terça-feira, outubro 28, 2014

Sobre romantismo

Da cozinha enxerguei ele esticado na minha cama. O corredor pareceu tão imenso separando nós dois... Larguei o copo d'água na pia, peguei carreira no corredor que nos separava e dei um salto mortal na cama, em cima dele. O osso da minha canela bateu com toda força na madeira da cama, subindo um galo de imediato enquanto ríamos de amor e eu chorava de dor. Riso e choro. 

O romantismo às vezes tem um preço alto para quem é destrambelhado.

quinta-feira, outubro 23, 2014

Das felicidades máximas:

quando o "murro em ponta de faca" se transforma em "quando o amor vence".

<3

Sobre o próximo domingo

Quando criança, na condição de borboleta, eu ficava posicionada entre o cordão encarnado e o azul do Pastoril vendo aquela disputa lírica, entre gritos, pandeiros e cantorias. No fim, todos se abraçavam e quem vencia mesmo era a Diana e a alegria. 

Domingo é dia de pastoril de gente grande entre encarnados e azuis. E dessa vez não vai sobrar borboleta pra contar história. Salve-se quem puder. Fim.

Das clássicas conversas clássicas

Quem nunca ouviu ou falou algo na diretriz de "você é massa, mas não é você, o problema sou eu", decerto nunca viveu uma aventura desastro-amorosa e, com isso, na minha humilde opinião coronária: tá errado. Tá errado porque é justamente esse diálogo pobre e previsível que nos faz ir em frente e, tempos depois, olhar pra trás e pensar, entre risadas demoníacas, como éramos frouxas, bestas e vulneráveis. Nos preparávamos e sofríamos para o pé na bunda já consciente, onde já se viu uma coisa dessas?

Na hora a gente não sabe se prefere morrer ou matar o(a) infeliz e, na dúvida, a gente se afoga num copo gigante de cerveja que, mesmo gelada, desce rasgando nossas vísceras ferventes, borbulhantes, na busca por dissolver aqueles nós deixados.

Esses nós, minha amiga, costumam demorar pra desatar. Haja tempo e copo de cerveja, de cachaça, de whisky que seja pra colocar cada coração de volta em sua devida caixa. Até lá, muitas lágrimas ainda vão rolar. E sabe-se cristo porque não vais parar de pensar no maldito ser, pelo contrário, pensaras ainda mais, como uma praga. A dor vai se alastrar e só te restará colocar Fagner gemendo deslizes em uma vitrolinha véa. É quando chegamos no inferno de nós mesmos.Escrevemos as mensagens e e-mails mais bizonhos que, espero eu, acabem teus créditos para que não envies. Ou não. De que vale esse diálogo chinfrim sem um dedo na cara apontando em troca pra dar climax ao enredo?

Mas o que a gente não enxerga nesse olho de furacão é que, no fundo, estamos mais próximos da luz do que pensamos. É cafona, mas no fundo do poço tem um trampolim sinistro que nos leva para o alto e avante. E o pior é que a gente sabe, mesmo prometendo morrer no calor da emoção. Não somos tolinhos, já vivemos isso. E vamos acabar vivendo novamente em alguma esquina suculenta e daninha que a gente for dobrar por ai.

Respire e brinque da brincadeira do contente: não fossem esses diálogos do cão, hoje não estaríamos bem. Em uma melhor. De boa na lagoa sentada na mesa do bar, com nosso drinque na mão e um sorriso cínico na cara. Com outro(a) bonitão(ona) do lado ou sozinha, esperando o verão chegar, em paz. Enquanto ele(a), tolinho(a), passa "sem querer", olha, espera o olhar de volta na esperança cegueta de ainda fazer festa e inferno ali e não leva nada em troca, nem mesmo um dedo do meio furioso. Nada, nadica. A troça andou, colega. Só te resta seguir em frente para o diabo que te carregue. E ele há de ser bonzinho.

quarta-feira, outubro 22, 2014

Sobre preconceito

Não respeito quem não gosta de alho e cebola. de muito.

quinta-feira, outubro 16, 2014

Tijuca



Antes de morar no Rio, tirando a Zona Sul de Manoel Carlos, a Tijuca era um  dos poucos lugares que eu tinha conhecimento verbalizado. Tudo bem, confesso que por muito tempo pensei que Tijuca e Barra da Tijuca fossem a mesma coisa, até me questionar como a minha mãe, que não teve uma infância lá muito rica, tenha morado na Barra da Tijuca. Só ai ficou tudo esclarecido. Até hoje acho graça dessa confusão que, depois, descobri ser tão comum entre os não cariocas, como também é o dilema entre Aterro e Praia do Flamengo.

Mamãe, apesar de ter nascido no Rio Comprido, foi criada na Gonzaga Bastos e, desse modo, se considera tijucana. Aquela casa, aquela rua, as brincadeiras, as desilusões, o relógio atrasado pra ficar mais tempo na festa, o lustre que meu tio ameaçava tacar uma bola quando as tias não davam alívio às brincadeiras do pobre garoto virado. Os namoricos, o portão e todas aquelas histórias que adoro ouvir e que ela adora contar.

Cheguei no Rio e, além da Zona Sul do Manoel Carlos, tinha a Tijuca em mente mesmo não indo por aquelas bandas logo no início, pois não havia muito o que ser feito por ali. 

Até que o circulo começou a fechar e a virar uma mini rodinha, uma ciranda ao mesmo tempo pequena e tão grande de mãos dadas nesse bairro hoje, mais que verbalmente, pessoalmente tão querido por mim.

Amigas de trabalho, amigos da vida, primo, todos moradores desse lugar que saiu do imaginário e fotografia pra virar tato, cheiro. É distante. Foi o que pensei na primeira vez que recordo voltar de metrô da casa de Bruno. É, é distante mas é viável e o metrô deixa pertinho de tudo sem muita demora. Ali, a Tijuca criou corpo e tomei dimensão do quão grande ela parecia ser. Tantas ruas, ruas largas, gente por todos os lados, construções, comércios, um mundo que dava um medinho de desbravar e ainda distante da minha realidade.

Até que conheci Gustavo e, muito antes do carinho virar amor, na época em que uma amizade novinha tava existindo sem preocupações e cheia de afinidades, conheci uma Tijuca descolada, longe daquela imagem antiga que permanecia, ainda, na minha cabeça.

Hoje, o bairro é outro em mim. Além da casa dos colegas recém feitos - hoje amigos - além do estilo descolado de novos jovens-classe-média  moradores, o bairro se tornou o coração do Rio de Janeiro. E o Largo da Segunda-Feira, onde meu coração descansa sossegado, também. Tudo faz sentido. As ruas, os ônibus, os trajetos, os mercados, as ruas charmosas que descubro. O hortifruti mais incrível, os bares mais legais, a padaria dos sonhos pertinho de casa, o melhor podrão, os melhores porteiros, as noites mais bonitas. 

Hoje, eu, recifense que só ela, sou também um pouco tijucana. Ando arrastando meu chinelo enquando caminho até o banco, ao mercado, ao metrô mais próximo. Dou o endereço ao taxista, que sai naturalmente e na ponta da lingua, mesmo com uns pileques a mais na cabeça. Sei onde comprar um bom queijo, artigos para festas, rodinhas para geladeira ou uma quentinha baratex.

É bem verdade que ainda me pego perdida por lá, mas se for parar pra pensar, ainda me pego perdida por Recife que é a terra onde vivi por quase toda a minha vida. A tijuca continua sendo grande, mas até os tijucanos acham isso. Antagonicamente, hoje, a Tijuca é pertinho pra mim e, o mais importante, não me amedronta mais, deixou de ser palavra pra virar gente grande e madura e, além do que, possui todo o meu amor.

quarta-feira, outubro 01, 2014

Modelo de prova ou Brincadeira do contente

-Olha, por que você não vira modelo de prova? Super acho que rolaria pra você.
- Por que até hoje eu nem sabia que isso existia. rs

E fui o caminho inteiro do Largo do Machado até em casa, animada que só, com minha possível chance de renda fixa e ainda, quem sabe, umas roupinhas descoladas de brinde. 

Chego em casa, pego a tabela oficial das medidas das modelos de prova que é dividida entre modelo P e modelo M, pego a fita métrica pra ver em qual me enquadro e praticamente tenho meu pescoço enforcado por ela me informando que já era, baby. E já era nos dois lados da tabela. Eu toda errada: busto maior que o necessário para modelo de prova tamanho M e cintura mais fina que o necessário para o P. 

Passado o instante de frustração por não poder concorrer a essas vagas que de$cobri que bombam, vou dormir sabendo que eu não sou o que o povo da moda espera e também que estou pouco me fudendo pra isso mediante a brincadeira do contente mais contente de todas: ver a alegria de Gustavo com minhas medidas despadronizadas para o mundo da moda e, ao mesmo tempo, a favor das mãos e olhos dele. Ai tá valendo, né? Que mané modelo que nada : )

sexta-feira, setembro 26, 2014

Ei...

- Como assim você deixou de conhecer um país a mais pra ir duas vezes no mesmo?
- Deixei de conhecer Portugal, mas conheci um mundo inteiro em uma única pessoa.

Esse diálogo, que aconteceu tem mais de um ano e meio, me deixou encucada com a ideia do outro de que só se cresce por dentro juntando carimbos em um passaporte. Um dia em cada país é melhor que uma semana no mesmo. Eu vejo diferente. Viajar é, sim, uma maneira forte de autoconhecimento, não a tôa voltei outra de um tour tão pequeno por outras terras. Mas entendo que viajar pra outros países e ter a chance de troca com as pessoas sem ser "nas carreiras" é ainda mais explosivo e consistente. 

Eu já sabia disso. Mas na última semana eu aprendi ainda mais. Uma vontade de certeza ainda maior que endoidaria a cabeça de quem não me entendeu em outrora: estive em contato direto com dois mundos inteiros sem que eu precisasse mudar de endereço. 

Eu tava aqui no Rio de Janeiro, lugar em que moro tem alguns anos e que já recebi vários amigos, que já conheci tanta gente, que já perdi pessoas também. E foi justamente aqui, sem precisar de passaporte, identidade ou mesmo uma mochila nas costas pra fazer o caô, que tive a certeza segura mais do que nunca de que tem muito mais mundo em gente do que em locais.

 Nathália e Eriquinha foram as provas vivíssimas de que o mundo pode ser algo maior exatamente onde estamos, naquele mesmo trajeto para casa, no caminho que já estamos acostumados, nas manias que já estamos apegados, nas nossas frases repetidas e nas ações também. Desconstruir é possível. Repensar também. 

Que alegria ter sido preciso a vinda de vocês de férias até o Rio, pra que a gente aprendesse coisas que talvez nem viajando chegassem à mim, a nós (falo nós pois sei que Calani sente a mesma coisa). E que bom que vocês vieram, pra que gente selasse, nesse quarteto fantástico, um amor tão novinho e tão gostoso!

Quero mais cheirinho de alegria, poxa!

terça-feira, setembro 16, 2014

Controle

Eu sou uma pessoa controladora. Ponto final. 
Não me orgulho, mas saber que sou me ajuda a me controlar pra não controlar. 

Se vejo que uma coisa vai dar errado com o outro, vou lá e aviso que ele esqueceu de fazer algum procedimento para alcançar o sucesso final. Não sou Deus, me refiro a coisas que são mesmo óbvias que passam sem notar na vista acostumada do outro. Mas eu sei que o outro também precisa quebrar a cara pra aprender. E o outro precisa crescer só. E o outro precisa que a casa toque fogo por que esqueceu a torradeira ligada por várias horas. Mas se a casa não pegou fogo, sei que não preciso ligar todos os dias pra lembrar de tirar a torradeira da tomada, do contrário eu que vou torrar com os neurônios da vítima, seja ela quem for. 

Por outro lado, quando largo de mão e a casa pega fogo, me ligam pedindo arrego, pedindo meu controle, pedindo desculpas, pedindo por favor, este arrego que não posso dar porque é errado. Mas já salvei o carnaval de dois amigos próximos que não checaram as datas de seus voos e, por um controle extra meu de precaução, ví que um comprou pra um mês antes, e isso me rendeu de aposta duas caipivodkas do Coelho e o outro, pra um mês depois. E me rendeu a presença da pessoa no carnaval, aliás, dos dois. Também já salvei uma viagem para o exterior por não confiar na cabeça avoada do meu ex amorado. Fui "checar" pagando de chata controladora, voltei como a salvadora da pátria. Isso aconteceu duas vezes em viagem com o mesmo namorado. Detectei as duas. Prova maior do que essa, de que controlar não ensina, não há. Mas acontece que se eu deixasse passar, também sairia prejudicada. 

Acontece que não quero ser salvadora da pátria e nem a chata controladora. Então escolhi ficar na minha. Me roendo algumas vezes em algumas situações, é verdade, mas pra outras, apenas abri mão porque controlar também cansa. Não sou mais a organizadora de viagens e a que passa o release sobre o fim de semana. Abri mão e isso me tirou uns bons quilos de responsabilidade sobre algo que deveria ser apenas lazer: que maravilha que é começar a sexta com os convites chegando por sms, ligações ou facebook no lugar de, na quarta-feira, já estar enviando os convites do que terá pela frente. E que bom ver esses convites e, tantas vezes, apenas recusar porque quero mesmo ficar em casa, de calcinha, vendo filme, tomando cerveja boa e comendo uma comidinha tão gostosa que ele faz. E que bom chegar atrasada, no lugar de ficar esperando ansiosa. Que bom isso tudo acontecer sem que eu me controle para isso. Ao menos no que diz respeito a lazer, to nota dez.

Mas ainda sinto vontade de ligar pra lembrar da torradeira.

sexta-feira, setembro 12, 2014

To be

De manhã sou bailarina
Pela tarde, borracheira
À noite viro figurinista

Espero que não me falte tempo para apenas: ser.

Dos combinados



É difícil demais dizer quem é minha melhor amiga. 

Por sorte, não tenho mais 14 anos onde essa resposta só podia ser no feminino e necessitava estar na ponta da língua com uma única função: a de aumentar o ego de uma e colocar o da outra amiga concorrente no chão. 

Na vida adulta é outro esquema. Carregamos com a gente quem sobreviveu à essa época de disputas, picuinhas e escolhas decisivas com tão pouco tempo de experiência e também de vida. É também possível que os amigos mais profundos venham depois, já na fase adulta, afinal, ainda estamos vivendo. E, no meu caso, que nem cheguei na metade dessa vida, posso sim ao longo dos próximos anos e também do tempo presente ter novos amigos do peito, como já tenho. Pessoas especialíssimas que choro só de pensar. Conto nos dedos de uma mão os atuais. E depois guardo a mão com cuidado, pra que ninguém veja e fique impressionado com o tamanho do carinho e intimidade de ambos os lados, em um espaço tão curto de anos. 

Mas é lá verdade que os amigos antigos que sobreviveram e atravessaram vivos e ainda com muito amor àquela fase da adolescência escrota, em que ninguém sabe de nada da vida e nem dos quereres, são e serão sempre os principais. Os que levam uma coroa intransferivel na cabeça. Os que nossos pais conhecem e gostam e têm histórias juntos com eles. Os mais luminosos e que sempre que falarmos neles, uma estrelinha vai brilhar mais forte. No céu e nos olhos. 

Samantha é uma dessas pessoas. 

Somos amigas há 10 anos e não quero ser redundante em falar sobre nossa relação, pois já dediquei um texto à ela só pra isso. Apesar dessa loura merecer todos os textos enormes e incríveis do mundo, ela me surpreende. Ela bota abaixo todo o meu blá blá blá. Ela me reponde um e-mail gigante, um mês depois, onde conto até a cor da calcinha que to usando, com um: "Finalmente respondendo!! Você vai tá ai em março? Quero visitar, me avisa pra eu comprar passagem!!! Te amo! xoxo". E essa pequena frase que não responde nem uma pergunta que fiz ou comenta qualquer coisa que eu tenha falado, vinda lá do outro lado do oceano, bate no meu coração e acalanta o bichinho mais forte do que 300 eu te amos, sinceros.

Sim, nosso combinado, como que eu podia esquecer? Prazo máximo pra ficarmos distantes fisicamente é de 2 anos. E, a cada vez, uma vai ao país da outra, ou ao país em que a outra esteja. Ano passado fui eu. Ano que vem é ela. E o combinado se mantém vivo. E comemora um ciclo de 10 anos. Um ciclo cada vez mais forte e bonito. É incrível ver o outro crescer e deixar que o outro te veja também. No reencontro, chorar no ombro toda a saudade. E rir e chorar e rir e chorar todo o amor louco que permeia a relação. Basta o olhar e pronto, tudo foi dito.

Nunca vou cansar de agradecer os irmãos que a vida me deu. E nunca vou cansar de fazer por onde tê-los ao meu lado. 

Vem timbora logo!!!

quinta-feira, setembro 11, 2014

terça-feira, setembro 09, 2014

Consolo

Nas noites separados: te sobra o melhor travesseiro, cruzo a cama com meu corpo,

esse é nosso consolo
e isso
é tão pouco.

Tem muito azul em torno dele

Fico pensando se te acho mais lindo de óculos ou sem óculos e não consigo decidir, indecisa que sou. 

E então fico contente ao me dar conta de que não preciso escolher uma opção, se eu posso ter as duas. E abro um sorriso daqueles que você beija o dente. E me diz que beijou o dente. E eu abro ainda mais largo esse sorriso pra você repetir o beijo nos dentes, dessa vez, sorrindo junto. Eu te amo. Eu te amo tanto que considero um presente te ter de óculos e sem óculos. E de te ter nu dançando na sala. Desse jeito maravilhoso que você criou, sem vergonha, sem roupas, em todos os sentidos possíveis. E eu fico rindo e agradecendo e rindo e pedindo bis. E você se empolga e eu me empolgo e a gente dança juntos, nus, peitos e bilolas balançando até que um dos dois pare, cansado, e fale cheio de satisfação e orgulho que somos muito bobos. 

sexta-feira, setembro 05, 2014

O pior medo é o medinho

Minha vida é meio doida. Não quero com isso dizer que a dos outros não seja, tenho certeza absoluta que sim, afinal, que seria da vida sem essas loucuras todas, né?

Mas quando digo que minha vida é doida, não me refiro à minha história geral de vida, que é, na verdade, bem bonita. Me refiro à rotina do dia-a-dia mesmo. Começa pelo fato de que não tenho um emprego fixo e, com isso, obviamente, não tenho também uma renda certinha todo final de mês. Isso já me assustou mais do que vem me assustado agora, acredito ter aprendido a conviver melhor com isso. E ver o lado bom dessa vida autônoma. Ao menos por enquanto, que não passei perrengue, não me vi lisa e não deixei de fazer nada por causa de dinheiro.(nada do normal, ok?). E não, não ganho mesada. A cerveja do fim de semana e meus pequenos luxos saem diretamente do meu bolso que saem de algum trabalho. Acontece que, mesmo com esse dinheiro no bolso, tem vezes que o trabalho vem, rende um bom cascalho  bons momentos e depois ele vai-se embora, sem pena. E ai eu fico a ver navios. Uns navios aparentemente massa: com tempo, algum dinheiro e sem previsão da próxima aventura. Quando esse tempo é curtinho, é uma beleza! Vou à praia sem culpa, tomo uma cerveja na quinta-feira, viajo no fim de semana. Mas quando o dinheiro, por sorte (mentira, por organização) continua no bolso, mas o trabalho parece tá longe de chegar, dói. (Sempre parece tá longe, afinal, freela chega sem dar muito aviso, meio do nada, meio de um dia para o outro, então, até que chegue, parece tá sempre bem longe). E essa sensação de entre-safra que às vezes demora a passar, dá um vazio infinito. Uma vontade de chorar. De mudar de país, de mundo, de profissão, de renegar os talentos e ir vender brownie. Ou brigadeiro pra ganhar 26 mil reais no mês como li numa matéria dessas que só fazem piorar a cabeça confusa de uma pessoa confusa.

Foco. É o que sempre me dizem quando tô atirando para todos os lados e peço pinico. É o que me digo diariamente ao acordar e gotejar o floral na lingua. Eu e o Brandy, meu novo melhor amigo. E o que seria de mim sem essas gotas de vida diárias que o floral traz? Não sei como vivi 26 anos de vida sem ele, não sei, mesmo.

E ai que pouco tempo atrás tava tudo parado. Tudo no marasmo profissional. Virei, por duas semanas, organizadora de festas: aniversário da minha mãe, aniversário do meu namorado, open house. E eu? Eu tava em tudo isso e com muito amor. Mas, apesar de sempre me delegarem as atividades mais práticas de produção por parecer óbvio que eu sou desenrolada nisso e de fato eu ser, não me basta. Não tenho um botão que alguém aperta pra ligar e aperta novamente pra desligar. Eu tenho meu próprio tempo mesmo sendo a louca do gatilho, tudo pra ontem, pra já. Mas é uma loucura organizada. Só quem pode determinar esse meu tempo, sou eu mesma.

E eis que, nessa semana, tudo aconteceu ao mesmo tempo. Sim, eu já sabia que quase tudo ia acontecer ao mesmo tempo essa semana, mesmo semana passada estando tudo tranquilo. E nada pude fazer pra me ajudar nessa loucura toda, apenas esperar. Um editorial para uma seleção, dois cursos começando no mesmo dia.Um de manhã e um à noite. Dança e audiovisual. E, nesse meio tempo, dedicação total ao meu projeto. E, agora, uns minutinhos pra postar isso antes que eu pire. Por que é difícil sair da aula de dança na Tijuca pensando no texto que preciso escrever do projeto, em casa, e, enquanto escrevo o texto, pensar que ainda não pesquisei sobre o trabalho daquela japonesa fodona que ganhou o oscar como a figurinista mais pica das galáxias. E, enquanto dou o google nela, me lembro que ainda não escolhi a foto do projeto e que preciso decorar duas frases para o exercício teatral da próxima aula no Centro Coreográfico. Agora, por exemplo, estou atrasada. Deveria tá saindo pra ir pra Laranjeiras ficar impressionada com a professora que é sinistra e já me ensiou meia vida em dois dias.

São 17h. Consegui finalizar (quase) tudo. Respiro fundo. Mais 4 gotinhas de brandy pra me salvar. Hora de partir pra aula, mas, antes, vamos fazer a mochila pra pegar estrada amanhã cedo, afinal, ninguém é de ferro, né?

Sem medo. E sem medinho.

quarta-feira, agosto 27, 2014

Reabilitação

Não fumo. Não uso drogas, salvo uma bebidinha aqui e outra ali que, a cada dia, vem reduzindo de quantidade abruptamente. Não se assuste se me vir dançando até o chão em uma festa com uma garrafinha de água nas mãos. Será água, mesmo, sem a ardência da cana. Também não se acanhe se, em uma reunião em casa na qual parei de beber mais cedo que os demais, você me pegue piscando os olhos sentada no sofá, doidinha pra dormir. 

De um modo geral tenho uma vida regrada, raramente saio à noite em dia de semana, mesmo não tendo um emprego fixo, como de tudo, adoro uma saladona, não tenho problema com nem um tipo de tempero, só não gosto de jiló e lingua. E, sim, às vezes exagero no doce e tomo pouca água. Mas tem uma coisa que pode ser pior que tudo isso ai se usado de maneira excessiva: o desperdício de tempo. E isso eu andei praticando muito bem em frente à tela azul do facebook. Quanto mais tempo eu perco, mais continuo perdendo o tempo e quando vi o tempo passou. E passou sem volta e com um dedo apontando na minha cara dizendo: "já era". E quanto mais esse dedo aponta na minha cara, maior a angustia. Pra que? Me pergunto. Por que tantas horas gastas do dia em frente às milhares de informações que serão impossíveis de degustar? No máximo engolir e ter uma indigestão no fim do dia, com tanta coisa ao mesmo tempo, a maioria superficial ou desnecessária. É praticamente uma fofoca que se faz sozinho. Ou pior: entre você e uma tela sem vida e ao mesmo tempo carregando milhares delas, muitas que sequer fazem parte de seu contexto, convívio ou do seu coração. Eu poderia apenas deletar essa rede social, como já fiz em outra época e confesso ter sido uma das melhores coisas virtuais que já fiz na vida: deixar de ser virtual, ao menos por essa rede. Mas nesse mundo de freelancer onde a gente precisa tá sempre correndo atrás da vida, pra que ela não escape ou te esqueça, é impossível, infelizmente. Mas, como pra tudo nessa vida a gente pode contar com o auxílio eficaz do equilíbrio e do bom senso, a partir de hoje fiz um acordo comigo mesma: uma horinha de facebook de dia. E mais uma horinha à noite. Fim de papo. Nada de entradinhas aleatórias durante o correr do dia, que, se somadas, jesus me defenda de saber quanto tempo que gastamos. Fora e-mail, blog e o uso natural do computador para trabalho e pesquisas. Duas horinhas por dia pra ser "jogado fora" tá de bom tamanho e se for parar pra pensar, já é too much. Com o tempo, pretendo passar de 2 horas pra 1h. Mas uma coisa por vez. Já foi mais que provado que querer dar um salto maior que as pernocas é o caminho certeiro para o fracasso. Vamos com calma.

 E,  "só por hoje", até agora, estou no caminho correto para a cura. 1h, nada mais. Os livros inacabados de minha prateleira, meus materiais de estudo de arte moderna, meu cursinho de espanhol, a ementa pra se adiantar no curso de figurinista, minhas madeiras, tintas, pincéis, aquela listinha de afazeres inacabada e também a minha sanidade agradecem. E muito!

terça-feira, agosto 26, 2014

A dor de agosto

A vida é um sopro e agosto é um longo e triste vendaval. Me pergunto de onde se encontra a serenidade e sanidade dentro de tanta dor, em tanta gente? Que setembro chegue logo e nos prepare pra uma primavera bem tranquila.

sexta-feira, agosto 22, 2014

O dia 22 de agosto, há 30 anos

Tem gente que a gente aprende a amar, por motivos quase que obrigatórios e tem gente que a gente ama fácilmente mesmo se não fosse alguém tão próximo como um familiar. Mais ainda: amaria mesmo sem ter todo esse mesmo amor retribuido. Hoje, é o dia de duas pessoas que são exatamente desse jeitinho: amáveis além da conta. Cheios de fãs e de gente do bem por perto, pra que a prática desse negócio tão bonito chamado afeto se propague. Me sinto lisonjeada e "besta" de olhar para o lado e ver que essas duas pessoas, além de terem todo o meu amor, me amam incondicionalmente, também. Ai fica tudo mais luminoso, preenchido. Hoje é, para mim, o dia mais bonito do ano. O dia das duas pessoas que estão no alto do topo do meu coração e admiração: meu irmão e minha mãe. Meu irmão de sangue, de mesmo pai e de mesma mãe, mesmos olhos e calmas diferentes. E a nossa mãe que nos escolheu e nos acolheu. E que acolheu, também, um bocado de gente mundo afora com esses braços que sempre trazem os merecedores e sortudos ao seu coração.

Hoje é um dia de festejar, de agradecer e de estar junto, nem que seja em pensamento. 

Hoje é realmente um dia muito especial.

Parabéns, meus amores!

quarta-feira, agosto 20, 2014

As falsas ciganas hippies e as ciganas hippies falsas

E depois de uma longa ponte aérea online sobre novas tendências, estilos e dicas de como ir linda e arrasante pra um casamento, já que não sei bem como lidar com isso e diga-se de passagem será o terceiro casamento da minha vida, chegou-se a conclusão, depois de muitos links, tutoriais e nomes estranhos, de que a moda é gastar muito em roupas e acessórios que pareçam ser coisa simplória, da terra, mas que no fundo todo mundo sabe que custa uma furtuna. Só que não tenho furtuna e muito menos acessórios que pareçam simplórios, da terra, sem ser. Tenho acessórios simplórios e da terra, sendo. Mas, pelo que entendi, para casamentos e festas mais finas, a tendência é que apenas pareça.

- Braguinha, então quer dizer que essas meninas agora querem fazer de conta que são o que eu sou naturalmente. E eu tenho que fazer de conta que quero ser o que elas são, querendo ser? Curioso.

- EXATAMENTO isso. Ótima análise.

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terça-feira, agosto 05, 2014

Chuva

Nunca vou entender quem chama chuva de "tempo feio".