culpa por isso mas que agora tá aberto, disposto a se entregar, a viver sem amarras, a fazer planos e que pensa em mim um bocado.
Me chamasse pra conhecer sua casa no mato como quase um troféu pra mostrar que agora era séria a vontade de construir qualquer coisa. Trouxesse limão siciliano como um bom motivo pra eu ir te encontrar novamente. E eu fui. Tentei. Uma, duas, 4 vezes quem sabe. Eu não tava mais alí. Eu queria muito ser muito sua amiga mas ainda existia tesão no ar. Ainda existia um abraço mais longo. Um carinho na voz. Um apelido. Expliquei tudo de novo quando senti que estávamos em ritmos diferentes. Que você era a eu de outrora mas muito mais maduro e decidido. E envolvido mesmo sem evolução alguma de minha parte. Mesmo eu dizendo na lata que gostava mesmo de outra pessoa. Você acreditou que isso podia mudar com o tempo mas eu não queria que mudasse e isso muda tudo. Preferi que a gente parasse porque a última coisa que eu queria era te magoar. Concordamos e você pediu que sobre isso você se preocupasse e não eu. Que quando tivesse ruim pra você, saberias ir embora. Concordei. E nunca mais te vi, te retornei. Não queria que o quando precisasse chegar.
Nunca brigamos. Em todas as situações mantivemos o carinho e o respeito e a vontade de um dia se ver de novo, sabe-se lá como.
Até quando a gente vai viver sem poder ser muito amigo? Quando estaremos, finalmente, em conexão? Foi o que me perguntei quando me chamasse pra fotografar seu show. Achei o convite perfeito pra essa nova fase que tanto desejo e suponho: eu e você, amigos. Cheguei meio sem jeito depois de duas semanas sem te ver. E tendo te visto pela última vez depois de mais duas semanas desviando. Você tava ali, lindo e suave, como de costume. Com os braços enormes pra um abraço. Me desarmei. Me aliviei. Falou que eu tava muito bonita, perguntou se por acaso eu iria sair depois do show com aquele tom que você faz quando quer saber uma coisa mas pergunta outra pra ver se chega na resposta certa. Você pergunta como vai a minha relação, respondo que muito bem, obrigada e sem entender se aquilo era uma alfinetada. E antes que eu perguntasse qualquer coisa sobre você, pois nem saberia o que perguntar, você se adianta e diz que acha que tá namorando. Devo ter feito uma cara surpresa, tal qual a sua quando contou.
Rimos juntos. Ao mesmo tempo.
É nessa frase que tudo que me perguntei se responde. Ai tá a conexão e o encontro sem desencontro. Você tá feliz e tá bonito por causa disso. Eu to bonita pela mesma razão, para além do macacão e do batom lilás. Estamos bonitos e rindo na mesma risada, no mesmo ritmo, finalmente.
A vida é a arte do encontro embora tenha tanto desencontro pela vida, dizia o poetinha nessa frase clichê e verdadeira. A gente podia ter se desencontrado pra sempre se bobos fôssemos. Mas não somos. E reconhecemos no outro mil e um motivos pra tentar se encontrar mais uma vez e mais uma vez e quantas vezes forem preciso. E eu sou muito contente por a gente ter finalmente se encontrado.
terça-feira, junho 07, 2016
Permanências
As vezes você pinta como um pincel. Faz cócegas nos meus pés, cutuca com a ponta da haste meu peito e faz desenho no ar. A gente senta na mesa de sinuca, meus pés flutuam e balançam. Você olha em frente sem mira. Eu miro teu nariz empinado. A gente se encontra não se encontra. É tudo uma ilusão.
Tem vezes que você surge como mão. Pega um balde e joga a tinta no piso. Escorrego e caio de cara. Mergulha os dedos nas cores e joga em mim, me cega com tinta nos olhos. Eu choro de todas as cores. Fazemos uma lambança só.
Tem vezes que hiatos. hiatos. hiatos.
A verdade é que você nunca foi embora.
Tem vezes que você surge como mão. Pega um balde e joga a tinta no piso. Escorrego e caio de cara. Mergulha os dedos nas cores e joga em mim, me cega com tinta nos olhos. Eu choro de todas as cores. Fazemos uma lambança só.
Tem vezes que hiatos. hiatos. hiatos.
A verdade é que você nunca foi embora.
domingo, maio 29, 2016
Terça-feira
A gente costumava se encontrar nas quartas, que era o meinho da semana, o ponto perfeito pra acumular uma saudade e depois ir embora esperando pelo fim de semana que logo chegava. Promoção no cinema, jantar e alguma desculpa pra justificar o encontro, quando na verdade a gente só queria se ver, sem desculpa alguma.
Faz um tempo que as quartas viraram terça-feira. Um dia cheio de motivos. É tanto do motivo que chega explode de energia! Agora o encontro vem acompanhado de frevo. De suor. De ponta de pé e calcanhar. De risadas e estafas físicas. De risos e aprendizados e diversão. Um calor que domina a sala de aula seguido da brisa fresca de Copacabana que deixa a prosa no meio da rua mais agradável. A gente devia marcar uma cerva no fim da aula! Sim! Aqui tá massa mas a gente tem pressa. Quem vai pra onde? Daqui eu vejo e vivo o caminho até o metrô alegre por entusiastas a passistas, todos cansados. A capinha do Super Homem sempre escondida doida pra voar.
Tem Masterchef, tem fome, tem roupa grudando no couro de tanto suor. Tem aquele banho esperto e garoto que deixa o cheiro de sabonete nas tuas mãos. E eu cheiro. Você na cozinha pegando água. Vem logo que vai começar! Tem o sofá onde me dissolvo, toda torta. Tem teu colo e duas mãos pra um cafuné exausto, vagaroso, espaçado. Movo minha cabeça bem rapidinho na tentativa de chamar tua atenção e conseguir algum carinho mais avançado daquele braço cansado de sombrinha que eu mesma causei. Não tenho muito sucesso. Olho ao redor e vejo tua perna. Levanto a blusa e cheiro teu buchinho. Fome. Domino`s! Catuperoni e La Bianca. Ruivo atento e quase mudo. Agora Renata, faladeira igual a gente. Um pouco de coca-cola que ficou na geladeira, um beijo e outro. Sorvete. Os celulares apitando freneticamente no mesmo grupo.
Teu colo de novo.
segunda-feira, maio 23, 2016
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