quinta-feira, novembro 27, 2014

Fissura no Cristo II ou sobre ciúme

-oi carlinhaaa, to com a tua saudaaaade, te amo!
- oi, meu amor, também to com saudaade, muita. 
- tu tás com MEU pai ai no Rio, é?
- uhum
- e ELE foi no Cristo?
- não, ele só vai no Cristo quando você tá aqui, tá?
- hmmmm. (silêncio). tenho que desligar, tchau.

minutos depois

- carlinha? 
- oi, Jó
- sofia tá chorando de dar pena, dizendo que vocês foram no Cristo sem ela.
- mas a gente não foi e eu disse que ninguém foi.
- e tu acha que ela é besta, é? ficou chateada mesmo assim.


maluco como a gente sente ciúme mesmo sem conhecer a palavra.

Fissura no Cristo I

Ambientação da história:

Eu e meu irmão mais velho conversando dentro de um carro, em Fortaleza, na presença da minha irmã mais nova.

Situação: diálogo entre nós dois sobre algo sem salvação, enquanto ela, silenciosamente, prestava atenção em tudinho. 

- Ah, menino, mas isso ai nem cristo salva mais.

Ela interrompe:

- Ô carlinha, num falem do cristo não que ele nem tá aqui, o cristo mora no Rio de Janeiro.


terça-feira, novembro 18, 2014

Além do céu, além da terra

A Pedro Escobar

Hoje me aconteceu uma coisa curiosa e vou deixar registrada aqui pra que eu lembre sempre e sempre que há muito mais coisas entre o azulzão do céu e a terra do que a gente tem condições de ver. E o sonho certamente é uma dessas coisas. 

Um tempo atrás sonhei que um amigo de meu irmão, muito pouco próximo à mim, só de vista, abria uma produtora, ficava muito bem de vida e só trabalhava de óculos escuros (das loucuras que os sonhos proporcionam). Era tipo o super boss do audiovisual e do bolso gordinho por detrás daqueles óculos escuros. Nas duas vezes em que nos encontramos ao vivo, junto ao meu irmão, essa história - única que nos lincava - foi motivo de graça e até piada. 

Hoje, ele postou cheio de orgulho sobre a inauguração de sua produtora e, quando veio me contar pois recordou do sonho, viu que a única e última conversa que tivemos inbox foi há exatamente um ano e em horário parecido: eu contando do sonho que tive com ele, da produtora, dos óculos escuros, do bolso gordo. Emudecemos. Como assim?

Sim, há mais coisas por ai do que a gente supõe. E é de óculos escuros que ele vai comemorar esse sonho - meu e dele - realizado.

segunda-feira, novembro 10, 2014

Feliz velho novo ano

O cenário da rua já é prólogo certo para o ano que tá por vir: estrelinhas de isopor, árvores de plástico, neve de algodão e números seguidos de %  nas vitrines dizendo que já passou da hora de comprar o presente do amigo secreto em Recife e oculto aqui no Rio.

Me peguei olhando uma dessas vitrines em Ipanema, hoje. Como assim JÁ é natal? Até então, pra mim, no máximo era pós eleição ou halloween. No bairro em que vivo o natal ainda não deu as caras e, dentro de mim, até então menos ainda. Fiquei uns bons instantes avaliando, defronte aquela vitrine, como eu ainda tava correndo atrás de 2014 enquanto todo mundo só quer saber do ano que vai chegar, nas vitrines, no cenário da rua e provavel que internamente. Meus amigos estarão todos viajando, em Recife, por ai. Eu não. Eu nem sei. E nem tenho como me preocupar com isso agora. Enquanto todo mundo tá aprontando as malas pra ir para a região dos lagos no recesso do trabalho, pois não aguenta mais o chefe e almeja uma folguinha dele por esses tempos, eu acabei de conhecer minha futura chefe. Minha mala é meu armário organizado aqui no Rio de Janeiro e minha passagem diária é pra perto e no RioCard mesmo. Mas confesso que depois que vi aquelas vitrines, me forcei ao espírito de fim de ano, uma melancolia, esperança ou até mesmo ilusão de que tudo vai mudar, de que tudo vai ser melhor. E vi que estava mais dentro da realidade impossivel, como nunca estive antes. E agradeci por isso, mesmo que tardiamente, pois foi o que esperei do ano, o ano inteiro. 

Fiquei confusa se meu ano (re)começou agora, levando comigo tudo de bom que 2014 me trouxe ou se o meu próximo ano chegou antes do de todo mundo. Talvez seja melhor pensar na segunda opção e sortear logo esse amigo oculto afinal, é pra frente que se anda.

sábado, novembro 08, 2014

para a maria que não rolou

ela não sentia mais nada. ela sentia uma dor tão profunda que adormecia tudo. por dentro e por fora. o corpo agora era só um corpo. o ar entrava pouco pelos pulmões. ela acabara de desacreditar no ser humano e no coração. não conseguiu a revolta ou mesmo um grito. eram tantas coisas que internalizar foi o melhor remédio. ao menos por enquanto. um amontoado de roupas jogado no chão e uma coletânea de palavras fortes e definitivas. sim, de-fi-ni-ti-vas. se não eram agora são. uma mochila. duas sacolas. eram os seus pertences. e a vergonha no peito. não por ela, mas por aquele moço silencioso que, sentadinho naquela cadeira defronte a porta, lamentava no olhar com a cena que vira. um castelo desmoronado diante de seus olhos. ou a humilhação e constrangimento públicos que tanto tentou disfarçar. ele já viu e viveu muita coisa nessa vida mas algumas, pelo olhar que fez, preferia não acreditar, porque ainda apostava mesmo que timidamente no amor dos homens. e a única coisa que maria carregava na mente, além daquela cena que talvez demore muito tempo pra dissolver do coração e dos olhos, era o desejo de que aquele moço sentado defronte a porta não tenha entendido nada e, dentro de sua ignorância genuina, continue a crer naquilo que maria mais gostava de mostrar a ele através de sorrisos, palavras e lanchinhos da madrugada: no amor dos homens.

sexta-feira, novembro 07, 2014

Vazio:

quando atacar a geladeira inteira não é o bastante pra preencher.

quinta-feira, novembro 06, 2014

100 dias ...



... para o dia mais feliz do ano,
todos os anos

segunda-feira, novembro 03, 2014

Exercício

Na minha opinião, uma das coisas mais difícies de ser combatida e ao mesmo tempo mais comum entre o humano e sua relação com o mundo e com o próximo é o julgamento. Dai agora dei pra tentar me controlar nisso em qualquer situação: seja com a coleguinha mal vestida que não conheço e passou na minha frente na festa, seja com gente próxima e suas ações. Vou te dizer que é difícil, mas um exercício válido se pensar nas energias negativas que deixamos de expor e economizamos de gastar, para sí e para o outro. 

Espero um dia chegar no nível de, além de parar de verbalizar, não ter mais nem em pensamento o julgamento. Será que é possível deixar de ser exercício?

terça-feira, outubro 28, 2014

Sobre romantismo

Da cozinha enxerguei ele esticado na minha cama. O corredor pareceu tão imenso separando nós dois... Larguei o copo d'água na pia, peguei carreira no corredor que nos separava e dei um salto mortal na cama, em cima dele. O osso da minha canela bateu com toda força na madeira da cama, subindo um galo de imediato enquanto ríamos de amor e eu chorava de dor. Riso e choro. 

O romantismo às vezes tem um preço alto para quem é destrambelhado.

quinta-feira, outubro 23, 2014

Das felicidades máximas:

quando o "murro em ponta de faca" se transforma em "quando o amor vence".

<3

Sobre o próximo domingo

Quando criança, na condição de borboleta, eu ficava posicionada entre o cordão encarnado e o azul do Pastoril vendo aquela disputa lírica, entre gritos, pandeiros e cantorias. No fim, todos se abraçavam e quem vencia mesmo era a Diana e a alegria. 

Domingo é dia de pastoril de gente grande entre encarnados e azuis. E dessa vez não vai sobrar borboleta pra contar história. Salve-se quem puder. Fim.

Das clássicas conversas clássicas

Quem nunca ouviu ou falou algo na diretriz de "você é massa, mas não é você, o problema sou eu", decerto nunca viveu uma aventura desastro-amorosa e, com isso, na minha humilde opinião coronária: tá errado. Tá errado porque é justamente esse diálogo pobre e previsível que nos faz ir em frente e, tempos depois, olhar pra trás e pensar, entre risadas demoníacas, como éramos frouxas, bestas e vulneráveis. Nos preparávamos e sofríamos para o pé na bunda já consciente, onde já se viu uma coisa dessas?

Na hora a gente não sabe se prefere morrer ou matar o(a) infeliz e, na dúvida, a gente se afoga num copo gigante de cerveja que, mesmo gelada, desce rasgando nossas vísceras ferventes, borbulhantes, na busca por dissolver aqueles nós deixados.

Esses nós, minha amiga, costumam demorar pra desatar. Haja tempo e copo de cerveja, de cachaça, de whisky que seja pra colocar cada coração de volta em sua devida caixa. Até lá, muitas lágrimas ainda vão rolar. E sabe-se cristo porque não vais parar de pensar no maldito ser, pelo contrário, pensaras ainda mais, como uma praga. A dor vai se alastrar e só te restará colocar Fagner gemendo deslizes em uma vitrolinha véa. É quando chegamos no inferno de nós mesmos.Escrevemos as mensagens e e-mails mais bizonhos que, espero eu, acabem teus créditos para que não envies. Ou não. De que vale esse diálogo chinfrim sem um dedo na cara apontando em troca pra dar climax ao enredo?

Mas o que a gente não enxerga nesse olho de furacão é que, no fundo, estamos mais próximos da luz do que pensamos. É cafona, mas no fundo do poço tem um trampolim sinistro que nos leva para o alto e avante. E o pior é que a gente sabe, mesmo prometendo morrer no calor da emoção. Não somos tolinhos, já vivemos isso. E vamos acabar vivendo novamente em alguma esquina suculenta e daninha que a gente for dobrar por ai.

Respire e brinque da brincadeira do contente: não fossem esses diálogos do cão, hoje não estaríamos bem. Em uma melhor. De boa na lagoa sentada na mesa do bar, com nosso drinque na mão e um sorriso cínico na cara. Com outro(a) bonitão(ona) do lado ou sozinha, esperando o verão chegar, em paz. Enquanto ele(a), tolinho(a), passa "sem querer", olha, espera o olhar de volta na esperança cegueta de ainda fazer festa e inferno ali e não leva nada em troca, nem mesmo um dedo do meio furioso. Nada, nadica. A troça andou, colega. Só te resta seguir em frente para o diabo que te carregue. E ele há de ser bonzinho.

quarta-feira, outubro 22, 2014

Sobre preconceito

Não respeito quem não gosta de alho e cebola. de muito.

quinta-feira, outubro 16, 2014

Tijuca



Antes de morar no Rio, tirando a Zona Sul de Manoel Carlos, a Tijuca era um  dos poucos lugares que eu tinha conhecimento verbalizado. Tudo bem, confesso que por muito tempo pensei que Tijuca e Barra da Tijuca fossem a mesma coisa, até me questionar como a minha mãe, que não teve uma infância lá muito rica, tenha morado na Barra da Tijuca. Só ai ficou tudo esclarecido. Até hoje acho graça dessa confusão que, depois, descobri ser tão comum entre os não cariocas, como também é o dilema entre Aterro e Praia do Flamengo.

Mamãe, apesar de ter nascido no Rio Comprido, foi criada na Gonzaga Bastos e, desse modo, se considera tijucana. Aquela casa, aquela rua, as brincadeiras, as desilusões, o relógio atrasado pra ficar mais tempo na festa, o lustre que meu tio ameaçava tacar uma bola quando as tias não davam alívio às brincadeiras do pobre garoto virado. Os namoricos, o portão e todas aquelas histórias que adoro ouvir e que ela adora contar.

Cheguei no Rio e, além da Zona Sul do Manoel Carlos, tinha a Tijuca em mente mesmo não indo por aquelas bandas logo no início, pois não havia muito o que ser feito por ali. 

Até que o circulo começou a fechar e a virar uma mini rodinha, uma ciranda ao mesmo tempo pequena e tão grande de mãos dadas nesse bairro hoje, mais que verbalmente, pessoalmente tão querido por mim.

Amigas de trabalho, amigos da vida, primo, todos moradores desse lugar que saiu do imaginário e fotografia pra virar tato, cheiro. É distante. Foi o que pensei na primeira vez que recordo voltar de metrô da casa de Bruno. É, é distante mas é viável e o metrô deixa pertinho de tudo sem muita demora. Ali, a Tijuca criou corpo e tomei dimensão do quão grande ela parecia ser. Tantas ruas, ruas largas, gente por todos os lados, construções, comércios, um mundo que dava um medinho de desbravar e ainda distante da minha realidade.

Até que conheci Gustavo e, muito antes do carinho virar amor, na época em que uma amizade novinha tava existindo sem preocupações e cheia de afinidades, conheci uma Tijuca descolada, longe daquela imagem antiga que permanecia, ainda, na minha cabeça.

Hoje, o bairro é outro em mim. Além da casa dos colegas recém feitos - hoje amigos - além do estilo descolado de novos jovens-classe-média  moradores, o bairro se tornou o coração do Rio de Janeiro. E o Largo da Segunda-Feira, onde meu coração descansa sossegado, também. Tudo faz sentido. As ruas, os ônibus, os trajetos, os mercados, as ruas charmosas que descubro. O hortifruti mais incrível, os bares mais legais, a padaria dos sonhos pertinho de casa, o melhor podrão, os melhores porteiros, as noites mais bonitas. 

Hoje, eu, recifense que só ela, sou também um pouco tijucana. Ando arrastando meu chinelo enquando caminho até o banco, ao mercado, ao metrô mais próximo. Dou o endereço ao taxista, que sai naturalmente e na ponta da lingua, mesmo com uns pileques a mais na cabeça. Sei onde comprar um bom queijo, artigos para festas, rodinhas para geladeira ou uma quentinha baratex.

É bem verdade que ainda me pego perdida por lá, mas se for parar pra pensar, ainda me pego perdida por Recife que é a terra onde vivi por quase toda a minha vida. A tijuca continua sendo grande, mas até os tijucanos acham isso. Antagonicamente, hoje, a Tijuca é pertinho pra mim e, o mais importante, não me amedronta mais, deixou de ser palavra pra virar gente grande e madura e, além do que, possui todo o meu amor.

quarta-feira, outubro 01, 2014

Modelo de prova ou Brincadeira do contente

-Olha, por que você não vira modelo de prova? Super acho que rolaria pra você.
- Por que até hoje eu nem sabia que isso existia. rs

E fui o caminho inteiro do Largo do Machado até em casa, animada que só, com minha possível chance de renda fixa e ainda, quem sabe, umas roupinhas descoladas de brinde. 

Chego em casa, pego a tabela oficial das medidas das modelos de prova que é dividida entre modelo P e modelo M, pego a fita métrica pra ver em qual me enquadro e praticamente tenho meu pescoço enforcado por ela me informando que já era, baby. E já era nos dois lados da tabela. Eu toda errada: busto maior que o necessário para modelo de prova tamanho M e cintura mais fina que o necessário para o P. 

Passado o instante de frustração por não poder concorrer a essas vagas que de$cobri que bombam, vou dormir sabendo que eu não sou o que o povo da moda espera e também que estou pouco me fudendo pra isso mediante a brincadeira do contente mais contente de todas: ver a alegria de Gustavo com minhas medidas despadronizadas para o mundo da moda e, ao mesmo tempo, a favor das mãos e olhos dele. Ai tá valendo, né? Que mané modelo que nada : )

sexta-feira, setembro 26, 2014

Ei...

- Como assim você deixou de conhecer um país a mais pra ir duas vezes no mesmo?
- Deixei de conhecer Portugal, mas conheci um mundo inteiro em uma única pessoa.

Esse diálogo, que aconteceu tem mais de um ano e meio, me deixou encucada com a ideia do outro de que só se cresce por dentro juntando carimbos em um passaporte. Um dia em cada país é melhor que uma semana no mesmo. Eu vejo diferente. Viajar é, sim, uma maneira forte de autoconhecimento, não a tôa voltei outra de um tour tão pequeno por outras terras. Mas entendo que viajar pra outros países e ter a chance de troca com as pessoas sem ser "nas carreiras" é ainda mais explosivo e consistente. 

Eu já sabia disso. Mas na última semana eu aprendi ainda mais. Uma vontade de certeza ainda maior que endoidaria a cabeça de quem não me entendeu em outrora: estive em contato direto com dois mundos inteiros sem que eu precisasse mudar de endereço. 

Eu tava aqui no Rio de Janeiro, lugar em que moro tem alguns anos e que já recebi vários amigos, que já conheci tanta gente, que já perdi pessoas também. E foi justamente aqui, sem precisar de passaporte, identidade ou mesmo uma mochila nas costas pra fazer o caô, que tive a certeza segura mais do que nunca de que tem muito mais mundo em gente do que em locais.

 Nathália e Eriquinha foram as provas vivíssimas de que o mundo pode ser algo maior exatamente onde estamos, naquele mesmo trajeto para casa, no caminho que já estamos acostumados, nas manias que já estamos apegados, nas nossas frases repetidas e nas ações também. Desconstruir é possível. Repensar também. 

Que alegria ter sido preciso a vinda de vocês de férias até o Rio, pra que a gente aprendesse coisas que talvez nem viajando chegassem à mim, a nós (falo nós pois sei que Calani sente a mesma coisa). E que bom que vocês vieram, pra que gente selasse, nesse quarteto fantástico, um amor tão novinho e tão gostoso!

Quero mais cheirinho de alegria, poxa!

terça-feira, setembro 16, 2014

Controle

Eu sou uma pessoa controladora. Ponto final. 
Não me orgulho, mas saber que sou me ajuda a me controlar pra não controlar. 

Se vejo que uma coisa vai dar errado com o outro, vou lá e aviso que ele esqueceu de fazer algum procedimento para alcançar o sucesso final. Não sou Deus, me refiro a coisas que são mesmo óbvias que passam sem notar na vista acostumada do outro. Mas eu sei que o outro também precisa quebrar a cara pra aprender. E o outro precisa crescer só. E o outro precisa que a casa toque fogo por que esqueceu a torradeira ligada por várias horas. Mas se a casa não pegou fogo, sei que não preciso ligar todos os dias pra lembrar de tirar a torradeira da tomada, do contrário eu que vou torrar com os neurônios da vítima, seja ela quem for. 

Por outro lado, quando largo de mão e a casa pega fogo, me ligam pedindo arrego, pedindo meu controle, pedindo desculpas, pedindo por favor, este arrego que não posso dar porque é errado. Mas já salvei o carnaval de dois amigos próximos que não checaram as datas de seus voos e, por um controle extra meu de precaução, ví que um comprou pra um mês antes, e isso me rendeu de aposta duas caipivodkas do Coelho e o outro, pra um mês depois. E me rendeu a presença da pessoa no carnaval, aliás, dos dois. Também já salvei uma viagem para o exterior por não confiar na cabeça avoada do meu ex amorado. Fui "checar" pagando de chata controladora, voltei como a salvadora da pátria. Isso aconteceu duas vezes em viagem com o mesmo namorado. Detectei as duas. Prova maior do que essa, de que controlar não ensina, não há. Mas acontece que se eu deixasse passar, também sairia prejudicada. 

Acontece que não quero ser salvadora da pátria e nem a chata controladora. Então escolhi ficar na minha. Me roendo algumas vezes em algumas situações, é verdade, mas pra outras, apenas abri mão porque controlar também cansa. Não sou mais a organizadora de viagens e a que passa o release sobre o fim de semana. Abri mão e isso me tirou uns bons quilos de responsabilidade sobre algo que deveria ser apenas lazer: que maravilha que é começar a sexta com os convites chegando por sms, ligações ou facebook no lugar de, na quarta-feira, já estar enviando os convites do que terá pela frente. E que bom ver esses convites e, tantas vezes, apenas recusar porque quero mesmo ficar em casa, de calcinha, vendo filme, tomando cerveja boa e comendo uma comidinha tão gostosa que ele faz. E que bom chegar atrasada, no lugar de ficar esperando ansiosa. Que bom isso tudo acontecer sem que eu me controle para isso. Ao menos no que diz respeito a lazer, to nota dez.

Mas ainda sinto vontade de ligar pra lembrar da torradeira.

sexta-feira, setembro 12, 2014

To be

De manhã sou bailarina
Pela tarde, borracheira
À noite viro figurinista

Espero que não me falte tempo para apenas: ser.

Dos combinados



É difícil demais dizer quem é minha melhor amiga. 

Por sorte, não tenho mais 14 anos onde essa resposta só podia ser no feminino e necessitava estar na ponta da língua com uma única função: a de aumentar o ego de uma e colocar o da outra amiga concorrente no chão. 

Na vida adulta é outro esquema. Carregamos com a gente quem sobreviveu à essa época de disputas, picuinhas e escolhas decisivas com tão pouco tempo de experiência e também de vida. É também possível que os amigos mais profundos venham depois, já na fase adulta, afinal, ainda estamos vivendo. E, no meu caso, que nem cheguei na metade dessa vida, posso sim ao longo dos próximos anos e também do tempo presente ter novos amigos do peito, como já tenho. Pessoas especialíssimas que choro só de pensar. Conto nos dedos de uma mão os atuais. E depois guardo a mão com cuidado, pra que ninguém veja e fique impressionado com o tamanho do carinho e intimidade de ambos os lados, em um espaço tão curto de anos. 

Mas é lá verdade que os amigos antigos que sobreviveram e atravessaram vivos e ainda com muito amor àquela fase da adolescência escrota, em que ninguém sabe de nada da vida e nem dos quereres, são e serão sempre os principais. Os que levam uma coroa intransferivel na cabeça. Os que nossos pais conhecem e gostam e têm histórias juntos com eles. Os mais luminosos e que sempre que falarmos neles, uma estrelinha vai brilhar mais forte. No céu e nos olhos. 

Samantha é uma dessas pessoas. 

Somos amigas há 10 anos e não quero ser redundante em falar sobre nossa relação, pois já dediquei um texto à ela só pra isso. Apesar dessa loura merecer todos os textos enormes e incríveis do mundo, ela me surpreende. Ela bota abaixo todo o meu blá blá blá. Ela me reponde um e-mail gigante, um mês depois, onde conto até a cor da calcinha que to usando, com um: "Finalmente respondendo!! Você vai tá ai em março? Quero visitar, me avisa pra eu comprar passagem!!! Te amo! xoxo". E essa pequena frase que não responde nem uma pergunta que fiz ou comenta qualquer coisa que eu tenha falado, vinda lá do outro lado do oceano, bate no meu coração e acalanta o bichinho mais forte do que 300 eu te amos, sinceros.

Sim, nosso combinado, como que eu podia esquecer? Prazo máximo pra ficarmos distantes fisicamente é de 2 anos. E, a cada vez, uma vai ao país da outra, ou ao país em que a outra esteja. Ano passado fui eu. Ano que vem é ela. E o combinado se mantém vivo. E comemora um ciclo de 10 anos. Um ciclo cada vez mais forte e bonito. É incrível ver o outro crescer e deixar que o outro te veja também. No reencontro, chorar no ombro toda a saudade. E rir e chorar e rir e chorar todo o amor louco que permeia a relação. Basta o olhar e pronto, tudo foi dito.

Nunca vou cansar de agradecer os irmãos que a vida me deu. E nunca vou cansar de fazer por onde tê-los ao meu lado. 

Vem timbora logo!!!